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Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0020074-77.2017.5.04.0702 em 27/07/2017 18:24:02 - c9693eb e assinado eletronicamente por: - FERNANDO FORMOLO Consulte este documento em: https://pje.trt4.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código:17072718234541500000040073963 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 1 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo AUTORA: DANIELA TOSSIN RÉUS: RODROLI SERVIÇOS LTDA. e SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Vistos, etc. Dispensado o relatório nos termos do artigo 852–I da CLT, DECIDO: I – PRELIMINARMENTE DA ILEGITIMIDADE PASSIVA O réu SEBRAE alega ser parte ilegítima para figurar no polo passivo da lide, ao argumento de que celebrou contrato de prestação de serviços com a empresa Rodroli, não tendo mantido relação de emprego com a autora. A autora alega expressamente, na inicial, ter sido contratada pela ré Rodroli para prestar serviços em benefício do Sebrae. Postula seja declarada a responsabilidade subsidiária do SEBRAE pelo pagamento das verbas deferidas. Em tais circunstâncias, a preliminar de ilegitimidade passiva, calcada na inviabilidade de responsabilização do tomador do serviço, não se sustenta. Os fundamentos invocados dizem respeito ao próprio mérito da demanda e, assim, serão apreciados oportunamente. Preliminar rejeitada. II - MÉRITO PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 2 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo DA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE A autora alega ter sido admitida pela ré Rodroli em 17.04.2015, para laborar na função de auxiliar de serviços gerais, sendo despedida sem justa causa em 30.09.2016. Sustenta que, de acordo com as normas coletivas da categoria, o valor do adicional de insalubridade devido aos trabalhadores que desempenham a função de limpeza é de 20% sobre o salário-base da categoria profissional, independentemente da carga horária desempenhada. Afirma que a empregadora sempre efetuou o pagamento do adicional de insalubridade em desacordo com o convencionado. Postula o pagamento de diferenças do adicional de insalubridade, com os reflexos descritos no pedido. A ré Rodroli alega que a cláusula coletiva não determina que o pagamento do adicional de insalubridade independe da carga horária desempenhada pelo trabalhador, mas, pelo contrário, se reporta às incorporações previstas em lei. Da análise dos recibos de pagamento juntados aos autos é possível observar que a autora passou a receber o adicional de insalubridade a contar de dezembro de 2015, calculado e pago de forma proporcional à jornada reduzida (recibos de 59b66f1 - Pág. 6, por exemplo). Contudo, em que pese a autora laborasse em jornada reduzida, o adicional de insalubridade em grau médio deve ser calculado e pago tomando- se por base o salário mensal e integral, nos termos do artigo 192 da CLT. Há, inclusive, previsão expressa nas convenções coletivas (cláusula quinquagésima nona da convenção coletiva de 2016 - ID 5e27cd0 - Pág. 27 e 28, por exemplo) dispondo que os adicionais previstos nesta cláusula serão calculados sobre o valor do salário normativo da respectiva função para a prestação laboral de 220 (duzentas e vinte horas) mensais e sujeitos às incorporações previstas em lei. A expressão “sujeitos às incorporações previstas em lei” não trata de base de cálculo mas, obviamente, das integrações do adicional de insalubridade nas parcelas de direito. Condeno a demandada Rodroli, portanto, ao pagamento de diferenças de adicional de insalubridade a contar de dezembro de 2015 (quando passou a ser pago), entre o valor equivalente a 20% do “salário normativo” previsto para a função da autora e para a carga horária de 220 horas, e aquele pago no curso do contrato (proporcional à jornada reduzida), com reflexos em férias com o terço de acréscimo, em 13os salários e no FGTS com a multa de 40%. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 3 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo Indefiro reflexos em repousos e feriados, pois a autora era mensalista, estando os dias de descanso abrangidos pelo deferimento principal. Igualmente indefiro reflexos no aviso-prévio, visto que seu período foi trabalhado e, portanto, também está abrangido pelo deferimento principal. Saliento, por oportuno, que o pedido formulado na inicial se restringe a diferenças do adicional de insalubridade pela base de cálculo adotada, não havendo pedido com relação aos meses em que a parcela não foi paga no curso do contrato (período anterior a dezembro de 2015). DAS FÉRIAS A autora alega que as férias relativas ao período aquisitivo 2014-2015 foram gozadas dentro do período concessivo, mas pagas fora do prazo estabelecido em lei, uma vez que depositado o seu valor em 02.08.2016. Postula o pagamento da dobra das férias do referido período com o terço de acréscimo. A ré Rodroli alega que, conforme aviso de férias e tabela demonstrativa “anexa”, a autora usufruiu férias de 01.08.16 a 30.08.16, recebendo o devido pagamento no dia 02.08.16, conforme extrato juntado com a inicial. De acordo com o artigo 145 da CLT, o pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período. O aviso de férias de ID f44b37a confirma que a autora usufruiu férias do período aquisitivo 2015-2016 de 1º a 30.08.2016, mas o extrato de ID f44b37a - Pág. 2 comprova ter ocorrido o pagamento apenas em 02.08.2017, o que, aliás, é incontroverso. Como não foi efetuado o pagamento com antecedência mínima de dois dias em relação ao início das férias, incide na espécie a orientação da Súmula 450 do TST, in verbis: FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 386 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. Como a autora já recebeu o pagamento das férias em questão de forma PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 4 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo simples, resta pendente a dobra, com o terço de acréscimo. Condeno a ré Rodroli, portanto, ao pagamento da dobra das férias do período aquisitivos 2015-2016, com o terço de acréscimo. DO VALE-TRANSPORTE A autora alega que se deslocava ao trabalho utilizando transporte público coletivo. Refere que, embora tenha a empregadora realizado o desconto integral no seu contracheque, os valores alcançados não satisfaziam a sua necessidade mensal em relação ao transporte público necessário. Postula o pagamento de dois vales-transporte por dia de trabalho, deduzidos as valores eventualmente pagos no curso do contrato, sem realização de novos descontos. A ré Rodroli alega que sempre depositou o valor correspondente a dois vales-transporte por dia de trabalho, conforme tabelademonstrativa juntada com a defesa. A tabela de ID 7b4f5a3 comprova o pagamento de valores a título de vale-transporte nos meses de maio de 2015 a julho de 2016. Entretanto, o contrato de trabalho da autora teve vigência no período de 17.04.2015 a 30.09.2016, tendo ela usufruído férias durante todo o mês de agosto. Assim, a empregadora não comprovou o pagamento do benefício com relação a 14 dias do mês de abril de 2015, bem como com relação a todo o mês de setembro de 2016. Em sua manifestação sobre a defesa, a autora aponta diferenças a título de vale-transporte no valor de R$ 73,49. Considerando o período em que não comprovada a concessão do benefício, bem como os valores depositados nos demais meses sob os mesmos títulos, acolho o valor apontado pela autora como correto. Condeno a ré Rodroli, portanto, ao pagamento de diferenças de vale- transporte no valor de R$ 73,49, já descontada a parcela de participação da empregada no custeio do benefício. DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO A autora alega que no início do contrato lhe foi ofertada uma gratificação de função no valor de R$ 100,00 por mês. Afirma que, sem explicação plausível, a empregadora retirou referida rubrica da sua remuneração. Postula o pagamento da gratificação suprimida, com os reflexos descritos no pedido. PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 5 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo A ré Rodroli alega que a autora sempre recebeu a referida gratificação, que, no entanto, passou a ter nova nomenclatura (assiduidade), nada mais lhe sendo devido. De acordo com os recibos de pagamento juntados com a defesa da empregadora, a autora recebeu o valor fixo de R$ 100,00 por mês a título de gratificação de função no período de abril a outubro de 2015. No mês de novembro de 2015 a autora recebeu R$ 75,00 a título de gratificação de função, e no período de dezembro de 2015 a março de 2016 passou a receber valores aleatórios a título de assiduidade, em quantia inferior àquela até então recebida. A tese defensiva da empregadora no sentido de que a gratificação de função passou a ser paga sob a rubrica “assiduidade” não pode ser acolhida. Nada há nos autos que dê amparo à alteração efetivada e tampouco à forma como a parcela passou a ser paga, em valores variáveis e menores do que até então pagos. Não há nem mesmo alegação, na defesa, de que tenha havido alteração nas condições de trabalho da autora, que pudessem autorizar a supressão do pagamento da gratificação em tela. Condeno a ré Rodroli, portanto, ao pagamento da gratificação de função durante todo o período contratual, no valor de R$ 100,00 por mês, com reflexos em férias com o terço de acréscimo, em 13os salários e no FGTS com a multa de 40%, abatidos os valores pagos e integrados a idênticos títulos. Indefiro reflexos em repousos e feriados, pois a autora era mensalista, estando os dias de descanso abrangidos pelo deferimento principal. Indefiro, igualmente, reflexos no aviso-prévio, visto que seu período foi trabalhado e, portanto, também está abrangido pelo deferimento principal. Não há falar em abatimento dos valores ora deferidos com aqueles pagos a título de assiduidade, uma vez ausente comprovação de que ditas parcelas tenham a mesma destinação. DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT A autora alega que, “considerando que a extinção do contrato de trabalho se deu por iniciativa do empregador, deveria este adimplir em prol do empregado a multa celetista em questão”. Postula o pagamento da multa prevista no artigo 477 da CLT. Saliento, inicialmente, que a fundamentação do pedido reporta-se não aos §§ 6º e 8º mas ao caput do artigo 477 da CLT, o qual trata da indenização por tempo de serviço, devida aos empregados cujo contrato de trabalho teve PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 6 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo início antes da Constituição Federal de 1988 e que não manifestaram opção pelo FGTS, o que não é o caso da demandante. Se a pretensão da autora era a de receber a multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT, melhor sorte não lhe assiste. Isso porque, de acordo com a documentação juntada aos autos, ela foi pré-avisada acerca do término do contrato de trabalho em 31.08.2016, tendo laborado até 30.09.2016 (termo de rescisão de ID 96c6d00). As verbas rescisórias foram pagas em 28.09.2016, conforme comprovante de transferência de ID 649940e - Pág. 4, no valor de R$ 604,30. A existência de ínfima diferença reconhecida espontaneamente pela empregadora, depositada no dia 28.10.2016, no valor de R$ 12,37, atendido o princípio da razoabilidade, não enseja a incidência da multa em questão. O fato de não ter sido homologada a resilição contratual tampouco torna devida a multa. De acordo com a Súmula nº 59 do Eg. TRT da 4ª Região, a multa do § 8º do artigo 477 da CLT não é devida quando o valor líquido devido pela extinção do contrato de trabalho for disponibilizado ao empregado por meio de depósito em conta corrente dentro do prazo previsto no § 6º do referido dispositivo legal, ainda que a assistência prevista no § 1º ocorra em data posterior. Indefiro, portanto, o pedido. DA MULTA PREVISTA NA CONVENÇÃO COLETIVA Segundo a autora, a convenção coletiva estabelece que as homologações das rescisões de contratos de trabalho devem ocorrer nos mesmos prazos previstos em lei para o pagamento das parcelas rescisórias, isto é, nos prazos estabelecidos no § 6º do art. 477 da CLT, sob pena de incidência de multa em favor do empregado no valor equivalente a um salário- base, sem prejuízo da multa estabelecida para o caso de atraso no pagamento das parcelas rescisórias. Refere a demandante que o contrato foi rescindido em 30.09.2016, mas a empregadora compareceu ao sindicato somente em 10.11.2016. Postula o pagamento da multa em questão. A ré Rodroli alega que as verbas rescisórias foram pagas dois dias antes do término do contrato de trabalho, bem como que depositou uma ajuda de custo para realização da homologação do termo de rescisão na cidade de Santa Maria. A cláusula trigésima terceira da convenção coletiva de 2016 assim dispõe PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 7 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo (ID 5e27cd0 - Pág. 17): As homologações das rescisões de contratos de trabalho devem ocorrer nos mesmos prazos previstos em lei para pagamento das parcelas rescisórias, isto é, nos prazos estabelecidos no §6, do art. 477 da CLT. Nas rescisões relativas a contratos de trabalho com mais de ano de vigência, a empregadora deverá fazer contato com o sindicato dos empregados para agendar a homologação no próprio dia da concessão do aviso prévio, no dia da comunicação da despedida ou no dia do pedido de demissão. Caso a empregadora, no prazo de até 10(dez) dias do término do prazo legal para o pagamento das parcelas rescisórias, não compareça no Sindicato Profissional para homologar rescisão de contrato de trabalho com mais de ano de vigência e/ou devolver a CTPS com a anotação da baixa do contrato no mesmo prazo de 10 dias, haverá a automática incidência de multa em favor empregado no valor equivalente a um (01) salário-base do mesmo, sem prejuízo da multa estabelecida para o caso de atraso no pagamento das parcelas rescisórias. Não haverá a incidência da multa se a homologação não se realizar no prazo ora estabelecidoem razão do não comparecimento do empregado, por falta de agenda do Sindicato Profissional ou, ainda, por negativa infundada de assinatura/homologação por parte do empregado ou do Sindicato Profissional. O Sindicato Profissional registrará no verso no Recibo de Rescisão Contratual: (a) a data agendada pelo Sindicato Profissional para a homologação da rescisão contratual; (b) eventual ausência do empregado na data agendada para homologação; (c) o motivo da eventual não homologação da rescisão e a presença da empregadora no dia e hora agendados. Como visto, o pedido não se funda em pagamento intempestivo das verbas rescisórias mas, sim, no fato de a homologação da resilição contratual não ter sido feita dentro do mesmo prazo previsto em lei para o pagamento das parcelas rescisórias, como estabelece a cláusula transcrita. O contrato de trabalho foi encerrado em 30.09.2016 e, embora as verbas rescisórias tenham sido pagas em 28.09.2016 (ID 649940e - Pág. 4), com ínfima diferença paga em 28.10.2016, a rescisão foi homologada pelo sindicato apenas em 10.11.2016 (ID 96c6d00 - Pág. 2). Além de não haver nenhuma indicação, no termo de rescisão, acerca do motivo pelo qual o prazo teria sido ultrapassado, há ressalva expressa no PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 8 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo tocante ao direito da empregada a receber a multa prevista na cláusula trigésima terceira da convenção coletiva. Condeno a ré Rodroli, assim, a pagar à autora a multa prevista na cláusula acima citada, no valor equivalente a um salário-base da empregada. DA COMPENSAÇÃO Nos itens anteriores foi deferida, no que cabível, a dedução de valores já pagos aos títulos compreendidos na condenação. De ressaltar que, no caso de condenação em diferenças de verbas já pagas, a consideração, para efeito de cálculo, dos valores já satisfeitos aos mesmos títulos é da própria natureza da condenação. DOS JUROS E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA O Eg. TRT da 4ª Região vem entendendo que os critérios de cômputo de juros e correção monetária devem ser fixados na fase de liquidação de sentença, sendo impróprio discuti-los na fase de conhecimento. Decidindo no mesmo sentido, deixo de conhecer da matéria e remeto à fase de liquidação do julgado a definição de índices e critérios de cálculo concernentes a juros e correção monetária. DA RESPONSABILIDADE DO SEBRAE A autora alega ter sido contratada pela reclamada Rodroli para laborar em benefício do réu Sebrae e postula a condenação deste, na condição de devedor subsidiário, ao pagamento das verbas pleiteadas na inicial. É incontroverso o fato de que a autora despendeu sua força de trabalho em benefício do Sebrae. Incide na espécie, portanto, a Súmula 331 do TST, cuja redação atual é a seguinte: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 9 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Conforme o item IV da Súmula nº 331 do TST, o tomador do serviço responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da prestadora quando esta é inadimplente. Com tais fundamentos, declaro a responsabilidade subsidiária do Sebrae em relação à totalidade dos créditos deferidos à autora. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E HONORÁRIOS A posição do Eg. TST a respeito dos honorários advocatícios no processo do trabalho está expressa nas conhecidas Súmulas 219 e 329 e no artigo 5º da Instrução Normativa 25/2005 daquele Pretório. Quando se trata, portanto, de lides decorrentes da relação de emprego, a solução adotada pelo Eg. TST, como regra geral, é a constante no item I da Súmula 219, verbis: I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 10 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo próprio sustento ou da respectiva família. (art. 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970). (ex-OJ nº 305 da SBDI-I). Como se vê, o Egrégio TST entende que o artigo 14 da Lei 5.584/70 continua em vigor, não obstante houvesse fundamento razoável para considerá-lo tacitamente revogado pela Lei 10.288/2001. Além disso, chama atenção o fato de a posição expressa na Súmula 219 do TST ter sobrevivido: a) ao disposto no artigo 133 da Constituição Federal de 1988, no sentido de ser o advogado indispensável à administração da justiça; b) à tese de que o Estatuto da OAB – Lei 8.906/94 – teria revogado o jus postulandi das partes na Justiça do Trabalho; c) à Emenda Constitucional nº 45/2004, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho. E considerando o largo espaço de tempo já transcorrido desde a promulgação da EC 45/2004, parece absolutamente improvável a hipótese de o Eg. TST modificar sua posição a respeito da matéria. Nessas circunstâncias, embora ressalve meu entendimento em sentido contrário, impende reconhecer que a não aplicação da Súmula 219 do TST tem prevalecido, na prática, tão somente em relação aos empregadores menos favorecidos economicamente, ou seja, quanto aos que não possuem condições de arcar com os ônus de um recurso de revista, situação esta que, data venia da Súmula 61 do Eg. TRT da 4ª Região, não é a ideal. De assinalar, ainda, que a observação do que ordinariamente acontece tem demonstrado que em termos práticos a concessão de honorários de assistência judiciáriaa advogados não credenciados pelo sindicato da categoria profissional não tem resultado em nenhum benefício efetivo aos trabalhadores. Com efeito, o advogado que, nos termos do artigo 5º, § 4º, da Lei 1.060/50, aceita o encargo de prestar a assistência judiciária deveria fazê-lo nas mesmas condições em que o faria o advogado credenciado pelo ente sindical, ou seja, sendo remunerado apenas pelos honorários pagos pela parte demandada, quando o beneficiário da assistência for vencedor na causa, visto que a assistência judiciária é gratuita. Na realidade, entretanto, embora os profissionais requeiram a assistência judiciária a seus clientes tidos como pobres nos termos da lei, contratam com eles, via de regra, honorários em elevado percentual sobre o proveito econômico da causa, muitas vezes incidente inclusive sobre liberação de FGTS já depositado e percepção de seguro-desemprego, somados aos PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 11 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo honorários de assistência judiciária decorrentes da sucumbência da outra parte, sem nem mesmo deduzir estes últimos do percentual contratado pela prestação do serviço. Por tais razões, revejo meu entendimento anterior e passo a decidir de acordo com a Súmula 219 do TST. No caso dos autos, presente a credencial expedida pelo sindicato da categoria profissional (ID 51c543e), e prestando, a demandante, declaração de insuficiência econômica nos termos da lei, cujo conteúdo acolho como verdadeiro, defiro-lhe a assistência judiciária requerida e condeno as demandadas ao pagamento de honorários de advogado decorrentes do benefício, equivalentes a 15% sobre o valor final bruto apurado em favor da demandante. A responsabilidade do réu Sebrae, também aqui, é subsidiária. DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DO IMPOSTO DE RENDA Sobre as parcelas salariais deferidas incide contribuição previdenciária nos termos da lei, sendo os demandados responsáveis pelo recolhimento, autorizado o desconto da parte de responsabilidade da demandante. Para o cálculo devem ser observados os critérios definidos na Súmula 26 do TRT da 4ª Região, verbis: Os descontos previdenciários apuram-se mês a mês, incidindo sobre o valor histórico sujeito à contribuição, excluídos os juros de mora, respeitado o limite máximo mensal do salário-de-contribuição, observados as alíquotas previstas em lei e os valores já recolhidos, atualizando-se o valor ainda devido. Autorizo os réus, igualmente, a procederem à retenção do imposto de renda que eventualmente incidir nos termos da lei sobre o crédito da autora, no momento em que os valores forem a ela disponibilizados, a teor do artigo 46 da Lei 8.541/92. Observem-se, para o cálculo e eventual retenção, a Súmula 53 do Eg. TRT da 4ª Região e o artigo 12-A da Lei 7.713/88. ANTE O EXPOSTO, rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo réu Sebrae, no mérito acolho EM PARTE os pedidos deduzidos por DANIELA TOSSIN nos autos da ação por ela proposta em face de RODROLI SERVIÇOS LTDA. e SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL para condenar os réus, sendo a demandada Rodroli como devedora principal e o réu PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 12 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo Sebrae como devedor subsidiário, a pagarem à autora, segundo se apurar em liquidação de sentença, com juros e correção monetária na forma da lei, observados os limites e critérios definidos na fundamentação, o que segue: a) diferenças de adicional de insalubridade a contar de dezembro de 2015, inclusive, com reflexos em férias com o terço de acréscimo, em 13os salários e no FGTS com a multa de 40%; b) dobra das férias do período aquisitivo 2015-2016, com o terço de acréscimo; c) diferenças de vale-transporte no valor de R$ 73,49; d) gratificação de função durante todo o período contratual, no valor de R$ 100,00 por mês, com reflexos em férias com o terço de acréscimo, em 13os salários e no FGTS com a multa de 40%, abatidos os valores pagos e integrados a idênticos títulos; e) multa em valor equivalente a um salário-base, prevista na convenção coletiva, decorrente do atraso na homologação da resilição do contrato de trabalho. Os réus pagarão as custas de R$ 70,00, calculadas sobre o valor arbitrado à condenação, de R$ 3.500,00, sujeitas a complementação, além de honorários de assistência judiciária de 15%, na forma da fundamentação. As parcelas apontadas nas alíneas “a” e “d” acima, exceto os reflexos das verbas principais em férias indenizadas e no FGTS com a multa de 40%, estão sujeitas à incidência de contribuição previdenciária nos termos da lei. Os demandados são responsáveis pelo recolhimento, que deve ser feito em guias próprias, sob pena de execução, autorizado o desconto da parte de responsabilidade da autora. Cumpre aos réus, ainda, proceder ao recolhimento do imposto de renda eventualmente resultante da sentença, conforme a fundamentação, autorizado o oportuno e respectivo desconto do crédito da autora. A responsabilidade do Sebrae no tocante ao pagamento dos honorários de assistência judiciária, tal PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA Fl. 13 Sentença 0020074-77.2017.5.04.0702 Rito Sumaríssimo como em relação ao principal, é subsidiária. Publicada em Gabinete. Intimem-se. Cumpra-se após o trânsito em julgado. Nada mais. FERNANDO FORMOLO Juiz do Trabalho
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