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Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São determinadas pela resultante entre forças intermoleculares atrativas e repulsivas, isto é, interações hidrofóbicas, eletrostáticas e estéricas ❏ Pode-se classificá-los, de maneira genérica, em dois grandes grupos: ❏ Fármacos estruturalmente inespecíficos ❏ Fármacos estruturalmente específicos 2 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Dependem única e exclusivamente de suas propriedades físico-químicas, por exemplo, adsorção, coeficiente de partição (P), pKa e poder de oxi- redução ❏ Sua ação biológica está diretamente relacionada com a atividade termodinâmica que é, em geral, alta ❏ Em geral apresentam baixa potência, seus efeitos são dependentes do uso de doses elevadas ou da acumulação da substância no tecido-alvo ❏ Embora apresentem estruturas químicas muito variadas, sem nenhuma relação entre si, podem provocar reação biológica semelhante ❏ Pequenas variações na sua estrutura química não resultam em alterações acentuadas em ação biológica 3 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Exemplo: ❏ Anestésicos: ❏ O mecanismo de ação envolve a depressão inespecífica de biomembranas, a complexação do fármaco com macromoléculas da biofase ocorre predominantemente por meio de interações de van der Waals 4 Prof. Renan Almeida de Jesus 5 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Aqueles cuja ação biológica decorre essencialmente de sua estrutura química, que deve adaptar-se à estrutura química tridimensional dos receptores existentes no organismo, formando um complexo com eles ❏ Esses fármacos deverão desempenhar papel decisivo na reatividade química, na forma, no tamanho, na disposição estereoquímica da molécula e na distribuição dos grupos funcionais, bem como a ressonância, os efeitos indutivos, a distribuição eletrônica e as ligações possíveis com o receptor, além de outros fatores 6 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Exercem seu efeito biológico pela interação seletiva com uma determinada biomacromolécula-alvo que, na maior parte dos casos, são enzimas, receptores metabotrópicos (acoplados a proteína G), receptores ionotrópicos (acoplados a canais iônicos), receptores ligados a quinases, receptores nucleares e, ainda, ácidos nucleicos ❏ A sua ação biológica não depende apenas da atividade termodinâmica, que é geralmente baixa, isso significa que os fármacos estruturalmente específicos são eficientes em concentrações menores do que os fármacos estruturalmente inespecíficos 7 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Pequenas alterações podem resultar em grandes modificações na atividade, obtendo-se assim compostos que têm ação desde antagônica até análoga à do fármaco matriz ❏ Apresentam certas características estruturais em comum, e a estrutura fundamental presente em todos eles, estrutura em que os grupos funcionais estão orientados numa direção espacial semelhante, é responsável pela reação biológica análoga que produzem ❏ O reconhecimento molecular do fármaco (micromolécula) pela biomacromolécula é dependente do arranjo espacial dos grupamentos funcionais e das propriedades estruturais da micromolécula 8 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Pequenas alterações estruturais do (anticonvulsivante) pentobarbital (1.4) alteram o perfil de lipossolubilidade, modificando sua ação (anestésico) tiopental (1.5) 9 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Modelo chave-fechadura proposto pelo químico alemão Emil Fischer ❏ Chave = endógeno 10 Prof. Renan Almeida de Jesus 11 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Não basta levar em consideração apenas um ou dois dos vários itens de diferenciação, mas sim todos ❏ Ocorre com relativa frequência que alguns fármacos, ainda que não apresentem semelhança estrutural, tenhas as características: ❏ Manifestem efeitos farmacológicos semelhantes ❏ Não são sensivelmente alterados por pequenas variações estruturais dentro de cada categoria química 12 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Diuréticos apresentam ampla variedade de estruturas químicas (pirimidínica, tiazídica, espironolactônica, etc) e a sua ação diurética não é muito afetada por pequenas modificações estruturais da molécula do protótipo de cada grupo ❏ Ao contrário do que à primeira vista poderia parecer, os diuréticos são estruturalmente específicos ❏ Produzem ação farmacológica análoga, mas interrompendo processos bioquímicos diferentes 13 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A ideia de que a estrutura química dos fármacos pode ser correlacionada matematicamente com a resposta biológica que produzem é bastante antiga ❏ Vários autores vem tentando expressar as relações entre estrutura química e atividade farmacológica por meio de equações matemáticas, principalmente com o objetivo de planejar fármacos biologicamente mais específicos e mais potentes ❏ Nessas equações entram determinados parâmetros que representam as propriedades físico-químicas dos fármacos em sua correlação com a atividade farmacológica 14 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As propriedades físico-químicas de determinados grupamentos funcionais são de fundamental importância na fase farmacodinâmica da ação dos fármacos ❏ Se considerarmos que a grande maioria dos fármacos é desenvolvida de forma a permitir sua administração pela via oral, a qual traz grandes vantagens quanto à adesão do paciente ao tratamento, a fase farmacocinética passa a ter grande importância para sua adequada eficácia terapêutica 15 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As principais propriedades fisico-químicas de uma micromolécula capazes de alterar seu perfil farmacoterapêutico são: ❏ Coeficiente de partição, que expressa a relação entre o seu perfil de hidro e lipossolubilidade ❏ Coeficiente de ionização, expresso pelo pKa, que traduz o grau de contribuição relativa das espécies neutra e ionizada 16 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Um fármaco ou novo protótipo candidato a fármaco deva apresentar propriedades físico- químicas balanceadas, de forma a se ajustar às características de cada uma das fases percorridas na biofase 17 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Também chamados parâmetros hidrofóbicos ou lipofílicos, os parâmetros de solubilidade medem o grau de atração dos fármacos pelos lipídios e pelas regiões hidrofóbicas das macromoléculas ❏ Os principais parâmetros desta família são: ❏ Coeficiente de partição P ❏ Constante de hidrofobicidade 18 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ O termo solubilidade refere-se às solubilidades em diferentes meios, situados entre dois extremos: ❏ Solventes polares, como a água ❏ Solventes apolares, como lipídios ❏ A solubilidade em água dá-se o nome de hidrofilia ou lipofobia ❏ A em lipídios, o de lipofilia ou hidrofobia 19 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ É definida pelo coeficiente de partição de uma substância entre uma fase aquosa e uma fase orgânica ❏ Razão entre a concentração da substância na fase orgânica (Corg) e sua concentração na fase aquosa (Caq) em um sistema de dois compartimentos sob condições de equilíbrio 20 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Diversos autores recorreram aos coeficientes de partição para explicar a atividade de certos narcóticos e dos anestésicos gerais ❏ Segundo eles, tendo maior afinidade pelos lipídios (conforme se mostra pelos coeficientes de distribuição em misturas de água-óleo) se fixam preponderantemente às células do sistema nervoso, ricas em lipídios ❏ Os resultados conquistados não explicam o mecanismo de ação dos fármacos, apenas ressaltam a importância dos coeficientes de partição em predizer a ação biológica desses fármacos 21 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Os fármacos que apresentammaior coeficiente de partição, ou seja, têm maior afinidade pela fase orgânica, tendem a apresentar maior taxa de permeabilidade pelas biomembranas hidrofóbicas, apresentando melhor perfil de biodisponibilidade, que pode resultar no aumento de suas atividades farmacológicas ❏ O coeficiente de partição (P) é tradicionalmente determinado empregando n- octanol como fase orgânica. Os valores do logaritmo do coeficiente de partição (Log P) são normalmente correlacionados à atividade biológica 22 Prof. Renan Almeida de Jesus 23 Prof. Renan Almeida de Jesus 24 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As razões para a redução dos perfis de absorção e biodisponibilidade com o aumento da lipofilicidade de substâncias administradas pela via oral estão relacionadas à redução do perfil de hidrossolubilidade 25 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A hidrossolubilidade é crucial para a etapa inicial de dissolução do fármaco, e a formação de micelas no lúmen intestinal pela ação de sais biliares 26 Prof. Renan Almeida de Jesus Fragmentos Valores de π C6H5 (aromático) + 2,0 Cl + 0,5 O2NO + 0,2 S + 0,5 O=C-O - 0,7 O=C-N - 0,7 O (hidroxil, fenol, éter) - 1,0 N (amina) - 1,0 O2N (alifático) - 0,85 O2N (aromático) - 0,28 Log P = ∑π Na calculadora: SHIFT + LOG 10x 27 Prof. Renan Almeida de Jesus 28 Prof. Renan Almeida de Jesus 29 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Essas diferenças propiciam a utilização clínica diferenciada ❏ Metropolol é contraindicado em pacientes com problemas no SNC, pois atravessa a barreira hematoencefálica 30 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A variação do coeficiente de partição (P) de substâncias ionizáveis em função da alteração do pH da fase aquosa e a subsequente alteração dos percentuais da fração ionizada, mais solúvel em água, e da fração não ionizada, é conhecida como coeficiente de distribuição (D) ❏ Expresso na forma logarítmica (Log D). Geralmente, o Log P é igual ao Log D7,4, ou seja, o logaritmo do coeficiente de distribuição medido em pH 7,4 31 Prof. Renan Almeida de Jesus 32 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ O fármaco antimalárico artemisinina é uma sesquiterpeno lactona obtida da planta de origem asiática Artemisia annua 33 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Introdução de grupo succnimida em um protótipo resultou na gênese do inibidor de HIV protease indinavir 34 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Certos grupos químicos caracterizam-se pela propriedade de conferir hidrossolubilidade às moléculas de que fazem parte ❏ Em ordem decrescente de eficiência: ❏ -OSO2ONa ❏ -COONa ❏ -SO2Na ❏ -OSO2He ❏ -SO2H 35 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Menos eficientes são os grupos: ❏ -OH ❏ -SH ❏ -O- ❏ =CO ❏ -CHO ❏ -NO2 ❏ -NH2 ❏ -NHR ❏ -NR2 ❏ -CN ❏ -CNS 36 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ -COOH ❏ -COOR ❏ -OPO3H2 ❏ -OS2O2H ❏ -Cl ❏ -Br ❏ -I ❏ A presença de ligações insaturadas, como as que existem em -CH=CH- e -C≡C- aumentam a hidrofilicidade ❏ Outros grupos, chamados de lipofilicos, hidrofóbicos ou apolares, tornam lipossolúveis os compostos de que são constituintes ❏ Exemplos são as cadeias de hidrocarbonetos alifáticos e os grupos de hidrocarbonetos policíclicos 37 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Compostos que apresentam grupos hidrofílicos e lipofílicos com equilíbrio adequado, tem a propriedade de modificar as características do limite da superfície ou da interface entre dois líquidos ❏ Determinados tipos de moléculas diminuem a tensão superficial, e a isso devem a sua ação biológica ❏ Tais compostos são chamados tensoativos e são utilizados principalmente como detergentes, umectantes, dispersantes, espumantes e emulsificantes ❏ Os tensoativos apresentam duas regiões distintas: uma de caráter lipofílico e outra de caráter hidrofílico 38 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A maior ou menor hidrofilicidade e lipofilicidade dos tensoativos depende dos grupos presentes, que podem ser categorizados: ❏ Não-iônicos: ❏ Não são ionizáveis e contêm grupos fracamente hidrofílicos e lipofílicos, o que os torna hidrossolúveis ou dispersáveis em água. O grupo hidrofílico é constituído por éter ou poliol ❏ Exemplo: polissorbato 80 39 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Catiônicos: ❏ O grupo hidrofílico tem carga positiva, podendo ser amônio quaternário, sulfônio, fosfônio, iodônio. ❏ Exemplos: cloreto de benzalcônio, cloreto de cetilpiridínio, brometo de cetrimônio, cloreto de benzetônio 40 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Aniônicos: ❏ O grupo hidrofílico apresenta carga negativa e pode ser carboxila, sulfato, sulfonato, fosfato ❏ Exemplos: estearato de sódio, sulfato de tetradecila sódico, sulfonato de xileno sódico 41 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Anfóteros: ❏ Também chamados anfolíticos ou anfólitos, contêm dois grupos hidrofílicos: um catiônico (sal de amina, nitrogênio quaternário) e outro aniônico (carboxila, sulfato) ❏ Exemplos: β-aminopropionato e N-laurila 42 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Por desorganizarem as membranas celulares e produzirem hemólise, além de serem facilmente adsorvidos pelas proteínas, os tensoativos não são, em sua maioria, aplicados internamente, como os tensoativos catiônicos ❏ Os tensoativos não-iônicos são bastante empregados em preparações farmacêuticas para uso oral como solubilizantes de fármacos insolúveis ou pouco solúveis em água 43 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Devido à natureza parcialmente lipídica das membranas celulares (como as que revestem o estômago, o intestino delgado, o cólon, as mucosas, o tecido nervoso), a passagem dos fármacos através delas é facilitada àqueles que apresentam lipossolubilidade alta ❏ A passagem é influenciada pelo pH do meio ambiente e pelo grau de dissociação (pKa) ❏ Geralmente os fármacos são ácidos fracos ou bases fracas. O grau de dissociação pKa é calculado a partir das equações de Henderson- Hasselbalch ❏ Quando um ácido ou base está 50% ionizado: pH = pKa 44 Prof. Renan Almeida de Jesus 45 Prof. Renan Almeida de Jesus 46 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ O grau de ionização é inversamente proporcional à lipofilicidade, de forma que as espécies não ionizadas, por serem mais lipofílicas, conseguem mais facilmente atravessar as biomembranas por transporte passivo ❏ As espécies carregadas são polares e normalmente se encontram solvatadas por moléculas de água, dificultando o processo de absorção passiva (permeabilidade), mas favorecem a etapa de dissolução do princípio ativo nos fluidos do trato gastrintestinal que precede a etapa de absorção 47 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ É muito provável que fármacos com maior atividade na forma ionizada atuem na parte externa da célula, visto que não podem atravessar as membranas celulares ❏ A passagem de íons através da membrana celular é impedida por dois fatores: ❏ A membrana celular é constituída por camadas de macromoléculas (fosfolipídios, proteínas e mucopolissacarídeos) eletricamente carregadas, que ou atraem ou repelem os íons ❏ A hidratação dos íons aumenta o seu volume, dificultando a difusão destes através dos poros 48 Prof. Renan Almeida de Jesus 49 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Equações de Henderson-Hasselbalch 50 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] ❏ Ibuprofeno ❏ pKa 4,91 ❏ Estômago pH 2,0 ❏ Intestino pH 8,0 51 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] ❏ Acetaminofeno (Paracetamol) ❏ pKa 9,38 ❏ Estômago pH 2,0 ❏ IntestinopH 8,0 52 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] ❏ Amoxicilina ❏ pKa 7,43 ❏ Estômago pH 2,0 ❏ Intestino pH 8,0 53 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] ❏ Fluoxetina ❏ pKa 9,8 ❏ Estômago pH 2,0 ❏ Intestino pH 8,0 54 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] ❏ Ácido Valpróico ❏ pKa 4,7 ❏ Estômago pH 2,0 ❏ Intestino pH 8,0 55 Prof. Renan Almeida de Jesus [forma ionizada] [forma não ionizada] 56 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A presença de um grupo específico não preconiza necessariamente a atividade biológica, mas apresentam importância ❏ Podem ser essenciais para a manifestação de determinada ação biológica em razão de sua reatividade química ou disposição espacial ❏ Podem modificar a intensidade de determinada ação biológica, em consequência dos efeitos característicos que exercem ❏ Para se ter atividade biológica máxima, necessita-se que a reatividade esteja situada dentro de certa amplitude 57 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Grupos demasiadamente reativos podem reagir facilmente com vários constituintes celulares, que pode impedir que o fármaco atinja o local em que deve agir ❏ Grupos pouco reativos podem tornar desprezível a atividade biológica do protótipo 58 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A atividade biológica requer reatividade química ótima e propriedades físico- químicas ótimas ❏ Segundo os critérios químicos e biológicos, na estrutura química dos fármacos Ariëns distingue as partes ou grupos: ❏ Quimiofuncionais: ❏ Aqueles que contribuem para a fixação do fármaco ao receptor através das várias forças em jogo ❏ Biofuncionais: ❏ Os responsáveis pela atividade biológica 59 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Nos grupos biofuncionais importa fazer distinção entre as partes essenciais e as partes acessórias ❏ As partes essenciais requerem alta especificidade estrutural, pois são elas que interagirão com os receptores acarretando a ação farmacológica ❏ Essas partes não poderão sofrer grande modificação em suas estruturas químicas ❏ As partes acessórias não intervém na complexação fármaco-receptor, sendo permissível grande variabilidade em suas estruturas químicas 60 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Devido à sua polaridade, os grupos ácidos e básicos determinam as características físico-químicas dos fármacos em que estão presentes, influenciando na atividade biológica ❏ Não raro estão compreendidos na interação fármaco-receptor, sendo essenciais à ação farmacológica ❏ Grupos ácidos, como -SO3H e -COOH, por serem solubilizantes, ou coadjuvam no efeito biológico ou o anulam ❏ Em geral, os ácidos sulfônicos são altamente ionizados e não atravessam as membranas celulares e são destituídos de ação biológica, exceto certos tripanomicidas e alguns quimioterápicos (estibofeno) 61 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Os derivados de ácidos carboxílicos, como ésteres, amidas e nitrilas, podem comportar-se de modo diferente do que os compostos de origem ❏ Muitas amidas (-CONH-) manifestam atividade biológica, embora em geral estruturalmente inespecífica graças à capacidade de estabelecer pontes de hidrogênio com macromoléculas orgânicas ❏ Se o fármaco contiver número elevado de grupos peptídicos (amidas), a ação poderá ser estruturalmente específica e portanto, mais prolongada, em virtude da interação múltipla de tais grupos com grupos semelhantes nas proteínas e ácidos nucléicos 62 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Tal como sucede com os ácidos sulfônicos, as bases fortes geralmente apresentam reduzida atividade biológica ❏ Entretanto aminas quaternárias ionizadas e aminas primárias, secundárias e terciárias protonizadas, os grupos básicos (positivamente carregados) desempenham a função de ligar-se eletrostaticamente a grupos negativamente carregados dos receptores ❏ O nitrogênio básico nos alcalóides é também fundamental à afinidade destes por enzimas sobre as quais atuam 63 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A atividade biológica dos grupos acila presentes em ésteres, amidas e anidridos, deve-se às reações de acilação de que participam ❏ Essas reações estão presentes no mecanismo de ação de diversas classes de fármacos, como os inseticidas organofosforados e antibióticos da classe dos β-lactâmicos 64 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As hidroxilas exercem dois efeitos farmacológicos principais: alteração das propriedades físicas e modificação da reatividade química ❏ Alterações de propriedades físicas são encontrados nos antibióticos poliênicos (nistatina), cujos grupos hidroxílicos lhes conferem alta hidrofilicidade e, em determinados álcoois (etanol) e fenóis simples (cresol, fenol, resorcinol), que devem sua atividade bactericida às propriedades físico-químicas, já que são fármacos estruturalmente inespecíficos ❏ Modificação da reatividade química pode ocorrer através de pontes de hidrogênio, já que as hidroxilas concorrem para a fixação do fármaco ao seu receptor 65 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Inúmeros são os fármacos que in vivo sofrem hidroxilação, podendo dar produtos: ❏ (a) menos ativos que o fármaco matriz ou até inativos ❏ (b) mais ativos que o fármaco matriz que, em alguns casos, não tem nenhuma atividade ❏ (c) diferentes na atividade com relação ao fármaco matriz 66 Prof. Renan Almeida de Jesus 67 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Tiol: composto organossulfurado que contém um grupo –SH ❏ Dissulfeto: uma ligação covalente simples resultante da junção de dois grupos tiol ❏ Os grupos tiólicos têm a capacidade de: ❏ (a) interconverter-se em dissulfetos mediante reações de oxidação-redução ❏ (b) adicionar-se a ligações duplas, principalmente em compostos cetônicos ❏ (c) formar mercaptídios não-dissociados com metais pesados 68 Prof. Renan Almeida de Jesus 69 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ O grupo éter apresenta propriedades polares, o átomo de oxigênio é hidrofílico e os grupos hidrocarbônicos são lipofílicos, o que explica a orientação dos éteres na interfase lipido-aquosa e sua ação biológica ❏ Os sulfetos diferem dos éteres por serem suscetíveis à oxidação a sulfóxidos e sulfonas, grupos presentes em certos hipnóticos e vários agentes antibacterianos 70 Prof. Renan Almeida de Jesus Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Sendo o receptor geralmente uma porção limitada de macromolécula, em geral de natureza proteica, apresentará estrutura específica, não podendo sofrer grandes alterações conformacionais ❏ As substâncias químicas que manifestam atividade farmacológica semelhante contêm, em geral, grupos funcionais comuns dispostos no espaço de maneira análoga. Essa disposição é de fundamental importância para a interação do fármaco com o receptor ❏ São os fatores estéricos determinados pela estereoquímica tanto do receptor quanto do fármaco que possibilitam a formação de um complexo entre eles e o aparecimento da ação medicamentosa 72 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ O volume molecular do ligante, as distâncias interatômicas e o arranjo espacial entre os grupamentos farmacofóricos compõem aspectos fundamentais na compreensão das diferenças na interação fármaco-receptor ❏ Apesar do modelo chave-fechadura ser útil na compreensão dos eventos envolvidos no reconhecimento molecular ligante-receptor, caracteriza-se como uma representação parcial da realidade, uma vez que as interações entre a biomacromolécula (receptor) e a micromolécula (fármaco) apresentam características tridimensionais dinâmicas 73 Prof. Renan Almeida de Jesus 74 Prof. Renan Almeidade Jesus ❏ A diferença acentuada na atividade farmacológica de muitos estereoisômeros fornece a melhor prova da existência de receptor. Ela pode ser atribuída a três fatores: ❏ Diferenças na distribuição dos isômeros no organismo ❏ Diferenças nas propriedades da interação fármaco-receptor ❏ Diferenças na adsorção dos isômeros a uma superfície receptora complementar 75 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Estereoisômeros: ❏ são compostos que apresentam o mesmo número e tipo de átomos, o mesmo arranjo de ligações, mas diferentes estruturas tridimensionais 76 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Também chamados de isômeros ópticos, antípodas ópticos ou enantiomorfos ❏ São os estereoisômeros em que a disposição dos átomos ou grupos é tal que os dois isômeros não podem ser superpostos ❏ Constituem imagens especulares um do outro e apresentam diferenças semelhantes àquelas que existem entre luvas de mão direita e mão esquerda ❏ Embora muitos isômeros ópticos contenham centro assimétrico, essa não é característica essencial para isomeria óptica 77 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Apresenta propriedades físico-químicas idênticas, exceto pelo desvio do da luz plano-polarizada ❏ Quando introduzidos num ambiente assimétrico, podem apresentar propriedades físico-químicas diferentes, o que pode levar a diferenças na farmacocinética e farmacodinâmica 78 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A potência do composto racêmico é equivalente à média das potências dos dois enantiomorfos, sendo raro o antagonismo entre eles ❏ Por manifestarem diferenças nas atividades biológicas, os isômeros ópticos têm sido largamente utilizados em pesquisas para determinar a natureza da interação fármaco-receptor 79 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São todos os estereoisômeros que não são enantiômeros, chamados também de isômeros geométricos ❏ Apresentam diferenças nas propriedades físicas e químicas (PF, PE, solubilidade, comportamento cromatográfico) 80 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Diferente do que ocorre nos enantiômeros, nos isômeros geométricos os grupos estão separados por distâncias diferentes, que facilitam ou dificultam a interação com a superfície receptora e explica a diferença da ação farmacológica ❏ trans-dietilestilbestrol é ativo, enquanto o isômero cis é inativo 81 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Piutti em 1886 descreveu o isolamento e as diferentes propriedades gustativas dos enantiômeros do aminoácido asparagina 82 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A importância da configuração absoluta na atividade biológica permaneceu obscura até a década de 60, quando, infelizmente, ocorreu a tragédia da talidomida ❏ O enantiômero era oxidado formando espécies que reagem com nucleófilos bio-orgânicos, induzindo teratogenicidade 83 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Admite-se que na interação fármaco-receptor as moléculas dos fármacos estão na sua conformação preferida, mas isso não ocorre em todos os casos ❏ Daí a razão em determinar não só a configuração absoluta, mas também a conformação preferida dos fármacos ❏ A conformação de um fármaco é estudada em quatro situações principais: ❏ Molécula isolada ❏ Molécula no cristal ❏ Molécula em solução ❏ Molécula no receptor 84 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ É evidente que os resultados obtidos pelo uso de métodos diferentes, e considerando as moléculas em situações diversas, frequentemente não são concordantes 85 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Easson e Stedman propuseram que o reconhecimento molecular de um ligante com um único centro assimétrico pelo biorreceptor envolveria a participação de ao menos três pontos ❏ Eutômero: ❏ enantiômero terapeuticamente útil de um fármaco, que apresenta maior afinidade e potência pelos receptores-alvo ❏ Distômero: ❏ enantiômero ligante de menor afinidade pelo biorreceptor, denomina-se distômero 86 Prof. Renan Almeida de Jesus 87 Prof. Renan Almeida de Jesus 88 Prof. Renan Almeida de Jesus 89 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As diferenças de atividade intrínseca de fármacos enantioméricos, possuindo as mesmas propriedades fisico-químicas, excetuando-se o desvio do plano da luz polarizada, é função da natureza quiral dos aminoácidos 90 Prof. Renan Almeida de Jesus 91 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Variações do arranjo espacial envolvendo a rotação de ligações covalentes sigma, associadas a energias inferiores à 10 kcal/mol, caracterizam as conformações ❏ Esse tipo particular de estereoisomeria de uma micromolécula endógena (p. ex., dopamina, serotonina, histamina, acetilcolina) ou exógena explica as diferenças de atividade biológica, dependentes da modulação de diferentes subtipos de receptores 92 Prof. Renan Almeida de Jesus 93 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Enantiômero dextrorrotatório apresenta atividade como antagonista seletivo de receptores muscarínicos do subtipo M1 500 vezes superior 94 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A hipótese da existência de receptores surgiu por três características notáveis da ação dos fármacos: ❏ Alta potência: conhecem-se fármacos que atuam em concentrações muito baixas ❏ Especificidade química: prova desta são as diferenças de efeito produzido por isômeros ópticos ❏ Especificidade biológica: exemplificada pela epinefrina, com efeito acentuado sobre o músculo cardíaco e ação fraca sobre o músculo estriado 95 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Na maioria dos casos são segmentos de proteínas, muitas vezes são os próprios centros ativos de enzimas, além dos que fazem parte de proteínas não enzimáticas ❏ A complexação do fármaco com grupos químicos especiais do receptor resulta numa sequência de alterações químicas ou conformacionais que causam ou inibem reações biológicas ❏ A capacidade do fármaco adaptar-se ao receptor depende das características estruturais e conformacionais de ambos, fármaco e receptor 96 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Fármacos estruturalmente específicos se ligam aos receptores mediante as mesmas forças que operam nas moléculas simples, e essas forças são também aquelas que estabilizam a estrutura da proteína ❏ A formação espontânea de ligação entre átomos ocorre com diminuição de energia livre, e a quantidade de energia envolvida será tanto maior quanto mais forte for a ligação ❏ Em geral, as ligações que se estabelecem entre o fármaco e o receptor são relativamente fracas: iônicas, polares, ligações de hidrogênio, transferência de carga, hidrofóbicas e van der Waals 97 Prof. Renan Almeida de Jesus 98 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Em ligações fracas, os efeitos produzidos são reversíveis, pois rompem-se as ligações fármaco-receptor e o fármaco deixa de agir assim que diminui sua concentração nos fluidos extracelulares 99 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Resultantes da interação entre dipolos e/ou íons de cargas opostas (1-10 kcal/mol) 100 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Ligações de hidrogênio potencializam a força de interação 101 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Interações íons-dipolo e dipolo-dipolo 102 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ evidências do mecanismo catalítico da enzima auxiliaram o desenvolvimento de fármacos antitrombóticos capazes de atuar como inibidores de tromboxanos ❏ Dipolo-dipolo 103 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Anéis aromáticos e heteroaromáticos que estão presentes nos fármacos podem participar do processo de reconhecimento molecular por meio de interações eletrostáticas do tipo dipolo-dipolo 104 Prof. RenanAlmeida de Jesus ❏ O grupo de interações do tipo dipolo-dipolo vem crescendo em importância na compreensão dos aspectos estruturais associados ao reconhecimento ligante-receptor e no planejamento de novos candidatos a fármacos (1 a 5 kcal/mol) 105 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Conhecidas como forças de dispersão de London, tipo de interação de van der Waals (0,5 a 1 kcal/mol) ❏ Se caracterizam por interações múltiplas que, somadas, acarretam contribuições energéticas significativas 106 Prof. Renan Almeida de Jesus 107 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Como as forças de dispersão, as interações hidrofóbicas são individualmente fracas (cerca de 1 kcal/mol) e ocorrem em função da interação entre cadeias ou subunidades apolares ❏ PAF (fator de agregação plaquetária) 108 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Mais importantes ligações não-covalentes nos sistemas biológicos, responsáveis pela manutenção das conformações bioativas de α-hélices e folhas β das proteínas ❏ F O N 109 Prof. Renan Almeida de Jesus 110 Prof. Renan Almeida de Jesus 111 Prof. Renan Almeida de Jesus 112 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São de elevada energia, ou seja, 77 a 88 kcal/mol ❏ Na temperatura comum dos sistemas biológicos ligações mais fortes do que 10 kcal/mol são dificilmente rompidas em processos não enzimáticos, os complexos fármaco-receptores envolvendo ligações covalentes são raramente desfeitos, culminando em inibição enzimática irreversível ou inativação do sítio receptor ❏ Interação fármaco-receptor de natureza irreversível ou pseudoirreversível 113 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Não é a mais adequada em função da potencial toxicidade oriunda da reatividade dos grupos da estrutura do fármaco e também da irreversibilidade decorrente da interação com o biorreceptor-alvo ❏ É extremamente frequente a ocorrência desse tipo de interação na estrutura de fármacos quimioterápicos, incluindo antibacterianos, antiprotozoários, antifúngicos e antitumorais, onde a inibição irreversível de alvo molecular do patógeno causador da doença é desejável 114 Prof. Renan Almeida de Jesus 115 Prof. Renan Almeida de Jesus 116 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Afirma que o efeito farmacológico é diretamente proporcional ao número de receptores ocupados pelo fármaco ❏ Essas interações são exemplificadas pela equação: ❏ O número de receptores ocupados depende da concentração do fármaco e do número total de receptores, e a ação máxima corresponde à ocupação de todos os receptores. 117 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A teoria da ocupação apresenta vários erros, como: ❏ Ao contrário do que a teoria propõe, certos agonistas de uma dada classe (como derivados da acetilcolina) jamais produzem resposta máxima, por mais que se aumente a dose ❏ Não consegue explicar satisfatoriamente por que os antagonistas não causam os mesmos estímulos que os agonistas, embora se liguem aos mesmos receptores ❏ Pelas incongruências, diversos autores forneceram diferentes explicações para a obtenção desse resultado 118 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ A interação fármaco-receptor compreende duas fases: ❏ Complexação do fármaco com o receptor ❏ Produção do efeito ❏ Para que um composto químico apresente atividade biológica é que tenha, afinidade pelo receptor e também atividade intrínseca ou eficácia, que seria a medida da capacidade do complexo fármaco-receptor em produzir o efeito biológico ❏ A análise matemática mostrou que a ação dos fármacos não pode ser explicada por modelos simples de ocupação de receptor 119 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Hipótese de que existem dois centros no receptor farmacológico: ❏ Específico ou crítico, que interage com os grupos farmacofóricos do agonista ❏ Inespecífico ou não-crítico, que se complexa principalmente com os grupos apoiares do antagonista ❏ Segundo a teoria, tanto o agonista quanto o antagonista se fixam ao centro específico por ligações reversíveis fracas, mas o antagonista se liga também por interações hidrofóbicas e forças de van der Waals 120 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Hipótese é de que a ativação dos receptores é proporcional não ao número de receptores ocupados, e sim ao número total de encontros do fármaco com o seu receptor por unidade de tempo ❏ A atividade farmacológica seria função somente da velocidade de associação e dissociação entre as moléculas do fármaco e os receptores, e não da formação do complexo fármaco-receptor ❏ Nos agonistas as velocidades de associação e dissociação são rápidas (a última mais rápida que a primeira), com produção de vários impulsos por unidade de tempo. Em antagonistas, a velocidade de associação é rápida, mas a de dissociação é lenta, o que explica a sua ação farmacológica 121 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ As características de complementaridade rígida do modelo chave-fechadura de Fisher limitam, por vezes, a compreensão e a avaliação do perfil de afinidade de determinados ligantes por seu sítio molecular de interação, podendo induzir a erros no planejamento estrutural de novos candidatos a fármacos ❏ Koshland introduziu os aspectos dinâmicos que governam o reconhecimento molecular na sua teoria do encaixe induzido, propondo que o acomodamento conformacional recíproco no sítio de interação constitui aspecto fundamental na compreensão de diferenças na interação fármaco-receptor 122 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Koshland sugeriu que o centro ativo de uma enzima não precisa ter necessariamente topografia complementar à do substrato, mas adquire essa topografia somente após interagir com o substrato que lhe induz tal alteração conformacional ❏ Ele admitiu que o centro ativo da enzima é flexível, plástico ou elástico, e não rígido, pode ser deformado ou alterado, mas tem também a capacidade de voltar à forma original 123 Prof. Renan Almeida de Jesus 124 Prof. Renan Almeida de Jesus 125 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Deve-se considerar que pequenas alterações estruturais em compostos de uma série congênere podem promover grandes mudanças no perfil de interação com o biorreceptor-alvo ❏ A interação deve ser imaginada como uma colisão entre dois objetos flexíveis 126 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Geralmente atuam ao nível molecular por um dos seguintes mecanismos: ❏ Ativação ou inibição de enzimas ❏ Supressão da função gênica ❏ Antagonismo metabólico ❏ Quelação ❏ Modificação da permeabilidade das membranas biológicas ❏ Ação inespecífica 127 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Ativação: ❏ Os fármacos que podem fornecer íons inorgânicos: ❏ O íon pode interagir com um inibidor da enzima e assim impedir que este a inative ❏ O íon pode interagir diretamente com a enzima e alterar a conformação e a carga no sentido de ativá-la 128 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Inibição: ❏ A inibição produzida por fármacos pode ser reversível ou irreversível. ❏ Há dois tipos principais de inibição: competitiva e não-competitiva ❏ Inibição competitiva é aquela em que o fármaco compete com o substrato pelo mesmo sítio da enzima com a qual se combina reversivelmente ❏ As concentrações do substrato e do fármaco são de fundamental importância, pois delas dependerá o grau de inibição ❏ Na presença de excesso de substrato o fármaco é deslocado do receptor, que passa a ser ocupado pelo substrato 129 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Inibição não-competitiva é quando o fármaco combina-se com a enzima ou com o complexo enzima-substrato em um sítio diferente daquele ao qual o substrato é atraído❏ Não sendo afetada pela concentração do substrato, tal inibição depende unicamente da concentração do fármaco 130 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São principalmente quimioterápicos, como antibióticos, fungicidas, antimaláricos, tripanomicidas, antineoplásicos e alguns antivirais ❏ Os fármacos supressores da função gênica podem atuar como: ❏ Inibidores da biossíntese dos ácidos nucléicos ❏ Inibidores da síntese proteica 131 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São muitas as substâncias químicas que manifestam potente atividade como inibidores da biossíntese dos ácidos nucléicos, mas poucas são empregadas na terapêutica como quimioterápicos porque são altamente tóxicas 132 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Há vários tipos de antagonismo: químico, funcional, fisiológico e metabólico ❏ O antagonismo químico consiste em uma reação química entre o antagonista e o agonista, produzindo: ❏ Complexo relativamente inerte ❏ Complexo com atividade fisiológica diminuída ❏ O antagonismo funcional é aquele entre dois agonistas que atuam sobre o mesmo sistema enzimático, mas em sentidos opostos no desencadeamento de uma determinada resposta celular 133 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Estreitamente relacionado ao antagonismo funcional, o antagonismo fisiológico é também antagonismo entre dois agonistas, mas exercem efeitos opostos mediante atuação em sistemas celulares diferentes, como a epinefrina e acetilcolina ❏ No antagonismo metabólico não ocorre reação química direta entre o metabólito e o seu antagonista, que é análogo estrutural do metabólito e inibe a ação deste competindo pelo mesmo receptor celular ❏ Inúmeros são os fármacos que devem a sua ação farmacológica ao fato de se assemelharem estruturalmente a metabólitos celulares normais e poderem, por isso, tomar o seu lugar nos sistemas biológicos sem causar o mesmo efeito 134 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Antimetabólitos clássicos são aqueles que apresentam nítida semelhança com o metabólito, pois resultam da substituição de apenas um ou dois átomos ou grupos de metabólitos essenciais ❏ Atuam tomando o lugar de metabólitos essenciais nos processos bioquímicos dos organismos vivos através da complexação com o centro ativo de enzimas ❏ Geralmente desempenham o papel de substratos de enzimas, mesmo na presença deles, mas o produto intermediário ou final é anômalo 135 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Antimetabólitos não-clássicos são aqueles que apresentam semelhança pequena com o metabólito, e resultam de grandes modificações moleculares do metabólito normal ❏ Essas modificações produzem alterações favoráveis nas propriedades físico- químicas ou farmacológicas do composto, tais como solubilidade, coeficiente de partição, ionização, absorção, distribuição e estabilidade metabólica ❏ Deve-se preservar uma semelhança mínima ao metabólito essencial daquela parte da molécula que se liga ao receptor 136 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ São as substâncias que possuem a propriedade de combinar-se com um íon metálico através da doação de pares eletrônicos e assim formar compostos anelares, ou quelatos, geralmente de cinco ou seis membros 137 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Vários fármacos formam quelatos e devem sua ação biológica por essa propriedade, como ácido salicílico, histamina e tetraciclina ❏ Três são os principais empregos de agentes quelantes em Química Farmacêutica: ❏ Destruição do microrganismo parasito por quelação de metais essenciais ❏ Inibição de determinados metais e enzimas metálicas para estudar as funções dos metais e das enzimas em meios biológicos ❏ Retirada de metais indesejáveis dos organismos vivos 138 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Diversos fármacos atuam sobre membranas celulares, modificando a sua ação fisiológica e produzindo efeitos farmacológicos ❏ Neste grupo estão compreendidos os fármacos de aplicação tópica, como antissépticos e alguns antibióticos ❏ Há diversos mecanismos de transporte de substâncias através das membranas celulares: difusão passiva, transporte ativo e difusão facilitada ❏ Alguns fármacos devem sua ação à interferência com um ou mais destes mecanismos 139 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ É uma das ferramentas de prognóstico mais importantes para se facilitar a descoberta e o desenvolvimento de fármacos para uso oral nos últimos anos 140 Prof. Renan Almeida de Jesus 141 Prof. Renan Almeida de Jesus ❏ Vários grupos vêm tentando identificar pela análise sistemática de bancos de dados, propriedades estruturais que possam identificar compostos oralmente ativos nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento de fármacos ❏ peso molecular < 500 Da ❏ presença de número ≤ 5 grupos doadores de ligação de hidrogênio; ❏ presença de número ≤ 10 grupos aceptores de ligação de hidrogênio; ❏ Log P calculado ≤ 5 ❏ Essas regras dão uma estimativa de adequabilidade das propriedades físico- químicas e estruturais de novas substâncias bioativas 142 Prof. Renan Almeida de Jesus 143 Prof. Renan Almeida de Jesus
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