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TRANSAMINASES O fígado produz mais de 60 transaminases, sendo que apenas duas são de maior importância clínica, - Alanina aminotransferase (ALT) ou transaminase glutâmico-pirúvica (TGP) - Aspartato aminotransferase (AST) ou transaminase glutâmicooxalacética (TGO). Importantes para serem utilizadas como marcadores de lesão celular. A TGO, transaminase glutâmico oxalacética (ou AST, aspartato amino-transferase) catalisa a seguinte reação: A TGP, transaminase glutâmico pirúvica (ou ALT, alanina amino-transferase) catalisa a seguinte reação: As reações catalisadas pelas aminotransferases(transaminases) exercem papéis centrais tanto na síntese como na degradação de aminoácidos. Além disso, como estas reações envolvem a interconversão dos aminoácidos a piruvato ou ácidos dicarboxílicos, atuam como uma ponte entre o metabolismo dos aminoácidos e carboidratos. As aminotransferases estão amplamente distribuídas nos tecidos humanos. As transaminases são indicadores sensíveis de dano hepático, particularmente quando é uma lesão aguda, e.g hepatite aguda. Incluem a AST (aspartato aminotransferase) e a ALT (alanina aminotransferase). Lesões ou destruição das células hepáticas liberam estas enzimas para a circulação A ALT (GPT/TGP) é encontrada principalmente no citoplasma do hepatócito, enquanto 80% da AST (GOT/TGO) está presente na mitocôndria. Esta diferença tem auxiliado no diagnóstico e prognóstico de doenças hepáticas. Em dano hepatocelular leve a forma predominante no soro é citoplasmática, enquanto em lesões graves há liberação da enzima mitocondrial, elevando a relação AST/ALT. TGO/AST TGO/AST → é encontrada em diversos órgãos e tecidos, incluindo fígado, coração (miocárdio), músculo esquelético, pâncreas, rins e eritrócitos. Está presente no citoplasma e também nas mitocôndrias, e, portanto, sua elevação indica um comprometimento celular mais profundo. Como não há um método laboratorial para saber qual a origem da AST encontrada no sangue, o diagnóstico da causa do seu aumento deve levar em consideração a possibilidade de lesão em qualquer um dos órgãos onde é encontrada A determinação da atividade sérica dessa enzima pode ser útil em hepatopatias, infarto do miocárdio e miopatias. Aumentada em: - Doenças hepáticas 1.Necrose aguda de céls. Parenquimatosas, Hepatite viral aguda (20 a 100x)/Hepatite alcoólica 2.Congestão (cirrose, obstrução biliar, CA primário ou metastásico, isquemia hepática) 3. Eclâmpsia 4.Drogas hepatotóxicas (ex., tetracloride carbono) Aumentada em: Doenças musculoesqueléticas 1. Injeções IM 2. Mioglobinúria(exercícios intensos, insolação, queimaduras, vasos sanguíneos interrompidos, convulsão) 3. Infarto agudo do miocárdio (especialmente útil em pacientes testados >48 horas após aparecimento de sintomas) Aumentada em: Pancreatite aguda Injúria intestinal (cirurgia, infarto) Necrose cerebral (aumento em 50% dos pacientes na semana subsequente) Queimaduras Drogas (heparinoterapia, salicilatos, opiáceos, tetraciclina, isoniazida) Maiores concentrações (citoplasma): fígado, rim e em pequenas quantidades no coração e na musculatura esquelética. ↑ [ ] recém-nascidos → é atribuído à imaturidade dos hepatócitos nos neonatos, que apresentam as membranas celulares mais permeáveis. Os valores se igualam aos níveis do adulto em torno dos 3 meses de idade. TGP/ALT Torna seu aumento mais específico na lesão hepática Sua origem é predominantemente citoplasmática, fazendo com que se eleve rapidamente após a lesão hepática, tornando-se um marcador sensível da função do fígado. Utilidade: diagnóstico diferencial de doenças do sistema hepatobiliar e do pâncreas. Aumentada em: - Obesidade (1 a 3x; AST não aumenta) - Pré-eclâmpsia grave (ambas) - Leucemia linfoblástica aguda rapidamente progressiva (ambas) HEPATITE ALCOOLICA Hepatopatia alcoólica é provocada por uso abusivo e prolongado de etanol. O etanol é metabolizado por duas vias nos hepatócitos. A álcool desidrogenase (ADH) é o principal sistema responsável pelo metabolismo do álcool em baixas concentrações, enquanto o CYP2E1 é responsável pela metabolização em altas concentrações. Os mecanismos de agressão induzidos diretamente pelo etanol estão relacionados ao estresse oxidativo e às modificações da atividade de proteínas, causadas por adição de acetaldeído e aldeídos derivados da oxidação de lipídios. Retenção de proteínas, esteatose, lesões mitocondriais, apoptose, necrose, maior sensibilidade à hipóxia e alterações nos mecanismos imunitários No alcoolismo crônico o estresse oxidativo tem três origens: aumento da produção de radicais livres por meio do metabolismo do etanol pelo CYP2E1 e pelas mitocôndrias lesadas; aumento da quantidade de NADH+ decorrente da oxidação do etanol e do acetaldeído; redução de antioxidantes como glutationa (depletado especialmente na mitocôndria) e vitamina E. Os radicais livres podem agredir o hepatócito por ação direta, interagindo com o DNA ou com os componente produzindo lesões nos nucleotídeos que, se inadequadamente reparadas agravar a doenças hepática → aumentando a chance de ocorrência do carcinoma hepatocelular. O DNA mitocondrial é particularmente suscetível à lesões, por depleção de glutationa, comum no alcoolista. Radicais livres produzem modificações funcionais em proteínas PTN → transmitem sinais às células, ativando algumas vias e inibindo outras. O hepatócito se tornam mais suscetível a apoptose ou necrose, em razão de facilidade de ativação de vias que conduzem a esses processos Ação de radicais livres é intensa sobre os lipídios insaturados das membranas, cuja peroxidação resulta na geração de aldeídos reativos, especialmente o malondialdeído (MDA) e o 4- hidroxinonenal. substâncias altamente reativas que podem se ligar com diversas proteínas celulares. Inibição dos inativadores do complemento, facilitam sua agregação e precipitação no citoplasma (formação dos corpos de Mallory) e a geração de neo-antígenos (autoagressão imunitária). HEPATITE ALCOOLICA A exceção é na lesão hepática alcoólica em que a elevação da AST é cerca de 2-3 vezes superior à elevação da ALT dado que o álcool tem um efeito inibidor na síntese de ALT. AUMENTOS DAS AMINOTRANSFERASES Hepatite aguda - Os níveis de aminotransferases séricas elevam-se uma a duas semanas antes do início dos sintomas. - Os aumentos podem atingir até 100 vezes os limites superiores dos valores de referência, apesar de níveis entre 20 e 50 vezes, serem os mais encontrados. - As atividades máximas ocorrem entre o 7 e 120 dia; declinando entre a terceira e quinta semana, logo após o desaparecimento dos sintomas. - Na fase aguda da hepatite viral ou tóxica, a ALT (TGP), geralmente, apresenta atividade maior que a AST (TGO). - Geralmente, se encontram hiperbilirrubinemia e bilirrubinúria com pequena elevação dos teores séricos da fosfatase alcalina. Cirrose hepatica - São detectados níveis até cinco vezes os limites superiores dos valores de referência, dependendo das condições do progresso da destruição celular; - A disfunção hepatocelular provoca a síntese prejudicada da albumina, além do prolongamento do tempo de protrombina, hiperbilirrubinemia, teores de amônia elevadas e uremia baixa. - Aumentos das aminotransferases semelhantes aos encontrados na cirrose, são frequentes na colestase extrahepática, carcinoma de fígado, após ingestão de álcool, durante o “delirium tremens” e após administração de certas drogas, tais comosalicilatos ou ampicilina. Cirrose nada mais é do que a cicatrização do fígado. Onde deveria haver tecido funcionante, há apenas fibrose (cicatriz). Infarto do miocárdio - Ao redor de 6 a 8 horas após o infarto do miocárdio, a atividade sérica da AST (GOT) começa a elevar, atingindo o pico máximo (20 a 200 U/mL) entre 18 e 24 horas e, progressivamente, retornando aos valores de referência ao redor do 5º dia. - A AST (GOT) não altera na angina pectoris, pericardite e enfermidade vascular miocárdica. Distrofia muscular progressiva e dermatomiosite (Doença inflamatória caracterizada por fraqueza muscular) - Elevações de 4-8 vezes da AST (GOT) e, ocasionalmente, da ALT (GPT), são encontrados. - Em geral, estão normais em outras enfermidades musculares, especialmente as de origem neurogênica. Embolia pulmonar - Uma doença em que uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo. - Aumento de 2-3 vezes o normal. Pancreatite aguda - Provoca aumentos moderados de duas a cinco vezes o normal. DETERMINAÇÃO DAS TRANSAMINASES Amostra. Soro ou plasma colhido com EDTA ou heparina, obtido livre de hemólise, pois a atividade das aminotransferases é maior nos eritrócitos. A atividade da enzima permanece inalterada por 24 horas em temperatura ambiente e mais de uma semana sob refrigeração (2-8oC). FOSFATASE ALCALINA - É uma enzima que está presente em diferentes tecidos humanos: intestinal, placentária, células germinativas e fígado/osso/rim). Suas funções são pouco conhecidas e seus níveis no sangue variam com a idade, sendo mais altos nas crianças (crescimento ósseo) do que nos adultos - No FÍGADO, a fosfatase alcalina está localizada na membrana celular que une a borda sinusoidal das células parênquimais aos canalículos biliares. - Nos OSSOS a atividade da fosfatase alcalina está confinado aos osteoblastos onde ocorre a formação óssea. Hiperfosfatasemia alcalina Obstrução Intrahepática. - Como a fosfatase alcalina está localizada nas membranas de revestimento dos canalículos biliares, e enzima está elevada nas desordens do trato biliar. - Pelo impedimento do fluxo biliar, a FA sérica atinge 2-3 vezes os valores de referência (podendo chegar a 10-15 vezes), dependendo do grau de estase biliar. As elevações ocorrem em: - Lesões expansivas: carcinoma hepatocelular primário, metástases, abscessos. - Hepatite viral e cirrose: apresentam pequenas elevações nos níveis séricos da FA. - Outras desordens: mononucleose infecciosa, colangite (inflamação de um ou mais canais biliares) e cirrose. Obstrução extrahepática. - A atividade eleva 3 a 10 vezes os valores de referência na obstrução parcial ou total do colédoco. Encontrados nos cálculos biliares e câncer de cabeça de pâncreas. Enfermidades ósseas - Aumentos na atividade da FA ocorrem em pacientes com doenças ósseas caracterizadas pela hiperatividade osteoblástica. - Tumores ósseos osteoblásticos primários ou secundários, com valores bastante elevados. - Fraturas ósseas, pequenos aumentos de FA. Outras enfermidades - Pancreatite aguda e crônica, - insuficiência renal crônica, - infecções bacterianas intra-abdominais, - Algumas drogas como: clorpromazina, estrogenos e progesterona. Gravidez - Aumentos da FA de 2-3 vezes são observados no terceiro trimestre de gravidez; a enzima adicional é de origem placentária. - Aumentos ou reduções inexplicáveis da FA, predizem complicações na gravidez, tais como, hipertensão ou pré-eclampsia. Redução da fosfatase alcalina - Mulheres na menopausa tomar estrogênio para a osteoporose - Homens com desnutrição, deficiência de magnésio ou hipotireoidismo - As crianças, após um período de diarreia grave - Anemia Valores de referência Valores normais - Adulto → 13-43 U/L - Crianças com até 12 anos → 56-156 U/L - Grávidas → <200 U/L DETERMINAÇÃO DA FOSFATASE ALCALINA Paciente. Deve permanecer em jejum por 8 h antes da coleta. Amostra. Soro ou plasma heparinizado. Evitar hemólise, pois os eritrócitos contém, aproximadamente, seis vezes mais fosfatase alcalina que o soro. O ensaio deve ser realizado logo que possível após a coleta; em algumas horas a fosfatase aumenta de 3 a 10% a 25oC. Os valores podem estar 25% mais elevados após a ingestão de refeição rica em gorduras. Interferências - Resultados falsamente elevados: são encontrados em pacientes submetidos a tratamento com paracetamol, aspirina, agentes antifúngicos, barbitúricos, morfina, anticoncepcionais orais e tiazidas (diuréticos). Gama-glutamiltransferase (g-GT) A g-GT é uma enzima encontrada no fígado, rins, intestino, próstata, pâncreas, cérebro e coração. Está envolvida no transporte de aminoácidos e peptídios através das membranas celulares, na síntese protéica e na regulação dos níveis de glutationa tecidual. No fígado, está localizada nos canalículos das células hepáticas e, particularmente, nas células epiteliais que revestem os ductos biliares (vias biliares) A lesão dessas células causa a elevação de suas enzimas no sangue Obstrução intra -hepática e extra -hepática. - São observados os maiores aumentos (5-30X) nas colestases do trato biliar. - A g-GT é mais sensível e duradoura que a fosfatase alcalina e as transaminases, na detecção de icterícia obstrutiva, colangite (inflamação de um ou mais canais biliares) e colecistite (inflamação da vesícula biliar). - Além disso, a g-GT é útil na diferenciação da fonte de elevação da fosfatase alcalina. - A g-GT apresenta valores normais nas desordens ósseas e durante a gravidez. Enfermidades hepáticas induzidas pelo álcool. A liberação da g-GT no soro reflete os efeitos tóxicos do álcool e drogas (ex.: fenitoína - antiepiléptico) sobre as estruturas microssomiais das células hepáticas. g-GT é um indicador do alcoolismo, particularmente, da forma oculta. Em geral, as elevações enzimáticas nos alcoólatras variam entre 2-3 vezes os valores de referência. A ingestão de álcool em ocasiões sociais não aumenta, significativamente, a g-GT. g-GT meia vida de 7 a 10 dias aumentando para 28 em lesões hepáticas ligadas ao álcool. É uma enzima álcool induzida, pois níveis elevados de álcool no soro refletem ao aumento na atividade da enzima Hepatite infeciosa Aumentos de 2 a 5 vezes os valores de referência; nestes casos a determinação das aminotranferases (transaminases) é de maior utilidade. Neoplasias Primários ou secundários apresentam atividade da g-GT mais intensa e mais precoce que outras enzimas hepáticas. Outras condições Esteatose hepática Fibrose cística Lupus eritematoso Hipertireodismo Apesar da g-GT ser encontrada no pâncreas e rins, a enzima não eleva em desordens nestes órgãos a menos que exista envolvimento hepático. DETERMINAÇÃO DA g-GT Paciente. Deve permanecer em jejum por 8 horas, à exceção da ingestão de água. Além disso, não deve ingerir álcool durante 24 horas antes do exame. Amostra. Soro sanguíneo. Estável por uma semana em temperatura ambiente. Quando congelado é estável por 3 meses. Caso clínico D.O., setenta anos, branco, sexo masculino, natural de Florianópolis, foi internado no HU no dia 05/03/2019. O paciente, teve um AVC há cinco anos, vem evoluindo com confusão mental e amnésia de longa data. Apresenta icterícia há dois dias e urina colúrica, nega dor abdominal, e nega alteração nas fezes. Refere diabetes e emagrecimento, nega etilismo. Ao exame físico apresentou-se ictérico (+++/4). Abdome: globoso, indolor, fígado fibroelástico, hepatomegalia (25cm). Exame de urina constatou bilirrubina (+++).Em 29/03/2019 submeteu-se a TC (Tomografia Computadorizada), onde observou-se obstrução do colédoco distal e tumor de ducto biliar. Questões 01.Explique a formação da bilirrubina no organismo e sua eliminação. 02. Por que a bilirrubina direta é que está aumentada? Cite as doenças em que a bilirrubina direta esta aumentada e as doenças em que a bilirrubina indireta está aumentada. 03. Explique a causa de bilirrubina na urina. 04. Porque as enzimas aminotransferases (GOT e GPT), fosfatase alcalina e gama GT estão elevadas? OBRIGADA!!!