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UNIP Técnicas Projetivas Profa. Msc. Carolina Brum Fev - 2015 Aula 3 Por mais de 50 anos, os clínicos têm usado a técnica projetiva de desenho da Casa-Árvore-Pessoa (House- Tree-Person, H.T.P.) para obter informações sobre como uma pessoa experiencia sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente do lar. O HTP é o teste projetivo mais usado em exame psicotécnico/seleção de pessoal, avaliação clínica, etc. A popularidade do HTP pode estar relacionada ao baixo custo e à facilidade de sua aplicação. Público-alvo Crianças e adultos, com idade a partir dos 8 anos. Aplicação Individual, sem limite de tempo, sendo que a maioria das aplicações leva em média de 30 a 90 minutos. O desenho é uma outra forma de linguagem por meio do qual o inconsciente também se manifesta. O desenho como técnica projetiva reflete uma impressão do “todo” do indivíduo, como uma “Gestalt”organizada, que aparece em toda a sua extensão, pelo olhar do examinador experiente na técnica da interpretação de desenho Estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica, permitindo que eles sejam identificados com o propósito de avaliação e usados para o estabelecimento de comunicação terapêutica. O sujeito faz desenhos estabelecidos pelo aplicador à mão livre seguido de um inquérito relativo às associações do sujeito sobre os aspectos de cada desenho. A correção é realizada pela avaliação qualitativa de cada desenho. O desenho é uma das mais autênticas expressões do testando, uma vez que capta, em particular, conteúdos inconscientes, sem a sua intervenção. O testando pode até intuir que algo do seu interior, do seu Eu, irá torná-lo conhecido, mas não consegue ter o controle sobre o que será exposto. Isto certamente o angustia, porque o deixa vulnerável. Porém, a intenção não é deixá-lo numa situação desconfortável. Mas, esse teste se estrutura de tal modo que o examinando não consegue manipular informações ao seu favor. Posto que, ele não tem noção de quais aspectos dos desenhos serão considerados favoráveis ao seu caso. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem papel de autarquia responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo no país, garantir a qualidade técnica dos serviços e produtos oferecidos pela categoria de psicólogos e mediar as relações da profissão com a sociedade, conforme prevê a Lei 5.766/71. Conforme a Resolução n° 02/2003 do CFP, que define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos no Brasil, o HTP é o único teste gráfico projetivo para uso no contexto profissional da avaliação psicológica. Este instrumento foi aprovado pelo Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI), em janeiro de 2004 . Testes psicológicos são avaliados pela Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, por pareceristas de notório saber na área de Avaliação Psicológica que são convidados para analisarem e emitirem parecer sobre os testes encaminhados ao CFP, e pelo Plenário do CFP, conforme determina o artigo 8° da Resolução CFP n° 002/2003. Papel ofício A-4 (tamanho ideal, não pode ser papel com pauta), lápis grafite n. 2 (de modo geral grafite é mais apropriado para desenhar, facilita o controle do tônus muscular sobre os traços, ao passo que o outro é escorregadio). Os desenhos são feitos à mão livre, ou seja, sem régua ou objetos que sirva a essa função. Borracha Relógio ou cronometro Quando se trata de criança, também se utiliza lápis coloridos, no que se constitui, assim, a Bateria Acromática e Cromática do H-T-P. No mínimo duas fases: 1ª fase: *Não verbal; *Criativa; *Pouco estruturada. *Desenho a mão livre; *Acromático; *Casa – árvore – pessoa; *Desenho adicional – pessoa do sexo oposto a pessoa já desenhada; 2ª. fase: Inquérito Lista de conceitos; Perguntas estruturadas para avaliar aspectos de cada desenho; 3ª fase: Desenho da casa – árvore – pessoa; Cromático (8 cores de giz de cera); 4ª fase: Perguntas adicionais. Uso do teste exige treinamento e supervisão; Aplicadores inexperientes devem trabalhar sempre com supervisor. Aplicação: face a face; Avaliação inicial; Em processo de avaliação o HTP pode ser utilizado como uma tarefa de aquecimento inicial. Senta- lo em frente a uma mesa; Em uma posição confortável; Sala: silenciosa e sem distrações Desenho adicional aumenta de 10 a 15 min. na tarefa; Não há limite de tempo – normalmente de 30 a 90m. A tarefa só pode ser executada com a solicitação de no mínimo 3 desenhos; O desenho da 2ª. Pessoa (sexo oposto a desenhada anteriormente) é opcional, vai da necessidade do psicólogo; O tempo da análise e interpretação varia de acordo com a experiência do examinador. Preencher as informações do protocolo de desenho; A folha A4 para desenho da casa é entregue na horizontal, escrito casa no alto e centralizado; Árvore e Pessoa são entregues na vertical com respectivos nomes (árvore e pessoa); Ao final dos 3 primeiros desenhos solicitar o desenho adicional: pessoa do sexo oposto a já desenhada. Instrução Examinador:“Eu quero que você desenhe uma casa. Você pode desenhar o tipo de casa que você quiser. Faça o melhor que puder. Você pode apagar o quanto quiser e pode levar o tempo que precisar. Apenas faça o melhor possível”. Não permitir uso de réguas e similares explicar que se trata de desenhos a mão livre; Começar a marcar o tempo logo que terminar as instruções; Anotar: * Tempo de latência inicial; *Ordem do detalhes dos desenhos; *Duração das pausas e o detalhe específico aonde a pausa ocorreu; * Qualquer expressão espontânea ou emoção; * Tempo total para execução do desenho. (Esse material é anotado como Observações Gerais na pág. 1 do protocolo de interpretação.) Inquérito Posterior ao Desenho *Momento em que o sujeito define, descreve e interpreta cada desenho; *Expressa sentimentos, idéias ou memórias associados a eles; *Protocolo de inquérito. (Objetivo: compreender o sujeito de forma dinâmica extraindo o maior número possível de informações, conteúdos e contextos de cada desenho) *Após os desenhos e o preenchimento da folha de inquérito pegue a lista de conceitos; *Lista de Conceitos: traz uma lista de características para cada desenho; *Inicialmente veja as características “normais” da lista e marque “S” (sim) para aquelas que se aplicam a cada desenho. *A seguir marque todas as pautas incomuns, comentários ou outros comportamentos diferentes anotados enquanto os desenhos estavam sendo feitos; *Anotar na área: sessão de Observações Gerais na primeira página do Protocolo. *Depois: marque os aspectos de proporção, perspectivas, detalhes e cor (para os desenhos coloridos) que estejam presentes nos desenhos e que possam indicar presença de patologia. *Utilize a régua fornecida na parte de trás do protocolo de desenho para ajudá- lo avaliar as variações na proporção, perspectiva e tamanho dos detalhes; *Também é fornecido marcações para ajudar a avaliar a localização do desenho na página; *Algumas hipóteses clínicas comuns relacionadas para cada característica dos desenhos são apresentadas nas Listas dos Conceitos Interpretativos; O HTP propõe avaliar o desenho a partir dos seguintes aspectos: proporção, perspectiva, detalhes, qualidade da linha e uso adequado de cores, no caso dos desenhos cromáticos (Buck, 2003). Sugere uma avaliação menos detalhada e mais global do desenho No que se refere ao protocolo de interpretação,trata-se de uma tentativa de sistematizar a aplicação e criar critérios para a interpretação dos desenhos. Conforme propõe o manual, o protocolo configura-se como um recurso útil para a apreensão das características relevantes, visando a interpretação adequada dos desenhos (Buck, 2003). O que se observa, contudo, é a característica patologizante e reducionista do protocolo, na medida em que vincula as características dos desenhos a indicadores psicopatológicos muito específicos, sem considerar outras variáveis envolvidas e que não podem ser apreendidas através da aplicação de um único instrumento. O manual adverte que as informações oriundas do protocolo não devem ser analisadas isoladamente e devem ser combinadas com a história do individuo e com dados oriundos de outras fontes (instrumentos padronizados, entrevistas e informações obtidas por diferentes informantes - Buck, 2003). É importante salientar que o objetivo da avaliação psicológica é compreender o indivíduo da melhor forma possível, sem rótulos ou preconceitos. A interpretação precisa ir além do conteúdo gráfico puro e simples. É necessário considerar: a) análise dos demais fenômenos, quais sejam, os conteúdos gestuais e verbais ocorridos ao longo da aplicação; b) associação das informações obtidas pelo HTP a informações oriundas de outras fontes, conforme propõe o autor no caput do protocolo de aplicação; c) rigor no uso das informações advindas do manual; d) interpretações fundamentadas na literatura científica sobre técnicas projetivas gráficas
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