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A relação entre a sociologia e o direito necessita ser melhor compreendida por sociólogos, juristas e demais cientistas sociais. As fronteiras disciplinares no campo das ciências sociais contribuíram para consolidação de um saber mais sistemático, objetivo e empírico sobre as sociedades humanas, mas terminaram por produzir zonas exclusivas de conhecimento, saberes incomunicáveis e preconceitos recíprocos. Quando estas fronteiras ainda não estavam consolidadas, era possível um diálogo mais aberto entre a sociologia e o direito. Os clássicos do pensamento sociológico (Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx), no século XIX e início do século XX, buscaram compreender a relação do direito com a complexidade da vida social. Apesar das profundas diferenças metodológicas e ideológicas entre estes três autores, o objetivo principal dos clássicos era estudar o direito como um fenômeno coercitivo e regulador das condutas humanas e/ou como uma forma de dominação de uma determinada classe social ou de determinados grupos e indivíduos que se fazem acreditar pela lei, pelo costume ou pelo carisma. A relação da sociedade com a filosofia, a economia e o Direito Durkheim define as bases fundamentais do conhecimento sociológico. Ele aborda a necessidade de consolidar um saber sociológico fundamentado em pesquisas concretas, sem a pretensão de fazer as grandes sínteses abstratas presentes nos trabalhos de Augusto Comte e Spencer. Durkheim critica o ponto de partida da reflexão dos economistas: o indivíduo genérico. Os economistas abstraem todas as determinações sociais relacionadas ao tempo histórico, à nação, à família, ao grupo profissional e formulam uma idéia abstrata de indivíduo egoísta, preso às leis mercadológicas. A sociedade não é a simples soma dos indivíduos, mas um fenômeno novo e mais complexo. O sociólogo, portanto, deve identificar as leis sociais, ou seja, as regularidades do denominado reino social. A sociologia não pode ficar se interrogando se o homem é livre ou não, pois se trata de uma reflexão específica da filosofia. O ponto de partida sociológico é que “a liberdade individual se acha sempre e em toda parte limitada pela coerção social, quer sob a forma de hábitos, de costumes, de leis ou de regulamentos” (Durkheim, 1992, p. 54). A sociologia, como uma ciência positiva, deve se desinteressar destas questões abstratas e descobrir as leis necessárias que regem o mundo social, as determinações sociais que acontecem em cada experiência concreta através da observação direta dos fatos sociais. Durkheim critica o ponto de partida da reflexão dos economistas: o indivíduo genérico. Os economistas abstraem todas as determinações sociais relacionadas ao tempo histórico, à nação, à família, ao grupo profissional e formulam uma idéia abstrata de indivíduo egoísta, preso às leis mercadológicas. A sociedade não é a simples soma dos indivíduos, mas um fenômeno novo e mais complexo. A linguagem, as crenças religiosas compartilhadas, os símbolos coletivos, os códigos morais, as normas do direito, os costumes e tradições passados de geração em geração formam uma realidade sui generis que se constitui como o objeto de estudo científico da sociologia. O sociólogo, portanto, deve identificar as leis sociais, ou seja, as regularidades do denominado reino social. Para Durkheim, é necessário primeiramente definir estes conceitos a partir dos fatos empiricamente observados, isto é, da realidade como ela é e não como deve ser. O direito é uma instituição social porque apresenta um caráter coercitivo nos indivíduos através de um conjunto de sanções, punições e obrigações. Além disso, é exterior aos indivíduos, visto que as leis, constituições e códigos existem independente da vontade individual, e é geral, posto que muitas pessoas aderem às normas jurídicas num determinado território.