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Luciano Polaquini
Cadeias Produtivas
em Medicina Veterinária
04
Sumário
CaPítuLo 1 – CaDEIaS PRoDutIVaS EM MEDICINa VEtERINÁRIa ....................................... 06
2.1 conceitos essenciais de criação de ruminantes de corte e leite ........................................ 06
2.2 Consumo de carne no brasil ..................................................................................................... 08
2.3 Exportações de carnes brasileiras .......................................................................................... 12
2.4. Estrutura da cadeia produtiva de carnes no brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina);
pontos fortes e gargalos da cadeia ............................................................................................... 12
2.4.1 Carne bovina .................................................................................................................... 13
2.4.2 Cadeia de ovinos e caprinos ......................................................................................... 15
2.4.3 Cadeia de suínos e aves ................................................................................................ 17
2.4.4 Característica da cadeia avícola brasileira ............................................................... 18
2.4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira ........................................................... 19
2.5  Desafios das cadeias das carnes ............................................................................................ 21
2.6 Consumo de leite no brasil ....................................................................................................... 22
2.6.1 Exportação de leite no brasil ........................................................................................ 24
2.7 Estrutura da cadeia produtiva de leite no brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina);
pontos fortes e gargalos da cadeia ............................................................................................... 25
2.7.1 Leite bovino ....................................................................................................................... 26
2.7.2 Leite caprino e ovino ....................................................................................................... 27
2.7.3 Leite bubalino ................................................................................................................... 28
2.7.4  Desafios da cadeia produtiva do leite ........................................................................ 28
06
Introdução
Nesta unidade, abordaremos aspectos da estrutura da cadeia produtiva de ruminantes de corte 
e leite (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos), buscando apresentar as vantagens e limitações da 
produção e consumo de carne e leite no Brasil, bem como contrastar seus aspectos relevantes.
Didaticamente subdividiremos esta unidade em cadeia de ruminantes de corte e cadeia de 
ruminantes de leite, para concentrar as abordagens dentro de cada setor produtivo.
antes de apresentar as estruturas, devemos trabalhar alguns conceitos que são bastante 
utilizados na produção animal, para que possamos nivelar nossa terminologia, e após iniciaremos 
a apresentação.
2.1 Conceitos essenciais de criação de 
ruminantes de corte e leite
Capítulo2CaDEIaS PRoDutIVaS EM 
MEDICINa VEtERINÁRIa
07
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
 • animais de produção: são animais pertencentes a espécies da fauna silvestre, exótica, 
doméstica ou domesticada, mantidos em cativeiro, sob condições de controle, pelo homem, 
com o propósito de geração de produtos, via abate e/ou reprodução.
 • Criação: é o ato de, em condições controladas de cativeiro, favorecer a reprodução de 
indivíduos pertencentes a fauna silvestre e exótica, originários da natureza ou de cativeiro.
 • Manejo: são ações planejadas, programadas, sistematizadas, controladas e monitoradas 
visando a criação de animais domésticos silvestres ou exóticos, em cativeiro, podendo 
conciliar a reprodução das espécies na natureza e sua recria em sistemas controlados 
(EDIM, 2018).
 • Sistema Agroindustrial  (SAG):  segundo Souza (2010), SAG pode ser definido como uma 
rede de inter-relações e variados níveis entre agentes institucionais que compõem, de 
alguma forma, o fluxo de produção de um determinado produto final, desde sua produção 
primária até o consumidor final.
 • ambientes de produção: são os ambientes onde os animais serão mantidos com o objetivo de 
favorecer a criação e/ou reprodução dos animais de produção, podendo ser em ambientes 
que permitam maior controle ambiental como os confinamentos, ou controle parcial, como o 
semiconfinamentos.
NÃo DEIXE DE VER...
Sobre ambientes de produção, principalmente os que necessitam de maiores infraestruturas, 
como os pastos rotacionados (irrigados ou não), semiconfinamentos e confinamentos. Assista aos 
vídeos abaixo:
Pastagem rotacionada: https://globoplay.globo.com/v/2040703/
Semiconfinamento: https://www.youtube.com/watch?v=srxnab-cwmI
Confinamento: https://www.youtube.com/watch?v=CokVV5aGv94
 • Ciclo de produção: intervalo de tempo que compreende desde a obtenção dos insumos para 
produzir e/ou reproduzir os animais, até a obtenção dos produtos finais, que podem ser 
desde animais vivos prontos para o abate, ou mesmo animais para serem comercializados 
como animais de estimação.
 • Ciclo de produção parcial: quando o produtor atua apenas em parte das etapas produtivas.
 • Ciclo de produção total ou completo: quando o produtor atua em todas as etapas produtivas, 
desde a reprodução até a obtenção dos animais prontos para a comercialização final.
 • Sistema Extensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em áreas sem 
um devido controle, ou seja, são criados com baixo emprego de tecnologia, apresentam 
baixa produtividade, com utilização de mão de obra não especializada, possuem um custo 
de produção baixo e baixa rentabilidade.
 • Sistema Semi-intensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em 
áreas com pouco controle, ou seja, são criados com emprego intermediário de tecnologia, 
08
apresentam produtividade mediana, com utilização de mão de obra com baixo grau de 
especialização, possuem um custo de produção e rentabilidade intermediário.
 • Sistema Intensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em áreas com 
rígido controle produtivo e/ou reprodutivo, ou seja, são criados com emprego de tecnologia 
de ponta, apresentam alta produtividade, utilização de mão de obra especializada, 
possuem um custo de produção e rentabilidade elevado.
Esses são os principais conceitos que utilizaremos neste e-book, lembramos que ainda existem 
muitos outros conceitos que podem surgir no decorrer deste material, porém sempre que 
necessário faremos as explicações pertinentes. Passemos agora às Cadeias produtivas.
2.2 Consumo de carne no Brasil
a cadeia das proteínas de origem animal é muito importante para o Produto Interno Bruto 
(PIB) do Brasil, alguns autores chegam a apontar que o PIB do agronegócio brasileiro chega 
a representar mais de 40% do global, com participação importante nas cadeias graneleiras 
(soja, milho, café, entre outros) e de carnes (aves, bovina e suína), destacamos que o Brasil é 
sem dúvida, hoje, um dos maiores produtores mundiais de proteínas vegetais e animais, com 
destaque para a avicultura de corte e bovinocultura de corte (maior exportador mundial), fato 
que exige cada vez mais dedicação e empenho dos produtores em todos os aspectos, tanto 
produtivos quanto comerciais, permitindo cada vez mais a integração dos agentes pertencentes 
às respectivas cadeias produtivas.
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de abastecimento), o consumo das proteínasanimais (bovina, suína e de aves) deve recuar no ano de 2017 cerca de 9,7%, o que significa 
um consumo per capita de aproximadamente 90kg por ano, retração de 6% em relação a 
2016, isso se deve provavelmente em função de aspectos relacionados à queda de atividade 
na economia brasileira e mundial.
o Ministério da agricultura Pecuária e abastecimento (MaPa), nas suas Projeções do 
agronegócio – Brasil 2016/17 a 2026/27, apresenta perspectivas de crescimento para as 
principais cadeias de carnes (aves, suínos e bovinos), destaque para a avicultura de corte com 
crescimento de 33,4%, seguida pela suína com 28,6% e por último a cadeia da carne bovina 
com crescimento na ordem de 20,5% para a próxima década.
Pode-se  observar  no Gráfico  1  a  estimativa  de  consumo  de  carnes  ao  longo  da  próxima 
década, destacamos que a carne de frango mantém crescimento forte na ordem de mais 
de 32,09%, seguido pelo consumo de carne suína de 30,52% e bovina com crescimento de 
17,84%, evidenciando a predileção dos consumidores brasileiros.
09
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
Fonte: Age/Mapa e SGE/EMbrapa
BOVINA
m
il 
to
ne
la
da
s
15.000
12.000
9.038
11.939
8.471
3.891
7.188
2.981
20
15
20
16
20
17
20
18
20
19
20
20
20
21
20
22
20
23
20
24
20
25
9.000
6.000
3.000
0
SUÍNA DE FRANGO
Gráfico 1 Comparativo do consumo de carnes
É importante destacar que a cadeia da carne bubalina é discreta no cenário macroeconômico 
brasileiro, o maior efetivo do rebanho brasileiro se encontra nos estados do Pará (38,5%) e 
amapá (18,1%), esse fato se deve, principalmente, em função dos bubalinos se adaptarem aos 
modelos produtivos praticados nos referidos estados. 
outro fato importante é que a maioria dos consumidores brasileiros não está habituada a 
consumir carne de bubalinos. Na grande maioria dos casos, os bubalinos são abatidos 
e comercializados como carne de bovinos, salvo algumas iniciativas que buscam criar uma 
identidade para a carne bubalina. Esse fato dificulta a obtenção de  informações confiáveis 
sobre a produção, abate e comercialização de carne bubalina, o que acaba acarretando a 
completa ausência de mercado para esse produto, tendo em vista que os consumidores não são 
informados do que consomem. 
o Brasil sofreu nesses últimos cinco anos uma profunda crise econômica, fato que corroborou 
para a redução no consumo interno de proteínas animais, o cenário produtivo brasileiro só não 
foi pior em função da crescente exportação, que permitiu, mesmo em uma economia sob forte 
recessão, crescimento discreto.
10
2.3 Exportações de carnes brasileiras
a partir de 2001, com o agravamento da crise sanitária na Europa, causada pela “doença 
da vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina), Gripe Aviária (vírus influenza - H5N1) e 
Gripe Suína (influenza suína – H1N1), observamos, na Tabela 1, que o Brasil se tornou um dos 
maiores fornecedores de proteína animal do mundo, com destaque para a carne bovina e de 
frangos, fato evidenciado pelo crescente volume exportado a cada ano.
os Estados unidos ainda são, sem sombra de dúvidas, os maiores produtores de proteínas 
animais, porém, seu mercado interno é muito grande (tabela 1). Segundo dados apontados 
na tabela 1, podemos visualizar que eles produziram, aproximadamente, 42.237 milhões de 
toneladas das principais proteínas animais (bovina, aves e suína), representando cerca de 
16,07% da produção global dessas carnes. Contudo, cabe destacar que o mercado interno 
acaba absorvendo grande parte do produzido, corroborando, assim, com a visão de muitos 
pesquisadores que enquadram o Brasil como o maior “celeiro do mundo”, evidenciando o 
potencial para suprir grande parte do consumo mundial de proteínas animais, mas se deve 
atentar para entraves enormes que devem ser superados para que o país se consolide como 
maior exportador.
ainda sofremos com as chamadas barreiras sanitárias, fruto de sucessivos surtos que colocam 
em dúvidas a qualidade  sanitária das  carnes aqui produzidas.  Temos muita dificuldade em 
rastrear as cadeias produtivas e seus produtos, bem como enormes problemas ambientais, 
que vão desde a ausência de reserva legal até a contaminação de Biomas produtivos, fruto 
do não tratamento de efluentes. Enfim, ainda temos muito o que evoluir em aspectos éticos e 
técnicos para de fato nos consolidarmos como produtores de proteínas animais de qualidade 
(CARVALHO; DE ZEN, 2017).
Produção e exportação mundial de carne
Estimativa 2017. Em mil toneladas
Países
EUA
Brasil
União Europeia
China
India
Argentina
Austrália
México
Subtotal
Outros
Total
Fonte: USDA / FAS / Elaboração Blog O Cafezinho
Bovinos
11.808
9.470
7.850
6.950
4.350
2.700
2.015
1.919
47.053
14.265
61.318
Suínos
11.739
3.825
23.350
53.750
1.448
94.112
16.899
111.011
Frango
18.690
14.080
11.300
11.500
4.500
2.165
3.335
65.570
24.878
90.448
Bovinos
1.193
1.950
350
1.925
235
1.325
275
7.253
2.443
9.696
Suínos
2.442
940
3.300
35
6.724
1.905
8.629
Frango
3.128
4.385
1.275
345
190
9.393
2.049
11.372
Bovinos
11.845
7.585
7.875
7.890
2.425
2.465
1.825
41.910
17.491
59.401
Suínos
9.811
2.886
20.062
55.870
2.348
90.977
19.713
110.690
Frango
15.661
9.697
10.785
11.705
4.495
1.979
4.178
58.500
29.910
88.410
Produção Exportação Consumo doméstico
tabela 1 Produção e exportação mundial de carne
11
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
 NÃo DEIXE DE LER
o artigo a Educação e o turnen no Rio Grande do Sul, uma questão de etnicidade: 1852–
1940, que diz respeito ao movimento caracterizado por manifestações de um povo, o alemão, 
num momento de agitação políticosocioeconômico na alemanha e o seu transplante para o 
Brasil, procurou identificar, acompanhar e analisar o esforço de um grupo em preservar a sua 
identidade étnica e sua cultura por meio do turnen.
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/tema6/0610.pdf
Segundo o MaPa (2017), as projeções indicam crescimento nos próximos dez anos para as três 
principais cadeias (aves, suínos e bovinos), destaque para as cadeias de frangos (3,5% ao ano) 
e suínos (4,9% ao ano), enquanto que a carne bovina deverá apresentar um crescimento da 
ordem de 6,2% ao ano, como observamos na Figura 1.
Fonte: Estimativas da AGE/MAPA
m
ilh
õe
s 
de
 to
n
CARNES: as projeções indicam elevadas taxas de
crescimento para as exportações brasileiras
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18
-
BOVINA = 6,2% aa
(2007/08 a 2017/18)
SUÍNA = 4,9% aa
(2007/08 a 2017/18)
FRANGO = 3,5% aa
(2007/08 a 2017/18)
Figura 1 Mercado externo de carne de frangos e de suínos, intervalo de 2000 a 2017/18. 
Fonte: MaPa
Pode-se observar na Figura 1 o quão importante as duas cadeias são, destaque para a carne 
de frangos, que no ano de 2017 exportou mais de 4,5 trilhões de toneladas para a Europa, 
arábia Saudita e Ásia, gerando mais de u$ 8,5 bilhões para o agronegócio brasileiro. 
Projeções do Ministério da agricultura Pecuária e abastecimento (MaPa) apontam que o consumo 
de carne de frango projetado para 2026/27 é de 11,9 milhões de toneladas. Supondo a 
população total projetada pelo IBGE em 219 milhões de pessoas, tem-se ao final das projeções 
um consumo de 54,3 kg/hab/ano.
12
2.4 Estrutura da cadeia produtiva de carnes 
no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); 
pontos fortes e gargalos da cadeia
as cadeias produtivas da carne representam importante fonte de renda e geração de 
empregos, observa-se na Figura 2 a estratificação das três principais cadeias (suína, bovinae 
aves), iniciando nas propriedades rurais com a adoção de práticas produtivas e melhoramento 
genético, seguido pelo segmento agroindustrial (abate, processamento e comercialização) e, 
por fim, porém, não menos importante, os consumidores finais.
uma particularidade da cadeia da carne no Brasil (Figura 2) é que a maioria dos elos atua 
em benefício próprio, como se os elos que o antecedem ou postergam não impactassem no 
resultado. Essa característica gera danos para a estabilidade de toda a cadeia.
Cadeias Produtivas
da Carne
Do campo á messa
suínos
bovinos
aves
Figura 2 Cadeias produtivas da carne.
Fonte: Embrapa
Existem  aspectos  importantes  que  dificultam  o  desenvolvimento  das  cadeias  de  carnes, 
destacamos os principais:
Estagnação do consumo per capita doméstico e baixo nível de consumo nas classes de baixa 
renda. Esses dois aspectos se devem, principalmente, à crise econômica que assolou o Brasil 
nesses últimos dez anos, gerando elevação nas taxas de desemprego, queda na renda média 
das famílias e consequente supressão das carnes da mesa dos brasileiros.
13
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
O Brasil  ainda  não  organizou  um  sistema de  classificação de  carcaças  e  bonificação para 
entrega de carne de qualidade, o que acaba desestimulando os produtores a investirem em 
sistemas mais tecnificados que gerem animais melhores, porém esses sistemas custam mais e sem 
a devida remuneração, os criadores não aderem a tais sistemas.
agregação de valor: a maior parte da carne comercializada no Brasil ainda é na forma in 
natura, ou seja, comercializa-se apenas cortes frescos, minimamente processados, o que não 
agrega valor ao produto.
tributação elevada: a cobrança de diferentes alíquotas de ICMS entre os estados, bem como o 
PIS, CoFINS e Contribuição para a seguridade social.
E, por fim, a  total ou quase que  total ausência de campanhas que estimulem o consumo de 
carnes no mercado interno, o que favoreceria estímulos produtivos e a precificação final. 
Passemos agora a tratar de particularidades específicas de cada cadeia produtiva.
2.4.1 Carne bovina
A  cadeia  produtiva  da  carne  bovina  vem  passando  por  profundas  modificações,  tanto  no 
aspecto produtivo quanto de gestão, fundamentada em preceitos de bem-estar animal e 
práticas sanitárias que visam bloquear surtos de doenças, como a aftosa.
14
167,49 milhões de
hectares de pasto
Taxa de Lotação:1,25 cab./ha
Rebanho
209,13 milhões de cabeças
Abate
39,16 milhões de cabeças
Produção de carne
9,56 milhões TEC
Exportação
de animais vivos
212.183 cabeças
Mercado Interno
(81,38%)
7,68 milhões TEC
EXPORTAÇÃO
(19,63%)
1,88 milhões TEC
74,47% In Natura
1,40 milhões TEC
Egito: 17%
Rússi: 16%
Hong Kong: 15%
Venezuela: 9%
Outros: 43%
UE-27: 41%
EUA: 28%
Outros: 31%
Hong Kong: 55%
Egito: 8%
Outros: 37%
14,11% Industrializada
165,54 mil TEC
11,4% Miúdos e outros
214,85 mil TEC
Importação
animais vivos
1.776 cabeças
Rendimento Médio 
Carcaça: (Zebu)
52,3%-55%
Peso Médio de
Carcaça: 744,7kg
Consumo per capita:
38,6kg/ano
Desfrute: 18,78%
Confinamentos:
5,05 milhões de cabeças
(12,9% do abate total)
90 países 69 países85 países
Figura 3 Perfil da cadeia produtiva da pecuária de corte brasileira 2015. 
Fonte: Embrapa
observamos na Figura 3, os totalizadores da cadeia da carne bovina no Brasil, os dados 
evidenciam indicadores importantes como a utilização de mais de 167 milhões de hectares na 
forma de pastagem, com taxa de lotação média de 1,25 cab/há. Esses dados permitem inferir 
que a pecuária de corte no Brasil ainda precisa evoluir, pois a referida taxa está muito abaixo 
do ideal (que seria ao redor de 4 a 5 cab/ha). os pecuaristas ainda são muito tradicionalistas e 
utilizam técnicas produtivas defasadas, não investem em sistemas mais racionais que preconizam 
uso de sementes melhoradas geneticamente, adubação e correção dos solos, elevando, com 
isso, a taxa média para os valores indicados acima.
Outro  importante  indicador  que  podemos  verificar  na  Figura  3  é  a  taxa de  desfrute  (que 
contempla o número de animais abatidos por ano em relação ao total de animais do rebanho), 
que no Brasil é de 18,78%, considerado baixo se compararmos com a taxa de desfrute de 
países desenvolvidos, que chega a 30%, evidenciando a necessidade de aplicação de práticas 
produtivas mais eficientes.
Segundo Gomes et al. (2017), no ano de 2015, o Brasil se posicionou como o maior rebanho 
bovino (209 milhões de cabeças), o segundo maior consumidor (38,6 kg/habitante/ano). Dono 
de forte mercado consumidor interno (cerca de 80% do consumo), é dotado de expressivo e 
moderno parque industrial para processamento, com capacidade de abate de quase 200 mil 
bovinos por dia. 
Como podemos observar na tabela 2, o Brasil se consolidou como o maior exportador de carne 
bovina com mais de 2 milhões de toneladas de equivalente carcaça no ano de 2014, seguido 
pela índia (pouco mais de 1,8 milhões de toneladas de equivalente carcaça). É importante 
salientar  que  os  Estados  Unidos  configuram  importante  produtor  mundial  de  carne  bovina 
15
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
(maior produtor mundial), possuindo o maior mercado interno consumidor, restando pouco mais 
de 1,17 milhões de toneladas para serem exportadas.
ainda segundo Gomes et al. (2017), as exportações de carne bovina brasileira representam 
cerca de 3% das exportações e um faturamento de 6 bilhões de reais e, em termos de 
produto interno bruto, representa 6% do PIB brasileiro ou 30% do PIB do agronegócio, com 
um movimento superior a 400 bilhões de reais, um aumento de quase 45% nos últimos 5 anos.
País
Brasil
Índia
Austrália
EUA
Nova Zelândia
Uruguai
Paraguai
Canadá
Bielorússia
União Europeia
(1) Em milhões de toneladas equivalente-carcaça (ou toneladas métricas); (2) participação percentual das exporta-
ções na produção; (3) em milhões de cabeças; (4) projeção. Fontes: MAPA/USDA/FAO/Senacsa/Snig/MLA.
Elaboração: consultoria Agrifatto
Exportações¹
2014
2,05
1,85
1,77
1,17
0,570
0,385
0,375
0,365
0,245
0,255
20154
2,4
1,95
1,59
1,14
0,575
0,435
0,395
0,355
0,250
0,245
2014
20,5
45,1
70,7
10,6
88,4
67,5
68,2
34,8
84,5
3,5
208
203
30
90
10
11,5
13,5
12
4,3
122
10
4,1
2,5
11,1
0,645
0,570
0,550
1,05
0,290
7,47
O perfil dos 10 mais na exportação de carne bovina
Produção¹ Export/Prod.² Rebanho³
Tabela 2 Perfil dos maiores exportadores mundiais de carne bovina
2.4.2 Cadeia de ovinos e caprinos
Diversos trabalhos demonstram que o mercado consumidor de carne ovina no Brasil é visto como 
promissor, no entanto, alguns aspectos negativos relacionados com a ausência de qualidade do 
produto ofertado e com uma produção que não atende à demanda de mercado devem ser 
aprimorados, pois esses dificultam a expansão dessa atividade.
o consumo anual per capita de carne ovina no país é cerca de 700 gramas, índice considerado 
muito baixo em comparação ao consumo anual per capita de 39 kg de carne bovina, 44,5 
kg carne de frango e 13 kg carne suína. Essa desigualdade é resultado do empenho dessas 
cadeias mais eficientes nas últimas décadas por meio da estruturação, tecnificação e ampliação 
de suas receitas (FRIaS et al., 2017).
Mesmo apresentando baixo consumo interno, é visto um excesso de demanda no Brasil (tabela 
3), determinando, assim, a necessidade de compra do produto no mercado externo de países 
como argentina e uruguai (MaDRuGa, 2005).
16
Cabe uma ressalva com relação à carne importada desses dois países, os mercadosmais 
seletos brasileiros exigem carne com atributos de qualidade como peso de um corte, cobertura 
de gordura, o que implica de maneira direta no sistema produtivo. É sabido que a carne que 
melhor tem atendido o consumidor brasileiro preconiza animais jovens (cordeiros) terminados 
em  regime de  confinamento, porém ambos os países produzem  seus animais  em  regime de 
pastagem estritamente, o que gera atraso na terminação e abate, com isso ofertando animais 
com mais de 12 meses, e uma carne com baixa qualidade sensorial. 
Cabeças caprinos 10.046.888 16º
18º
22º
18º
35º
37º
31º
13º
54º
Fonte: FAO
15.057.840
mi de t 104,8
mi t 135
t 10.777
3.783,61
11.079,78
6.309
7
Cabeças ovinos
Produção carnes
caprinas e ovinas
Produção de leite
caprino
Produção lã ovina
Valor exportado de
carne (US$ mil)
Valor importado de
(carne (US$ mil))
Valor exportado de lã
(US$ mil)
Valor importado de lã
(US$ mil)
Ranking mundial
Segmentos no Brasil
tabela 3 ovino caprinocultura no Brasil, em 2016
Fonte: adaptada de Revista Cabra e ovelha
Segundo Frias et al. (2017), a produção de carne geralmente é dividida em dois subsistemas, 
de acordo com a demanda que se pretende atender. um deles visa abastecer a maioria dos 
consumidores de carne que esperam por um produto regular, que competem entre si pelo preço, 
com baixo valor agregado e de qualidade indiferenciada, onde a carne é comercializada como 
uma commodity. Por outro lado, existe o segmento que busca atender ao mercado composto pela 
minoria dos consumidores que exigem por produtos que apresentem características qualitativas 
diferenciadas, além de segurança alimentar e serviços oferecidos.
Podemos observar na tabela 3, que o rebanho de caprinos e ovinos coloca o Brasil como um 
produtor intermediário também dessas duas proteínas animais 16º e 18º, respectivamente, com 
produção aproximada de mais de 104,8 milhões de toneladas.
atualmente, os cenários interno e externo apresentam alguns fatores que favorecem o 
desenvolvimento do agronegócio da caprinovinocultura, viabilizando a agregação de valor 
à produção, tanto no âmbito doméstico quanto internacional, em uma escala sem precedentes, 
dadas às oportunidades reais de mercado.
17
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
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temos que sair do modelo “como produzir”, onde a qualidade tem como objetivo apenas 
cumprir as especificações da legislação e passar para o modelo de “o que produzir”, onde a 
qualidade passa a atender às necessidades do cliente/consumidor.
outro fator que contribui para a elevação nos níveis de produção de carne ovina se dá em 
função da crescente demanda por parte da população por carnes gourmet, o que favorece a 
expansão.
Bovinos
Ovinos e caprinos
Suínos
Aves
Leite
Ovos
Total carnes
64
13
100
82
664
62
258
106
25
143
181
1.077
102
255
1,2
1,5
0,8
1,8
1,1
1,1
1,3
65,6%
92,4%
43,0%
120,7%
62,2%
64,5%
76,4%
Animais Produção 2005(milhões t)
Produção 2050
(milhões t) Variação (%)
Crescimento anual
2005 a 2050
tabela 4 Comparativo da produção mundial por setor (milhões de toneladas)
Fonte: Embrapa
Pode-se observar na tabela 4 o crescimento projetado para o setor (ovinos e caprinos) da 
ordem de 92,4% (cerca de 1,5% ao ano) no período analisado, evidenciando a demanda 
crescente por carnes de pequenos ruminantes, perdendo somente para a avicultura, que ainda 
se mantém com forte demanda de consumo, principalmente alavancada por estratégias de 
marketing e preferências dos consumidores.
a produção mundial da carne mudou de quantidade para qualidade. No entanto, grande 
parte dos produtores parece desconhecer a necessidade de produzir carne com qualidade 
apreciável pelo consumidor, talvez por não vislumbrar as vantagens financeiras de oferecer um 
produto padronizado que atenda aos requisitos do consumidor atual, que é informado e paga 
mais por um produto diferenciado. À medida que a demanda por um produto aumenta, há 
maior exigência com relação à qualidade e há maior valorização dos produtos. o consumidor 
moderno é muito preocupado com a saúde e deseja ter conhecimento sobre as características 
do produto que está ingerindo.
as pessoas vêm se adaptando a novos hábitos de consumo, o que tem favorecido o crescimento 
da demanda pelas carnes de ovinos e seus derivados. Porém, é necessário que essa carne 
apresente padrões de qualidade.
2.4.3 Cadeia de suínos e aves
Segundo Krabbe et al. (2018), o Brasil detém hoje uma elevada competência e competitividade 
no que tange à produção e produtividade de carne de suínos e aves. o país passa por um 
momento econômico extremamente favorável. o consumo de proteína animal é um indicador de 
bem-estar da sociedade e o crescimento do consumo está relacionado diretamente com o nível 
de renda da população.
18
Cabe destacar que nas últimas décadas a carne de frangos assumiu importante papel na mesa 
dos consumidores brasileiros, superando o consumo de carne bovina. Esse fato se deve em função 
de múltiplos fatores, que vão desde campanhas massivas estimulando o consumo da carne de 
frangos, mas, principalmente, pelo baixo custo que essa proteína chega aos consumidores finais.
as duas cadeias produtivas são fortemente pautadas em sistema integrado de produção, 
denominado Integração. Na visão de alguns pesquisadores, esse modelo produtivo é muito 
vantajoso para ambos os lados (integrado e integrador), porém outra parcela acredita que o 
modelo é bastante deficitário apresentando apenas vantagem para as integradoras; fato é 
que a avicultura e a suinocultura são atividades altamente profissionais, não cabendo espaço 
para amadorismo.
É importante destacar que, como todo negócio, existe uma parcela de risco, porém, nesse 
modelo, o risco tende a ser menor à medida que ambos buscam aperfeiçoamento produtivo 
e gestacional. Com o crescimento da parceria, pintinhos de um dia, ração, assistência técnica 
e mercado são responsabilidade da integradora, restando ao integrado manter as aves sob 
condições adequadas de bem-estar para que cheguem ao melhor resultado produtivo. 
2.4.4 Característica da cadeia avícola brasileira
a avicultura comercial brasileira está dividida da seguinte maneira: aves de corte (destinadas 
ao abate e produção de carnes) e aves de postura (destinadas à produção de ovos). a avicultura 
de corte se encontra em um patamar de produção e consumo muito mais elevado que a avicultura 
de postura, enquanto que a produção de frangos de corte cresceu aproximadamente 10% ao 
ano nos últimos 35 anos. Em 1975, o Brasil produziu 484 mil toneladas de carne de frangos, em 
2016 o país produziu mais de 13 milhões de toneladas, e com fortes tendências de crescimento 
para os próximos dez anos. 
Pode-se observar na tabela 5 que as projeções de exportações brasileiras de carne de frangos 
são crescentes nos próximos anos (aproximadamente 41,27%), consolidando o país como o 
maior exportador mundial dessa proteína, a frente dos Estados unidos e da união Europeia. 
Destacamos a importância de desenvolvimento e manutenção de sistemas de produção e 
comercialização que sustentem tal crescimento, principalmente que levem em conta os seguintes 
aspectos: sustentabilidade produtiva e ambiental, rastreabilidade dos produtos e, bem-estar 
animal.
19
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
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PAIS
EXPORTADOR
MAIORES EX-
PORTADORES
• Brasil
• EUA
• UE
• Tailândia
• Ex-URSS
• “Outros”
• Turquia
• China
4.315
3.351
1.363
670
480
300
285
395
11.159
5.152
3.941
1.393
844
608
387
348
335
13.008
6.096
4.083
1.413
995
717
490
346
330
14.470
41,27%
21,84%
3,67%
48,51%
49,38%
63,33%
21,40%-16,46%
29,67%
Fonte dos dados básico: USDA - Elaboração e análises: AVISIT
* Carnes de frango e de peru, exclusicamente.
2016 2021 2026 VAR. NADECADA
tabela 5 Exportação e tendências de exportação de carnes avícolas
Fonte: avisite
Ao  passo  que  na  avicultura  de  postura  os  crescimentos  não  foram  tão  significativos,  sendo 
que o crescimento vigoroso só ocorreu no início dos anos 1980. Esse desempenho se deve, 
principalmente, em função de tabus relacionados a possíveis problemas de saúde que o consumo 
de ovos poderia causar na população, fato que só foi derrubado no final da década de 1990, 
provocando receio no consumo dessa fonte de proteína. Dados da associação Brasileira de 
Proteína animal (aBPa) indicam que, em 2016, o Brasil produziu quase 39,2 bilhões de ovos, ou 
seja, aproximadamente 190 ovos per capita.
É importante destacar que a produção comercial de ovos é quase que integralmente voltada 
para o mercado interno e as exportações são pouco significantes. Infelizmente essa proteína 
animal é tida como de baixo valor agregado e amplamente consumida pelas classes populares 
menos abastadas.
2.4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira
o consumo de carne suína no Brasil é inferior ao das carnes de frangos e de bovinos, destaca-
se que a carne de suínos é a mais consumida no mundo, diferindo do mercado interno. alguns 
pesquisadores atribuem esse perfil de consumo baixo em função de aspectos culturais, como 
o elevado teor de gordura na carne de suínos e complicações causadas pelo consumo de 
carne contaminada com ovos de taenia solium (causando a cisticercose), derrubando o consumo 
interno.
outra característica desse mercado é que o maior percentual de consumo de carne suína se 
dá na forma de produtos processados, como linguiça e hambúrguer, principalmente. o consumo 
20
doméstico, atualmente em 3,47 milhões de toneladas (tabela 6), vem evidenciando pequenos 
crescimentos ao longo dos anos, cerca de 2% ao ano. o consumo de carne suína cresce não 
apenas em função do aumento populacional ou do poder aquisitivo, mas também em função de 
ações de promoção da carne suína junto a consumidores e redes de varejo, busca de padrões 
de qualidade, desenvolvimento de cortes especiais e investimentos em linhas de corte e em 
logística de frio (KRaBBE, 2018). as exportações de carne suína (tabela 6) representam pouco 
mais de 0,1% do volume total produzido, evidenciando a importância do mercado interno para 
a cadeia produtiva de suínos. 
Produção Brasileira de CARNE SUÍNA
(Milhões de toneladas)
Consumo per capita em 2014:
14,6kg
Receita das exportações em
2014: USS 1,59 bi
CONSUMO
2.890
2.
41
4
0,
47
8
0,
49
4
2,
97
8
2002 2003 2004 2005 2006
2007
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
3.470
EXPORTAÇÃO
tabela 6 Produção brasileira de carne suína
Fonte: aBPa
A cadeia da carne suína e a da avicultura apresentam um modelo produtivo muito tecnificado 
e fundamentado fortemente em modelos cooperativos, como as chamadas integrações, que 
permitem uma especialização maior dos produtores, bem como a garantia de venda de 
sua produção por preços preestabelecidos com a integradora, favorecendo a previsão de 
rentabilidade nas propriedades.
Nesse modelo, os produtores entram com a estrutura física e a mão de obra para criação, 
cabe às integradoras fornecer todos os insumos (pintinhos ou leitões, ração, medicamentos, 
entre outros), assistência técnica e garantia de compra dos animais terminados. as vantagens 
nesse modelo asseguram para os produtores segurança de venda no dia programado e preços 
preestabelecidos, garantia de assistência técnica, utilização de mão de obra familiar (elevando 
a renda das famílias) com possibilidade de especialização e, principalmente, diminuição do 
desembolso financeiro durante o processo produtivo. Para a Integradora, a maior vantagem é 
de não ter que criar estrutura produtiva própria nem contratar número elevado de funcionários 
nas etapas produtivas, concentrando esforços no processamento e na comercialização dos 
produtos obtidos.
21
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NÃo DEIXE DE VER...
Que a aurora, Sadia e Perdigão são integradoras, leia sobre o sistema produtivo denominado 
INtEGRaÇÃo, muito utilizado na suinocultura e na avicultura.
Sugestão de leitura: file:///C:/Users/lucia_000/Downloads/267-523-1-PB.pdf
2.5 Desafios das cadeias das carnes
Um dos maiores  desafios,  atualmente,  da  cadeia  das  carnes  é  a  agregação  de  valor  e  a 
fidelização dos  clientes, principalmente porque no Brasil a maior parte das  carnes ainda é 
comercializada como commodity, ou seja, não se vincula nenhuma marca ou mesmo atributos de 
qualidade.
Apontaremos  a  seguir  alguns  dos  principais  desafios  que  devem  ser  superados  para  que 
possamos elevar os padrões de produção, atributos de qualidade e percepção dos consumidores 
brasileiros ou mesmo estrangeiros em relação às carnes aqui produzidas.
Estabelecer mecanismos produtivos que permitam manter crescente a produtividade dos 
sistemas produtivos de carne sem causar grandes impactos ao meio ambiente (principalmente 
desmatamento, preservação dos recursos aquíferos e mudanças climáticas).
Definir políticas públicas (econômicas, fiscais e trabalhistas) claras que permitam o desenvolvimento 
dos diferentes elos das cadeias produtivas.
Estabelecer sistemas produtivos que levem e contemplem o bem-estar dos animais de produção, 
bem como campanhas de esclarecimento aos consumidores da importância da adoção de tais 
práticas.
Estabelecer diretrizes para que todos os animais abatidos no Brasil, para o mercado interno, 
possam ser rastreados, permitindo, assim, efetivo combate ao abate clandestino.
Ampliar a fiscalização dos produtos comercializados com o intuito de estabelecer segurança 
alimentar não só para produtos de exportação, mas também para produtos direcionados para 
o mercado interno.
22
2.6 Consumo de leite no Brasil
a cadeia leiteira no Brasil é de suma importância para a elevação do PIB brasileiro, impactando 
positivamente no cenário macroeconômico. observa-se na tabela 7 os totalizadores desse setor 
produtivo.
o Brasil atualmente se encontra posicionado como o 4º maior produtor de leite com, 
aproximadamente, mais de 34 bilhões de litros (crescimento nos últimos cinco anos de mais 
de 78%), produzidos por mais de 1,3 milhões de produtores rurais, normalmente pequenos 
e médios, o que reforça o papel social do setor na chamada agricultura familiar, fixando o 
homem no campo.
Números do setor leiteiro no Brasil
Produção de leite em 2015
Brasil e o ranking mundial dos países produtores
Importação de leite de jan-jun/16
Número de produtores de leite
Rebanho de vacas ordenhadas
Trabalhadores envolvidos com a atividade leiteira
Laticínios registrados com SIF
Captação anual dos laticínios registrados
Valor bruto da produção de leite em 2015
Consumo per capita de lácteos
Consumo per capita de leite
Crescimento do mercado de lácteos 2011-2015
Setor leiteiro e os negócios em 2015
34 bilhões de litros
4º lugar
1,1 bilhão de litros
1,3 milhão
23 milhões
4 milhões
2 mil
24 bilhões de litros
R$ 28,9 bilhões
170 litros/habitante/ano
60 litros/habitante/ano
78%
R$ 60 bilhões
Fonte: Rosângela Zoccal/Embrapa Gado de Leite.
tabela 7 Números do setor leiteiro
Fonte: Revista Balde Branco
23
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De acordo com projeções do MaPa (tabela 8), a produção de leite deverá crescer 
aproximadamente de 2 a 3% nos próximos dez anos, significando passar de uma produção de 
34,5 bilhões de litros em 2017 para algo em torno de 43 a 48 bilhões em 2027.
Esse crescimento se deve, principalmente, em função demelhorias, tanto no aspecto produtivo 
(genética e manejo dos animais) quanto gerenciais. os produtores de leite vêm se especializando 
cada vez mais na atividade, com incorporação de práticas produtivas (transferência de 
embriões, alimentação balanceada, protocolos sanitários) e efetivo controle dos chamados 
custos produtivos, buscando reduzir despesas. 
Ano
2015/16
2016/17
2017/18
2018/19
2019/20
2020/21
2021/22
2022/23
2023/24
2024/25
2025/26
34.175
35.051
35.927
36.802
37.678
38.554
39.430
40.305
41.181]
42.057
42.933
-
36.433
37.882
39.197
40.443
41.645
42.816
43.936
45.092
46.205
47.305
34.828
35.406
36.209
37.054
37.907
38.762
39.617
40.472
41.327
42.182
43.038
-
37.240
39.056
40.677
42.174
43.588
44.944
46.257
47.537
48.789
50.018
1.092
1.084
1.077
1.069
1.062
1.054
1.047
1.039
1.032
1.024
1.017
-
2.294
2.787
3.164
3.481
3.759
4.009
4.239
4.453
4.653
4.841
439
459
480
500
520
541
561
582
602
622
643
-
829
1.002
1.140
1.259
1.367
1.466
1.559
1.647
1.730
1.811
Produção
Projeção Lsup. Projeção Projeção ProjeçãoLsup. Lsup. Lsup.
Consumo Importação Exportação
Fonte: Elaboração da SPA/Mapa e SGI/Embrapa com dados do IBGE, Agrostat e Embrapa gado de leite.
* Modelos utilizados: Para produção, importação e exportação modelo PA e para consumo modelo Arma.
tabela 8 Produção, consumo, importação e exportação de leite (milhões de litros) 
outro aspecto importante é que o MaPa (tabela 8) prevê um crescimento da ordem de 2 a 2,5% 
no consumo do leite, caminhando para estabilidade entre produção e consumo, assegurando, 
com isso, um horizonte de manutenção na demanda crescente por essa matéria-prima.
alguns fatores permitiram que ocorresse tal elevação. uma das mais importantes foi a entrada 
das  redes  supermercadistas como ponto de distribuição, principalmente do  leite UHT  (longa 
vida), produto que veio para atender às necessidades dos consumidores no que diz respeito 
a durabilidade e praticidade na estocagem, tendo em vista que a durabilidade média desse 
produto é de seis meses.
outros aspectos importantes também contribuíram para essa elevação, como o crescimento 
populacional, aumento da renda média das famílias, redução dos preços médios do litro de 
leite, mudança nos hábitos alimentares, muitos deles ocorridos nos últimos 15 anos, de maneira 
simultânea.
Por último, o crescimento no consumo de produtos elaborados a partir da matéria-prima leite, 
chamados derivados do leite, como iogurtes, queijos, manteigas, doces, entre outros, permitindo 
maior agregação de valor e, com isso, elevar a renda média de todos os elos da cadeia 
produtiva do leite.
24
Podemos observar ainda que a variação no período de 2016/17 a 2026/27 (tabela 8) na 
produção será da ordem de 23,6% no consumo, crescimento de 23,3%, exportação de 37,5% 
e,  por  fim,  aumento  das  importações  de  15%.  Alguns  fatores  contribuíram  para  que  esses 
indicadores cresçam, destacaremos as principais causas a seguir.
2.6.1 Exportação de leite no Brasil
Com relação aos valores indicados das exportações brasileiras, devemos informar que o Brasil 
nunca foi enquadrado como um grande exportador de leite, mas sim um grande consumidor. 
Historicamente, nossa produção mal atende o mercado interno, com importações de queijos e 
leite em pó de países como França e Nova Zelândia, respectivamente (SALGADO, 2013). 
atualmente, o cenário começa a se alterar. Como podemos observar na tabela 9, ainda 
importamos muito leite em pó (responsável por mais de 60% do volume), principalmente nos 
meses de estiagem, quando a produção cai drasticamente, elevando os preços do produto no 
mercado interno, forçando tal importação.
Quantidade de produtos lácteos comercializados no mercado
internacional pelo Brasil, em três meses de 2016
Produto Importação Exportação Balança
Fonte: MDIC/aliceweb, 2016
Leite em pó
Queijo
Soro de leite em pó
Manteiga
Leite infantil
Doce de leite
Iogurte
UHT
Total
20.108.100
6.994.042
4.714.125
893.813
387.951
111.633
50.253
0,0
33.259.917
8.102.743
620.756
10.070
60.374
815.320
27.741
 97.877
1.365.427
11.100.308
- 12.005.357
- 6.373.286
- 4.705.055
- 833.439
+ 427.369
- 83.892
+ 47.624
+ 1.365.427
- 22.159.609
tabela 9 Quantidade de produtos lácteos comercializados no mercado internacional pelo 
Brasil, em três meses 
Fonte: Revista Balde Branco
Dos  produtos  listados  na  Tabela  10,  podemos  observar  que  além  do  leite  UHT,  o  Brasil 
ainda importa muitos queijos enquadrados como grandes commodities (muçarela, prato e 
requeijão culinário), aproximadamente 54% do total. outros queijos também fazem parte das 
importações brasileiras, como queijo parmesão e os chamados queijos mofados. Destaca-se 
que a importação se dá em função de vários problemas, que vão desde a escassez de matéria-
prima de qualidade até a queda na oferta causada nos meses de seca.
25
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
Independentemente da causa, acreditamos que a cadeia produtiva leiteira brasileira pode 
superar essas adversidades com tecnologia e planejamento, elevando a produtividade média 
do rebanho brasileiro e, com isso, passar de importador para grande exportador.
Estimativa da produção forma de queijos no Brasil. 2015
Produção nacional 1.105.431 21.550 2.522
Produção T Importações4T Exportações4T Total Kg
1.124.459
¹Grandes commodities - queijo mussarela, prato e requeijão culinário.
²Commodities intermediárias - queijo fundido, processado, fresco, minas padrão, coalho e parmesão ralado. – ³Queijos 
especiais - mofos brancos e azuis, amarelos especiais, suíços, duros e semiduros, e queijos de massa filada. – �Nas importações 
e exportações foram considerados os seguintes grupos de acordo com a classificação da aliceweb:
Grandes commodities - mussarela, massa semidura e massa macia
Commodities intermediárias – queijo fundido, frescos, ralado e queijos de massa dura
Queijos especiais – mofados e outros queijos
Fonte: ABIQ (empresas com SIF, 2016).
Grandes commodities1
Commodities intermediárias2
Queijos especiais�
750.215
285.104
70.112
11.787
7.053
2.710
747
1.223
552
- 761.255
290.934
72.270
tabela 10 Estimativa da produção formal de queijos no Brasil, 2015
Fonte: Revista Balde Branco
2.7 Estrutura da cadeia produtiva de leite 
no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); 
pontos fortes e gargalos da cadeia
26
2.7.1 Leite bovino
Como dito anteriormente, a cadeia produtiva do leite no Brasil é uma importante geradora de 
renda e, com isso, eleva o PIB do país, reunindo mais de 4 milhões de trabalhadores, cerca de 
1,3 milhões de produtores rurais, e mais de 2 mil laticínios com Serviço de Inspeção Federal (SIF) 
espalhados pelo território nacional.
CADEIA PRODUTIVA DO LEITE
PRODUÇÃO RESFRIAMENTO TRANSPORTE
PARA A
INDÚSTRIA
ANÁLISE E
TRATAMENTO
TÉRMICO
EMBALAGEM VAREJO
A
ta
lh
o
CONSUMIDOR
CONSUMIDOR1 2
3
3 4 5 6 7
PRODUTOR RECEBE ATÉ
R$ 2,00 POR LITRO
PRODUTOR RECEBE ATÉ
R$ 0,60 POR LITRO
Figura 3 Cadeia produtiva do leite no Brasil.
Fonte: CoRaL/uFSM, 2016
observa-se a amplitude da cadeia do leite (Figura 3), iniciando com os fornecedores de insumo 
para as propriedades rurais, que mantêm os animais e produzem o leite que será entregue aos 
entrepostos para o processamento e posterior destinação aos mercados atacadistas, varejistas, 
até o consumidor final.
É importante destacar que os elos da cadeia produtiva devem trabalhar de maneira integrada, 
permitindo que cada segmento possa ser eficiente e entregar produtos de qualidade superior. 
Pode-se observar na Figura 3 que a cadeia do leite se inicia com os Insumos, onde se encontram 
os fabricantes derações, medicamentos, sêmen, serviços de assistência técnica, tanques de 
expansão (resfriamento do leite), ou seja, com os fornecedores de matérias-primas necessárias 
para que os produtores possam manter seus rebanhos e, com isso, produzir o leite de qualidade. 
o próximo elo são os produtores rurais, no caso brasileiro, a grande maioria são pequenos 
e médios produtores, caracterizados como agricultores familiares, que são responsáveis pela 
manutenção dos rebanhos especializados e por produzir o leite propriamente dito. 
No Brasil, a produção de leite por agricultores familiares é muito importante, pois fixa o homem 
ao campo, evitando o inchamento dos grandes centros urbanos, e permitindo gerar renda no 
campo, valorizando ainda mais o sistema produtivo brasileiro.
27
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
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os pequenos agricultores se reúnem, principalmente, em associações ou cooperativas e, com 
isso, conseguem entregar hoje um leite de maior qualidade, tendo em vista que conseguem, em 
grupo, bancar técnicos e tecnologias que melhoram o produto.
o próximo passo a ser percorrido pelo leite é o processamento, atualmente sendo transportado 
resfriado em tanques isotérmicos, permitindo maior qualidade microbiológica da matéria-prima 
e, consequente-mente, melhores produtos industrializados como iogurtes, queijos, manteigas, 
entre outros.
E,  finalmente,  os  produtos  chegam  aos  consumidores  finais,  por  meio  dos  distribuidores 
atacadistas e va-rejistas, que se esforçam periodicamente para entregar produtos de maneira 
rápida, evitando, com isso, perdas por transporte e estocagem.
2.7.2 Leite caprino e ovino
a cadeia de leite caprino e ovino apresenta particularidades que devem ser apontadas no 
presente estudo, convém destacar que grande parte do leite caprino e ovino produzido no 
Brasil se encontra nas mãos de pequenos produtores, que muitas vezes necessitam verticalizar 
seus sistemas para conseguir se manter ativos no mercado.
os maiores efetivos de pequenos ruminantes no Brasil se concentram no Nordeste, em sistemas 
mais ex-tensivos e com baixa capacidade produtiva, utilizando raças nativas e a caatinga como 
suporte forragei-ro (GouLaRt & FaVERo, 2011).
No Brasil, de acordo com dados da organização das Nações unidas e alimentação (Fao), 
o Brasil pos-sui cerca de 13 milhões de caprinos (10º, rebanho mundial), porém, produzindo 
apenas 1,3% do leite caprino mundial (QuaDRoS, 2007).
observamos na Figura 4 que o maior efetivo do rebanho caprino brasileiro se encontra no 
Nordeste (mais de 91% do rebanho), mantidos em regime extensivo de produção, ou seja, 
animais sendo mal assis-tidos em aspectos alimentares, sanitários, genéticos, gerando baixa 
produtividade.
o estado da Bahia possui o maior rebanho, cerca de 3,4 milhões de cabeças e produtividade 
média de 1,2 litros por animal por dia, fato que evidencia a adaptação dos caprinos a sistemas 
produtivos de baixa produtividade, porém se faz necessário melhorias estruturais visando a 
elevação da renda média dos produtores rurais.
Participação percentual das regiões brasileiras no
rebalho caprino
Fonte: IBGE / Elaboração Farm Point
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
2,4% 3,4% 1,2
% 1,9%
91,1%
Figura 4 Efetivo rebanho caprino brasileiro em 2012.
28
No Brasil, a maior indústria compradora de leite de cabra é a associação dos Criadores de 
ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi (aCoSC), no Rio Grande do Norte, com o programa 
de inclusão na me-renda escolar, organizando o agronegócio e trazendo benefícios nutricionais 
e econômicos para popula-ção (QuaDRoS, 2007).
Contudo, faz-se necessário reestruturar o modelo produtivo e de processamento para permitir 
crescimen-to sólido e pautado em tecnologias que gerem maiores receitas para todos os 
participantes da cadeia do leite caprino brasileiro.
2.7.3 Leite bubalino
Segundo Bernardes (2010), no Brasil a exploração de búfalas a partir da década de 1990 
foi direcio-nada para a atividade leiteira, inicialmente em modelos mais extensivos tendo como 
base alimentar ape-nas as pastagens nativas e/ou cultivadas, e muitas vezes sem o aporte de 
alimentos  concentrados  (ra-ções),  reduzindo,  portanto,  a  eficiência  produtiva  e  reprodutiva, 
gerando a queda na capacidade produ-tiva dos animais.
Grande parte da produção nacional de leite de búfalas se encontra nas mãos de pequenos 
produtores, com média diária próxima de 50 litros, sendo obtidos em sistemas tradicionais de 
produção (animais produzem em média 1.000 litros por lactação), e, com isso, sofrendo os 
efeitos das sazonalidades ambi-entais, gerando períodos de falta de matéria-prima.
Gradativamente, vem-se observando em certas bacias leiteiras uma intensificação no manejo 
das búfalas leiteiras, com adoção da prática de duas ordenhas diárias, suplementação 
de volumosos de melhor qua-lidade nos períodos de escassez das pastagens e oferta de 
concentrados com base no nível produtivo dos rebanhos, que permitiram uma elevação da 
produtividade média de 1.460 kg/lactação em  sistemas de baixa  intensificação para uma 
média de 2.431 kg em sistemas mais intensificados e de 2.955 kg em propriedades com melhor 
material genético (aLBuQuERQuE et al., 2004).
Enquanto se observa o crescimento lento na demanda por derivados lácteos bovinos entre os 
anos de 2001 a 2005, os laticínios que processam leite de búfalas apresentaram um crescimento 
médio de 32,3%. além da tradicional muçarela, outros derivados como queijo minas frescal, 
ricota, doce de leite, queijo tipo coalho, passaram a ser demandados pelos consumidores 
brasileiros (BERNaRDES, 2010).
ainda segundo Bernardes (2010), estima-se que a produção de leite bubalino no Brasil seja de, 
aproxi-madamente, 90 milhões de litros, produzidos por cerca de 82.000 búfalas distribuídas 
em 2.500 reba-nhos, sendo processados por 150 laticínios, gerando faturamento bruto superior 
a R$ 190 milhões para as indústrias e R$ 60 milhões aos produtores rurais.
2.7.4 Desafios da cadeia produtiva do leite
Ainda temos muitos desafios a serem superados pela cadeia do leite, vamos apontar, em cada 
elo os principais desafios a serem trabalhados.
29
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
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1.7.4.1 Insumos
Tem como um de seus maiores desafios desenvolver tecnologias para aumentar a produtividade 
dos ani-mais, mão de obra e terra, sendo de suma importância levar em consideração um 
menor impacto ambien-tal e respeito às leis trabalhistas e premissas de bem-estar animal, 
bem como novas formas de comunica-ção que permitam maior integração com os próximos 
segmentos da cadeia (produtores, processadores e distribuidores) visando o bem maior, que é 
atender às demandas dos consumidores finais.
1.7.4.2 Produtores
aqui se encontra o maior número de participantes, mais de 1,3 milhões de produtores rurais, 
que necessi-tam periodicamente de apoio em todos os níveis, muitos desses possuem baixo 
grau de escolaridade, o que dificulta a implementação de práticas produtivas, como o controle 
zootécnico, reduzindo a produtivi-dade de seus rebanhos. Permitindo, assim, que as informações 
geradas nas propriedades possam servir de norteamento para pesquisas que visem otimizar a 
produtividade no setor leiteiro como um todo.
No Brasil, a produção de queijos artesanais ainda precisa de regulamentação para que permita 
aos produtores elaborar produtos diferenciados, de qualidade para oferta diretamente aos 
consumidores, agregando valor ao seu sistema produtivo.
atualmente, existem alguns entraves legais, como, por exemplo, a liberação da produção e 
comercializa-ção de queijos artesanais elaborados a partir de leite cru. Destacamos que na 
Europa grande parte dos queijos é elaborada a partir de leite cru, aqui é considerado crime. 
algumasiniciativas para estabelecer critérios para pequenos produtores. 
Cabe aos técnicos envolvidos na prestação de serviços elaborar ações coletivas que resultem 
em estraté-gias de redução de custos e aumento de rentabilidade na propriedade, bem como 
mantê-los informados de posicionamentos mercadológicos que afetam o setor de lácteos no 
Brasil e no mundo.
1.7.4.3 Logística e indústria
Esses dois elos da cadeia são importantes para que o leite e seus derivados cheguem aos 
consumidores de maneira adequada e rápida. É importante destacar que na captação 
ainda se encontra um gargalo produtivo, pois muitos produtores não possuem o tanque de 
resfriamento necessitando deslocamento até um tanque coletivo; muitas vezes o leite chega a 
uma temperatura elevada, o que possibilita crescimento microbiano, deteriorando a matéria-
prima.
Melhorias na gestão de informações e transporte contribuem para a otimização da coleta e 
distribuição do leite e derivados, bem como para redução de custos com ineficácia, perdas e 
desperdícios na cadeia produtiva do leite. 
Existe, ainda, a necessidade de tornar rastreável todos os produtos elaborados a partir 
do  leite, bem  como o  leite fluido, permitindo maior  transparência e  credibilidade  junto aos 
consumidores nacionais e, posteriormente, internacionais, além de coibir a comercialização de 
leite e derivados clandestinos ou mesmo produtos fraudados.
30
Consumidores esclarecidos cada vez mais exigem padrões de qualidade e concordam em 
pagar de ma-neira diferenciada por produtos com selo de garantia, este deve ser nos próximos 
anos um obstáculo a ser superado pelos elos da cadeia produtiva do leite.
1.7.4.4 Mercado consumidor
Existe uma busca incessante por novos nichos de mercado que paguem um valor diferenciado 
por produ-tos mais bem elaborados e com padrões de qualidade elevados. Esses nichos 
afetam de maneira direta os processos produtivos e requerem novas formas de comunicação e 
processamento.
É importante destacar que os consumidores modernos ainda valorizam praticidade, fato 
evidenciado pela elevação do consumo de  leite UHT,  corroborando para a necessidade de 
desenvolvimento de pro-dutos práticos e semiprocessados, bem como embalagens que permitam 
maior tempo de prateleira.
31
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
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Síntese
Chegamos ao final desta Unidade, onde estudamos aspectos ligados às cadeias de ruminantes 
de corte e leite (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos). Nesta unidade, observamos conceitos 
importantes nos siste-mas de produção animal, como animais de produção, sistema agroindustrial, 
ciclo produtivo, entre outros. 
também trabalhamos detalhes importantes para a atuação do médico veterinário nas diferentes 
cadeias produtivas, e, principalmente, favorecer a tomada de decisão nesse cenário global que 
se encontra o agronegócio brasileiro.
Analisamos  as  dificuldades  e  as  vantagens  encontradas  pelas  cadeias  produtivas  desde  o 
fornecimento dos insumos (matérias-primas) até a chegada dos produtos já inspecionados aos 
consumidores finais.
E, por fim, evidenciamos os desafios que cada cadeia produtiva deverá enfrentar para que 
possam atender às expectativas, cada vez maiores, dos consumidores finais, que, atualmente, 
contemplam desde os sistemas em que os animais foram produzidos até os danos ambientais 
causados pela produção pro-priamente dita.
Destacamos, também, que o assunto não foi esgotado, e que cabe a nós, técnicos, nos mantermos 
cada vez mais atentos aos sinais que os consumidores nos dão em relação ao consumo de 
proteínas animais. Fiquem atentos e se mantenham sempre atualizados!
até a próxima!
Esses métodos ginásticos – escola alemã, sueca e francesa – são os pilares da Educação Física 
brasileira.
aprendemos sobre as concepções higienista, militarista, pedagogicista, competitivista e popular. 
o estudo de tais concepções pelo autor Ghiraldelli Junior possibilitou uma melhor compreensão 
dos diversos períodos da Educação Física desde o início da Republica até os dias atuais.
Essas concepções coexistem nos dias de hoje em quartéis, academias, clubes e escolas, com 
maior ou menor difusão. Como em toda prática social, o novo convive com o velho.
32
aLBuQuERQuE, S. a. a.; BERNaRDES, o.; RoSSato, C. avaliação da produção leiteira de 
búfalas na região sudoeste de São Paulo. Boletim do Búfalo, n.1, p. 38, 2004.
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Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/979119/1/final7180.
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ReferênciasBibliográficas
33
Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária
Laureate International Universities
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	CADEIAS PRODUTIVAS EM MEDICINA VETERINÁRIA
	1 Conceitos essenciais de criação de ruminantes de corte e leite
	2 Consumo de carne no Brasil
	3 Exportações de carnes brasileiras
	4 Estrutura da cadeia produtiva de carnes no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia
	4.1 Carne bovina
	4.2 Cadeia de ovinos e caprinos4.3 Cadeia de suínos e aves
	4.4 Característica da cadeia avícola brasileira
	4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira
	5 Desafios das cadeias das carnes
	6 Consumo de leite no Brasil
	6.1 Exportação de leite no Brasil
	7 Estrutura da cadeia produtiva de leite no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia
	7.1 Leite bovino
	7.2 Leite caprino e ovino
	7.3 Leite bubalino
	7.4 Desafios da cadeia produtiva do leite

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