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Universidade Federal Fluminense Fundamentos Da Diversidade Biológica e Protistas Aluno: Jorge Luiz De Lima Vaccari Turma AB – Ciências Biológicas – Bacharelado 2019.2 Relatório de aula prática Data: 05/09/2019 Técnicas de conservação e coloração de amostras biológicas Introdução: Após a coleta de amostras, é necessário que haja conservação das mesmas, pois geralmente a análise é feita algum tempo depois da coleta e sofre decomposição devido a ação de microrganismos. Uma das vantagens das técnicas de conservação é o menor esforço necessário se comparada ao cultivo de seres, tornando-a uma alternativa mais viável. Muitas vezes a aplicação de corantes é necessária pois algumas amostras só podem ser observadas nessas condições. Conservação de amostras biológicas Qualquer amostra biológica está sujeita a decomposição e isso pode acarretar na perda dessas amostras devido a atividade microbiana. Partindo desse contexto, o que é conservação? Conservação é qualquer procedimento que impede ou retarda esse processo de decomposição e nos permite fazer a análise dessas amostras. Podemos dividir esses procedimentos em dois tipos: Físicos e Químicos. Métodos Físicos Esse tipo de procedimento trabalha com a temperatura no desaceleramento ou interrupção da atividade metabólica dos microrganismos. É possível utilizar métodos de redução ou aumento de temperatura, levando a secura. Essas alterações podem ser leves, intensas ou extremamente intensas, que conforme aumenta-se o grau de alteração, consequentemente, seu grau de eficácia de eliminação de microrganismos é maior. 1) Refrigeração - É um método físico mais prático e natural, onde geralmente as amostras são liquidas, e essas amostras possuem uma perspectiva de analise a curto prazo. Neste método trabalham-se temperaturas bem baixas (em torno de 5°C) e não há destruição de microrganismos, mas sim uma desaceleração de sua atividade metabólica, ou seja, ela retardada o processo de decomposição das amostras. Por outro lado, esse método só é eficiente por pouco tempo, sendo necessário que a análise seja feita rapidamente. 2) Congelação - É um método onde o material permanece praticamente intacto. Nele trabalham-se temperaturas em torno dos -20°C, onde os microrganismos são mortos, porém a estrutura básica da amostra fica intacta. Nesse método não há a necessidade de analisar a amostra rapidamente. Mas esta técnica possui algumas falhas, o congelamento leva a formação de cristais de gelo dentro das células da amostra fazendo com que haja uma expansão e consequentemente rupturas que ocasionam em alterações morfológicas e químicas na amostra biológica. Por isso vale ressaltar que os métodos de conservação devem ser escolhidos de acordo com o que será analisado. 3) Criopreservação ou criogenia - É um método onde se utilizam temperaturas extremamente baixas (algo em torno de -150°C). Existem dois recursos importantes na utilização desta técnica, o primeiro é o uso de freezers científicos, que podem alcançar temperaturas baixíssimas e o prazo de conservação é indeterminado. Como a qualidade da conservação de amostras depende de uma fonte de energia eficaz, são instalados geradores como forma de precaução a possíveis casos de perda de energia. O segundo recurso é o uso de botijões criogênicos, que usam nitrogênio líquido, chegando a -196°C. Esse recurso não danifica as amostras, deixando as mesmas vivas e viáveis para utilização, se seguirmos os procedimentos corretamente. Fotos de um botijão criogênico cedidas pelo professor Sérgio O. Lourenço Um importante detalhe para esse recurso de conservação em especifico é a disponibilidade de nitrogênio. O nível de nitrogênio no botijão tem que estar cobrindo as amostras para total conservação das amostras. Para a utilização desse método devem ser seguidos vários procedimentos protocolares: - As amostras devem ser colocadas em recipientes especiais que suportem essa temperatura, por isso são utilizados o s tubos criogênicos, que são feitos de um material plástico nobre chamado de polipropileno; - Além disso elas devem estar em pequenos volumes, (células em suspensão, fragmentos de tecido); - Há também a utilização de crio protetores, que é uma substância utilizada para proteger o tecido biológico de danos de congelamento. Podem ser usados metanol, sais de manganês ou glicerol, para a extração do excesso de água nas células, por exemplo -Nesse processo é preciso adicionar substancias que irão desidratar as células, em seguida diminuir a temperatura em níveis consideráveis para aí então serem levadas para dentro do botijão criogênico. E Depois de retiradas dessas conservas, deverão ser reidratadas. Esses protocolos são muitos específicos e devem ser feitos cuidadosamente, variando de acordo com a natureza das amostras. 4) A vitrificação - é um método utilizado em que o citoplasma da célula fica no estado sólido, contribuindo assim para sua conservação. Vale a pena destacar que isso só acontece se a célula for desidratada e depois levada a temperaturas ultrabaixas. Ela fica em um estado de extrema rigidez, mas não é danificada, suas funções vitais ficam intactas. Como se o tempo e seu metabolismo “parassem” 5) Secagem em estufa – Se resume a elevar a temperatura das amostras em uma estufa, em cerca de 50°C para a retirada da umidade, tendo em vista que esse método não retira 100% da umidade. Usando a estufa para secar o material, ocorre uma alteração da textura, morfologia e química da amostra, além de matá-la. O tempo de preservação desse método é longo, podendo chegar a 3 anos. 6) Liofilização - É um método que retira 100% da umidade da amostra não alterando-a quimicamente. O processo consiste em submeter a amostra a uma temperatura entre -50°C e -60°C, congelando-a e puxar o ar do compartimento criando um vácuo, assim toda a água é retirada, pois ocorre a sublimação (passa do estado sólido diretamente para o gasoso) e fica retida no outro compartimento. O processo requer mais tempo para ser realizado e pode durar até 24h, matando a amostra, porém o tempo de conservação é indeterminado. A liofilização é muito utilizada nos dias atuais para produzir alimentos liofilizados, tendo valor comercial. Foto da imagem de um liofilizador tirada durante a aula prática ministrada pelo professor Sérgio O. Lourenço 7) Exsicatas – A herborização de exsicatas é um método que consiste na retirada da umidade em estufas, geralmente é usada uma amostra maior, presa em uma folha de papel contendo suas informações. Essa exsicata deve ficar na horizontal e tem seu tempo de conservação indeterminado. A escrita deve ser feita a lápis ou com uma caneta especial. Já que o papel terá contato direto com a água, ficando submerso, podendo borrar algo se escrito com caneta esferográfica. Exsicata sendo preparada durante a aula prática. Imagem cedida pelo professor Sérgio O. Loureço Depois das amostras serem devidamente coletadas, devemos seguir para o processo de herborização, que é uma técnica extremamente especial em que fazemos uma peça do material coletado ser aderida e prensada numa peça de papel. Feito isso, o material deve passar por uma secagem, para só assim serem incorporadas nos acervos dos herbários (ambientes com temperatura extremamente controladas para a preservação e conservação de exsicatas) Métodos Químicos Já os métodos químicos são aqueles em que há adição de substâncias que vão inibir o crescimento e o desenvolvimento de microrganismos. Nesses processos, a decomposição fica muitalenta ou até mesmo é interrompida. Formaldeído - Uma forma de conservação química é a utilização de um formaldeído, mais conhecido popularmente como formol (CH2O). Ele consiste em um gás extremamente volátil e ativo, produzido a partir do metanol, que é comercializado em forma líquida (misturado à água e álcool) para tornar seu manuseio mais prático. Seu preço é bem mais barato em comparação aos outros materiais, mas um contato constante pode causar danos à saúde, doenças cardiorrespiratórias ou até mesmo câncer. Foto de um vidro contendo formaldeído, cedida pelo professor Sérgio Lourenço, 2019 A aplicação d esses produtos também variam de acordo com a natureza das amostras. Amostras menores precisam de concentrações mais baixas, enquanto as maiores necessitam de concentrações mais altas. O tempo de conservação é indeterminado, dependendo apenas de algumas variáveis, como a abertura dos frascos onde se encontram as amostras, renovação de substancias, etc. Quando falamos de substancias químicas, existe também o fator de fragilidade. Algumas amostras não combinam com determinados elementos, e podem acabar levando a danificação das mesmas. Amostras com carbonato de cálcio por exemplo reagem diretamente com o formol Cloreto de Mercúrio (HgCL2) - É um conservante extremamente eficiente, porém muito tóxico e perigoso, devido a sua solubilidade em água, sendo ainda um material caro Imagem de um recipiente contendo cloreto de mercúrio, retirada da internet Lugol - É uma solução conservante que possui variações em sua formula e não é toxico para o manipulador. Essa solução também age como corante, realçando cores e é considerado caro. O lugol é volátil, sublimando quando deixado aberto, e mata as amostras. Lugol é uma mistura envolvendo iodo, iodeto de potássio e água destilada Foto de um recipiente contendo lugol, cedida pelo professor Sérgio Lourenço O Glutaraldeído - É uma substancia usada na conservação química de amostras, sendo ela volátil, podendo causar danos à saúde devido a sua toxicidade, sendo necessária proteção ao manipular a substancia, evitando contato com a pele e inalar o vapor. O material é considerado caro em relação aos outros conservantes e bem parecido com o formaldeído. É usado também como desinfetante bactericida contra bactérias gram positivas e gram negativas, sendo também eficiente para proteger a amostra de alguns fungos e vírus Foto de um frasco contendo glutaraldeído, imagem cedida pelo professor Sérgio Lourenço Glicerina - É um conservante que desidrata as células, dificultando a analise morfológica, e tem um preço elevado. Algumas bactérias são capazes de consumir essa substância, podendo comprometer a amostra Imagem de um frasco contendo Glicerina, imagem cedida pelo professor Sérgio Lourenço Técnicas de coloração e uso de corantes Uso de corantes Algumas amostras são muito pálidas e por isso precisam ser coradas para uma melhor análise. Os corantes, são substâncias que absorvem certos comprimentos de onda da luz visível e têm afinidade por determinados constituintes celulares. Esses corantes atuam fixando-se eletiva ou seletivamente em determinadas estruturas celulares, ligando-se com o peptidoglicano, reagindo com carboidratos, interagindo com substâncias ácidas da célula, conferindo a elas diferentes graus de absorção de luz incidente. Esses corantes utilizados podem ser divididos em Vitais e Não-vitais. Os corantes vitais normalmente são aplicados em materiais vivos e não matam os organismos, pois se ligam a eles quimicamente durante apenas um certo período de tempo. Temos como exemplo o azul de metileno, que normalmente é utilizado para observação de protozoários. Já os corantes não-vitais fazem essas ligações químicas permanentemente, levando assim à morte do material biológico. A utilização desses corantes deve ser feita em lâminas permanentes. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para a confecção dessas lâminas e estas diferem principalmente na escolha da substância utilizada na infiltração e suas particularidades. Depois do material ser coletado, ele deverá ser fixado, usualmente em soluções de FAA 70º ou glutaraldeído, e desidratado. Depois disso passará por processos de infiltração e inclusão, que tornarão a amostra resistente para suportar os impactos provenientes do processo de seccionamento. Para seccionar o material no micrótomo é preciso unir o material a um bloco de madeira que servira de apoio. Depois de todas essas etapas, a amostra irá para o micrótomo, equipamento essencial para a montagem de lâminas, que secciona as amostras nas espessuras corretas. Depois e seccionadas as amostras estão prontas para coloração e montagem nas lâminas. (UFSC, 2015) É importante ressaltar que elas devem ser preparadas previamente e só depois de o material estar completamente aderido à lâmina adiciona-se os corantes. Foi apresentada uma lâmina contendo uma amostra de sangue corado para ver um protozoário incolor. Além disso o professor e plicou que existem técnicas para a preparação dessas lâminas, tais como: 1) O Espalhamento - Erroneamente chamado de esfregaço, consiste em promover uma raspagem das camadas superficiais de membranas mucosas com uma pequena espátula ou palitos e, posteriormente deslizar esse material raspado sobre a superfície limpa de uma lâmina. Exemplo de técnica de esfregaço 2) Imprint - Técnica consiste em pegar uma goto do material, e com o auxílio de um bastão dar leves batidas na lâmina. 3) Corte Histológico - Essa técnica consiste em cortar um pedaço pequeno geralmente de algo muito maior. O corte é feito em fatias extremamente finas para que seja melhor analisado no microscópio. Para que o corte seja possível, o material é submetido a um tratamento que torna essas células mais rígidas, normalmente é utilizada a parafina que endurece, servindo de apoio para o corte nos micrótomos. Alguns dos corantes citados na aula prática apresentados a turma. Da esquerda pra direta temos o Rosa de bengala, Fucsina e Eosina com azul de metileno Referências bibliográficas BEATRIZ, A., ARAÚJO, Y., & DE LIMA, D. (2011). Glicerol: um breve histórico e aplicação em sínteses estereosseletivas. Química Nova, vol. 34, nº2. CAPUTO, L., MOTA, E., & GITIRANA, L. (s.d.). FIOCRUZ. Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/capitulo_4_vol2.pdf GONÇALVES, R. (10 de março de 2011). Biomedicina Brasil . Fonte: http://www.biomedicinabrasil.com/2011/03/esfregaco-sanguineo.html INCA. (s.d.). INCA. Fonte: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=795 INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - USP. (s.d.). Introdução aos métodos de estudo da célula. Fonte: BIO-0206 - Biologia Celular: http://dreyfus.ib.usp.br/bio206/Apostila%20Pratica%20BioCel.pdf FIDALGO, O. & BONONI, V. L. R. Técnica de coleta, preservação e herborização de material botânico. Capítulo 1 (Série Documentos) São Paulo. 62p. 1989 MARTINS, M. I., & JUSTINO, R. (janeiro/março de 2015). Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. Fonte: CBRA: http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/v39n1/pag136-140%20(RB563).pdf TOBOGA, S., & VILAMAIOR, P. (2007). A célula (2 ed.). Brasil: Manole. Acesso em 17 de maio de 2016 UFSC. (25 de janeiro de 2015). Laboratório de Anatomia Vegetal. Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina: http://laveg.paginas.ufsc.br/roteiro-ilustrado/material-e-metod
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