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RECLAMAÇÃO TRABALHISTa

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Excelentíssimo Senhor, Doutor Juiz da xxª Vara de Trabalho de Pelotas/RS
	
Miguel Antônio dos Santos, brasileiro, casado, desempregado, inscrito no CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, e no RG nº xxx.xxx.xx-x, data da emissão: __/____/ 19__ órgão emissor: SSP/RS, nº da Carteira de Trabalho e Providencia Social: xxxxx-xx, série: xxxxx, nº do PIS: xxxxxxxxxxx-xx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxx, nº xx, bairro: xxxxxxxxxx, na Cidade de Pelotas – RS, por meio de seu procurador (procuração, anexa), vem perante Vossa Excelência, com o devido respeito, propor a presente: 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
A ser processada pelo rito ordinário, com base no Artigo 852 – B, inciso III da Consolidação das Leis Trabalhistas, em face de:
AZ Automóveis S/A, empresa devidamente inscrita no CNPJ nº xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com endereço na Rua: xxxxxxxxxxxxxxxxx, nº xx, bairro: xxxxxxxxxxxxx, Pelotas – RS, CEP: xxxxx-xxx.
I – RESUMO DO CONTRATO DE TRABALHO
Miguel Antônio do Santos, contratado em 01/12/2017 pela empresa AZ Automóveis S/A, na função de Operador de Produção, onde este realizaria atividades inerentes a montagem de veículos, mais precisamente na área de instalação de sistemas de multimídia dos veículos produzidos pela empresa.
Auferia mensalmente a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), tendo para tanto que realizar uma jornada de trabalho no período noturno de 00:00 as 06:00 horas. O RECLAMANTE deixa, a saber, que o contratante cumpria rigorosamente, a legislação trabalhista no que tange à observância da hora noturna reduzida, assim como no que diz respeito ao pagamento do adicional noturno. Afirma, ainda, que a mencionada redução era cumprida e o referido adicional noturno também era pago no período compreendido entre 05:00 horas e as 06:00 horas, conforme preconiza a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho nº 60.
O RECLAMANTE utilizava o próprio veículo (uma motocicleta novinha) para se deslocar de sua residência ao seu local de trabalho, gastando em torno de 20 (vinte) minutos para ir e voltar, uma vez que, a empresa não dispunha de quaisquer meio de transporte para atender seus contratados. Todavia, se o reclamante fosse utilizar-se de transporte publico, não iria coincidir com o horário estabelecido para sua jornada, uma vez que, o ônibus passava próximo a sua residências as 21:30 horas na ida, o que ocasionaria a chegada do reclamante as 22:00 horas na empresa, e na volta o ônibus passava as 04:30 horas (na empresa) sendo que o horário de saída do reclamante era as 06:00 horas.
Em 16/11/2018, o RECLAMANTE, sofreu um acidente de transito quando se deslocava para o trabalho, onde sua moto foi abalroada por um veículo que atravessava o cruzamento situado a três quarteirões do seu local de trabalho, cruzamento este se dava entre a Rodovia pela qual trafegava e a Rua de acesso ao bairro onde fica o estabelecimento comercial, tais fatos, foram registrados em Boletim de Ocorrência por volta de 23:00 horas. Neste documento consta que o motorista (terceiro) causador do acidente havia ingerido bebida alcoólica em limite superior ao legalmente permitido.
O RECLAMANTE sofreu uma fratura na perna direita em razão do acidente, tendo assim ficado afastado das suas atividades laborais no período de 16/11/2018 à 02/01/2019, pelo fato de ter passado por uma cirurgia, o RECLAMANTE recebeu o auxilio acidente por parte do INSS, e todo o processo foi lavrado através da CAT (Comunicação de Acidente de trabalho).
Não havendo nenhuma seqüela ou cicatriz, o RECLAMANTE retornou para suas atividades laborais em 03/01/2019.
No entanto, em 21/01/2019, o RECLAMANTE, foi comunicado de sua dispensa, tendo recebido seu aviso prévio indenizado. O pagamento das verbas rescisórias foi efetuado em 23/01/2019, mediante depósito em sua conta bancária, nesta mesma data lhe foram entregues os documentos necessários para o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e para o recebimento do seguro desemprego.
II – DA JUSTIÇA GRATUITA
Pode-se observar, pelo todo exposto na presente peça, que o RECLAMANTE não possui emprego atualmente, o que o deixa impossibilitado de arcar com as custas processuais.
Desta forma, vem requer que seja julgado procedente o pedido de GRATUIDADE DA JUSTIÇA, abstendo-se de toda e qualquer despesa advinda desta lide, nos termos do Art. 790, § 4º da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a dispor:
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. 
(...)
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.
III – DO DIREITO
Acidente de Trajeto – Responsabilidade Civil:
A definição do acidente de trajeto decorre, inicialmente, ao entendimento do que vem a ser acidente de trabalho. Para tanto, o melhor é invocar a definição contida no art. 19, da Lei n. 8.213/90, que estabelece que: 
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
Entretanto, a invocada Lei n. 8.213/91 trata de questões previdenciárias e não propriamente das demais conseqüências jurídicas advindas de um acidente de trajeto, é o que está disposto em seu Artigo 21, inciso IV, alínea D.
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
(...)
IV - O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
(...)
D - No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
Salienta-se por oportuno que o RECLAMANTE diariamente se expunha a situação de rico iminente a sua vida, pois se utilizava de um meio de transporte próprio para efetuar o translado de sua residência ao seu local de trabalho, uma vez que o empregador não dispunha de quaisquer meios para sua locomoção. 
No que diz respeito a responsabilidade civil na esfera trabalhista, a Constituição Federal, em seu Art. 7º inciso XXVIII, dispõe que: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
O direito à reparação civil pode ser extraído dos artigos 186, 187, 402 a 405, 927 e seguintes, do Código Civil Brasileiro: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmenteestabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Em resumo, onde há dano ou prejuízo, invoca-se a responsabilidade civil é a fim de fundamentar a pretensão de ressarcimento por parte daquele que sofreu as conseqüências do infortúnio. 
A Lei n. 13.467/17 incluiu na CLT o Título II-A, inserindo no texto os Artigos 223-A até 223-G. Eles versam sobre os danos extra patrimoniais decorrentes do contrato de trabalho, isto é, buscam pormenorizar alguns aspectos que norteiam o instituto jurídico da responsabilidade civil trabalhista. O art. 223-G, §1º, da CLT, é de constitucionalidade duvidosa.
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
 ESTABILIDADE NO EMPREGO:
A Estabilidade está prevista no Art. 118, da Lei nº 8.213/91 e no mesmo sentido está disposto na Sumula 378 do TST, que dispõem sobre o período que o RECLAMANTE deveria gozar em favor da manutenção do seu contrato de trabalho junto ao empregador, uma vez que este se afastou por período superior a 15 dias e recebeu o auxílio-doença, pago pelo INSS. 
Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
SÚMULA N.º 378 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/91 
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997). 
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001). 
III – O empregado submetido.
IV - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:
O RECLAMANTE não pode demandar sem prejuízo próprio ou de sustento da sua família. Deste modo requer a condenação de 15% dos honorários advocatícios a serem pagos pelo empregador, a teor do que estabelece o artigo 791-A da CLT, que trata dos honorários de sucumbência, dispõe:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
V - DO PEDIDO
Ante ao todo exposto requer:	
A concessão dos benefícios da justiça gratuita nos termos do Art. 790 § 4º da CLT;
A citação da reclamada, para que, querendo, apresente defesa no momento oportuno sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;
Reintegração ou sucessivamente a indenização substitutiva;
Condenação ao pagamento por danos morais.
Atribui à causa o valor de R$ 50.000.00 (cinqüenta mil reais).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Pelotas, ___ de ____________ de 20XX.
_________________
Advogado (OAB)

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