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FICHAMENTO História da filosofia Giovanni Reale, São Paulo: Paulo, 2005.

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FICHAMENTO
História da filosofia
Giovanni Reale, – São Paulo: Paulo, 2005.
A filosofia como criação do gênio helênico
A Filosofia como conhecemos hoje, no sentido de um conhecimento racional e sistemático, foi uma atividade, que segundo defende na história pela quase totalidade dos estudiosos, sendo do gênio helênico e fenômeno tão novo de correspondência grega, que pode se analisar uma superioridade desses povos em relação aos outros. Neste ponto específico é de caráter não puramente quantitativo, mas qualitativo ,pois o que eles criaram ,instituindo a filosofia, constitui novidade absoluta.
Uma das características fundamentais da filosofia consiste em confiança na razão, por causa dessas categorias racionais, ela possibilitou o nascimento da ciência, e em certo sentido, a gerou. Reconhecer isso significa também reconhecer aos gregos o mérito de terem dado uma contribuição verdadeiramente excepcional ao progresso da humanidade e à sua civilização.
A filosofia surgiu na Grécia pelas suas condições favoráveis, tais como:
a)A liberdade em relação aos dogmas metafísicos, aos preconceitos morais, às tiranias políticas
b) A poesia antecipou o gosto pela harmonia, pela proporção missas e pela justa medida (Homero, os Líricos)
A poesia antecipou o gosto pela harmonia, pela proporção missas e pela justa medida (Homero, os Líricos) À defesa do conhecimento científico e técnico e dos inalienáveis direitos naturais do homem e do cidadão.
As condições socioecon6micas, conforme dissemos favoreceram o nascimento da filosofia na Grécia, com suas características peculiares.
Não faltaram entre os orientalistas tentativas de situar no Oriente a origem da filosofia, uma vez que os gregos adotaram alguns conhecimentos científicos dos mesmos como dos egípcios derivaram alguns conhecimentos matemático-geometricos; dos babilônios, alguns de astronomia. Entre tanto, adaptados através dos conhecimentos gregos, transformaram aquelas noções em uma teoria geral e sistemática, indo muito além dos objetivos práticos desenvolvidos anteriormente. 
Além disso, a partir de fins do século dezenove, a crítica rigorosa produziu uma série de provas verdadeiramente esmagadoras contra a tese de que a filosofia dos gregos tivesse derivado do Oriente.
Os poemas homéricos e os poetas gnômicos
O desenvolvimento cultural em que se encontra um determinado povo é representando pelas técnicas dominadas, relações sociais, criação artística e religião dos mesmos. Fazer referências a estes fatores é necessário para compreensão da filosofia de um povo e de uma civilização.
A grande arte, de modo mítico e fantástico, ou seja, mediante a intuição e a imaginação o, tende a alcançar objetivos que também são próprios da filosofia.
A religião tende a alcançar certos objetivos que a filosofia procura atingir com os conceitos e com a razão.
As condições socioeconômicas e políticas, que frequentemente condicionam o nascimento de determinadas idéias e que, de modo particular no mundo grego, ao criar as primeiras formas de liberdade institucionalizada e de democracia, tornaram possível precisamente o nascimento da filosofia, que se alimenta essencialmente da liberdade.
Antes do nascimento da filosofia, os poetas tinham importância extraordinária na educação e na formação espiritual do homem grego. O helenismo inicial buscou alimento espiritual de modo predominante nos poemas homéricos.
Os poemas homéricos apresentam algumas peculiaridades que os diferenciam de poemas que se encontram na origem da civilização de outros povos, essenciais a criação da filosofia.
Homero tem grande senso da harmonia, da proporção, do limite e da medida;
Não se limita a narrar uma serie de fatos, mas também pesquisa suas causas e razões;
Procura de diversos modos apresentar a realidade em sua inteiresa;
Os poetas líricos fixaram de modo estável outro conceito: a noção do limite, ou seja, a ideia de nem demasiadamente muito nem demasiadamente pouco, o conceito da justa medida, que constitui a conotação mais peculiar do espírito grego e o centro do pensamento filosófico clássico.
A religião pública e os mistérios órficos 
O segundo componente ao qual é preciso fazer referencia para compreender a gênese da filosofia grega, é a religião. Todavia, quando se fala de religião grega, é necessário distinguir entre a religião pública, que tem o seu modelo na representação dos deuses e do culto que nos foi dada por Homero, e a religião dos mistérios.
Ambas as formas de religião são muito importantes para explicar o nascimento da filosofia, mas - ao menos em alguns aspectos - sobretudo a segunda.
O orfismo 
O Orfismo e os Órficos derivam seu nome do poeta Trácio Orfeu, seu suposto fundador, cujos traços históricos são inteiramente cobertos pela névoa do mito.
O Orfismo proclama a imortalidade da alma e concebe o homem conforme o esquema dualista que contrapõe o corpo à alma. 
O núcleo das crenças órficas pode ser resumido como segue:
Reencarnação: No homem hospeda-se um principio divino, um demônio (alma) que caiu em um corpo por causa de uma culpa originaria.
Esse demônio não apenas preexiste ao corpo, mas também não morre com o corpo, pois esta destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, a fim de expiar aquela culpa originaria.
A punição (inferno): Com seus ritos e práticas, a "vida órfica" é a única em grau de pôr fim ao ciclo das reencarnações e de, assim, libertar a alma do corpo.
Para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órficos) há um prêmio no além (da mesma forma que ha punições para os não iniciados).
Falta de dogmas e de seus guardiões na religião grega 
Os gregos não tiveram livros sagrados ou considerados fruto de revelação divina. Consequentemente, não tiveram uma dogmática (isto é, um núcleo doutrina) fixa e imutável. Como vimos os poetas constituíram o veiculo de difusão de suas crenças religiosas.
Essa inexistência de dogmas e de guardiões dos mesmos deixou ampla liberdade para o pensamento filosófico, que não se deparou com obstáculos que teria encontrado em países orientais, onde a livre especulação enfrentaria resistência e restrições dificilmente superáveis.

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