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Luciano Polaquini Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária 04 Sumário CaPítuLo 1 – CaDEIaS PRoDutIVaS EM MEDICINa VEtERINÁRIa ....................................... 06 2.1 conceitos essenciais de criação de ruminantes de corte e leite ........................................ 06 2.2 Consumo de carne no brasil ..................................................................................................... 08 2.3 Exportações de carnes brasileiras .......................................................................................... 12 2.4. Estrutura da cadeia produtiva de carnes no brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia ............................................................................................... 12 2.4.1 Carne bovina .................................................................................................................... 13 2.4.2 Cadeia de ovinos e caprinos ......................................................................................... 15 2.4.3 Cadeia de suínos e aves ................................................................................................ 17 2.4.4 Característica da cadeia avícola brasileira ............................................................... 18 2.4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira ........................................................... 19 2.5 Desafios das cadeias das carnes ............................................................................................ 21 2.6 Consumo de leite no brasil ....................................................................................................... 22 2.6.1 Exportação de leite no brasil ........................................................................................ 24 2.7 Estrutura da cadeia produtiva de leite no brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia ............................................................................................... 25 2.7.1 Leite bovino ....................................................................................................................... 26 2.7.2 Leite caprino e ovino ....................................................................................................... 27 2.7.3 Leite bubalino ................................................................................................................... 28 2.7.4 Desafios da cadeia produtiva do leite ........................................................................ 28 06 Introdução Nesta unidade, abordaremos aspectos da estrutura da cadeia produtiva de ruminantes de corte e leite (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos), buscando apresentar as vantagens e limitações da produção e consumo de carne e leite no Brasil, bem como contrastar seus aspectos relevantes. Didaticamente subdividiremos esta unidade em cadeia de ruminantes de corte e cadeia de ruminantes de leite, para concentrar as abordagens dentro de cada setor produtivo. antes de apresentar as estruturas, devemos trabalhar alguns conceitos que são bastante utilizados na produção animal, para que possamos nivelar nossa terminologia, e após iniciaremos a apresentação. 2.1 Conceitos essenciais de criação de ruminantes de corte e leite Capítulo2CaDEIaS PRoDutIVaS EM MEDICINa VEtERINÁRIa 07 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities • animais de produção: são animais pertencentes a espécies da fauna silvestre, exótica, doméstica ou domesticada, mantidos em cativeiro, sob condições de controle, pelo homem, com o propósito de geração de produtos, via abate e/ou reprodução. • Criação: é o ato de, em condições controladas de cativeiro, favorecer a reprodução de indivíduos pertencentes a fauna silvestre e exótica, originários da natureza ou de cativeiro. • Manejo: são ações planejadas, programadas, sistematizadas, controladas e monitoradas visando a criação de animais domésticos silvestres ou exóticos, em cativeiro, podendo conciliar a reprodução das espécies na natureza e sua recria em sistemas controlados (EDIM, 2018). • Sistema Agroindustrial (SAG): segundo Souza (2010), SAG pode ser definido como uma rede de inter-relações e variados níveis entre agentes institucionais que compõem, de alguma forma, o fluxo de produção de um determinado produto final, desde sua produção primária até o consumidor final. • ambientes de produção: são os ambientes onde os animais serão mantidos com o objetivo de favorecer a criação e/ou reprodução dos animais de produção, podendo ser em ambientes que permitam maior controle ambiental como os confinamentos, ou controle parcial, como o semiconfinamentos. NÃo DEIXE DE VER... Sobre ambientes de produção, principalmente os que necessitam de maiores infraestruturas, como os pastos rotacionados (irrigados ou não), semiconfinamentos e confinamentos. Assista aos vídeos abaixo: Pastagem rotacionada: https://globoplay.globo.com/v/2040703/ Semiconfinamento: https://www.youtube.com/watch?v=srxnab-cwmI Confinamento: https://www.youtube.com/watch?v=CokVV5aGv94 • Ciclo de produção: intervalo de tempo que compreende desde a obtenção dos insumos para produzir e/ou reproduzir os animais, até a obtenção dos produtos finais, que podem ser desde animais vivos prontos para o abate, ou mesmo animais para serem comercializados como animais de estimação. • Ciclo de produção parcial: quando o produtor atua apenas em parte das etapas produtivas. • Ciclo de produção total ou completo: quando o produtor atua em todas as etapas produtivas, desde a reprodução até a obtenção dos animais prontos para a comercialização final. • Sistema Extensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em áreas sem um devido controle, ou seja, são criados com baixo emprego de tecnologia, apresentam baixa produtividade, com utilização de mão de obra não especializada, possuem um custo de produção baixo e baixa rentabilidade. • Sistema Semi-intensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em áreas com pouco controle, ou seja, são criados com emprego intermediário de tecnologia, 08 apresentam produtividade mediana, com utilização de mão de obra com baixo grau de especialização, possuem um custo de produção e rentabilidade intermediário. • Sistema Intensivo: sistema de criação animal, onde os animais são mantidos em áreas com rígido controle produtivo e/ou reprodutivo, ou seja, são criados com emprego de tecnologia de ponta, apresentam alta produtividade, utilização de mão de obra especializada, possuem um custo de produção e rentabilidade elevado. Esses são os principais conceitos que utilizaremos neste e-book, lembramos que ainda existem muitos outros conceitos que podem surgir no decorrer deste material, porém sempre que necessário faremos as explicações pertinentes. Passemos agora às Cadeias produtivas. 2.2 Consumo de carne no Brasil a cadeia das proteínas de origem animal é muito importante para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, alguns autores chegam a apontar que o PIB do agronegócio brasileiro chega a representar mais de 40% do global, com participação importante nas cadeias graneleiras (soja, milho, café, entre outros) e de carnes (aves, bovina e suína), destacamos que o Brasil é sem dúvida, hoje, um dos maiores produtores mundiais de proteínas vegetais e animais, com destaque para a avicultura de corte e bovinocultura de corte (maior exportador mundial), fato que exige cada vez mais dedicação e empenho dos produtores em todos os aspectos, tanto produtivos quanto comerciais, permitindo cada vez mais a integração dos agentes pertencentes às respectivas cadeias produtivas. Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de abastecimento), o consumo das proteínasanimais (bovina, suína e de aves) deve recuar no ano de 2017 cerca de 9,7%, o que significa um consumo per capita de aproximadamente 90kg por ano, retração de 6% em relação a 2016, isso se deve provavelmente em função de aspectos relacionados à queda de atividade na economia brasileira e mundial. o Ministério da agricultura Pecuária e abastecimento (MaPa), nas suas Projeções do agronegócio – Brasil 2016/17 a 2026/27, apresenta perspectivas de crescimento para as principais cadeias de carnes (aves, suínos e bovinos), destaque para a avicultura de corte com crescimento de 33,4%, seguida pela suína com 28,6% e por último a cadeia da carne bovina com crescimento na ordem de 20,5% para a próxima década. Pode-se observar no Gráfico 1 a estimativa de consumo de carnes ao longo da próxima década, destacamos que a carne de frango mantém crescimento forte na ordem de mais de 32,09%, seguido pelo consumo de carne suína de 30,52% e bovina com crescimento de 17,84%, evidenciando a predileção dos consumidores brasileiros. 09 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities Fonte: Age/Mapa e SGE/EMbrapa BOVINA m il to ne la da s 15.000 12.000 9.038 11.939 8.471 3.891 7.188 2.981 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 9.000 6.000 3.000 0 SUÍNA DE FRANGO Gráfico 1 Comparativo do consumo de carnes É importante destacar que a cadeia da carne bubalina é discreta no cenário macroeconômico brasileiro, o maior efetivo do rebanho brasileiro se encontra nos estados do Pará (38,5%) e amapá (18,1%), esse fato se deve, principalmente, em função dos bubalinos se adaptarem aos modelos produtivos praticados nos referidos estados. outro fato importante é que a maioria dos consumidores brasileiros não está habituada a consumir carne de bubalinos. Na grande maioria dos casos, os bubalinos são abatidos e comercializados como carne de bovinos, salvo algumas iniciativas que buscam criar uma identidade para a carne bubalina. Esse fato dificulta a obtenção de informações confiáveis sobre a produção, abate e comercialização de carne bubalina, o que acaba acarretando a completa ausência de mercado para esse produto, tendo em vista que os consumidores não são informados do que consomem. o Brasil sofreu nesses últimos cinco anos uma profunda crise econômica, fato que corroborou para a redução no consumo interno de proteínas animais, o cenário produtivo brasileiro só não foi pior em função da crescente exportação, que permitiu, mesmo em uma economia sob forte recessão, crescimento discreto. 10 2.3 Exportações de carnes brasileiras a partir de 2001, com o agravamento da crise sanitária na Europa, causada pela “doença da vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina), Gripe Aviária (vírus influenza - H5N1) e Gripe Suína (influenza suína – H1N1), observamos, na Tabela 1, que o Brasil se tornou um dos maiores fornecedores de proteína animal do mundo, com destaque para a carne bovina e de frangos, fato evidenciado pelo crescente volume exportado a cada ano. os Estados unidos ainda são, sem sombra de dúvidas, os maiores produtores de proteínas animais, porém, seu mercado interno é muito grande (tabela 1). Segundo dados apontados na tabela 1, podemos visualizar que eles produziram, aproximadamente, 42.237 milhões de toneladas das principais proteínas animais (bovina, aves e suína), representando cerca de 16,07% da produção global dessas carnes. Contudo, cabe destacar que o mercado interno acaba absorvendo grande parte do produzido, corroborando, assim, com a visão de muitos pesquisadores que enquadram o Brasil como o maior “celeiro do mundo”, evidenciando o potencial para suprir grande parte do consumo mundial de proteínas animais, mas se deve atentar para entraves enormes que devem ser superados para que o país se consolide como maior exportador. ainda sofremos com as chamadas barreiras sanitárias, fruto de sucessivos surtos que colocam em dúvidas a qualidade sanitária das carnes aqui produzidas. Temos muita dificuldade em rastrear as cadeias produtivas e seus produtos, bem como enormes problemas ambientais, que vão desde a ausência de reserva legal até a contaminação de Biomas produtivos, fruto do não tratamento de efluentes. Enfim, ainda temos muito o que evoluir em aspectos éticos e técnicos para de fato nos consolidarmos como produtores de proteínas animais de qualidade (CARVALHO; DE ZEN, 2017). Produção e exportação mundial de carne Estimativa 2017. Em mil toneladas Países EUA Brasil União Europeia China India Argentina Austrália México Subtotal Outros Total Fonte: USDA / FAS / Elaboração Blog O Cafezinho Bovinos 11.808 9.470 7.850 6.950 4.350 2.700 2.015 1.919 47.053 14.265 61.318 Suínos 11.739 3.825 23.350 53.750 1.448 94.112 16.899 111.011 Frango 18.690 14.080 11.300 11.500 4.500 2.165 3.335 65.570 24.878 90.448 Bovinos 1.193 1.950 350 1.925 235 1.325 275 7.253 2.443 9.696 Suínos 2.442 940 3.300 35 6.724 1.905 8.629 Frango 3.128 4.385 1.275 345 190 9.393 2.049 11.372 Bovinos 11.845 7.585 7.875 7.890 2.425 2.465 1.825 41.910 17.491 59.401 Suínos 9.811 2.886 20.062 55.870 2.348 90.977 19.713 110.690 Frango 15.661 9.697 10.785 11.705 4.495 1.979 4.178 58.500 29.910 88.410 Produção Exportação Consumo doméstico tabela 1 Produção e exportação mundial de carne 11 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities NÃo DEIXE DE LER o artigo a Educação e o turnen no Rio Grande do Sul, uma questão de etnicidade: 1852– 1940, que diz respeito ao movimento caracterizado por manifestações de um povo, o alemão, num momento de agitação políticosocioeconômico na alemanha e o seu transplante para o Brasil, procurou identificar, acompanhar e analisar o esforço de um grupo em preservar a sua identidade étnica e sua cultura por meio do turnen. http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/tema6/0610.pdf Segundo o MaPa (2017), as projeções indicam crescimento nos próximos dez anos para as três principais cadeias (aves, suínos e bovinos), destaque para as cadeias de frangos (3,5% ao ano) e suínos (4,9% ao ano), enquanto que a carne bovina deverá apresentar um crescimento da ordem de 6,2% ao ano, como observamos na Figura 1. Fonte: Estimativas da AGE/MAPA m ilh õe s de to n CARNES: as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para as exportações brasileiras 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 - BOVINA = 6,2% aa (2007/08 a 2017/18) SUÍNA = 4,9% aa (2007/08 a 2017/18) FRANGO = 3,5% aa (2007/08 a 2017/18) Figura 1 Mercado externo de carne de frangos e de suínos, intervalo de 2000 a 2017/18. Fonte: MaPa Pode-se observar na Figura 1 o quão importante as duas cadeias são, destaque para a carne de frangos, que no ano de 2017 exportou mais de 4,5 trilhões de toneladas para a Europa, arábia Saudita e Ásia, gerando mais de u$ 8,5 bilhões para o agronegócio brasileiro. Projeções do Ministério da agricultura Pecuária e abastecimento (MaPa) apontam que o consumo de carne de frango projetado para 2026/27 é de 11,9 milhões de toneladas. Supondo a população total projetada pelo IBGE em 219 milhões de pessoas, tem-se ao final das projeções um consumo de 54,3 kg/hab/ano. 12 2.4 Estrutura da cadeia produtiva de carnes no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia as cadeias produtivas da carne representam importante fonte de renda e geração de empregos, observa-se na Figura 2 a estratificação das três principais cadeias (suína, bovinae aves), iniciando nas propriedades rurais com a adoção de práticas produtivas e melhoramento genético, seguido pelo segmento agroindustrial (abate, processamento e comercialização) e, por fim, porém, não menos importante, os consumidores finais. uma particularidade da cadeia da carne no Brasil (Figura 2) é que a maioria dos elos atua em benefício próprio, como se os elos que o antecedem ou postergam não impactassem no resultado. Essa característica gera danos para a estabilidade de toda a cadeia. Cadeias Produtivas da Carne Do campo á messa suínos bovinos aves Figura 2 Cadeias produtivas da carne. Fonte: Embrapa Existem aspectos importantes que dificultam o desenvolvimento das cadeias de carnes, destacamos os principais: Estagnação do consumo per capita doméstico e baixo nível de consumo nas classes de baixa renda. Esses dois aspectos se devem, principalmente, à crise econômica que assolou o Brasil nesses últimos dez anos, gerando elevação nas taxas de desemprego, queda na renda média das famílias e consequente supressão das carnes da mesa dos brasileiros. 13 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities O Brasil ainda não organizou um sistema de classificação de carcaças e bonificação para entrega de carne de qualidade, o que acaba desestimulando os produtores a investirem em sistemas mais tecnificados que gerem animais melhores, porém esses sistemas custam mais e sem a devida remuneração, os criadores não aderem a tais sistemas. agregação de valor: a maior parte da carne comercializada no Brasil ainda é na forma in natura, ou seja, comercializa-se apenas cortes frescos, minimamente processados, o que não agrega valor ao produto. tributação elevada: a cobrança de diferentes alíquotas de ICMS entre os estados, bem como o PIS, CoFINS e Contribuição para a seguridade social. E, por fim, a total ou quase que total ausência de campanhas que estimulem o consumo de carnes no mercado interno, o que favoreceria estímulos produtivos e a precificação final. Passemos agora a tratar de particularidades específicas de cada cadeia produtiva. 2.4.1 Carne bovina A cadeia produtiva da carne bovina vem passando por profundas modificações, tanto no aspecto produtivo quanto de gestão, fundamentada em preceitos de bem-estar animal e práticas sanitárias que visam bloquear surtos de doenças, como a aftosa. 14 167,49 milhões de hectares de pasto Taxa de Lotação:1,25 cab./ha Rebanho 209,13 milhões de cabeças Abate 39,16 milhões de cabeças Produção de carne 9,56 milhões TEC Exportação de animais vivos 212.183 cabeças Mercado Interno (81,38%) 7,68 milhões TEC EXPORTAÇÃO (19,63%) 1,88 milhões TEC 74,47% In Natura 1,40 milhões TEC Egito: 17% Rússi: 16% Hong Kong: 15% Venezuela: 9% Outros: 43% UE-27: 41% EUA: 28% Outros: 31% Hong Kong: 55% Egito: 8% Outros: 37% 14,11% Industrializada 165,54 mil TEC 11,4% Miúdos e outros 214,85 mil TEC Importação animais vivos 1.776 cabeças Rendimento Médio Carcaça: (Zebu) 52,3%-55% Peso Médio de Carcaça: 744,7kg Consumo per capita: 38,6kg/ano Desfrute: 18,78% Confinamentos: 5,05 milhões de cabeças (12,9% do abate total) 90 países 69 países85 países Figura 3 Perfil da cadeia produtiva da pecuária de corte brasileira 2015. Fonte: Embrapa observamos na Figura 3, os totalizadores da cadeia da carne bovina no Brasil, os dados evidenciam indicadores importantes como a utilização de mais de 167 milhões de hectares na forma de pastagem, com taxa de lotação média de 1,25 cab/há. Esses dados permitem inferir que a pecuária de corte no Brasil ainda precisa evoluir, pois a referida taxa está muito abaixo do ideal (que seria ao redor de 4 a 5 cab/ha). os pecuaristas ainda são muito tradicionalistas e utilizam técnicas produtivas defasadas, não investem em sistemas mais racionais que preconizam uso de sementes melhoradas geneticamente, adubação e correção dos solos, elevando, com isso, a taxa média para os valores indicados acima. Outro importante indicador que podemos verificar na Figura 3 é a taxa de desfrute (que contempla o número de animais abatidos por ano em relação ao total de animais do rebanho), que no Brasil é de 18,78%, considerado baixo se compararmos com a taxa de desfrute de países desenvolvidos, que chega a 30%, evidenciando a necessidade de aplicação de práticas produtivas mais eficientes. Segundo Gomes et al. (2017), no ano de 2015, o Brasil se posicionou como o maior rebanho bovino (209 milhões de cabeças), o segundo maior consumidor (38,6 kg/habitante/ano). Dono de forte mercado consumidor interno (cerca de 80% do consumo), é dotado de expressivo e moderno parque industrial para processamento, com capacidade de abate de quase 200 mil bovinos por dia. Como podemos observar na tabela 2, o Brasil se consolidou como o maior exportador de carne bovina com mais de 2 milhões de toneladas de equivalente carcaça no ano de 2014, seguido pela índia (pouco mais de 1,8 milhões de toneladas de equivalente carcaça). É importante salientar que os Estados Unidos configuram importante produtor mundial de carne bovina 15 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities (maior produtor mundial), possuindo o maior mercado interno consumidor, restando pouco mais de 1,17 milhões de toneladas para serem exportadas. ainda segundo Gomes et al. (2017), as exportações de carne bovina brasileira representam cerca de 3% das exportações e um faturamento de 6 bilhões de reais e, em termos de produto interno bruto, representa 6% do PIB brasileiro ou 30% do PIB do agronegócio, com um movimento superior a 400 bilhões de reais, um aumento de quase 45% nos últimos 5 anos. País Brasil Índia Austrália EUA Nova Zelândia Uruguai Paraguai Canadá Bielorússia União Europeia (1) Em milhões de toneladas equivalente-carcaça (ou toneladas métricas); (2) participação percentual das exporta- ções na produção; (3) em milhões de cabeças; (4) projeção. Fontes: MAPA/USDA/FAO/Senacsa/Snig/MLA. Elaboração: consultoria Agrifatto Exportações¹ 2014 2,05 1,85 1,77 1,17 0,570 0,385 0,375 0,365 0,245 0,255 20154 2,4 1,95 1,59 1,14 0,575 0,435 0,395 0,355 0,250 0,245 2014 20,5 45,1 70,7 10,6 88,4 67,5 68,2 34,8 84,5 3,5 208 203 30 90 10 11,5 13,5 12 4,3 122 10 4,1 2,5 11,1 0,645 0,570 0,550 1,05 0,290 7,47 O perfil dos 10 mais na exportação de carne bovina Produção¹ Export/Prod.² Rebanho³ Tabela 2 Perfil dos maiores exportadores mundiais de carne bovina 2.4.2 Cadeia de ovinos e caprinos Diversos trabalhos demonstram que o mercado consumidor de carne ovina no Brasil é visto como promissor, no entanto, alguns aspectos negativos relacionados com a ausência de qualidade do produto ofertado e com uma produção que não atende à demanda de mercado devem ser aprimorados, pois esses dificultam a expansão dessa atividade. o consumo anual per capita de carne ovina no país é cerca de 700 gramas, índice considerado muito baixo em comparação ao consumo anual per capita de 39 kg de carne bovina, 44,5 kg carne de frango e 13 kg carne suína. Essa desigualdade é resultado do empenho dessas cadeias mais eficientes nas últimas décadas por meio da estruturação, tecnificação e ampliação de suas receitas (FRIaS et al., 2017). Mesmo apresentando baixo consumo interno, é visto um excesso de demanda no Brasil (tabela 3), determinando, assim, a necessidade de compra do produto no mercado externo de países como argentina e uruguai (MaDRuGa, 2005). 16 Cabe uma ressalva com relação à carne importada desses dois países, os mercadosmais seletos brasileiros exigem carne com atributos de qualidade como peso de um corte, cobertura de gordura, o que implica de maneira direta no sistema produtivo. É sabido que a carne que melhor tem atendido o consumidor brasileiro preconiza animais jovens (cordeiros) terminados em regime de confinamento, porém ambos os países produzem seus animais em regime de pastagem estritamente, o que gera atraso na terminação e abate, com isso ofertando animais com mais de 12 meses, e uma carne com baixa qualidade sensorial. Cabeças caprinos 10.046.888 16º 18º 22º 18º 35º 37º 31º 13º 54º Fonte: FAO 15.057.840 mi de t 104,8 mi t 135 t 10.777 3.783,61 11.079,78 6.309 7 Cabeças ovinos Produção carnes caprinas e ovinas Produção de leite caprino Produção lã ovina Valor exportado de carne (US$ mil) Valor importado de (carne (US$ mil)) Valor exportado de lã (US$ mil) Valor importado de lã (US$ mil) Ranking mundial Segmentos no Brasil tabela 3 ovino caprinocultura no Brasil, em 2016 Fonte: adaptada de Revista Cabra e ovelha Segundo Frias et al. (2017), a produção de carne geralmente é dividida em dois subsistemas, de acordo com a demanda que se pretende atender. um deles visa abastecer a maioria dos consumidores de carne que esperam por um produto regular, que competem entre si pelo preço, com baixo valor agregado e de qualidade indiferenciada, onde a carne é comercializada como uma commodity. Por outro lado, existe o segmento que busca atender ao mercado composto pela minoria dos consumidores que exigem por produtos que apresentem características qualitativas diferenciadas, além de segurança alimentar e serviços oferecidos. Podemos observar na tabela 3, que o rebanho de caprinos e ovinos coloca o Brasil como um produtor intermediário também dessas duas proteínas animais 16º e 18º, respectivamente, com produção aproximada de mais de 104,8 milhões de toneladas. atualmente, os cenários interno e externo apresentam alguns fatores que favorecem o desenvolvimento do agronegócio da caprinovinocultura, viabilizando a agregação de valor à produção, tanto no âmbito doméstico quanto internacional, em uma escala sem precedentes, dadas às oportunidades reais de mercado. 17 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities temos que sair do modelo “como produzir”, onde a qualidade tem como objetivo apenas cumprir as especificações da legislação e passar para o modelo de “o que produzir”, onde a qualidade passa a atender às necessidades do cliente/consumidor. outro fator que contribui para a elevação nos níveis de produção de carne ovina se dá em função da crescente demanda por parte da população por carnes gourmet, o que favorece a expansão. Bovinos Ovinos e caprinos Suínos Aves Leite Ovos Total carnes 64 13 100 82 664 62 258 106 25 143 181 1.077 102 255 1,2 1,5 0,8 1,8 1,1 1,1 1,3 65,6% 92,4% 43,0% 120,7% 62,2% 64,5% 76,4% Animais Produção 2005(milhões t) Produção 2050 (milhões t) Variação (%) Crescimento anual 2005 a 2050 tabela 4 Comparativo da produção mundial por setor (milhões de toneladas) Fonte: Embrapa Pode-se observar na tabela 4 o crescimento projetado para o setor (ovinos e caprinos) da ordem de 92,4% (cerca de 1,5% ao ano) no período analisado, evidenciando a demanda crescente por carnes de pequenos ruminantes, perdendo somente para a avicultura, que ainda se mantém com forte demanda de consumo, principalmente alavancada por estratégias de marketing e preferências dos consumidores. a produção mundial da carne mudou de quantidade para qualidade. No entanto, grande parte dos produtores parece desconhecer a necessidade de produzir carne com qualidade apreciável pelo consumidor, talvez por não vislumbrar as vantagens financeiras de oferecer um produto padronizado que atenda aos requisitos do consumidor atual, que é informado e paga mais por um produto diferenciado. À medida que a demanda por um produto aumenta, há maior exigência com relação à qualidade e há maior valorização dos produtos. o consumidor moderno é muito preocupado com a saúde e deseja ter conhecimento sobre as características do produto que está ingerindo. as pessoas vêm se adaptando a novos hábitos de consumo, o que tem favorecido o crescimento da demanda pelas carnes de ovinos e seus derivados. Porém, é necessário que essa carne apresente padrões de qualidade. 2.4.3 Cadeia de suínos e aves Segundo Krabbe et al. (2018), o Brasil detém hoje uma elevada competência e competitividade no que tange à produção e produtividade de carne de suínos e aves. o país passa por um momento econômico extremamente favorável. o consumo de proteína animal é um indicador de bem-estar da sociedade e o crescimento do consumo está relacionado diretamente com o nível de renda da população. 18 Cabe destacar que nas últimas décadas a carne de frangos assumiu importante papel na mesa dos consumidores brasileiros, superando o consumo de carne bovina. Esse fato se deve em função de múltiplos fatores, que vão desde campanhas massivas estimulando o consumo da carne de frangos, mas, principalmente, pelo baixo custo que essa proteína chega aos consumidores finais. as duas cadeias produtivas são fortemente pautadas em sistema integrado de produção, denominado Integração. Na visão de alguns pesquisadores, esse modelo produtivo é muito vantajoso para ambos os lados (integrado e integrador), porém outra parcela acredita que o modelo é bastante deficitário apresentando apenas vantagem para as integradoras; fato é que a avicultura e a suinocultura são atividades altamente profissionais, não cabendo espaço para amadorismo. É importante destacar que, como todo negócio, existe uma parcela de risco, porém, nesse modelo, o risco tende a ser menor à medida que ambos buscam aperfeiçoamento produtivo e gestacional. Com o crescimento da parceria, pintinhos de um dia, ração, assistência técnica e mercado são responsabilidade da integradora, restando ao integrado manter as aves sob condições adequadas de bem-estar para que cheguem ao melhor resultado produtivo. 2.4.4 Característica da cadeia avícola brasileira a avicultura comercial brasileira está dividida da seguinte maneira: aves de corte (destinadas ao abate e produção de carnes) e aves de postura (destinadas à produção de ovos). a avicultura de corte se encontra em um patamar de produção e consumo muito mais elevado que a avicultura de postura, enquanto que a produção de frangos de corte cresceu aproximadamente 10% ao ano nos últimos 35 anos. Em 1975, o Brasil produziu 484 mil toneladas de carne de frangos, em 2016 o país produziu mais de 13 milhões de toneladas, e com fortes tendências de crescimento para os próximos dez anos. Pode-se observar na tabela 5 que as projeções de exportações brasileiras de carne de frangos são crescentes nos próximos anos (aproximadamente 41,27%), consolidando o país como o maior exportador mundial dessa proteína, a frente dos Estados unidos e da união Europeia. Destacamos a importância de desenvolvimento e manutenção de sistemas de produção e comercialização que sustentem tal crescimento, principalmente que levem em conta os seguintes aspectos: sustentabilidade produtiva e ambiental, rastreabilidade dos produtos e, bem-estar animal. 19 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities PAIS EXPORTADOR MAIORES EX- PORTADORES • Brasil • EUA • UE • Tailândia • Ex-URSS • “Outros” • Turquia • China 4.315 3.351 1.363 670 480 300 285 395 11.159 5.152 3.941 1.393 844 608 387 348 335 13.008 6.096 4.083 1.413 995 717 490 346 330 14.470 41,27% 21,84% 3,67% 48,51% 49,38% 63,33% 21,40%-16,46% 29,67% Fonte dos dados básico: USDA - Elaboração e análises: AVISIT * Carnes de frango e de peru, exclusicamente. 2016 2021 2026 VAR. NADECADA tabela 5 Exportação e tendências de exportação de carnes avícolas Fonte: avisite Ao passo que na avicultura de postura os crescimentos não foram tão significativos, sendo que o crescimento vigoroso só ocorreu no início dos anos 1980. Esse desempenho se deve, principalmente, em função de tabus relacionados a possíveis problemas de saúde que o consumo de ovos poderia causar na população, fato que só foi derrubado no final da década de 1990, provocando receio no consumo dessa fonte de proteína. Dados da associação Brasileira de Proteína animal (aBPa) indicam que, em 2016, o Brasil produziu quase 39,2 bilhões de ovos, ou seja, aproximadamente 190 ovos per capita. É importante destacar que a produção comercial de ovos é quase que integralmente voltada para o mercado interno e as exportações são pouco significantes. Infelizmente essa proteína animal é tida como de baixo valor agregado e amplamente consumida pelas classes populares menos abastadas. 2.4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira o consumo de carne suína no Brasil é inferior ao das carnes de frangos e de bovinos, destaca- se que a carne de suínos é a mais consumida no mundo, diferindo do mercado interno. alguns pesquisadores atribuem esse perfil de consumo baixo em função de aspectos culturais, como o elevado teor de gordura na carne de suínos e complicações causadas pelo consumo de carne contaminada com ovos de taenia solium (causando a cisticercose), derrubando o consumo interno. outra característica desse mercado é que o maior percentual de consumo de carne suína se dá na forma de produtos processados, como linguiça e hambúrguer, principalmente. o consumo 20 doméstico, atualmente em 3,47 milhões de toneladas (tabela 6), vem evidenciando pequenos crescimentos ao longo dos anos, cerca de 2% ao ano. o consumo de carne suína cresce não apenas em função do aumento populacional ou do poder aquisitivo, mas também em função de ações de promoção da carne suína junto a consumidores e redes de varejo, busca de padrões de qualidade, desenvolvimento de cortes especiais e investimentos em linhas de corte e em logística de frio (KRaBBE, 2018). as exportações de carne suína (tabela 6) representam pouco mais de 0,1% do volume total produzido, evidenciando a importância do mercado interno para a cadeia produtiva de suínos. Produção Brasileira de CARNE SUÍNA (Milhões de toneladas) Consumo per capita em 2014: 14,6kg Receita das exportações em 2014: USS 1,59 bi CONSUMO 2.890 2. 41 4 0, 47 8 0, 49 4 2, 97 8 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 3.470 EXPORTAÇÃO tabela 6 Produção brasileira de carne suína Fonte: aBPa A cadeia da carne suína e a da avicultura apresentam um modelo produtivo muito tecnificado e fundamentado fortemente em modelos cooperativos, como as chamadas integrações, que permitem uma especialização maior dos produtores, bem como a garantia de venda de sua produção por preços preestabelecidos com a integradora, favorecendo a previsão de rentabilidade nas propriedades. Nesse modelo, os produtores entram com a estrutura física e a mão de obra para criação, cabe às integradoras fornecer todos os insumos (pintinhos ou leitões, ração, medicamentos, entre outros), assistência técnica e garantia de compra dos animais terminados. as vantagens nesse modelo asseguram para os produtores segurança de venda no dia programado e preços preestabelecidos, garantia de assistência técnica, utilização de mão de obra familiar (elevando a renda das famílias) com possibilidade de especialização e, principalmente, diminuição do desembolso financeiro durante o processo produtivo. Para a Integradora, a maior vantagem é de não ter que criar estrutura produtiva própria nem contratar número elevado de funcionários nas etapas produtivas, concentrando esforços no processamento e na comercialização dos produtos obtidos. 21 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities NÃo DEIXE DE VER... Que a aurora, Sadia e Perdigão são integradoras, leia sobre o sistema produtivo denominado INtEGRaÇÃo, muito utilizado na suinocultura e na avicultura. Sugestão de leitura: file:///C:/Users/lucia_000/Downloads/267-523-1-PB.pdf 2.5 Desafios das cadeias das carnes Um dos maiores desafios, atualmente, da cadeia das carnes é a agregação de valor e a fidelização dos clientes, principalmente porque no Brasil a maior parte das carnes ainda é comercializada como commodity, ou seja, não se vincula nenhuma marca ou mesmo atributos de qualidade. Apontaremos a seguir alguns dos principais desafios que devem ser superados para que possamos elevar os padrões de produção, atributos de qualidade e percepção dos consumidores brasileiros ou mesmo estrangeiros em relação às carnes aqui produzidas. Estabelecer mecanismos produtivos que permitam manter crescente a produtividade dos sistemas produtivos de carne sem causar grandes impactos ao meio ambiente (principalmente desmatamento, preservação dos recursos aquíferos e mudanças climáticas). Definir políticas públicas (econômicas, fiscais e trabalhistas) claras que permitam o desenvolvimento dos diferentes elos das cadeias produtivas. Estabelecer sistemas produtivos que levem e contemplem o bem-estar dos animais de produção, bem como campanhas de esclarecimento aos consumidores da importância da adoção de tais práticas. Estabelecer diretrizes para que todos os animais abatidos no Brasil, para o mercado interno, possam ser rastreados, permitindo, assim, efetivo combate ao abate clandestino. Ampliar a fiscalização dos produtos comercializados com o intuito de estabelecer segurança alimentar não só para produtos de exportação, mas também para produtos direcionados para o mercado interno. 22 2.6 Consumo de leite no Brasil a cadeia leiteira no Brasil é de suma importância para a elevação do PIB brasileiro, impactando positivamente no cenário macroeconômico. observa-se na tabela 7 os totalizadores desse setor produtivo. o Brasil atualmente se encontra posicionado como o 4º maior produtor de leite com, aproximadamente, mais de 34 bilhões de litros (crescimento nos últimos cinco anos de mais de 78%), produzidos por mais de 1,3 milhões de produtores rurais, normalmente pequenos e médios, o que reforça o papel social do setor na chamada agricultura familiar, fixando o homem no campo. Números do setor leiteiro no Brasil Produção de leite em 2015 Brasil e o ranking mundial dos países produtores Importação de leite de jan-jun/16 Número de produtores de leite Rebanho de vacas ordenhadas Trabalhadores envolvidos com a atividade leiteira Laticínios registrados com SIF Captação anual dos laticínios registrados Valor bruto da produção de leite em 2015 Consumo per capita de lácteos Consumo per capita de leite Crescimento do mercado de lácteos 2011-2015 Setor leiteiro e os negócios em 2015 34 bilhões de litros 4º lugar 1,1 bilhão de litros 1,3 milhão 23 milhões 4 milhões 2 mil 24 bilhões de litros R$ 28,9 bilhões 170 litros/habitante/ano 60 litros/habitante/ano 78% R$ 60 bilhões Fonte: Rosângela Zoccal/Embrapa Gado de Leite. tabela 7 Números do setor leiteiro Fonte: Revista Balde Branco 23 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities De acordo com projeções do MaPa (tabela 8), a produção de leite deverá crescer aproximadamente de 2 a 3% nos próximos dez anos, significando passar de uma produção de 34,5 bilhões de litros em 2017 para algo em torno de 43 a 48 bilhões em 2027. Esse crescimento se deve, principalmente, em função demelhorias, tanto no aspecto produtivo (genética e manejo dos animais) quanto gerenciais. os produtores de leite vêm se especializando cada vez mais na atividade, com incorporação de práticas produtivas (transferência de embriões, alimentação balanceada, protocolos sanitários) e efetivo controle dos chamados custos produtivos, buscando reduzir despesas. Ano 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24 2024/25 2025/26 34.175 35.051 35.927 36.802 37.678 38.554 39.430 40.305 41.181] 42.057 42.933 - 36.433 37.882 39.197 40.443 41.645 42.816 43.936 45.092 46.205 47.305 34.828 35.406 36.209 37.054 37.907 38.762 39.617 40.472 41.327 42.182 43.038 - 37.240 39.056 40.677 42.174 43.588 44.944 46.257 47.537 48.789 50.018 1.092 1.084 1.077 1.069 1.062 1.054 1.047 1.039 1.032 1.024 1.017 - 2.294 2.787 3.164 3.481 3.759 4.009 4.239 4.453 4.653 4.841 439 459 480 500 520 541 561 582 602 622 643 - 829 1.002 1.140 1.259 1.367 1.466 1.559 1.647 1.730 1.811 Produção Projeção Lsup. Projeção Projeção ProjeçãoLsup. Lsup. Lsup. Consumo Importação Exportação Fonte: Elaboração da SPA/Mapa e SGI/Embrapa com dados do IBGE, Agrostat e Embrapa gado de leite. * Modelos utilizados: Para produção, importação e exportação modelo PA e para consumo modelo Arma. tabela 8 Produção, consumo, importação e exportação de leite (milhões de litros) outro aspecto importante é que o MaPa (tabela 8) prevê um crescimento da ordem de 2 a 2,5% no consumo do leite, caminhando para estabilidade entre produção e consumo, assegurando, com isso, um horizonte de manutenção na demanda crescente por essa matéria-prima. alguns fatores permitiram que ocorresse tal elevação. uma das mais importantes foi a entrada das redes supermercadistas como ponto de distribuição, principalmente do leite UHT (longa vida), produto que veio para atender às necessidades dos consumidores no que diz respeito a durabilidade e praticidade na estocagem, tendo em vista que a durabilidade média desse produto é de seis meses. outros aspectos importantes também contribuíram para essa elevação, como o crescimento populacional, aumento da renda média das famílias, redução dos preços médios do litro de leite, mudança nos hábitos alimentares, muitos deles ocorridos nos últimos 15 anos, de maneira simultânea. Por último, o crescimento no consumo de produtos elaborados a partir da matéria-prima leite, chamados derivados do leite, como iogurtes, queijos, manteigas, doces, entre outros, permitindo maior agregação de valor e, com isso, elevar a renda média de todos os elos da cadeia produtiva do leite. 24 Podemos observar ainda que a variação no período de 2016/17 a 2026/27 (tabela 8) na produção será da ordem de 23,6% no consumo, crescimento de 23,3%, exportação de 37,5% e, por fim, aumento das importações de 15%. Alguns fatores contribuíram para que esses indicadores cresçam, destacaremos as principais causas a seguir. 2.6.1 Exportação de leite no Brasil Com relação aos valores indicados das exportações brasileiras, devemos informar que o Brasil nunca foi enquadrado como um grande exportador de leite, mas sim um grande consumidor. Historicamente, nossa produção mal atende o mercado interno, com importações de queijos e leite em pó de países como França e Nova Zelândia, respectivamente (SALGADO, 2013). atualmente, o cenário começa a se alterar. Como podemos observar na tabela 9, ainda importamos muito leite em pó (responsável por mais de 60% do volume), principalmente nos meses de estiagem, quando a produção cai drasticamente, elevando os preços do produto no mercado interno, forçando tal importação. Quantidade de produtos lácteos comercializados no mercado internacional pelo Brasil, em três meses de 2016 Produto Importação Exportação Balança Fonte: MDIC/aliceweb, 2016 Leite em pó Queijo Soro de leite em pó Manteiga Leite infantil Doce de leite Iogurte UHT Total 20.108.100 6.994.042 4.714.125 893.813 387.951 111.633 50.253 0,0 33.259.917 8.102.743 620.756 10.070 60.374 815.320 27.741 97.877 1.365.427 11.100.308 - 12.005.357 - 6.373.286 - 4.705.055 - 833.439 + 427.369 - 83.892 + 47.624 + 1.365.427 - 22.159.609 tabela 9 Quantidade de produtos lácteos comercializados no mercado internacional pelo Brasil, em três meses Fonte: Revista Balde Branco Dos produtos listados na Tabela 10, podemos observar que além do leite UHT, o Brasil ainda importa muitos queijos enquadrados como grandes commodities (muçarela, prato e requeijão culinário), aproximadamente 54% do total. outros queijos também fazem parte das importações brasileiras, como queijo parmesão e os chamados queijos mofados. Destaca-se que a importação se dá em função de vários problemas, que vão desde a escassez de matéria- prima de qualidade até a queda na oferta causada nos meses de seca. 25 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities Independentemente da causa, acreditamos que a cadeia produtiva leiteira brasileira pode superar essas adversidades com tecnologia e planejamento, elevando a produtividade média do rebanho brasileiro e, com isso, passar de importador para grande exportador. Estimativa da produção forma de queijos no Brasil. 2015 Produção nacional 1.105.431 21.550 2.522 Produção T Importações4T Exportações4T Total Kg 1.124.459 ¹Grandes commodities - queijo mussarela, prato e requeijão culinário. ²Commodities intermediárias - queijo fundido, processado, fresco, minas padrão, coalho e parmesão ralado. – ³Queijos especiais - mofos brancos e azuis, amarelos especiais, suíços, duros e semiduros, e queijos de massa filada. – �Nas importações e exportações foram considerados os seguintes grupos de acordo com a classificação da aliceweb: Grandes commodities - mussarela, massa semidura e massa macia Commodities intermediárias – queijo fundido, frescos, ralado e queijos de massa dura Queijos especiais – mofados e outros queijos Fonte: ABIQ (empresas com SIF, 2016). Grandes commodities1 Commodities intermediárias2 Queijos especiais� 750.215 285.104 70.112 11.787 7.053 2.710 747 1.223 552 - 761.255 290.934 72.270 tabela 10 Estimativa da produção formal de queijos no Brasil, 2015 Fonte: Revista Balde Branco 2.7 Estrutura da cadeia produtiva de leite no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia 26 2.7.1 Leite bovino Como dito anteriormente, a cadeia produtiva do leite no Brasil é uma importante geradora de renda e, com isso, eleva o PIB do país, reunindo mais de 4 milhões de trabalhadores, cerca de 1,3 milhões de produtores rurais, e mais de 2 mil laticínios com Serviço de Inspeção Federal (SIF) espalhados pelo território nacional. CADEIA PRODUTIVA DO LEITE PRODUÇÃO RESFRIAMENTO TRANSPORTE PARA A INDÚSTRIA ANÁLISE E TRATAMENTO TÉRMICO EMBALAGEM VAREJO A ta lh o CONSUMIDOR CONSUMIDOR1 2 3 3 4 5 6 7 PRODUTOR RECEBE ATÉ R$ 2,00 POR LITRO PRODUTOR RECEBE ATÉ R$ 0,60 POR LITRO Figura 3 Cadeia produtiva do leite no Brasil. Fonte: CoRaL/uFSM, 2016 observa-se a amplitude da cadeia do leite (Figura 3), iniciando com os fornecedores de insumo para as propriedades rurais, que mantêm os animais e produzem o leite que será entregue aos entrepostos para o processamento e posterior destinação aos mercados atacadistas, varejistas, até o consumidor final. É importante destacar que os elos da cadeia produtiva devem trabalhar de maneira integrada, permitindo que cada segmento possa ser eficiente e entregar produtos de qualidade superior. Pode-se observar na Figura 3 que a cadeia do leite se inicia com os Insumos, onde se encontram os fabricantes derações, medicamentos, sêmen, serviços de assistência técnica, tanques de expansão (resfriamento do leite), ou seja, com os fornecedores de matérias-primas necessárias para que os produtores possam manter seus rebanhos e, com isso, produzir o leite de qualidade. o próximo elo são os produtores rurais, no caso brasileiro, a grande maioria são pequenos e médios produtores, caracterizados como agricultores familiares, que são responsáveis pela manutenção dos rebanhos especializados e por produzir o leite propriamente dito. No Brasil, a produção de leite por agricultores familiares é muito importante, pois fixa o homem ao campo, evitando o inchamento dos grandes centros urbanos, e permitindo gerar renda no campo, valorizando ainda mais o sistema produtivo brasileiro. 27 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities os pequenos agricultores se reúnem, principalmente, em associações ou cooperativas e, com isso, conseguem entregar hoje um leite de maior qualidade, tendo em vista que conseguem, em grupo, bancar técnicos e tecnologias que melhoram o produto. o próximo passo a ser percorrido pelo leite é o processamento, atualmente sendo transportado resfriado em tanques isotérmicos, permitindo maior qualidade microbiológica da matéria-prima e, consequente-mente, melhores produtos industrializados como iogurtes, queijos, manteigas, entre outros. E, finalmente, os produtos chegam aos consumidores finais, por meio dos distribuidores atacadistas e va-rejistas, que se esforçam periodicamente para entregar produtos de maneira rápida, evitando, com isso, perdas por transporte e estocagem. 2.7.2 Leite caprino e ovino a cadeia de leite caprino e ovino apresenta particularidades que devem ser apontadas no presente estudo, convém destacar que grande parte do leite caprino e ovino produzido no Brasil se encontra nas mãos de pequenos produtores, que muitas vezes necessitam verticalizar seus sistemas para conseguir se manter ativos no mercado. os maiores efetivos de pequenos ruminantes no Brasil se concentram no Nordeste, em sistemas mais ex-tensivos e com baixa capacidade produtiva, utilizando raças nativas e a caatinga como suporte forragei-ro (GouLaRt & FaVERo, 2011). No Brasil, de acordo com dados da organização das Nações unidas e alimentação (Fao), o Brasil pos-sui cerca de 13 milhões de caprinos (10º, rebanho mundial), porém, produzindo apenas 1,3% do leite caprino mundial (QuaDRoS, 2007). observamos na Figura 4 que o maior efetivo do rebanho caprino brasileiro se encontra no Nordeste (mais de 91% do rebanho), mantidos em regime extensivo de produção, ou seja, animais sendo mal assis-tidos em aspectos alimentares, sanitários, genéticos, gerando baixa produtividade. o estado da Bahia possui o maior rebanho, cerca de 3,4 milhões de cabeças e produtividade média de 1,2 litros por animal por dia, fato que evidencia a adaptação dos caprinos a sistemas produtivos de baixa produtividade, porém se faz necessário melhorias estruturais visando a elevação da renda média dos produtores rurais. Participação percentual das regiões brasileiras no rebalho caprino Fonte: IBGE / Elaboração Farm Point Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 2,4% 3,4% 1,2 % 1,9% 91,1% Figura 4 Efetivo rebanho caprino brasileiro em 2012. 28 No Brasil, a maior indústria compradora de leite de cabra é a associação dos Criadores de ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi (aCoSC), no Rio Grande do Norte, com o programa de inclusão na me-renda escolar, organizando o agronegócio e trazendo benefícios nutricionais e econômicos para popula-ção (QuaDRoS, 2007). Contudo, faz-se necessário reestruturar o modelo produtivo e de processamento para permitir crescimen-to sólido e pautado em tecnologias que gerem maiores receitas para todos os participantes da cadeia do leite caprino brasileiro. 2.7.3 Leite bubalino Segundo Bernardes (2010), no Brasil a exploração de búfalas a partir da década de 1990 foi direcio-nada para a atividade leiteira, inicialmente em modelos mais extensivos tendo como base alimentar ape-nas as pastagens nativas e/ou cultivadas, e muitas vezes sem o aporte de alimentos concentrados (ra-ções), reduzindo, portanto, a eficiência produtiva e reprodutiva, gerando a queda na capacidade produ-tiva dos animais. Grande parte da produção nacional de leite de búfalas se encontra nas mãos de pequenos produtores, com média diária próxima de 50 litros, sendo obtidos em sistemas tradicionais de produção (animais produzem em média 1.000 litros por lactação), e, com isso, sofrendo os efeitos das sazonalidades ambi-entais, gerando períodos de falta de matéria-prima. Gradativamente, vem-se observando em certas bacias leiteiras uma intensificação no manejo das búfalas leiteiras, com adoção da prática de duas ordenhas diárias, suplementação de volumosos de melhor qua-lidade nos períodos de escassez das pastagens e oferta de concentrados com base no nível produtivo dos rebanhos, que permitiram uma elevação da produtividade média de 1.460 kg/lactação em sistemas de baixa intensificação para uma média de 2.431 kg em sistemas mais intensificados e de 2.955 kg em propriedades com melhor material genético (aLBuQuERQuE et al., 2004). Enquanto se observa o crescimento lento na demanda por derivados lácteos bovinos entre os anos de 2001 a 2005, os laticínios que processam leite de búfalas apresentaram um crescimento médio de 32,3%. além da tradicional muçarela, outros derivados como queijo minas frescal, ricota, doce de leite, queijo tipo coalho, passaram a ser demandados pelos consumidores brasileiros (BERNaRDES, 2010). ainda segundo Bernardes (2010), estima-se que a produção de leite bubalino no Brasil seja de, aproxi-madamente, 90 milhões de litros, produzidos por cerca de 82.000 búfalas distribuídas em 2.500 reba-nhos, sendo processados por 150 laticínios, gerando faturamento bruto superior a R$ 190 milhões para as indústrias e R$ 60 milhões aos produtores rurais. 2.7.4 Desafios da cadeia produtiva do leite Ainda temos muitos desafios a serem superados pela cadeia do leite, vamos apontar, em cada elo os principais desafios a serem trabalhados. 29 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities 1.7.4.1 Insumos Tem como um de seus maiores desafios desenvolver tecnologias para aumentar a produtividade dos ani-mais, mão de obra e terra, sendo de suma importância levar em consideração um menor impacto ambien-tal e respeito às leis trabalhistas e premissas de bem-estar animal, bem como novas formas de comunica-ção que permitam maior integração com os próximos segmentos da cadeia (produtores, processadores e distribuidores) visando o bem maior, que é atender às demandas dos consumidores finais. 1.7.4.2 Produtores aqui se encontra o maior número de participantes, mais de 1,3 milhões de produtores rurais, que necessi-tam periodicamente de apoio em todos os níveis, muitos desses possuem baixo grau de escolaridade, o que dificulta a implementação de práticas produtivas, como o controle zootécnico, reduzindo a produtivi-dade de seus rebanhos. Permitindo, assim, que as informações geradas nas propriedades possam servir de norteamento para pesquisas que visem otimizar a produtividade no setor leiteiro como um todo. No Brasil, a produção de queijos artesanais ainda precisa de regulamentação para que permita aos produtores elaborar produtos diferenciados, de qualidade para oferta diretamente aos consumidores, agregando valor ao seu sistema produtivo. atualmente, existem alguns entraves legais, como, por exemplo, a liberação da produção e comercializa-ção de queijos artesanais elaborados a partir de leite cru. Destacamos que na Europa grande parte dos queijos é elaborada a partir de leite cru, aqui é considerado crime. algumasiniciativas para estabelecer critérios para pequenos produtores. Cabe aos técnicos envolvidos na prestação de serviços elaborar ações coletivas que resultem em estraté-gias de redução de custos e aumento de rentabilidade na propriedade, bem como mantê-los informados de posicionamentos mercadológicos que afetam o setor de lácteos no Brasil e no mundo. 1.7.4.3 Logística e indústria Esses dois elos da cadeia são importantes para que o leite e seus derivados cheguem aos consumidores de maneira adequada e rápida. É importante destacar que na captação ainda se encontra um gargalo produtivo, pois muitos produtores não possuem o tanque de resfriamento necessitando deslocamento até um tanque coletivo; muitas vezes o leite chega a uma temperatura elevada, o que possibilita crescimento microbiano, deteriorando a matéria- prima. Melhorias na gestão de informações e transporte contribuem para a otimização da coleta e distribuição do leite e derivados, bem como para redução de custos com ineficácia, perdas e desperdícios na cadeia produtiva do leite. Existe, ainda, a necessidade de tornar rastreável todos os produtos elaborados a partir do leite, bem como o leite fluido, permitindo maior transparência e credibilidade junto aos consumidores nacionais e, posteriormente, internacionais, além de coibir a comercialização de leite e derivados clandestinos ou mesmo produtos fraudados. 30 Consumidores esclarecidos cada vez mais exigem padrões de qualidade e concordam em pagar de ma-neira diferenciada por produtos com selo de garantia, este deve ser nos próximos anos um obstáculo a ser superado pelos elos da cadeia produtiva do leite. 1.7.4.4 Mercado consumidor Existe uma busca incessante por novos nichos de mercado que paguem um valor diferenciado por produ-tos mais bem elaborados e com padrões de qualidade elevados. Esses nichos afetam de maneira direta os processos produtivos e requerem novas formas de comunicação e processamento. É importante destacar que os consumidores modernos ainda valorizam praticidade, fato evidenciado pela elevação do consumo de leite UHT, corroborando para a necessidade de desenvolvimento de pro-dutos práticos e semiprocessados, bem como embalagens que permitam maior tempo de prateleira. 31 Cadeias Produtivas em Medicina Veterinária Laureate International Universities Síntese Chegamos ao final desta Unidade, onde estudamos aspectos ligados às cadeias de ruminantes de corte e leite (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos). Nesta unidade, observamos conceitos importantes nos siste-mas de produção animal, como animais de produção, sistema agroindustrial, ciclo produtivo, entre outros. também trabalhamos detalhes importantes para a atuação do médico veterinário nas diferentes cadeias produtivas, e, principalmente, favorecer a tomada de decisão nesse cenário global que se encontra o agronegócio brasileiro. Analisamos as dificuldades e as vantagens encontradas pelas cadeias produtivas desde o fornecimento dos insumos (matérias-primas) até a chegada dos produtos já inspecionados aos consumidores finais. E, por fim, evidenciamos os desafios que cada cadeia produtiva deverá enfrentar para que possam atender às expectativas, cada vez maiores, dos consumidores finais, que, atualmente, contemplam desde os sistemas em que os animais foram produzidos até os danos ambientais causados pela produção pro-priamente dita. Destacamos, também, que o assunto não foi esgotado, e que cabe a nós, técnicos, nos mantermos cada vez mais atentos aos sinais que os consumidores nos dão em relação ao consumo de proteínas animais. Fiquem atentos e se mantenham sempre atualizados! até a próxima! Esses métodos ginásticos – escola alemã, sueca e francesa – são os pilares da Educação Física brasileira. aprendemos sobre as concepções higienista, militarista, pedagogicista, competitivista e popular. o estudo de tais concepções pelo autor Ghiraldelli Junior possibilitou uma melhor compreensão dos diversos períodos da Educação Física desde o início da Republica até os dias atuais. Essas concepções coexistem nos dias de hoje em quartéis, academias, clubes e escolas, com maior ou menor difusão. Como em toda prática social, o novo convive com o velho. 32 aLBuQuERQuE, S. a. a.; BERNaRDES, o.; RoSSato, C. avaliação da produção leiteira de búfalas na região sudoeste de São Paulo. Boletim do Búfalo, n.1, p. 38, 2004. BERNaRDES, o. Bubalinocultura no Brasil e no Mundo. Perspectivas frente ao agronegócio. In: I Simpósio de Ruminantes – unesp Registro, 2010. 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CADEIAS PRODUTIVAS EM MEDICINA VETERINÁRIA 1 Conceitos essenciais de criação de ruminantes de corte e leite 2 Consumo de carne no Brasil 3 Exportações de carnes brasileiras 4 Estrutura da cadeia produtiva de carnes no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia 4.1 Carne bovina 4.2 Cadeia de ovinos e caprinos4.3 Cadeia de suínos e aves 4.4 Característica da cadeia avícola brasileira 4.5 Característica da cadeia de suínos brasileira 5 Desafios das cadeias das carnes 6 Consumo de leite no Brasil 6.1 Exportação de leite no Brasil 7 Estrutura da cadeia produtiva de leite no Brasil (bovina, ovina, caprina e bubalina); pontos fortes e gargalos da cadeia 7.1 Leite bovino 7.2 Leite caprino e ovino 7.3 Leite bubalino 7.4 Desafios da cadeia produtiva do leite
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