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1 Carla Tatiana Meira Bock, Daisy Campos de Moraes, Elvis Oliveira dos Santos, Fernanda Martins da Silva 2 Karen Cris Sartori Frederico Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (1644) – Prática do Módulo VI – 20/06/2019 Acadêmicos¹ Tutor Externo² RESUMO Palavras-chave: 1. INTRODUÇÃO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Presente trabalho tem como objetivo trazer a história da Educação de Jovens e Adultos e sua importância, bem como o olhar do educador para o sujeito do EJA, abordaremos o início da educação no Brasil colônia, os direitos adquiridos durante a proclamação da república, e perdidos no golpe militar, e a da educação voltada para o ensino profissionalizante. O processo de conquista do EJA, o objetivo de alfabetizar jovens e adultos, a importância do educador Paulo Freire e a luta pela educação em que atingisse as minorias, o método voltado para desenvolver a capacidade de pensar com base nas vivências, tornando o educando um sujeito crítico e consciente. O motivo político da metodologia freiana não se bem-vista em sua época e ainda nos dias de hoje, o olhar do educador para o sujeito do EJA, sujeito que por algum motivo não teve oportunidade de estudar no seu tempo. A importância do educador estar preparado para ensinar jovens e adultos de idades diversas, personalidades diferentes, fazendo com que o educando não perca o interesse pela educação, trazendo o gosto pelo pensar e aprender, com metodologias não repetitivas mas metodologias inovadores baseada sempre no pensar despertando dentro do educando o melhor dele. Este trabalho propõe uma análise sobre a contextualização histórica, econômica e sociocultural dos sujeitos da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Baseada no intuito de alfabetizar pessoas adultas que não conseguiram frequentar a escola em tempo regular, ou seja, no ensino fundamental e ensino médio, recuperando assim, o tempo perdido e complementando sua formação escolar. Esse trabalho, baseia-se em pesquisas que abordam o desenvolvimento da educação de jovens e adultos no Brasil, apontando Paulo Freire como um dos autores que lutou por um povo crítico e consciente utilizando seus métodos de educar sendo educado onde todos aprendem uns com os outros para realizar uma educação diferenciada na sociedade. EJA-Educação-Politica-Direito- Desenvolvimento Um olhar para a história sócio cultural dos sujeitos da EJA 2 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A educação de jovens e adultos teve seu início no Brasil colônia, onde os jesuítas creram que só educando os índios poderiam os catequisar, assim a educação dos jesuítas era direcionadas para as crenças cristãs. Logo após a proclamação da república a forma de educação se tornou para todos, mas somente para as famílias dos ricos que eram alfabetizadas desde crianças, após o decreto nº 7.031 de 1878 foram criados cursos no turno da noite onde alfabetizavam jovens e adultos, mas somente a partir do ano de 1940 que a EJA se tronou uma política educacional, sendo reconhecida pela constituição federal art.208 passando a ser de obrigatoriedade no ensino público fundamental. A constituição de 1934 não teve muito êxito pois o presente época Getúlio Vargas deu o golpe militar criando assim um novo regime fazendo então que n constituição de 1937 fosse retirado qualquer responsabilidade do estado sobre a educação, fazendo com que a educação se tornasse para poucos, e que enfraquecesse, sendo até os dias atuais, onde a sociedade sem educação fica muito mais sujeita aos desmandos políticos, onde a educação de jovens e adultos buscava o ensino profissionalizantes, pois era mais interessante esses estudantes serem preparados para o mercado de trabalho, já que industrialização estava em alto crescimento. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a ciências e a Cultura, UNESCO foi fundada em 1946, onde desenvolveu orientações favoráveis ao desenvolvimento da educação de adultos, tendo como foco principal a educação fundamental voltada a crianças, jovens e adultos. Lourenço Filho Bacharel em direito, diretor do Inep no ano de 1938, caracterizou o adulto como analfabeto, e sujeito incapaz, e limitado de exercer seus direitos inclusive o da cidadania. Foi no ano de 1947, criou-se a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), respondendo assim a criação de programas nacionais de educação que transmitia os anseios do desenvolvimento econômico que agradou à elite brasileira. Foi na década de 60 onde o pensador Paulo Freire destacou-se com a proposta de alfabetizar adultos, onde lutou pelo fim da educação de elista, onde o mesmo defendia que a educação deve ser democrática e libertadora. No século XX com o processo de industrialização criou a necessidade de ter mão de obra qualificada, com essa amplificação a população rural indo para os centros urbanos com a expectativa de uma melhor qualidade de vida, surgindo assim a necessidade de alfabetizar os trabalhadores, criando as escolas para jovens e adultos. Em 1985 o Mobral deixou de existir dando lugar Fundação Educar, na constituição de 1988 o Estado ampliou seu dever com a EJA, de acordo com o artigo 208 da mesma constituição. Um dos precursores em favor da alfabetização de jovens e adultos foi Paulo Freire que sempre lutou pelo fim da educação elitista, Freire tinha como objetivo uma educação democrática e libertadora, onde ele era parte da realidade, da vivência dos educandos Paulo Freire um dos presos políticos da ditadura militar que lutou por um povo crítico e consciente da sociedade, foi massacrado pelo sistema da época, Freire mudou a história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, tomando o educando sujeito letrado, crítico e consciente de sua história, isso lhe custou a liberdade, fora expulso do pais. A educação cada vez mais desandou em nosso país, diferente dos países desenvolvidos que souberam aproveitar os métodos de Paulo Freire. Chegando ao fim a ditadura militar seus refugiados políticos voltaram para o Brasil e tentaram recuperar o tempo perdido na educação. Quando falamos em EJA logo vem o Método Freire, mas nas salas de aula a metodologia freiriana é muito pouca usada, o governo ainda não investe em formações para seus educadores. Através disso vem o motivo pelo qual Paulo Freire não era bem querido pelos governante da época pois estavam acostumados com uma educação bancária onde os educadores depositavam seus conhecimentos fazendo com que os educando não tivessem uma aprendizagem significativa e sim uma decoração, o método consistia em educar sendo educado onde todos aprendem uns com os outros. Com o processo de industrialização a qualificação passou a ser crucial para o trabalho, fazendo assim os jovens e adultos terem que voltar a estudar pra se colocarem no mercado de trabalho, e a forma de alcançar o trabalho que se deseja é buscando a EJA em escolas ou em grupos comunitários que desenvolviam programas de alfabetização, e alfabetizar alguém nesta fase da vida não é uma tarefa muito fácil pois requer muita consciência motivação e força de vontade. 3 “Não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio” (Freire,2013, p. 51) [...] Eu ensino matemática porque eu acredito que ela é necessária para que a sociedade tenha menos discriminação. O sonho principal, o sonho fundamental não é a matemática. A matemática é muito importante, mas tem queestar a serviço de alguma coisa. (Freire.P.33.2019) Conforme Paulo Freire(2013) trata que ensinar exige, saber que não se pode separar o ensino dos conteúdos da formação ética dos alunos, as ações, o social, a libertação, valores. Nenhum destes itens pode ser deixado separado, assim construindo a autonomia de seus alunos. Não só conteudistas. “A alfabetização, por exemplo, numa área de miséria só ganha sentido na dimensão humana se, com ela, se realiza uma espécie de psicanálise histórico político social” (Freire. 2016. p.81) A EJA devido ao capitalismo é uma educação de baixíssima qualidade, onde sua composição é de mão de obra barata, pois é vista como um meio de garantir o emprego que já possui ou um crescimento melhor. É válido lembrar que o direito a educação de Jovens e Adultos é assegurado por lei e as instituições de ensino devem garanti-la de maneira que atenda tal demanda sem ignorar suas deficiências. A alfabetização de jovens e adultos é muito mais que ensina-los noções de leitura e escrita, o jovem ou adulto ao entrar em uma escola tem um objetivo delimitado e compreende a escola como um meio para alcançar tal objetivo, o professor alfabetizador se torna então um mediador entre o aluno e o conhecimento, para isso ele precisa estar bem informado, motivado e querendo realizar um trabalho de construção. Um marco da educação de jovens e adultos é a metodologia utilizada por Paulo Freire, tendo como objetivo uma educação democrática e libertadora, considerada por alguns educadores como uma teoria do conhecimento, sendo mais do que uma metodologia de ensino, ele parte do conhecimento que o aluno trás de casa, propondo temas geradores extraídos do cotidiano dos alunos, a partir daí os educandos participam de discussões, observando temas cenas e slides de sua realidade, após isso inicia-se o estudo das famílias silábicas das palavras propostas. “Ensinar inexiste sem aprender e vice versa, e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar.” (Freire.2016. p.26) “O educador democrático não pode negar de o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando” (Freire 2016.p.28) . 4 3. MATERIAIS E MÉTODOS Os conceitos de “necessitar saber” vem da origem do interior do ser, considerado em sua plena realidade, enquanto o de “saber” e “não saber” (como fatos empíricos) coloca-se na superfície do ser humano, é um acidente social, além de ser impossível definir com rigor absoluto os limites entre o “saber e o não saber” (daí que não há uma fronteira exata entre o alfabetizado e o analfabeto). Porque o “necessitar” é uma coisa que ou é satisfeita (se é exigência interior) ou, se não é, não permite ao indivíduo subsistir como tal entre (por exemplo: as necessidades biológicas). O “necessitar” ao qual se referem a leitura e a escrita é de caráter social (uma vez que tem por fundamento o trabalho). Pinto (2007, p.92). Para a realização desse trabalho pesquisamos em livros, sites e artigos que abordam assuntos sobre a Educação de jovens e adultos que não conseguiram frequentar a escola em tempo regular. Ao longo da nossa pesquisa em sites, livros e artigos baseados em alguns fundamentos teóricos encontramos o pensador Paulo Freire que se destacou com a proposta de alfabetizar jovens e adultos na década de 60, onde lutou pelo fim da educação elista e mudou a história da educação de jovens e adultos no Brasil, Freire tinha como objetivo uma educação democrática e libertadora, durante o estudo observamos que a alfabetização é um desafio para toda a sociedade e que foi a UNESCO em 1946 que desenvolveu orientações favoráveis para o desenvolvimento da educação de adultos. Através da nossa pesquisa observamos que foi no século XX que começaram a ser criadas escolas para jovens e adultos, pois com o processo da industrialização teve a necessidade de ter mão de obra mais qualificada e também observamos que a EJA é uma educação de baixíssima qualidade devido ao capitalismo, pois é vista somente como um meio de garantir emprego. O direito de estudar é garantido a todos não importando se é criança jovem ou adultos. Aulas são para pessoas com idade superior a 15 anos (Foto: Divulgação/Sesi) Na foto, podemos observar várias pessoas. São homens e mulheres de idades variadas. Podemos ver logo a frente uma senhora, provavelmente com mais de 60 anos e um jovem, com seus 20 e poucos anos. Logo atrás é possível ver outros alunos de várias idades, que variam de 16 a 75 anos ou mais. O que os liga é a vontade de mudar de vida, ou realização pessoal. Todos tem um objetivo em comum terminar os estudos. Na foto, podemos ver o quanto estão concentrados, prestando atenção na aula. 5 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base assistencialista, surge a EJA, com enfoque em adultos fora de idade convencional, jovens, que por algum motivo no momento escolar tiveram que abandonar os estudos. Somente no século XX (início da industrialização e movimentos populares) conquista lugar na condição de supletivo. Por grande pressão a partir de índices de analfabetismo, situação social, exclusão, e precariedade para esta área específica, fizeram que a EJA entrasse em processo de legislação educacional. Tem por características a EJA, a idade dos alunos, o reconhecimento e respeito do educando em relação a esse fator, sua contribuição para o acolhimento deste ser em desenvolvimento e a construção e aceitação de sua identidade. Perfil da maioria dos alunos da EJA, além da idade, é quase que unanime, a volta para o mercado de trabalho, além do exercício da cidadania. Adultos com grande bagagem de conhecimentos sociais e culturais, essa especificidade precisa ser trabalhada e aproveitada em relação professor e aluno da EJA, como pensamento crítico, muito discutido por Paulo Freire, precisa ser de modo aproveitada e aprimorada, além dos conteúdos para seu desenvolvimento pedagógico. Ainda, nota se a EJA uma modalidade de ensino assistencialista, As Diretrizes Curriculares da EJA, as metas previstas PNE e as reivindicações dos professores e dos alunos da EJA, nos fóruns e nos encontros nacionais tem destacado ideias-forças citadas anteriormente. Mesmo que o social ainda se faça presente neste ambiente da EJA, é importante o debate e aprimoramento desta modalidade tão importante na vida de um aluno, um ser humano em busca de uma segunda chance, uma segunda oportunidade de vida melhor, incluir se em sociedade, fazer se notar, entender situações em seu dia a dia, como ler o letreiro do seu ônibus. Isso torna o EJA uma modalidade, além do desenvolvimento de conteúdos um ato de ensino libertador e emancipatório. Esse fator exige do professor muita reflexão, e um olhar diferenciado a estes sujeitos, onde a busca de qualificação e formação tornam se indispensáveis, para o educando, assim, evolui a prática de qualidade e responsabilidade para acrescentar e construir esta identidade, perdida por este aluno ao decorrer dos anos. Ao pesquisar a EJA identificamos que para trabalhar com a EJA, se faz necessário entender o mundo do aluno da EJA, de onde ele vem e sua história, desta forma aplicar os conteúdos de forma direcionada. O professor tem que trazer para a aula o mundo ao qual ele está, inserindo, matérias que as quais o remetem para o seu cotidiano, como por exemplo, se os alunos são de uma zona rural, trazer atividades com elementos, figuras,textos, musicas, objetos do local em que vive, desta forma facilitando o entendimento, fazendo com que o aluno consiga assimilar com alguma memória, e assim ajudando no processo de alfabetização. Avaliamos que as didáticas são métodos muito usados em sala de aula, nelas os alunos além de terem a oportunidade de se conhecerem, interagirem e aprender de uma forma mais descontraída, e serem avaliados pelo professor Mas para que todo o processo de alfabetização do aluno que está ingressando na EJA se concretize o professor tem uma enorme responsabilidade, de não deixar esse aluno desistir. Diante disso o professor tem que estar bem preparado, para ensinar o aluno da EJA, pois por algum motivo esse aluno não teve a oportunidade de ingressar na escola no seu tempo, e hoje busca adquirir o conhecimento, conhecimento adquirido uma vez nunca mais é tirado. 6 5. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. São Paulo: Ed. Pearson, 2006. FERREIRA, Gonzaga. Redação científica: como entender e escrever com facilidade. São Paulo: Atlas, v. 5, 2011. MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013. PEROVANO, Dalton Gean. Manual de metodologia da pesquisa científica. Curitiba: Ed. Intersaberes, 2016. Educação de Jovens e Adultos no Brasil: Considerações Históricas e Legislativas- SO PEDAGOGIA. Disponível em:< http://www.pedagogia.com.br/artigos/historicoelegislativo> Acesso em: 23 de maio de 2019 Paulo Freire. Pedagogia da Autonomia. Editora paz e terra. Edição 46 edição.2013 Paulo Freire. Pedagogia da Autonomia. Editora paz e terra. Edição 54 edição.2016 SANTOS, Lidiane Costa. EJA: ASPECTOS HISTÓRICOS, ECONÔMICOS, POLÍTICOS, IDEOLÓGICOS E LEGISLAÇÃO FEDERAL. Disponível em:< http://observatorio.ifg.edu.br/index.php/obsdebate/article/view/68/61> Acesso em 29 de maio de 2019 Vimos que a Educação de Jovens e Adultos no Brasil, ao longo de sua história passou por várias fases, tanto em seu currículo como em sua nomenclatura, atendendo os interesses políticos, econômicos ou religiosos da época. A educação de jovens e adultos é um direito assegurado pela lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), é assegurado gratuitamente aos que não tiveram acesso na idade própria e conforme a LDBEN o poder público deverá estimular o acesso e a permanência do jovem e do adulto na escola. Há diversos fatores que impedem a criança, adolescente em ser alfabetizado, como a necessidade de trabalhar para ajudar nas despesas da casa, por motivo de distância do ambiente escolar ou enfermidade, mas logo na fase adulta percebem o quanto a educação básica lhe faz falta, indo em busca do conhecimento. Muitos pesquisadores e estudiosos colaboraram com estudos nesta área, dentre eles destacamos o pai da Educação Popular, Paulo Freire. Na década de 60, Freire expõe seu método de alfabetizar adultos baseado em uma concepção sócio cultural, onde a experiência do educando era valorizada e levada em conta. Partindo de palavras geradoras, do dia a dia, de convivência do aluno; sobretudo a educação freiana tinha como objetivo de fazer com que o aluno refletisse sobre suas ações no mundo, formar um sujeito letrado, crítico e consciente do seu papel na sociedade; uma Educação democrática e Libertadora, como ele mesmo chamava. Assim sendo, a educação de Jovens e Adultos traz muitos desafios, tanto para o professor quanto ao aluno, mas são esses desafios que constroem ás práticas eficazes de alfabetização. Cada resultado e avanço deve ser comemorado, pois só o aluno sabe quantas barreiras ele enfrentou para estar ali, e cabe a nós professores mantê-los animados, esperançosos; despertando-lhes o interesse em aprender mais e mais.
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