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CDC V1

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CDC- 09/08/2019
Unidade I
1- Aspectos Introdutórios:
Linha do tempo: Sequência dos diplomas legislativos:
 l--------------------------
l----------------------l-------------------------------l
 CC1916 CR 1988 CDC CC2002 
Pacta sunt Cidadão lei 8.078/90 
servanda” Direitos Fund. (microssistemas jurídicos)
CC 1916-→ essa foi uma legislação completamente influenciada pelo Código civil 
Francês de Napoleão Bonaparte, criada nos ideais da revolução francesa (liberdade, 
igualdade e fraternidade), neste contexto histórico o Estado era absolutista, com poder 
exacerbado nas mãos do monarca, que impunha a sua vontade de forma autoritária 
perante a sociedade, e o povo já estava cansado daquela situação, neste contexto de 
enfraquecimento do Estado absolutista pelo poder do povo, que surge o ideal da 
revolução francesa, o que se destaca é a liberdade. Como já vimos em Constitucional as 
dimensões dos direitos fundamentais, e a primeira dimensão é justamente a liberdade. 
E essa liberdade, quando vem com a revolução Francesa e é implementada na 
sociedade, surte efeitos para todos os lados, a liberdade é aplicada na economia, politica, 
social, jurídica, sendo assim influencia os diplomas legislativos. Isso interferiu no Código 
Civil de Napoleão Bonaparte, então este que foi a referencia do CC 1916 é um código 
extremamente individualista, porque se queria a LIBERDADE, então veio uma legislação 
egoísta, naquela época era o pátrio poder,(pai) agora é o poder familiar. Quanto á relação
contratual, aplicava-se um princípio muito importante: “pacta sunt servanda”, cada um 
com sua liberdade, livres para contratar, mas como o contrato é lei entre as partes neste 
principio, mas essa liberdade acabou trazendo uma desigualdade, já que a sociedade era 
tão livre, a classe que detinha o poder economico, começou a explorar a classe mais 
fraca, e o argumento para qualquer discussão era exatamente a liberdade. Quando essa 
desigualdade aparece, o povo de novo clama pela volta do Estado a interferir nas 
desigualdades. Na revolução industrial a classe trabalhadora era explorada de forma 
desumana. Volta-se a pedir ao Estado que traga agora a igualdade, então surge a 2ª 
Dimensão dos Direitos Fundamentais, que é o Direito de IGUALDADE. E isso de novo 
interfere nos contratos, pois quando se analista uma economia manufatureira (artesão 
que produzia 4 cadeiras) e quando vem a revolução industrial, esse passa a produzir 200 
cadeiras, surge a necessidade de escoamento rápido da produção, e se escoa isso 
através dos contratos, mas negociar com 4 clientes era diferente de 200, daí começa o 
contrato de ADESÃO, pois o fornecedor não tem como mais fazer um contrato 
individualizado, assim faz um contrato padrão, elaborado por ele, para satisfazer os 
interesses dele, aí surge um grande problema, pois quando aquele contrato se tornava 
excessivamente oneroso (assinou -contrato é lei entre as partes),então começa-se a 
perceber que isso não era justo, estava na lei, mas essa lei não estava mais trazendo o 
critério de justiça, começa a haver uma flexibilização na interpretação na interpretação do 
codigo de 1916 e do principio do “pacta sunt servanda” para permitir agora a REVISÃO 
CONTRATUAL, quando ocorrer onerosidade excessiva. Mas o CC 1916 que estava 
vigente e era ele que determinava o “pacta sund servanda”, a mudança começa na 
jurisprudencia, porque os casos de onerosidade começam a surgir e a jurisprudencia 
começa interferir nos valores axiliologicos, e com isso o CC 1916 começa a ficar velho, 
ultrapassado, porque não tem como aplicar o “pacta sunt servanda” em um contrato de 
adesão. Então começa-se a conversar por volta da decada de 70, sobre a mudança do 
Código Civil, mas esta mudança não saia, por toda uma questão politica por traz, que não
se conseguia efetivar essa mudança, e de fato não conseguiu, vindo primeiro a 
Constituição de 1988, já veio com essa mudança de Estado totalitário para Estado 
democrático, ela traz a proteção exacerbada do cidadão, proteção dos Direitos 
fundamentais, mas cria um buraco ainda maior, pois o cc 1916 ainda era o pacta sunt 
servanda, mas a partir da constituição de 1988 o legislador começa a perceber que com 
esse CC dessa forma, teria que ser criado diplomas legislativos protegidos que foram os 
chamados de microssistemas jurídicos, a CRFB 88 já determinou, que o legislador 
elaborasse um microssistema específico que era o CDC, artigo 5º XXXII ( o Estado 
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; e artigo 170 IV CRFB/88 (A ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: IV - livre concorrência; ) 
proteção coletiva. art 48 ADCT- O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da 
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
RESUMINDO: Fica bem claro que o CC 1916 caráter individualista não tinha mais aplicação, com 
base nessa solidariedade, nesse caráter social de proteção. A Constituição antes de conseguir alterar 
o CC, já na circunstancia de estabelecer a proteção do ser humano, e já que houve uma alteração 
estrutural (Constituição), já trouxe a proteção individual e coletiva do consumidor. O CDC é 
chamado de microssistema jurídico porque é uma inovação na forma de legislar. Não existia essa 
forma de legislar (forma interdisciplinar). CDC por menor que seja, sendo poucos artigos, se 
encontra normas de todas as disciplinas, porque esta forma interdisciplinar garante uma proteção 
ainda maior, e esse era o objetivo (proteger). Hoje existem vários microssistemas jurídicos (idoso, 
eca, maria da penha, etc. 
O CC/2002 já vem na mesma linguagem do CDC e da Constituição de 1988 (caráter social, 
solidariedade, dignidade da pessoa humana, função social, boa-fé objetiva e outros). 
2- Normas do CDC:
Começaremos verificando o artigo 1º do CDC
 Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII (tutela individual)170, inciso V (tutela 
coletiva)da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias- (ADCT- determinação
jurídica para que o legislador infraconstitucional elaborasse o CDC) .
Vimos nesse artigo primeiro as seguintes características das normas do CDC: Nomas de ordem 
pública e interesse social. 
Norma de ordem pública: também chamada de norma cogente, são aquelas que podem ser 
aplicadas de ofício pelo juiz, mesmo que as partes não peçam ou não demonstrem na petição inicial 
ou a contestação a aplicação de uma determinada norma, se o juiz perceber quando for decidir pode 
aplicar de oficio.
Devemos lembrar aqui a norma do processo civil, no que diz respeito a pedidos e sentença, no 
princípio da inércia da jurisdição que determina que o juiz só agirá se for provocado, e o limite de 
atuação do juiz em uma sentença, é justamente aquilo que está no processo, ou seja, a petição e 
contestação, quando vai além disse, é causa ultra, citra ou extra petita, que são sentenças passíveis 
de nulidade, é a regra. A norma de ordem pública o juiz de oficio pode atuar mesmo que não haja 
manifestação das partes, então por exemplo em uma relação de consumo, na revisão contratual, 
problema A e B e o juiz analisa e quando vai sentenciar vê que também tem o problema C, pode o 
juiz analisar de acordo com o paragrafo 1º CDC, dizendo que as normas são de ordem pública.
O problema é que o CDC é uma lei Federa, e nosso órgão jurisdicional responsável pela 
interpretação e defesadas leis federais é o STJ, e o este vem desde que o CDC foi promulgado e 
publicado interpretando de forma constante, vem elaborando muitas súmulas a respeito da aplicação
do CDC nas matérias de consumo, a sumula 381 do STJ:
“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da 
abusividade das cláusulas.” 
Essa súmula está claramente indo contra o artigo 1º CDC, mas o detalhe é que a proibição do STJ, 
não é para todo e qualquer consumo, e sim bancário. Segundo a doutrina consumerista esta súmula 
é considerada uma aberração. 
Não é súmula vinculante, portanto um juiz de outro tribunal, pode reconhecer de oficio, mas se 
recorrer vai chegar ao STJ e de qualquer forma a sentença será reformada.
Norma de interesse social: o próprio constituinte e o artigo primeiro determinou a defesa individual 
e coletiva da sociedade de consumo, então falar que uma norma do CDC é de interesse social 
significa que não só o consumidor individualmente será protegido, mas também toda a sociedade de
consumo. (interpretação do principio da função social, ou seja as normas do CDC tem função 
social, devem ser interpretadas e aplicadas no contexto social, visando sempre o bem estar e 
melhoria da coletividade como um todo, o que está no 170 V da CRFB:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
V - defesa do consumidor; 
Ex. a propaganda enganosa, atinge a coletividade. 
3→ DIÁLOGO DAS FONTES: 
Ditado: É a teoria pela qual as leis devem ser interpretadas sistematicamente buscando uma 
harmonia e coordenação entre elas, para se chegar ao seu maior objetivo, que é a proteção ampla do 
consumidor e da sociedade de consumo. 
Antinomia jurídica → quando se tem no mesmo caso a aplicação de dua ou mais normas, se estas 
entram em contradição, uma norma será aplicada e a outra afastada com os seguintes critérios: 
especialidade (norma especial afasta norma geral, hierarquia (norma superior afasta norma inferior) 
e cronologia (norma mais nova afasta a mais antiga).
Essa solução é a que chamamos de tradicional, clássica, conservadora. Quando vem o CDC. 
considerada uma lei moderna, que trouxe a forma de microssistema, interdisciplinar, proteger o 
consumidor em várias esferas ao mesmo tempo, traz o dialogo das fontes, que determina o seguinte:
a grande função do CDC é a proteção do consumidor e mercado de consumo, então o legislador 
pensou assim: se o nosso grande objetivo é esse não ha porque sermos a única norma a ser aplicada 
nas relações de consumo, o legislador entendeu que o CDC tem que dialogar com outras fontes 
legislativas, com outras leis, ser aplicado conjuntamente, sistematicamente, harmoniosamente com 
todas as outras leis que possam proteger ainda mais o consumidor e a sociedade de consumo. Ao 
invés de resolver apenas com a antinomia, será interpretadas a leis conjuntamente, 
sistematicamente, para tentar chegar em uma harmonia para chegar numa maior proteção possível 
do consumidor e da sociedade de consumo. O legislador foi tão preocupado com isso, que ele 
normatizou (artigo 7º CDC):
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou 
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, 
de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como 
dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. 
O CDC aceitou toda a legislação, até mesmo tratado internacional, aplicando conjuntamente, para 
se chegar a uma maior tutela do consumidor e da sociedade: 
UNIDADE II
1→ PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR:
Veremos a diferença básica entre princípio e regra:
Normas jurídicas é o gênero que podem ser de duas espécies:
1.1→ PRINCÍPIOS X REGRAS: 
Princípio→ Fundamentos da regras porque tem dentro de seu conteúdo, caráter valorativo, e 
exatamente por ser valorativo que tem que fundamentar as regras, são o núcleo axiológico. Os 
princípios são axiologicos, e justamente por serem isso tem um alto grau de generalidade e 
abstratividade, pois alcança mais situações que uma regra. 
valores em choque aplica-se a ponderação de valores, por que será analisado os valores incidentes. 
Exemplo: dignidade da pessoa humana, aplicação generalizada e abstrata. 
Regra→ Regras em choque aplica-se a antinomia. Baixa generalidade e abstração.
Exemplo dado em sala, festa no Iate por particular e pelo presidente da republica, e vem um 
fotografo, o valor de ambos está sendo infringido (imagem, privacidade, intimidade), mas a solução 
desta publicação, não seria a mesma, porque o presidente é uma figura pública, mas para o 
particular o peso talvez seja maior que pra ele que já é figura publica.
Isso para chegarmos a seguinte conclusão: 
O CDC quando foi elaborado em 1990, o legislador seguiu uma forma principiológica, de elaborar a
legislação, o CDC é uma lei praticamente inteira principiológica, temos inúmeros princípios 
aplicados nele, por isso consegue ser uma lei tao pequena com alcance muito grande, por ser 
principiológica tem alta generalidade e alta abstratividade. Consegue alcançar maior numero de 
situações.
2→ PRINCÍPIOS DO CDC: 
2.1→ VULNERABILIDADE: Significa de forma bem ampla: fragilidade, fraqueza. O que significa
que o se consumidor é considerado a parte mais frágil, pode ser mais atingido em uma relação de 
consumo, mas essa fragilidade não vem especificada no código (os tipos), o legislador 
simplesmente diz: é parte vulnerável (art 4º I);
 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; 
A doutrina determina como, com os tipos:
1→ Vulnerabilidade técnica: Significa que o consumidor não tem o conhecimento dos meios de 
produção. 
Se refere aos meios de produção, no sentido de que o consumidor não conhece e não tem como 
conhecer os meios de produção daquele produto ou serviço, os quais são conhecidos pelo 
fornecedor. O simples fato de não conhecermos nos coloca em situação de desvantagem. 
Ex. compra o carro, e a 1 km ele explode, não tem como saber a técnica produtiva. 
2→ Vulnerabilidade econômica: É a analise de capacidade econômica mesmo, a capacidade 
econômica do fornecedor é muito maior do que a do consumidor e isso obviamente coloca o 
consumidor em desvantagem, o fornecedor por causa de sua capacidade econômica tem condições 
de ludibriar, vender sonhos, desejos, ascensão social, manipular de forma que o consumidor nem 
perceba que está sendo manipulado.
Significa a discrepância entre a capacidade econômica das partes envolvidas. 
3→ Vulnerabilidade jurídica: A estrutura de conhecimento jurídico do fornecedor é muito maior 
que a do consumidor.
Ex.: a empresa pode ter alguém que fica por conta dos processos. 
4→ Vulnerabilidade informacional: é acerca das informações dos produtos e dos serviços, pois o 
fornecedor conhece todas as informações do produto ou do serviço e por conhecer fica obrigado a 
nos dar, mas pode não dar, e quando isso acontece acaba manipulando, porque se soubéssemos 
tudo, não compraríamos.
2.2→ DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: (artigo 4º caput CDC )
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como
a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios 
Está ligado a pessoa ter acesso as condições mínimas básicas para se ter uma vida saudável, que no 
Direito Constitucional chama-se mínimo existencial. Sobreviver não está mais sendo aceito pela 
doutrina como dignidade da pessoa humana. 
A dignidade da pessoa humanamuito além de estar no CDC, é fundamento constitucional, art 1º III 
da CR.
2.3 → PROTEÇÃO À VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA:
Vício≠Defeito
Vício: apenas mal funcionamento (menos grave, só não está fazendo aquilo que tinha que fazer).
Ex. televisão que é comprada, e não funciona áudio ou vídeo. 
Defeito: é também mal funcionamento, mas vai além, pois atinge a vida, segurança, saúde do 
consumidor=acidente de consumo. 
Ex. televisão comprada e coloca na tomada ela explode, é defeito pois colocou em risco a vida, 
saúde do consumidor. 
Somente no caso concreto, será possível analisar se é vício ou defeito.
Ex. leite contaminado, tomado pela pessoa, virou um defeito. Se a pessoa vê antes de tomar, é 
apenas vício. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
2.4→ TRANSPARÊNCIA: (art 6º III) (artigo 4º caput)
Da transparência decorre o dever de informar, que está art 6º inciso III:
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem 
Significa a sinceridade nas informações, o consumidor tem que saber tudo a respeito 
daquele produto ou serviço.
O princípio da transparência está super ligado a vulnerabilidade informacional, ou seja, se
o consumidor não tem em mãos toda a informação necessária do produto ou do serviço, 
cabe ao fornecedor ser transparente, claro, nítido, sincero, no que ele diz ou deixa de 
dizer. O consumidor tem que saber tudo que diz respeito daquele produto ou serviço. 
Esse dever de transparência é tão sério e ofendido esse princípio, que está especificado 
condições a serem redigidos contratos. 
 Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela 
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou 
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu 
conteúdo. 
 § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com 
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, 
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. 
2.5→ BOA-FÉ → artigo 4º III (boa-fé objetiva)
 III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e 
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento 
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio 
nas relações entre consumidores e fornecedores; 
Subjetiva→ é aquela que se refere a dados internos avaliando a intenção das partes.
Analisa-se a intenção do agente, a vontade de agir corretamente (animus).
Objetiva→ é aquela que analisa o comportamento, a conduta, averiguando se foi 
adequada, leal e honesta. 
Analisa a conduta exteriorizada, se a pessoa ao agir, agiu conforme os padrões de 
lealdade, honestidade, se teve comportamento adequado,
Enquanto a boa-fé subjetiva se refere a dados internos, a objetiva a dados externos.
No artigo não foi especificado qual boa-fé se trata, chegaremos a conclusão através de 
uma interpretação. É objetiva por que esta voltada a uma questão de analisar condutas, 
analisar atos e além do mais, para fins de proteção do consumidor é interessante 
analisarmos o que de fato ocorreu. 
A boa-fé subjetiva é muito importante porque tudo indica que quem tem boa-fé subjetiva 
vai acabar agindo conforme a boa-fé objetiva, mas nada impede que por mais que esteja 
com uma boa-fé subjetiva e na hora de realmente agir, ela atue desrespeitando condutas 
de honestidade e lealdade, a principio pode estar bem intencionada, mas na hora de agir 
exterioriza de forma desonesta, no final das contas será mais relevante a boa-fé objetiva. 
Conclusão que chegamos é que apesar de o CDC não falar especificamente de boa-fé 
objetiva ele está se referindo a ela. Essa boa-fé objetiva é importantíssima no que diz 
respeito as relações contratuais, obrigacionais, ao negocio jurídico como um todo, tem 
que se pautar por ela e isso fez com que surgissem três funções essenciais da boa-fé 
objetiva:
TRÊS FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA: 
→ integrativa: no sentido realmente de integrar, estar presente, quando estamos dizendo
que uma coisa integra outra, estamos querendo dizer que aquilo está presente, e a boa-fe
objetiva tem que estar presente em toda e qualquer relação jurídica de consumo, tem que 
se fazer presente. Se faz presente em uma relação jurídica de consumo através dos 
deveres anexos (laterais), que é o famoso P.I.C. (proteção, informação e cooperação). 
A interpretação, o alcance deles é tão grande que eles incidem não somente na fase 
contratual, mas também na fase pré-contratual, contratual e pós-contratual. São 
chamados de deveres anexos, porque independentemente não estar especificado em 
contrato, a boa-fé objetiva faz parte da relação contratual. É tão enraizada no 
ordenamento jurídico que doutrina e jurisprudência criaram uma nomenclatura para o 
inadimplemento do contrato, quando se dá ao descumprimento de boa-fé objetiva que é 
adimplemento ruim ou violação positiva do contrato. 
Ex. contrata-se uma empresa de outdoor, cumpre todo o contrato, mas não cumpriu 
deveres anexos, ao colocar os outdoors em lugares ruins que prejudiquem o contratante. 
→ interpretativa: de interpretação mesmo, interpretar, buscar o sentido e o alcance. 
Toda interpretação de uma relação de consumo deve se pautar segundo a boa-fé objetiva,
ou seja: sempre que houver em uma relação de consumo alguma dúvida a cerca do 
sentido e do alcance, o ponto inicial interpretativo tem que ser boa-fé objetiva. Vamos 
acreditar na honestidade e lealdade das partes contratantes até que se prove o contrário. 
→ de controle: temos que analisar a diferença entre direito objetivo e subjetivo:
Direito objetivo: é o conjunto de normas jurídicas de um ordenamento jurídico. É o 
arcabouço normativo, as normas jurídicas. 
Direito Subjetivo: se refere ao sujeito, aquele direito personalizado, faculdade de agir.
Quando temos um direito subjetivo, temos a prerrogativa de exercer esse direito, mas 
temos que analisar, por mais que o direito seja meu, o ordenamento jurídico já me deu, 
não significa que posso usar da forma que eu quiser, tem que respeitar o direito objetivo 
(as normas), porque se ao exercer um direito subjetivo infringe as normas vira um ilícito, 
que se chama de abuso de direito. 
Isso para chegarmos a conclusão de que o ordenamento jurídico não é o único limite ao 
exercício dos direitos subjetivos, temos inúmeros princípios que também funcionam como 
esses limites (boa-fé objetiva), a Boa-fé objetiva funciona como um limite ao exercício de 
direitos subjetivos, ou seja, controla o exercício dos direitos subjetivos, o que significa que
se ao exercer um direito subjetivo for desrespeitado a boa-fé objetiva, cometerá abuso de 
direito, consequentemente um ato ilícito.
Ex: carro faltando 3 parcelas pra quitar, a jurisprudência entende como abuso de direito o 
banco tomar o carro. 
2.6→ PROTEÇÃO CONTRA PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA: (art 6ºIV)
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos 
ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento 
de produtos e serviços; 
Por ser tão relevante o legislador resolveu colocar como princípio protetivo do 
consumidor, por que ele considerou que a publicidade, já é considerada uma fase pré-
contratual, ela integra o contrato que vai ser firmado entre as partes, de tal modoque o 
fornecedor veicular, fica vinculado, pois é considerado cláusula pré-contratual, e se esta 
cláusula for enganosa (possibilidade de induzir a erro) ou abusiva (se favorece da 
fragilidade do consumidor), sendo uma ou outra tem a possibilidade de anular o contrato 
que por ventura mais tarde for finalizado. 
Ex. Caso do ovo de páscoa com brinquedo dentro, com cartinhas colantes, que eram para
as crianças rotularem umas as outras, MP entrou alegando publicidade abusiva, pois se 
favorece da fragilidade do consumidor (crianças). Bullying.
2.7→ PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS ABUSIVAS: 2ª parte inciso IV
Praticas abusivas são todas as condutas tomadas pelo fornecedor, deve se pautar pela 
honestidade, lealdade sob pena de nulidade.
O CDC também pune as praticas comerciais abusivas, tudo que o fornecedor fizer para 
que o produto seja colocado no mercado e chegue na mão do consumidor, tem que se 
pautar pelos padrões de honestidade e lealdade, todas as praticas consideradas de 
alguma forma prejudiciais ao consumidor vão ser nulas. Porque são consideradas 
cláusulas pré-contratuais que tem que se pautar pelos deveres anexos, principalmente 
boa-fé objetiva. 
2.8→ PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO: Artigo 6 V
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
art 51 § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto 
quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a 
qualquer das partes. 
O CDC permite a revisão contratual por onerosidade excessiva, pois manter o contrato é 
mais vantajoso para as partes do que a sua rescisão.
Quando um contrato de consumo é realizado, efetivado, temos de um lado consumidor e 
de outro fornecedor, e ambos tem algo a ganhar, e se esse contrato foi feito por eles, 
provavelmente é porque querem que se prolongue, e chegue ao seu fim. O legislador 
pensou que um contrato de consumo rescindido pode ser prejudicial para o consumidor, 
ou se tornando oneroso, instituiu o princípio da conservação para que seja feito todo o 
possível para que o contrato continue e esse todo possível significa a possibilidade de 
revisão contratual. Então quando um contrato se torna excessivamente oneroso para o 
consumidor, antes de chegarmos a conclusão de que ele vai ser rescindido, vamos tentar 
revisioná-lo para que se conserve.
O artigo 51 §2º diz que mesmo que o contrato tenha uma cláusula abusiva, a princípio 
não tem o poder de invalidar o contrato, vai tentar integrar esse contrato para chegar ao 
equilíbrio mas se depois de tudo, continuar oneroso, aí sim rescinde.
2.9→ PRINCÍPIO DA REVISÃO DE CONTRATUAL: 
A melhor forma de entender a revisão contratual em uma relação de consumo é fazendo 
uma comparação com a revisão contratual do CC em uma relação de direito civil.
Duas coisas são pacíficas: revisão contratual vai caber se houver onerosidade excessiva, 
é um contraponto ao “pacta sunt servanda”. 
CDC artigo 6º V CC artigo 478
V - a modificação das cláusulas contratuais
que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas; 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada 
ou diferida, se a prestação de uma das partes se 
tornar excessivamente onerosa, com extrema 
vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, 
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. 
Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à
data da citação. 
Teoria da base negocial; (se era imprevisível ou
não, cabe revisão da mesma forma) fatos 
supervenientes, numa relação de consumo, 
independentemente do fato ser previsível ou 
imprevisível, se o contrato se tornar 
excessivamente oneroso, cabe revisionar.
Teoria da imprevisão (exige que o fato seja 
imprevisível para as partes) se no meio do 
contrato aconteceu algo que fez ele ficar oneroso,
se for imprevisível, pode revisionar. 
Exemplo: a pessoa vai ao banco fazer um empréstimo e é previsível a onerosidade, não 
interessa ser previsível, cabe revisionar por ser relação de consumo. 
2.10→ PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS: art 6 VI
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos; 
A primeira conclusão a ser tirada é que, dano patrimonial é mais fácil visualizar ser 
individual, coletivo e difuso, o que as vezes causa um pouco de estranheza é que dano 
moral, pode ser individual, coletivo e difuso, mesmo sendo dano moral uma ofensa a um 
direito da personalidade. 
Ex. O acidente em Brumadinho, pode atingir a toda a coletividade
 danos emergentes (aquilo que efetivamente perdeu).
Materiais
 lucros cessantes (aquilo que razoavelmente deixou de ganhar).
Exemplo: uma modelo profissional compra um shampoo que tem uma substancia que a 
faz perder seu cabelo. Dano emergente, tudo que ela gastou (remédio, médico etc), lucros
cessantes, o que ela deixou de ganhar em função disso. 
O dano moral é uma ofensa a um direito da personalidade, direitos existenciais, não tem 
cunho econômico, não dá pra falar quanto vale a sua existência, dignidade, liberdade etc.
Mas é muito complexo conseguir quantificar o valor de dano mora, houve uma mudança 
no CPC/15 que atingiu muito diretamente os advogados, pois antes deste novo código, a 
lei permitia que a pessoa fizesse um pedido de dano moral sem quantificar e colocava na 
mão do juiz, quanto ele queria pagar. 
O novo CPC passou a exigir que o dano moral seja quantificado. Como não existe uma 
tabela para isso, doutrina e jurisprudência elaboraram alguns critérios norteadores que 
servem para quantificar danos morais. 
CRITÉRIOS NORTEADORES PARA QUANTIFICAR DANO MORAL: 
➢ 1º- Grau de culpa do ofensor. 
➢ 2º- Gravidade e repercussão da ofensa. (para a própria vítima) 
➢ 3º- Situação econômica das partes. (equilíbrio patrimonial) 
Súmulas STJ:
37- SÃO CUMULÁVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL ORIUNDOS 
DO MESMO FATO. 
227- A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Pessoa jurídica tem direito a honra, ao bom nome.
281- A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de 
Imprensa. 
A lei de imprensa que foi elaborada na época da ditadura a qual tinha uma tabela, para as
atividades advindas de imprensa. O STF não recepcionou, pois tal lei tinha cesura, e se 
tornou inconstitucional com a constituição de 88. 
326- Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao 
postulado na inicial não implica sucumbência recíproca. 
(Sucumbente é a parte que perdeu o processo, a súmula diz que a parte que ganhar 
parcialmente o dano moral não tem que pagar sucumbência do valor restante). 
362- A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do 
arbitramento. 
(a pessoa que pede o dano moral, receberá a correção a partir da data da sentença).
370- Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
Dano “in re ipsa”= pelo simples fato ( exemplos: cheque representado antes ) Não precisa
comprovar o dano para haver indenização. Entendimento de jurisprudência. Outro caso 
de dano “in re ipsa” é o ouver book.
385- Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por
dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
Os princípios servem para o consumidor e do fornecedor (boa-fé), se a pessoa tiver várias
restrições no nome devidamente, não terá direito a dano moral em caso de reincidência 
apenas solicitar o cancelamento desta última. 
387- É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e danomoral.
Dano estético até um tempo atrás era considerado dano moral, até que STJ separou dano
moral, dano patrimonial e dano estético. Dano estético é dano a aparência, moral é da 
personalidade. O mesmo fato pode dar os três danos (material, moral e estético).
388-A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
Dano ‘in re ipsa” - pelo simples fato. 
2.11→ ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO: 
Quando ocorre um serviço público, é ou não relação de consumo? Se for aplica o CDC, 
se não for podem ser aplicadas outras leis, mas não o CDC.
São dois tipos de serviços públicos:
Serviço público PRÓPRIO Serviço público IMPRÓPRIO-CDC
Custeado por tributo (TAXA)
Não é relação de consumo, é relação de 
direito tributário, administrativo. 
ex.: Segurança pública (PM). 
Taxa de iluminação pública
Custeado por tarifa (CDC)
Tarifa: Contraprestação por um serviço 
específico. 
ex.: CEMIG, COPASA, passagem de ônibus
Tarifa de consumo de energia elétrica. 
2.12→ RESPONSABILIDADE SOLIDARIA: (artigo 7º PU CDC)
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente 
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
Todos aqueles que participam da cadeia de produção ficam responsáveis pelo produto ou
serviço.
Na responsabilidade solidaria, pode-se cobrar a dívida toda do todo, ou seja, qualquer um
pode ficar obrigado a pagar a dívida toda, e quem pagar se achar que não é o 
responsável entra com direito de regresso. 
No direito do consumidor, toda a cadeia produtiva daquele produto ou serviço é 
responsável pelo mesmo. 
Ex. Comprou um carro e ele explodiu, todos que participaram da produção desse carro é 
responsável, cabe ao consumidor contra quem ele vai demandar.
UNIDADE III- A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
1→ INTRODUÇÃO: 
O primeiro passo para decidirmos se vamos aplicar o CDC ou não, é sabermos se 
estamos diante de uma relação de consumo, e para identificar se a relação é de 
consumo, temos que saber identificar os elementos dessa relação, se chegamos a 
conclusão que os elementos caracterizam, e encaixam nos conceitos de consumo, será 
relação de consumo e aplica-se o CDC. Se não forem de consumo, não pode aplicar, e 
será uma relação de direito comum (CC).
O que é muito importante, é que se não é uma relação de consumo não significa que não 
tem proteção jurídica, tem sim, mas não com base no CDC e sim na norma geral (CC).
Elementos da relação de consumo:
 Consumidor 
→ Subjetivo: Sujeitos 
 Fornecedor
 Aquisição de um produto
→ Objetivo: Objeto 
 Aquisição de um serviço
Estudaremos cada um deles. 
Consumidor: conceito legal (art2º)
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
Este é o conceito legal e deste, tiraremos alguns elementos: 
 Objetivo (objeto)→ produto ou serviço
Elementos do conceito legal Subjetivo (se refere ao sujeito) → P.F e P.J
 Teleológico (interpreta a finalidade)→destinatário final
 
O legislador falou expressamente que para ser consumidor tem que ser destinatário final,
mas ele não explicou o que é destinatário final, se não explica surgem diversas 
interpretações, assim surgem as diversas correntes doutrinárias. Vamos entender as 
correntes doutrinárias que explicam o que é destinatário final, por que por uma ou por 
outra o resultado é completamente diferente. 
2.1→ DESTINATÁRIO FINAL:
1ª -Corrente Maximalista: é a teoria que alarga o conceito de consumidor, pois 
basta ser destinatário fático para ser destinatário final. Destinatário fático é aquele 
que retira o produto ou o serviço do mercado. 
( vem de maximalizar-aumentar) esta corrente alarga demais, aumenta demais o conceito 
de destinatário fina, porque diz o seguinte, para ser destinatário final, basta ser 
destinatário fático (a pessoa que retira o produto ou serviço do mercado, de circulação). 
Quando o CDC foi promulgado em 1990 tínhamos 2 anos de constituição, que mudou 
substancialmente a estrutura, saindo de um Estado totalitário para entrar um Estado 
democrático de Direito que buscava naquele momento a proteção do indivíduo 
(Constituição Cidadã). O Objetivo era proteger ao máximo aquela parcela da sociedade 
que era considerada mais fraca, mais vulnerável, e dentro dela estava o consumidor, e 
vimos na primeira aula que a proteção do consumidor tem estatura Constitucional (direito 
fundamental). Nesta linha de Constituição de 88 trazendo essa necessidade enorme de 
proteção ao cidadão, vem o CDC 2 anos depois para proteger essa parte que até então 
era considerada mais fraca, aplica-se perfeitamente a teoria maximalista, porque ela 
alarga demais o conceito de destinatário final, ela diz que pegou e tirou do mercado, já é 
destinatário final, logo já é consumidor. 
O STJ: começou a entender que se para ser consumidor basta tirar o produto de 
circulação, quase nada vai ser o sujeito da relação de Direito Civil. Então começou a 
entender que pela teoria maximalista o CDC estava fazendo as vezes de lei geral, 
enquanto o CC estava fazendo as vezes de lei especial (inverteu). 
Com essa inversão toda e qualquer relação estava sendo considerada de consumo, e é 
nesse ponto que o STJ muda a sua jurisprudência, e passa adotar a segunda corrente. 
2ª- Teoria Finalista: 
Para ser destinatário final tem que ser destinatário fático e econômico. Logo, além 
de retirar o produto ou o serviço de circulação tem que ter a finalidade de uso 
próprio ou de sua família.
Destinatário final = destinatário fático + destinatário econômico.
 
 retira o P/S do mercado Coloca fim na cadeia produtiva
O tanto que a 1ª teoria alarga o conceito de consumidor, a finalista restringe, pois diz que 
para ser destinatário final, tem que ser destinatário fático+destinatário econômico, e 
quando exige o destinatário econômico, está averiguando qual é a finalidade, pois isso é 
chamada de finalista, para ser destinatário final, além de retirar o produto ou serviço do 
mercado, tem que usar para uma finalidade própria ou de sua família, se der a esse 
produto ou serviço qualquer outra finalidade que não seja uso próprio ou de sua família, 
não é destinatário econômico, logo não é destinatário final e consequentemente não é 
consumidor.
Essa teoria diz que se a pessoa retira o produto ou serviço como um insumo de uma 
atividade econômica dele, quando tira para utilizar em sua atividade econômica, não 
coloca fim a cadeia produtiva, se a cadeira produtiva continuar não é para seu consumo 
próprio ou de sua família, consequentemente não é relação de consumo. 
Ex. O fazendeiro que tem um jardim e também produz milho, e compra adubo para 
colocar no milho e também para colocar no jardim. Quando usa para colocar no jardim e 
pra uso próprio ou de sua família (consumidor), quando coloca no milho (insumo de uma 
atividade) não é relação de consumo.
O pincel que a faculdade compra tem a ver com a atividade dela- não é relação de 
consumo. Papel higiênico não é atividade dela- é relação de consumo. 
O STJ começa a se incomodar de novo, e diz que pela teoria finalista, entende-se que 
toda pessoa que adquire produto ou serviço, não para uso próprio, independentemente da
condição dela não é consumidor, mas começaram a perceber que as pessoas têm 
condições muito diferenciadas, principalmente no que diz respeito à vulnerabilidade, que é
grande objetivo do CDC: proteger a partemais vulnerável.
Ex.: Coca→ Carrefour→ José 
 Coca→ Zé do boteco→ José 
Carrefour e Zé do boteco não podem ser igualados numa não relação de consumo, 
devido à desproporcionalidade da estrutura de ambos. Neste sentido o STJ pegou a teoria
finalista e criou um braço dela, chamada:
Teoria finalista Mitigada, relativizada (chamada de aprofundada)
É uma interpretação da finalista para admitir que mesmo não sendo para uso 
próprio ou de sua família, havendo comprovação da vulnerabilidade, será relação 
de consumo.
Mesmo que o objetivo não seja uso próprio ou de sua família, se essa pessoa comprovar 
sua vulnerabilidade, passa-se a considerar relação de consumo.
Se o Zé do boteco provar que é vulnerável, a relação dele passa a ser de consumo.Bs
Obs: não ficar preso na ideia de que Pessoa Jurídica não é consumidora, é sim se 
comprovar que é a finalidade é para uso próprio.
2.2→ PESSOA JURÍDICA: 
Pessoa Jurídica será consumidora quando for destinatária final, ou seja: ara uso próprio .
Ex.: a vaca da Universo. Quando comprou foi relação de consumo, pois não faz parte de 
sua atividade, é para uso próprio. 
2.3→ CONSUMIDOR EQUIPARADO: 
É aquele que não é o consumidor direto, porque o consumidor direto através de sua 
autonomia da vontade realiza uma relação jurídica com o fornecedor, mas há 
determinadas situações que a pessoa não tem uma relação jurídica direta, mas ela passa 
a ser considerada consumidora por causa de alguma ocorrência, são três elencados no 
CDC: 
Artigo 2º P.U → a coletividade de pessoas, mesmo que indeterminada merece proteção 
jurídica. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Principal órgão de responsável pela proteção coletiva é o MP, então, vamos entender o 
legislador está dizendo: se tem uma coletividade de pessoas que pode de alguma forma 
ser ofendida em uma relação de consumo, essa coletividade merece uma proteção, tutela
coletiva do consumidor. Defende um grupo indeterminável de pessoas. 
Ex.: Um fornecedor coloca um carro no mercado com um vício em alguma peça, todos 
podem ser atingidos por esse problema, não tem como determinar quem são essas 
pessoas. 
Artigo 17→ By stander: vítimas do evento que não teve relação direta. Ex. Acidente TAM
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento. 
Vítimas do evento→ Um dos princípios que estudamos, foi a proteção a vida, segurança e
saúde do consumidor, destacamos que há uma diferença entre vício e defeito, que 
também e chamado de fato, no vício temos simplesmente mal funcionamento, no defeito 
ou no fato temos um mal funcionamento que de que alguma forma atinge vida, saúde ou 
segurança, onde temos o chamado acidente de consumo, pois vida, saúde e segurança 
foram colocadas em risco. 
Quando ocorre esse acidente de consumo, primeiramente o consumidor direto pode ser 
atingido, mas esse acidente de consumo pode atingir pessoas que não tem nada a ver 
com nada, que não tem nenhuma relação jurídica com o consumidor. Quando essas 
pessoas são atingidas passam a ser consumidoras equiparadas. Pois são vítimas de um 
acidente de consumo.
Ex. acidente de avião, que atinge pessoas que não eram passageiras. 
Artigo 29→ Excesso de cautela, já retratado no artigo 2º.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas 
as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
Esse artigo é praticamente um repeteco do artigo 2º PU, na verdade o legislador teve o 
excesso de cautela, porque o que está disposto no artigo 29, o art 2ºPU já abrangeu, e é 
mais amplo que o 29, a diferença é que no 29 falou de uma coletividade exposta a uma 
prática comercial, no 2º falou, qualquer coletividade que possa sofrer prejuízo vinda de 
uma relação de consumo. Não precisaria do artigo 29 porque o 2º já falou.
Praticas comerciais são todas as praticas que o fornecedor usa para colocar o seu 
produto no mercado e conseguir vendê-lo. Tudo que ele fizer que possa atingir essa 
coletividade, esta merece proteção. 
3→ FORNECEDOR (gênero) : espécies no artigo 3º CDC ≠ art 12 ≠art 13 ≠art 18
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
Todos podem ser fornecedor, devemos entender que nesse ponto o legislador foi um 
pouco confuso, mas utilizou a seguinte técnica, ao enumerar no artigo 3º esse tando de 
pessoas, quer dizer que é um gênero do qual temos várias espécies que são as 
enumeradas no artigo, se a relação é solidária, toda vez que aparecer no CDC 
fornecedor, estamos nos referindo a todos do artigo 3º, quando o legislador não quer 
atingir a todos, ele fala exatamente quem ele quer. Vejamos a diferença: 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
No artigo 12, não falou fornecedor e sim quem ele quis, não abrange a cadeia inteira. 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes 
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
No artigo 18 já está se referindo a todos do artigo 3º (a cadeia inteira). 
Conclusão: 
Obs.: fornecedor é o gênero que tem várias espécies, quais sejam: as enumeradas no 
artigo 3º.
Entes despersonalizados: não tem personalidade jurídica, não tem registro. É considerado
fornecedor normalmente. Ex.: camelô (sociedade em comum)
Para identificar se a pessoa é ou não fornecedora, o artigo 3º fala da atividade, deve se 
perguntar se o que ela fez é a sua atividade, se sim é fornecedora, se não, não tem 
relação de consumo. O que caracteriza a atividade é a habitualidade na atividade 
econômica. 
4→ PRODUTO→ (artigo 3º §1º)
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
Todas as classificações de bem do CC são aplicadas no CDC. 
O CDC traz uma classificação para o produto, que não existe no CC.
 Durável: aquele que não se extingue com o eu primeiro uso.
Pode ser: Não durável: Se extingue no primeiro uso..
 Gratuito: Obriga o fornecedor normalmente, como se remunerado fosse. 
Jurisprudência: Durável não significa que é eterno (o produto tempo de vida útil- conceito 
jurídico indeterminado). Passado o tempo da vida útil não há problema em o produto 
apresentar algum vício. 
5→ SERVIÇOS: artigo 3º § 2º – ADI 2591
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo 
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Vejamos que o legislador deu um conceito de SERVIÇO, depois veio e enumerou 
algumas que são consideradas serviços no CDC e outra que não é do CDC.
Em relação trabalhista,não é consumo.
Quando o CDC entrou em vigência, as confederações bancárias existentes, entraram com
Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, alegando inconstitucionalidade deste artigo, 
dizendo que bancos, crédito, securitária e financeira são submetidos ao sistema financeiro
nacional, consequentemente são regulamentadas pelas normas do banco Central e não 
poderiam ser regidas pelo CDC. 
Entendimento do STF: os serviços que são prestados, existe CDC, o que diz respeito a 
taxas, juros (índices do sistema financeiro) não é relação de consumo. 
Obs: mediante remuneração: ha três tipos de serviços: 
Remunerados→ não tem discussão, pois obviamente, se pagou por um serviço e não foi 
devidamente prestado, é relação de consumo. 
Aparentemente gratuito→ o fornecedor tem uma vantagem indireta, se o fornecedor de 
alguma forma ganhou algo com aquele serviço é relação de consumo. 
Ex. estacionar na porta da padaria gratuitamente. A padaria teve alguma vantagem 
(repasse indireto), relação de consumo. Mesmo se não comprar nada na padaria. 
Puramente gratuito→ Aquele que é prestado e não exige repasse indireto nenhum. Não 
é relação de consumo. 
Ex.: médico socorre alguém na rua que passou mal, não houve nenhuma vantagem. 
Serviço público→ impróprio → tarifa (CDC)
UNIDADE IV- RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO: 
1→ INTRODUÇÃO: 
Conceitos importantes sobre a responsabilidade civil.
 - Conduta
 Subjetiva -Dano
Tipos -Nexo Causal – Culpa “latu sensu” (dolo e culpa stritu sensu) 
 – Culpa “latu sensu” (dolo e culpa stritu sensu)
 - Conduta
 Objetiva -Dano 
 -Nexo 
Na responsabilidade Subjetiva a pessoa só é responsabilizada se tiver agido com culpa. 
Na responsabilidade objetiva não há o elemento CULPA, mesmo não havendo culpa, vai 
responder por aquele dano. Já que é a mais grave, só poderá existir se houver uma 
previsão legal. Se não houver uma lei falando que é objetiva será lei geral.
2-→ RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC: 
 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 (§3º casos de excludentes de respons)
 Pelo risco da atividade → por existir ganho
Artigo 12- responsabilidade objetiva: 
 Pelo risco integral→ transporte aéreo e dano 
 nuclear
Pelo risco da atividade: Conceito de fornecedor do artigo 3º, o que vai caracterizar uma 
pessoa sendo fornecedora é a atividade desenvolvida e que para caracterizarmos ela 
como fornecedora tem que ser uma atividade habitual. A responsabilidade objetiva pelo 
risco da atividade determina, por existir uma atividade, essa vai trazer um ganho, e se vai 
trazer um ganho, a pessoa vai assumir os riscos que essa atividade pode causar. Mesmo 
que não haja culpa pelo dano. Se é pelo risco da atividade, a forma que o fornecedor tem 
para se isentar é comprovando que não tem a atividade, ou seja se ele conseguir 
comprovar que o dano ocorreu, mas não foi por uma atividade dele, ele se isenta da 
responsabilidade. Logo podemos concluir que : 
A responsabilidade objetiva pelo risco da atividade admite casos de exclusão de 
responsabilidade, quando o fornecedor comprovar que não teve responsabilidade sua. 
Pelo risco integral: O legislador considera que a atividade desenvolvida é tão perigosa 
que nada terá o condão de excluir a responsabilidade. Se é objetiva tem que ter previsão 
legal. O transporte aéreo é uma atividade muito perigosa, logo o fornecedor se 
responsabiliza integralmente pelo serviço, o que significa que nada pode excluir sua 
responsabilidade. Outro caso no nosso ordenamento é o dano nuclear. 
Ex.: urubus que entram nas turbinas do avião, este cai, teve dano, o que causou o dano 
não tem nada a ver com sua atividade, mas a empresa será responsável. 
Já no caso de um furacão no McDonald's é diferente, pois não está ligado a atividade 
dele. 
No CDC já sabemos que a responsabilidade é objetiva, mas temos que perguntar, se é 
pelo risco da atividade ou risco integral 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado 
quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O próprio legislador trouxe casos que isentam o fornecedor de responsabilidade.
Porém como no risco integral nada exclui essa responsabilidade, então a 
responsabilidade objetiva do CDC é pelo risco da atividade, o que significa que o 
fornecedor comprovando que não teve atividade dele, ele não será responsabilizado.
ex.: inciso I→ produto falsificado. (não tem atividade do fornecedor)
 
3→ RESPONSABILIDADE PELO FATO E PELO VÍCIO: 
Como já vimos nos princípios, o CDC diferencia muito bem o FATO (defeito) do VÍCIO 
(mal funcionamento do produto ou serviço, mais uma questão patrimonial).
O Fato é mal funcionamento que coloca em risco a vida, saúde ou segurança do 
consumidor. 
Isso é tão importante que o legislador colocou em seções diferentes. 
SEÇÃO II
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 
1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se 
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - sua apresentação;
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi colocado em circulação.
Fica bem claro no §1º,quando não oferece a segurança, diz sobre o fato, não sobre o 
vício.
Diferença na jurisprudência: 
4→ RISCO INERENTE E ADQUIRIDO.
A regra é que o fornecedor não responda pelo risco inerente desde que cumprido o 
princípio da transparência, pois, o perigo é da própria natureza do produto. Sendo 
risco adquirido o fornecedor responderá pois o perigo vem de um defeito 
imprevisível. 
O legislador disse que se o produto não oferecer segurança, ele é defeituoso, há produtos
colocados no mercado que são perigosos, o que não faz com que esses produtos se 
tornem defeituosos, porque nesse caso são risco inerentes, fazem parte da própria 
natureza do produto. Para o fornecedor não ser responsabilizado por um risco inerente, 
deve informar adequadamente cumprindo com o princípio da transparência, que traz o 
dever de informar. 
ex.: a faca, é produto perigoso, mas não é defeituoso, pois é inerente a sua natureza esse
risco. 
O risco adquirido, oproduto vai apresentar uma periculosidade que não faz parte de sua 
natureza, aquele perigo não era para existir e existiu, aí sim se torna defeituoso, e o 
fornecedor responde pelos danos.
Ex. Liquidificador que foi ligado, a lâmina desencaixou e voou e decepou o dedo da 
pessoa que comprou. (vicio adquirido) .
5→ ARTIGO 12 DO CDC: 
Obs1.: não está englobando a cadeia inteira (fornecedores), o comerciante está 
diferenciado no artigo 13. 
 Quando começamos a ler o artigo 12 identificamos que o Legislador não falou o 
fornecedor, e sim fabricante, produtor, construtor e importador, quando vimos 
anteriormente o conceito de fornecedor, vimos uma observação que é a seguinte: lá no 
artigo 3º temos uma enumeração de fornecedores, e a lógica do legislador é que quando 
ele quer abranger toda a cadeira produtiva (responsabilidade solidária) ele usa a palavra 
fornecedor, então toda vez no CDC que aparecer a palavra fornecedor, temos que 
entender que ele está abrangendo a cadeia inteira e consequentemente a 
responsabilidade é solidaria, e quando ele não quer abranger a cadeia inteira, ele fala 
quem ele quer, no 12 falou quem ele quis, faltou o comerciante que está diferenciado no 
artigo 13. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter 
sido colocado no mercado. 
Diz respeito as inovações tecnológicas, temos que, através da inovação tecnológica um 
produto pode se tornar mais seguro. Mas não significa que o anterior se torne defeituoso.
Ex.: Carro 1970, e carro 2019, obviamente que o mais novo é mais seguro. 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado 
quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
No artigo 3º temos as chamadas excludentes de responsabilidade, o que é ótimo para o 
fornecedor, porque se ele comprovar alguma dessas causas, ele se isenta da sua 
responsabilidade. 
I- ex. Produto falsificado. (fornecedor prova que é ilegítimo na causa)
II- não nega que colocou no mercado, mas informa que não existe o defeito, 
jurisprudência vem falando que é tempo de vida útil, prazo de validade.
III- cuidado com o exclusiva, para um fornecedor se isentar da responsabilidade ele tem 
que comprovar que não teve nenhuma participação, pois se tiver uma participação for 
pequena, vira culpa concorrente, e apenas diminui o quantum indenizatório.
Art. 945 cc .Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será 
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
Exemplo pacificado na jurisprudência de culpa concorrente e não exclusiva, a velocidade 
em que o carro bateu, se a velocidade for maior que a permitida, culpa concorrente, 
diminui o quantum indenizatório. 
CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR-excludente de responsábilidade. 
Um outro caso de excludente de responsabilidade que não está no CDC, mas está no CC,
é o Caso Fortuito ou força maior. Mesmo o CDC, não prevendo podemos usar o caso 
fortuito ou força maior, pois se não tem lei específica, usa-se a lei geral (CC) o qual pode 
ser usado em uma relação de consumo (diálogo das fontes)
Art. 393.O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se 
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos 
não era possível evitar ou impedir.
Doutrina e jurisprudência fez uma diferenciação, criando uma divisão do fortuito:
 Interno → não exclui a responsabilidade do fornecedor
Fortuito (imprevisível): 
 Externo→ exclui a responsabilidade do fornecedor (furacão)
A responsabilidade Civil no CDC é objetiva com base no risco da atividade, doutrina e 
jurisprudência dizem que por ser fortuito já é imprevisível, porém existem dois tipos de 
imprevisibilidade, uma que é algo que faz parte da própria atividade desenvolvida pelo 
fornecedor, mas tendo em vista a atividade do fornecedor aquilo pode realmente ocorrer e
como a responsabilidade é objetiva com base no risco da atividade, ele vai ter que 
suportar esse risco, o que nos leva a concluir que se for um fortuito considerado interno 
não exclui responsabilidade.
Ex.: Fortuito interno :Fornecedor empresa de ônibus, atividade transportar a pessoa, no 
meio da estrada um buraco que não existia, o motorista caiu no buraco e sofreu um 
acidente, era imprevisível, mas como faz parte da atividade dele, responde, pois arca com
os riscos da atividade. 
Ex.: Fortuito externo: mesmo fornecedor, passa um furacão e sofre um acidente, furacão 
não faz parte da atividade, o fortuito externo exclui responsabilidade. 
Jurisprudência: Se a linha de ônibus já tem várias incidências de assalto é interno, se não,
é externo. 
6→ Artigo 13: Comerciante 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor 
ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do 
evento danoso.
Lembrando que o artigo 12, não falou fornecedor, portanto não abrange a cadeia inteira, o
comerciante tem um tratamento diferenciado no caso da responsabilidade civil pelo fato.
O legislador está dizendo que o comerciante é responsável nos casos do inciso. Se for 
nos outros casos não será responsável, pois quem será responsável será os do artigo 12, 
ou seja na responsabilidade civil pelo fato ou defeito a responsabilidade do 
comerciante é subsidiária e não solidária, porque primeiramente observa-se os do 
artigo 12, somente se não estiver lá, é que vai no comerciante, que está no artigo 13. 
Essa diferenciação é somente no FATO. 
Situações do artigo que o legislador coloca o comerciante responsável, 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
 ex.: a feira do bairro, o comerciante que vende banana, não tem como identificar o 
produtor, pois ele pega de vários produtores. 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor 
ou importador; 
Situações comuns em que o comerciante pega o produto de outra pessoa e coloca sua 
marca. 
Ex.: supermercados que tem sua própria marca já colocam por quem foi produzido. 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Questão probatória mais difícil. 
Ex.: Carrefour recebe o produto da Itambé, e não conserva direito e o produto estraga. 
	Devemos lembrar aqui a norma do processo civil, no que diz respeito a pedidos e sentença, no princípio da inércia da jurisdição que determina que o juiz só agirá se for provocado, e o limite de atuação do juiz em uma sentença, é justamente aquilo que está no processo, ou seja, a petição e contestação, quando vai além disse, é causa ultra, citra ou extra petita, que são sentenças passíveis de nulidade, é a regra. A norma de ordem pública o juiz de oficio pode atuar mesmo que não haja manifestação das partes, então por exemplo em uma relação de consumo, na revisão contratual, problema A e B e o juiz analisa e quando vai sentenciar vê que também tem o problema C, pode o juiz analisar de acordo com o paragrafo 1º CDC, dizendo que as normas são de ordem pública.
	2.2→ DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: (artigo 4º caput CDC )

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