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Texto de apoio_Sindromes geriátricas (1)

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GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS 
Yeda Duarte 
 
Como já vimos, com o envelhecimento ocorrem múltiplas alterações nos 
diferentes sistemas orgânicos cujo resultado final é a progressiva diminuição de 
nossa reserva funcional o que, em condições normais não acarreta maiores 
problemas mas, em situações de estresse (de qualquer natureza) podem levar 
à situação de desequilíbrio e incapacidade de readaptação ocasionando uma 
descompensação progressiva que pode ser manifestada por diferentes agravos 
ou doenças. 
Também já comentamos que os idosos costumam apresentar sinais e 
sintomas relacionados às doenças ou agravos de forma atípica, obscura ou 
inexistente. Isso exige do profissional de saúde uma grande capacidade de 
observação e a compreensão da necessidade de valorização da queixa da 
pessoa idosa buscando, juntamente com ela, identificar o que está ocorrendo e, 
intervir precocemente de forma a auxiliá-la em sua recuperação. Pelo fato da 
reserva funcional da pessoa idosa ser progressivamente menor, a intervenção 
precoce torna-se essencial para a melhoria da qualidade assistencial. 
É comum que, entre as pessoas idosas, certos conjuntos de situações 
ocorram com maior frequência e, a partir da análise minuciosa de cada uma 
dessas condições, é possível compreender seus prováveis determinantes. 
Tais condições são denominadas “grandes síndromes geriátricas” ou os 
cinco “is” da geriatria pois a cada uma dessas condições foi dado um nome 
iniciado pela letra “I”: Imobilidade, Instabilidade Postural, Iatrogenia, Insuficiência 
cognitiva e Incontinência. Posteriormente acrescentou-se mais uma condição 
denominada “Insuficiência familiar” e, mais recentemente ainda, incluiu-se a 
“síndrome de Fragilidade” porém, nenhum nome iniciado por “i “foi encontrado 
para denomina-la. 
É sobre isso que vamos conversar nesse momento. 
O primeiro ponto que devemos lembrar é que, uma “síndrome” se 
caracteriza por múltiplas etiologias, ou seja, não existe uma causa única. Ela, 
geralmente, não causa risco iminente de morte mas compromete, de forma 
significativa, a qualidade de vida da pessoa acometida. Dada a multiplicidade 
etiológica associada à síndrome, ela envolve terapêutica complexa e, de 
 
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preferência, uma abordagem multidisciplinar. No entanto, ainda hoje, pela 
inadequada formação de muitos profissionais, as síndromes podem ser, 
erroneamente, confundidas como parte do processo normal de envelhecimento 
e, por essa razão, não serem adequadamente tratadas. 
A figura a seguir, nos auxilia a compreender a relação das grandes 
síndromes com o processo de envelhecimento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observa-se que a associação entre as alterações fisiológicas 
relacionadas à senescência ou seja, ao processo “normal” de envelhecimento e, 
as relacionadas à senilidade ou, as associadas aos processos de doença que 
comumente acometem os idosos, pode levar às “grandes síndromes”. Na maioria 
das vezes, não estamos atentos para essas condições embora convivamos com 
os idosos diariamente. O que é mais comum, é darmos mais atenção para o que 
se chama ‘epifenômenos” ou seja, as condições agudas, decorrentes das 
síndromes, que acometem as pessoas idosas e, geralmente são as 
responsáveis pela procura dos serviços de saúde. São exemplos dessas 
condições as pneumonias e as fraturas pós quedas. 
Uma síndrome geralmente leva à outra produzindo o que se denomina 
“efeito dominó” cujo significado final é a piora significativa da qualidade de vida 
da pessoa idosa e de seus familiares. 
 
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Vamos agora, conversar um pouco sobre cada uma das síndromes. 
 
INSTABILIDADE POSTURAL 
 
A Instabilidade Postural aumenta o risco de ocorrência de quedas. Pode 
ser consequência de alterações no sistema locomotor (com alteração da 
marcha), no sistema vestibular (vertigens, tonturas), no sistema sensorial (em 
especial a diminuição da acuidade visual) e do sistema de propriocepção 
(capacidade de perceber o próprio corpo e seu entorno). 
A principal consequência dessa síndrome é a ocorrência de quedas que 
são devastadoras na vida das pessoas idosas. A Secretaria do Estado de Saúde 
fez, há alguns anos uma campanha de prevenção de quedas no Estado de São 
Paulo tendo como slogam “Cair de maduro é só para fruta”, partindo do princípio 
que cair na velhice, embora seja frequente, não é normal. 
Queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior 
à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil, determinada por 
circunstâncias multifatoriais, comprometendo a estabilidade (Associação Médica 
Brasileira, 2000). A queda é, geralmente, um evento sinalizador do início do 
declínio da capacidade funcional ou sintoma de uma nova doença ou agravo. 
Porque “Queda em idosos” é um evento tão importante? 
 
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Porque é frequente, pode ser devastador, comprometendo a saúde e a 
independência dos idosos; pode levá-lo ao óbito e, além disso, custa caro tanto 
para o Estado quanto para as famílias. 
Estudos epidemiológicos apontam que 35% a 40% dos idosos com idade 
igual ou superior a 60 anos caem ao menos uma vez ao ano, aumentando para 
50% entre os idosos de 80 anos e mais e, 13% de todos os idosos caem duas 
vezes ou mais ao ano e são chamados de “caidores”. Depois de um ano, 20% 
dos “caidores” recorrentes estão no hospital, em uma instituição de longa 
permanência (ILPI) ou morreram. Outros dados mostram que, entre os idosos 
que sofreram quedas, 30 a 75% deles sofrem lesões, de diferentes tipos mas, a 
maioria, não procuram assistência a não ser em casos mais graves. 
As fraturas constituem os desfechos mais graves relacionados às quedas. 
A fratura de quadril compreende cerca de 25% das fraturas pós-queda em idosos 
da comunidade. A taxa de hospitalização por fratura de quadril em mulheres 
acima de 65 anos nos EUA aumentou 23%. 
Em São Paulo, no ano de 2000, encontrou-se uma prevalência de 28,6% 
de quedas entre as pessoas idosas residentes na comunidade. Quando a 
ocorrência desse agravo é analisada em contextos fechados como Instituições 
de Longa Permanência de Idosos (ILPIs) ou hospitais, verifica-se uma 
prevalência três vezes maior (1,5 quedas/leito/ano). 
Outro estudo colocou o Brasil em segundo lugar no relato de quedas como 
causa de morte entre as pessoas idosas. Segundo dados do Ministério da 
Saúde, em fevereiro de 2000, a taxa de mortalidade hospitalar em decorrência 
de queda, foi de 2,6%. Essa taxa eleva-se dramaticamente com a idade, sendo 
que 70% das mortes ocorreram com pessoas a partir dos 75 anos. 
A queda figura entre as mais importantes causas de acidentes nesse 
grupo etário e representa a principal causa de morte na categoria “traumas 
externos”. Pesquisas mostram que, entre os idosos que sofreram queda há um 
aumento de aproximadamente 50% na mortalidade no ano subsequente à 
mesma. Alguns autores afirmam que metade dos idosos que sofrem fratura de 
quadril em decorrência da queda ficam incapacitados e podem ser 
institucionalizados e, desses, 25% morrerão em menos de seis meses, o que 
mostra o impacto negativo desse agravo na sobrevida e na qualidade de vida da 
pessoa idosa. 
 
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De 10 a 25% das quedas institucionais são acompanhadas por lesões, 
muitas vezes dolorosas, e/ou fraturas, responsáveis pelo maior 
comprometimento da mobilidade das pessoas idosas e por internações mais 
prolongadas. Alguns estudos associam as quedas às internações hospitalares e 
as quedas recorrentes uma importante causa de admissão prematura em ILPs. 
Denomina-se caidor o indivíduo que teve uma queda no decorrer de seis 
meses a um ano; caidor recorrente, aquele que teveduas ou mais quedas no 
mesmo período e não caidor, aquele que não caiu. 
Não é incomum que as pessoas idosas omitam a informação referente à 
ocorrência de quedas para os profissionais de saúde, familiares ou cuidadores. 
Isso ocorre ou por não estarem conscientes dos riscos associados às quedas ou 
por as considerarem eventos comuns, ou ainda, por terem receio de serem 
considerados frágeis e, também, por considerarem tal relato constrangedor. 
Atualmente é considerada um “evento sentinela” responsável pelo 
desenvolvimento de uma “cascata de problemas” conforme demonstrado no 
exemplo a seguir: 
Uma pessoa idosa sofre uma queda acidental e desenvolve medo de cair novamente. 
Torna-se assim, mais insegura reduzindo as atividades físicas que costumava desenvolver. Isso 
provoca menor mobilidade que, por sua vez, pode culminar com maior declínio funcional. Este 
pode levar à perda da independência, repercutindo de forma significativa em sua qualidade de 
vida. 
 
Alguns autores descrevem os fatores biológicos envolvidos no processo 
de envelhecimento, principalmente as perdas funcionais e as adaptações a 
certas situações de estresse, redução da capacidade física, desenvolvimento de 
alterações cognitivas, o que repercute em sua performance. Mesmo os idosos 
mais saudáveis apresentam alterações de equilíbrio e força devido à diminuição 
de sua capacidade sensorial, musculoesquelética e neurológica. Essas 
alterações podem comprometer gradativamente a execução de suas atividades 
cotidianas como levantar-se de uma cadeira, carregar as próprias compras, ir ao 
cinema ou visitar um amigo ou outros familiares. Em consequência pode ocorrer 
comprometimento da independência, podendo, em última instância, gerar 
isolamento social que pode ser acompanhado por quadros depressivos, 
interferindo na sua qualidade de vida. 
 
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Vários estudos apontam que uma das mais importantes consequências 
das quedas é o desenvolvimento do “medo de cair”, seguido das fraturas, 
hospitalização precoce, imobilização, institucionalização, isolamento social, 
depressão e óbito. 
“Ptofobia” é o nome dado para caracterizar a fobia de quedas das pessoas 
idosas. A perda de confiança pode resultar na restrição das atividades. Além de 
ocorrer entre os idosos que sofreram quedas, pode ocorrer também entre os que 
não sofreram. As quedas geram sintomas como ansiedade e depressão além da 
perda de confiança na própria capacidade de andar com segurança em 
diferentes ambientes o que está associado ao declínio funcional, sentimentos de 
inutilidade, isolamento social e depressão. Cerca de 45% dos idosos que caem 
apresentam alguma limitação em suas atividades em decorr6encia de lesões 
físicas ou por medo de cair. 
Os quadros depressivos não são incomuns e estão relacionados ao 
sentimento de impotência, desamparo e isolamento social, pela impossibilidade 
de se locomover, quadros frequentemente presentes entre os idosos que 
sofreram quedas com lesões, em especial fraturas. Alguns pesquisadores 
consideram que um dos determinantes primordiais da qualidade de vida da 
pessoa idosa é sua capacidade de deambulação. Estudo mostrou que, entre os 
idosos que sofreram quedas, 88,5% deles tinham receio de cair novamente, 24% 
sofreram fraturas,24,3% tiveram de abandonar suas atividades anteriores, 
26,9% precisaram modificar seus hábitos e 23,1% desenvolveram a síndrome 
de imobilidade. 
A queda também gera impacto nos cuidadores e familiares de idosos com 
demência, pois esses tornam-se mais ansiosos devido ao receio do idoso cair 
novamente. Esse medo os transforma em pessoas super-protetoras e pode ter 
como consequência uma maior restrição à autonomia da pessoa idosa. 
 
Fatores de risco de quedas entre pessoas idosas 
As causas associadas às quedas entre as pessoas idosas são 
multifatoriais e complexas, resultado da associação de fatores individuais e 
ambientais. 
Chang e col identificaram como principais riscos associados às quedas 
certos medicamento, alterações visuais, riscos ambientais e presença de 
 
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hipotensão ortostática. Para outros pesquisadores os fatores de riscos para a 
ocorrência de quedas podem ser classificados em: 
 fatores intrínsecos; 
 extrínsecos ou ambientais; 
 situacionais ou comportamentais. 
Entre as pessoas idosas esses fatores podem estar mais acentuados e 
interligados, podendo levar à hospitalização ou institucionalização. 
Os fatores intrínsecos estão relacionados às alterações fisiológicas 
advindas do processo de envelhecimento (ex: alterações no equilíbrio, 
estabilidade postural, diminuição da força, diminuição na acuidade auditiva e 
visual, alterações posturais), a presença de comorbidades e o uso de múltiplos 
medicamentos (polifarmácia). 
As desordens cardiovasculares são responsáveis por 77% da procura 
pelos serviços de emergência com histórico de quedas inexplicáveis, recorrentes 
e associadas às perdas de consciência inexplicáveis. Essas causas podem ser 
divididas em três grupos: 
 desordens mediatas neurológicas; 
 anormalidades intrínsecas cardíacas estruturais e rítmicas; 
 causas diversas. 
A síncope vaso vagal é uma síndrome mediata neurológica e pode 
ocorrer, em qualquer idade, em decorrência de situações geradoras de estresse 
(p. ex: dor ou trauma emocional), podendo levar à perda da consciência. A 
síndrome da carótida sinusal ou “ataque de queda” é uma doença que raramente 
ocorre antes dos 50 anos e tem prevalência desconhecida. Ocorre, geralmente, 
após manobras realizadas na carótida sinusal (lateralização da cabeça por um 
esforço, dor ou permanência em pé tempo prolongado) podendo ser 
acompanhada por amnésia ou perda da consciência. É mais frequente em 
homens e essa associação pode estar relacionada à maior prevalência de 
comorbidades cardiovasculares nesse grupo. A prevalência de hipotensão 
ortostática aumenta com a idade. A hipotensão pós prandial pode ser 
exacerbada na mudança postural. Sua prevalência é desconhecida assim como 
a morbi-mortalidade associada. Todos esses achados justificam a necessidade 
do desenvolvimento de intervenções que visem a prevenção desse agravo. 
 
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A denominada “marcha senil” também pode estar associada a maior 
ocorrência de quedas entre as pessoas idosas. Essa marcha se caracteriza por 
base alargada, diminuição do balanço dos braços, postura encurvada, flexão de 
quadril e joelhos, passos mais curtos e maior lentidão ao caminhar. Esse tipo de 
marcha representa uma tentativa de aumentar a estabilidade e a segurança ao 
caminhar. 
Com relação aos medicamentos, as drogas psicoativas têm um efeito de 
lentificação da resposta, sonolência, hipotensão postural além de outros efeitos 
colinérgicos como, por exemplo, a visão turva. Já os anti-hipertensivos podem 
aumentar a chance de ocorrência de quedas devido a hipotensão postural. 
Assim, é fundamental que o profissional de saúde que atende pessoas idosas 
conheça os efeitos adversos associados aos medicamentos de forma a prevenir 
a ocorrência de quedas associadas aos mesmos. 
 
Entre os fatores extrínsecos destacam-se os riscos ambientais como 
iluminação inadequada, pisos irregulares ou escorregadios, obstáculos no 
caminho (móveis, fios), tapetes soltos, ausência de barras de apoio em 
banheiros, ausência de corrimãos em escadas, roupas muito longas, calçadas 
inadequadas, uso inadequado de tecnologia assistida (andador, bengala ou 
cadeiras de rodas). 
A maioria das quedas acontecem na residência dos idosos (70%) em 
especial no quarto, na cozinha, no banheiro e na sala de jantar. Cerca de 10% 
delas ocorrem nas escadas, sendo o primeiro e o último degrau os mais 
perigosos.Já os fatores situacionais ou comportamentais são representados por 
algumas atividades que podem aumentar o risco de ocorrência do agravo como, 
por exemplo, deambular de meia, ir ao banheiro à noite com as luzes apagadas, 
subir em cadeira ou banquinho para pegar objetos localizados em níveis 
elevados, andar apressadamente quando isso constitui um hábito etc. 
Cerca de ⅓ dos idosos caem devido aos riscos ambientais existentes em 
seus domicílios. Nesses locais, a maior frequência de quedas ocorre nas 
escadas (subindo ou descendo) ou quando estão em pé. Quando se comparam 
os sexos, verifica-se uma maior propensão masculina para cair fora da 
 
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residência, enquanto entre as mulheres, isso ocorre mais no interior da mesma. 
Isso pode estar associado ao fato de os homens idosos ainda trabalharem e/ou 
saírem mais enquanto as mulheres costumam ficar mais em suas casas 
realizando os afazeres domésticos. Atualmente, no entanto, observa-se uma 
contínua mudança nesse comportamento. Segundo Perracini e Ramos, vários 
estudos tem indicado uma maior frequência de quedas entre as mulheres em 
decorrência da presença de osteoporose embora não existam dados suficientes 
para comprovar essa relação. Sabe-se, no entanto, que a presença de 
osteoporose aumenta o risco de fraturas. 
Evitar a ocorrência de quedas tornou-se um fato importante e desafiador. 
Conhecer o histórico de quedas (definir o tipo de evento, como, onde e quando 
ocorreu) é o primeiro passo para um adequado planejamento das intervenções 
e das medidas preventivas. O histórico de quedas é o maior preditor de futuras 
quedas entre as pessoas idosas residentes na comunidade, em instituições 
hospitalares e em ILPIs. É necessária uma avaliação criteriosa da queda ocorrida 
identificando detalhadamente seu histórico, medicações utilizadas pela pessoa 
idosa, alterações visuais, de marcha, de equilíbrio, problemas nas articulações, 
problemas neurológicos e cardiovasculares. 
O roteiro de perguntas a seguir, contribui para uma melhor avaliação da 
situação de quedas apresentadas pelas pessoas idosas: 
a) Histórico de quedas nos últimos 3 meses 
b) Onde caiu? 
c) O que fazia? 
d) Sentiu algo antes de cair? 
e) Conseguiu levantar-se sozinho(a)? Necessitou de mais de 5 minutos para 
se levantar? 
f) Iniciou medicação nova ou alterou a dosagem de algum medicamento que 
costumava tomar? 
g) Você toma mais de 4 medicamentos diferentes por dia? 
h) Ingeriu bebidas alcoólicas antes da queda? 
i) Tem alguma doença crônica que estava/está descompensada? 
j) Como está sua capacidade funcional (capacidade em desempenhar de 
forma independente suas atividades do dia a dia)? 
k) Foi ao oftalmologista recentemente? 
 
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l) Peça que descreva a casa e os ambientes onde costuma circular para 
avaliar riscos ambientais; 
m) Verifique evidências de maus tratos incluindo abandono e auto 
negligência. 
 
As intervenções nas situações de ocorrência de quedas são multifatoriais. 
Exercícios programados com ênfase no treinamento de equilíbrio e marcha, 
modificações nos esquemas medicamentosos (aprazamento), tratamento de 
hipotensão postural, alterações no ambiente físico tornando-o mais seguro, e 
tratamento das desordens cardiovasculares são alguns exemplos. 
Promover a saúde da pessoa idosa inclui medidas de prevenção de 
quedas onde se destacam: 
a) Avaliação geriátrica ampla com medidas corretivas adequadas; 
b) Racionalização do uso de medicamentos; 
c) Redução do consumo de bebidas alcoólicas; 
d) Avaliação da acuidade visual; 
e) Avaliação nutricional; 
f) Estímulo à atividade física para fortalecimento muscular, melhoria do 
equilíbrio e marcha e da amplitude articular, aumento da flexibilidade e 
alongamento; 
g) Correção de fatores de risco ambientais (p. ex: barras de apoio no 
banheiro, piso antiderrapante no banheiro e cozinha); 
h) Conscientização e modificação de comportamentos de risco 
 
IMOBILIDADE 
 A Síndrome da Imobilidade (SI) envolve a incapacidade de deslocamento 
sem o auxílio de terceiros para os cuidados necessários à vida diária podendo o 
idoso estar restrito ao leito ou a uma cadeira de rodas. Caracteriza-se por um 
conjunto de alterações decorrentes de um período de imobilização prolongada 
que comprometem a independência e, consequentemente, a qualidade de vida 
da pessoa idosa. Estima-se uma prevalência de 25% a 50% após hospitalização 
prolongada e 75% entre os idosos institucionalizados. Na comunidade essa 
prevalência é menor, girando em torno de 25%. 
 
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 A SI é multifatorial envolvendo uma associação entre polipatologias, 
aspectos psicológicos e sociais. Suas principais causas são: 
a) Problemas osteoarticulares incluindo problemas nos pés (deformidade, 
calosidade, ulcera plantar); 
b) Alterações cardiovasculares (AVC, insuficiência cardíaca, doença arterial 
periférica); 
c) Doenças respiratórias (DPOC); 
d) Iatrogenia medicamentosa (neurolépticos, ansiolíticos, hipnóticos) 
e) Doenças neurológicas e psiquiátricas (demência, depressão, Parkinson); 
f) Desnutrição; 
g) Quedas repetidas; 
h) Isolamento social 
 
 A imobilidade prolongada gera um progressivo declínio funcional que atinge 
vários sistemas orgânicos. Tais alterações associadas às decorrentes do próprio 
envelhecimento acabam por ocasionar a SI que pode estar associada a várias 
complicações como desenvolvimento de úlceras por pressão, trombose venosa 
profunda, embolia pulmonar, isquemia arterial aguda, fraturas, incontinência, retenção 
urinária, infecções, atrofia muscular, encurtamento dos tendões, contraturas, 
constipação, delirium, inversão do ritmo do sono, depressão, entre outras. 
 A SI representa o máximo da incapacidade funcional sendo difícil sua 
reversão após sua instalação. Daí ser fundamental sua prevenção a partir de um 
trabalho conjunto entre os profissionais de saúde e os familiares da pessoa 
idosa. Algumas medidas de prevenção podem ser ressaltadas: 
 Identificar dos fatores de risco 
 Restringir o tempo no leito 
 Iniciar fisioterapia passiva e ativa 
 Treinar o idoso, quando restrito ao leito por qualquer razão, a: 
o Elevar o quadril 
o Deslocar-se lateralmente 
o Virar-se no leito 
 Iniciar deambulação precoce sempre precedida da fase em posição 
sentada 
 Apoio nutricional e psicológico. 
 
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INCONTINENCIA ESFINCTERIANA 
 Entre as incontinências, a urinária é a mais comumente observada nas 
pessoas idosas. Isso não faz dessa condição algo “normal” na velhice, muito pelo 
contrário. Ela representa uma alteração que deve ser investigada e tratada dadas 
seu impacto na qualidade de vida das pessoas acometidas. 
 A incontinência urinária tem importante impacto social gerando estigma 
social capaz de causar restrições das atividades sociais, isolamento e 
depressão. 
 Vamos inicialmente lembrar algumas alterações na micção que ocorrem 
com o envelhecimento. Em primeiro lugar vamos lembrar as alterações que 
ocorrem nos dois sexos. É mais comum entre os idosos a noctúria ou seja, urinar 
à noite. Há uma redução da contratilidade e da capacidade de armazenamento 
vesical, diminuição da habilidade em retardar a micção, aumento do volume 
residual (quantidade de urina na bexiga após a micção aumenta para 50 a 100 
ml) e surgimento de contrações não inibidas do detrusor (essas contrações 
espontâneas eram, antes, inibidas pelo centro inibitório da micção). 
 Nos homens, a hipertrofia da próstata é comum, deslocando a pressão 
para o colo da bexiga e resultando em retenção urinária, incontinência e infecção 
do trato urinário (a próstata é uma “esfera” que abraça a uretra e seu aumento 
leva a um estrangulamentoda mesma dificultando a passagem da urina). Os 
idosos podem apresentar dificuldade em iniciar a micção e na manutenção do 
jato urinário. 
 As mulheres idosas, em especial as multíparas, podem apresentar 
incontinência por estresse ou seja, liberação involuntária de urina quando do 
aumento da pressão intra-abdominal (tosse, espirro, carregar peso, 
gargalhar,etc) em decorrência do enfraquecimento da musculatura pélvica e da 
bexiga. Pode ainda ocorrer outros tipos de incontinência (urgência, funcional, 
hiperfluxo e mista) mas isso não deve ser considerada uma alteração normal do 
envelhecimento. 
 Cerca de 1/3 das pessoas idosas com incontinência apresentam causas 
reversíveis como delirium, infecção urinária, uretrite e vaginite atróficas, restrição 
da mobilidade, aumento da diurese, impactação fecal (alteração do ângulo entre 
o reto e a uretra com obstrução parcial da última), distúrbios psíquicos, uso de 
 
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determinados medicamentos (diuréticos, sedativos, antidepressivos, 
analgésicos opióides, antipsicóticos) ou substâncias (cafeína, álcool). 
 Toda pessoa idosa com queixa de perda involuntária de urina, dificuldade 
em controlar a micção, dificuldade em segurar a urina até chegar ao banheiro 
deve ser cuidadosamente avaliada. Essa avaliação inclui anamnese, exame 
físico e análise da urina. 
 Na anamnese investiga-se a história da incontinência e seu impacto 
social. Perguntas como: quando começou, é intermitente ou contínua, ocorre de 
dia ou à noite, a caminho do banheiro e/ou durante algum esforço; devem ser 
incluídas. Deve-se ainda investigar a presença de polaciúria (aumento da 
frequência miccional), disúria (dor à micção), enurese (perda involuntária de 
urina dormindo), intervalo entre as micções, sensação de esvaziamento da 
bexiga insuficiente, características do jato urinário. Incluir na avaliação a 
presença de constipação intestinal, acesso ao banheiro, cirurgias prévias, 
doenças neurológicas e uso de medicamentos. 
 O tratamento da incontinência não é padronizado. Deve ser personalizado 
para cada idoso. Deve-se investigar a(s) causa(s) tratando-se as reversíveis 
como, por ex, uso de antibióticos para os casos de infecção; de estrogênio tópico 
para atrofia genital acentuada; enemas e laxativos para impactação fecal; 
diminuição da restrição ao leito, etc. 
 Os tratamentos farmacológicos e os cirúrgicos são de indicação médica e 
feitos após minuciosa avaliação.Também devem ser utilizados os tratamentos 
não farmacológicos que envolvem modificações ambientais e técnicas corporais. 
As primeiras visam facilitar o acesso ao banheiro e tornar mais fácil e seguro seu 
manuseio (iluminação adequada, barras de apoio). A segunda envolve a 
realização de exercícios para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico 
(treinamento vesical, exercícios de Kegel, cones vaginais, biofeedback e 
eletroestimulação) e a criação do hábito miccional (ir ao banheiro em intervalos 
regulares independente da vontade de urinar). 
 O uso de tampões uretrais, absorventes e fraldas podem ser grandes 
aliados na melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. 
 
 
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 Mais rara porém presente é a incontinência fecal (IF). Dados do Estudo 
SABE mostram que 7% das pessoas idosas residentes no município de São 
Paulo referem a presença de IF. 
 Devemos lembrar que o intestino sofre várias alterações com o processo 
de envelhecimento que podem ocasionar maior prevalência de constipação, 
neoplasias e doença diverticular. Alterações na inervação intestinal e na 
musculatura podem ocasionar hipotonia e diminuição dos movimentos que 
impulsionam o bolo fecal. 
 Não é incomum que idosos com impactação fecal (fecaloma) queixem-se 
de perda de “fezes líquidas” que nada mais são do que muco eliminado pelo 
ânus produzido pelo intestino na tentativa de “empurrar” as fezes impactadas. O 
desconhecimento desse tipo de situação pode levar a uma conduta errônea 
como o tratamento da perda fecal como diarreia o que pioraria significativamente 
o quadro apresentado. 
 O tratamento deve ser feito com o uso de enemas, laxativos, uso de fibras 
e aumento na ingestão de líquidos. 
 A real incontinência fecal é geralmente associada a alterações no 
esfíncter anal externo e está associada a presença de AVC, neuropatia periférica 
(diabetes) e declínio cognitivo. Suas consequências são tão ou mais desastrosa 
que as observadas na IU e, por essa razão, devem ser adequadamente 
abordadas. 
 
IATROGENIA 
Iatrogenia refere-se a um estado de doença, efeitos adversos ou 
complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico. O termo deriva 
do grego iatros (médico, curandeiro) e genia (origem, causa), e pode aplicar-se 
tanto a efeitos bons como ruins. 
Em farmacologia, o termo iatrogenia refere-se a doenças ou alterações 
patológicas criadas por efeitos adversos associados aos medicamentos. De um 
ponto de vista sociológico, a iatrogenia pode ser clínica, social ou cultural. 
Embora seja usada geralmente para se referir às consequências de ações 
 
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danosas dos médicos, pode igualmente ser resultado das ações de outros 
profissionais não médicos. 
Desde o tempo de Hipócrates reconhece-se o potencial efeito lesivo das 
ações de uma pessoa que tenta curar. O princípio da não-maleficência (primum 
non nocere) é um ponto importante da bioética e a doença ou morte iatrogênica 
causada intencionalmente, ou por erro evitável ou negligência de quem cura, é 
considera um crime na maioria das civilizações. 
Com o desenvolvimento da medicina científica ao longo dos séculos mais 
recentes, a grande evolução das técnicas e dos medicamentos disponíveis 
permitiu uma enorme queda da mortalidade iatrogénica. 
Condições iatrogênicas não resultam necessariamente de erros médicos, 
tais como falhas durante uma cirurgia, ou a prescrição do medicamento errado. 
De fato, tanto os efeitos intrínsecos como os derivados de um tratamento médico 
podem ser iatrogênicos. Por exemplo, a radioterapia ou quimioterapia, devido à 
agressividade necessária dos agentes terapêuticos, causam perda de cabelo 
(alopécia), anemia, vómitos e náuseas, entre outros. Estes efeitos são 
iatrogênicos porque são consequência do tratamento médico. 
Há situações onde podem realmente ocorrer negligência ou falhas nos 
procedimentos, como quando uma prescrição com má caligrafia leva à dispensa 
do medicamento errado podendo levar a efeitos danosos ao paciente tratado. 
Uma causa muito comum de efeitos iatrogênicos é a interação 
medicamentosa, que ocorre quando um ou mais medicamentos alteram os 
efeitos de outros que estão sendo tomados pelo paciente, aumentando ou 
diminuindo a sua ação. 
Efeitos adversos como reações alérgicas a medicamentos, mesmo 
quando inesperadas, são uma forma de iatrogenia. 
A evolução de antibióticos pode ser iatrogênica, já que geralmente ocorre 
como resultado de uma má utilização dos antibióticos. 
Em relação às pessoas idosas, as interações medicamentosas que 
ocasionam reações adversas a medicamentos (RAM) constituem as principais 
condições iatrogênicas. Segundo a OMS, as RAMs são definidas como qualquer 
 
16 
 
efeito nocivo, não intencional e não desejado de uma droga ocorrendo em doses 
usadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento. 
Quando dois ou mais medicamentos são administrados simultaneamente 
duas situações podem ser observadas. Na primeira, denominada indiferença 
farmacológica, cada medicamento age provocando os feitos desejados sem 
qualquer interação com o(s) outro(s). Na segunda, ao contrário, os 
medicamentos interagem ou seja, a ação de um interfere nos efeitos do outro 
podendohaver sinergismo (potencialização) ou antagonismo (prejuízo na ação 
do outro). 
Entre os idosos essas situações podem ocorrer com maior frequência 
dado o uso de múltiplos medicamentos e, muitas vezes pela presença da 
denominada polifarmácia (uso de 5 ou mais medicamentos diferentes). Por outro 
lado, a iatrogenia também pode estar associada ao uso das denominadas drogas 
potencialmente impróprias para pessoas idosas integrantes da lista de BEERS. 
Para minimizar essas ocorrências, alguns cuidados são necessários com 
as prescrições das pessoas idosas: 
a) Esteja atento à presença de reações adversas e tratamentos 
desnecessários; 
b) Considere a adesão, a informação e o tipo de embalagem do 
medicamento (pode confundir os idosos) e escolaridade da pessoa 
idosa; 
c) Investigue a automedicação; 
d) Atenção ao aprazamento entre as drogas (amplos intervalos entre as 
doses); 
e) Revise a prescrição em todo atendimento do idoso e relembre com ele 
a indicação de cada medicamento; 
f) Investigue reações adversas potenciais; 
g) Esteja atento a possíveis interações medicamentosas. 
 
INSUFICIÊNCIA COGNITIVA 
 Entende-se por cognição o conjunto de funções cerebrais formadas pela 
memória (armazenamento das informações), função executiva (capacidade de 
planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas 
 
17 
 
complexas), linguagem (compreensão e expressão da linguagem escrita e oral), 
praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de 
reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuo-espacial 
(capacidade de localização no espaço e percepção das relações entre os 
objetos). O funcionamento integrado dessas diferentes funções permite que os 
indivíduos interajam entre si e com o mundo buscando resolver as situações e 
dificuldades cotidianas (capacidade de decidir) que juntamente com nosso 
humor (motivação) são responsáveis pela manutenção da autonomia da pessoa 
idosa. 
 A senescência não afeta a cognição de forma significativa. As alterações 
que ocorrem, como já vimos anteriormente, levam a uma lentificação do 
processo cognitivo, redução da atenção, maior dificuldade no resgate das 
informações apreendidas e redução da memória prospectiva e contextual 
(dificuldade com detalhes) o que não acarreta prejuízo importante no 
desempenho das atividades cotidianas. 
A incapacidade cognitiva é um diagnóstico sindrômico que envolve 
esquecimento confirmado por familiares, dificuldade no desempenho de 
atividades cotidianas e alteração na triagem cognitiva. Está associada a quatro 
grandes causas: 
a) Demência 
b) Depressão 
c) Delirium 
d) Doença mental. 
 
As pessoas idosas podem apresentar desordens depressivas caracterizadas 
pela baixa do humor e variabilidade na gravidade. Existe depressão sintoma e 
depressão doença. A tristeza é um sentimento que pode estar presente em 
vários momentos da vida mas é insuficiente para inviabilizar completamente os 
projetos de vida da pessoa que preserva o interesse em algumas atividades. A 
perda geradora da tristeza é gradativamente superada e permite uma vida 
psíquica normal. 
 
18 
 
Já a depressão caracteriza-se pela presença de humor deprimido (sensação 
de vida vazia, irritabilidade, emotividade excessiva, choro frequente, considera-
se um peso para a família e acha a morte uma solução); perda de interesse ou 
prazer com as atividades que antes eram agradáveis; perda ou ganho 
significativo de peso; insônia ou hipersonia; agitação ou retardo psicomotor; 
fadiga ou perda de energia; sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou 
inadequada; diminuição da capacidade de concentração, pensamentos 
recorrentes de morte ou ideação suicida. 
A prevalência de depressão nas pessoa idosas varia de 10% (idosos da 
comunidade) a 30% (residentes em ILPIs). É ainda sub diagnosticada e, por essa 
razão, sub tratada nesse grupo. Requer atenção dos profissionais de saúde pois 
compromete significativamente a qualidade de vida das pessoas idosas e de seu 
entorno familiar. 
 
O delirium é de instalação aguda e caracteriza-se pela presença de 
alterações do nível de consciência e pelo comprometimento global das funções 
cognitivas (memória, percepção, linguagem, etc). Geralmente está associado a 
quadros infecciosos e alterações metabólicas que devem ser investigadas e 
tratadas. Uma vez tratada a causa, tendem a desaparecer. A principal pergunta 
a ser feita para auxiliar na identificação do problema é “há quanto tempo a 
pessoa idosa está apresentado o quadro”. Instalações repentinas sugerem a 
presença de delirium. 
 
Doenças mentais de início tardio também podem comprometer a cognição 
das pessoas idosas. As mais comuns são parafrenia tardia (quadro intermediário 
entre a esquizofrenia e a paranoia), esquizofrenia residual e oligofrenia, as duas 
últimas com histórico de doença mental prévia. 
 
DEMENCIAS 
Demência é o nome dado ao conjunto de alterações que ocorrem no 
cérebro das pessoas modificando suas capacidades intelectuais. O termo 
“demência” significa que a pessoa apresenta déficits de memória associados 
com dificuldades em pelo menos um outro setor, de intensidade suficiente para 
restringir as atividades diárias. Antigamente, quando as pessoas idosas 
 
19 
 
apresentavam esse tipo de problema diziam que estava “esclerosada” ou pior, 
que estavam “caducando” e achavam que isso era normal, simplesmente porque 
elas eram velhas. Existem vários tipos de demência, mas a mais frequentemente 
observada nas pessoas idosas é a Doença de Alzheimer nome esse atribuído 
ao médico psiquiatra alemão Alois Alzeimer que, em 1907, identificou mudanças 
no tecido cerebral de uma mulher (Sra August D.) que havia morrido de uma rara 
doença mental. 
Caracteriza-se como uma doença crônica, degenerativa e progressiva e, 
ainda hoje, incurável. Gradativamente as pessoas acometidas por essa doença 
vão apresentando problemas de memória, dificuldades no raciocínio (não 
conseguem resolver problemas do dia a dia), desorientação temporal (dia, mês 
e ano em que estamos), dificuldade com operações matemáticas (fazer contas), 
dificuldade de linguagem e alterações de comportamento (agitação, alucinações, 
delírios, etc). Esses problemas interferem no desempenho das atividades 
cotidianas do próprio idoso e das pessoas que o cercam. Ela é entendida como 
um grupo de sintomas que frequentemente acompanham a doença ou condição. 
Sua causa ainda não está completamente esclarecida. 
Embora a Doença de Alzheimer (DA) seja mais frequentemente 
observada em pessoas idosas, ela não é própria do envelhecimento, pois pode 
acometer pessoas em qualquer período da idade adulta. Assim, é uma doença 
que se associa à idade, mas não é devida à idade. Nessa doença ocorre a morte 
de células do sistema nervoso (neurônios) iniciando-se em uma região do 
cérebro ligada à memória. Com o avançar da doença a morte celular vai se 
expandindo para outras áreas do cérebro e comprometendo outras habilidades 
intelectuais e de comportamento. A evolução da doença pode variar de três anos 
(em pessoas com diagnóstico aos 80 anos) até dez ou mais anos se o 
diagnóstico ocorrer em idades mais jovens. 
As primeiras queixas são sempre relacionadas à memória (esquece 
compromissos, onde colocou as chaves, os óculos, esquece alimentos no fogo 
e mesmo com o cheiro de queimado não se lembra que os deixou lá, esquece 
recados, pagamento de contas, aniversários, etc). Como muitas pessoas, sem a 
doença, também podem apresentar parte ou muitos desses esquecimentos, 
essa queixa não é valorizada pelo próprio idoso ou por seus familiares. Como 
 
20 
 
esses esquecimentosvão se acentuando isso pode gerar quadros de ansiedade 
ou depressão. 
Esses sintomas vão se somando a outros, como dificuldade em aprender 
novas tarefas, lidar com tarefas que exijam raciocínio ou operações 
matemáticas. Tarefas que habitualmente eram feitas em problemas podem 
começar a se tornar penosas. Podem apresentar dificuldades em dizer o nome 
das coisas, ele vê uma colher, sabe pra que ela serve, é capaz de descrever mas 
não consegue nominá-la ( ele diz ...aquilo que usamos para tomar sopa...). 
De modo geral, as primeiras atividades cujo desempenho é comprometido 
pela doença, são as mais complexas (administração de finanças, uso de 
transportes públicos, dirigir um carro, fazer compras, preparar uma refeição), as 
atividades que costumava fazer (pequenos consertos domésticos, costura, 
bordado) e, posteriormente, as atividades mais simples (vestir-se, banhar-se, 
etc). 
Essas queixas serão confirmadas por exames neuropsicológicos 
específicos para avaliar a memória, a linguagem, a capacidade de cálculo, o 
raciocínio, o julgamento entre outros. O diagnóstico definitivo, no entanto, só 
pode ser feito por biópsia cerebral ou autópsia. Isso normalmente não é feito, a 
biopsia pelos riscos e por não trazer nenhum benefício ou modificação ao 
tratamento da pessoa e a autopsia só em feita após o óbito (ajudará para 
pesquisa, mas não para o tratamento da pessoa idosa de quem cuidamos). 
 
COMO EVOLUI A DOENÇA DE ALZHEIMER? 
Embora o curso da DA não seja o mesmo para todas as pessoas, os 
sintomas desenvolvidos na maioria das vezes, seguem os mesmos estágios 
gerais. 
a) Estágio pré clínico: regiões do cérebro ligadas à memória de curto e 
longo prazo começam a ser afetadas. Essas mudanças possivelmente se 
iniciam 10 a 20 anos antes dos primeiros sinais e sintomas perceptíveis. 
Iniciam os primeiros sintomas de perda de memória, ainda pouco 
significativos; 
b) Estágio inicial: nessa fase a doença começa a afetar o córtex cerebral, 
a perda de memória continua a evoluir e outras habilidades cognitivas 
começam também a ser afetadas. Normalmente é nessa fase que é feito 
 
21 
 
o diagnóstico clínico. Os principais sinais incluem: perda de memória, 
dificuldade em se localizar no espaço (ao sair de casa pode não conseguir 
voltar), demora mais tempo para desempenhar as atividades do dia a dia 
que sempre fez; apresenta problemas para administrar as finanças e 
pagar as contas; dificuldades de julgamento frente a problemas levando-
o a decisões ruins; perda espontaneidade e do senso de iniciativa; 
mudanças de humor e de personalidade que podem aumentar a 
ansiedade. Nessa fase a pessoa pode ainda parecer saudável mas 
começa a apresentar dificuldades no desempenho de atividades mais 
complexas no dia a dia. 
 
c) Estágio moderado: fase em que a doença avança para outras áreas do 
córtex cerebral que controlam a linguagem, raciocínio, processamento 
sensorial e consciência. As regiões afetadas ficam mais atrofiadas 
continuam a se atrofiar e os sinais e sintomas da doença tornam-se mais 
pronunciados. É a fase em que os problemas comportamentais, como 
agitação e perambulação, podem ocorrer exigindo maior supervisão e 
cuidado. Os familiares geralmente têm muita dificuldade em lidar com 
essa fase. Os principais sinais e sintomas observados são: perda de 
memória mais acentuada; confusão mental; dificuldade em manter a 
atenção; problemas no reconhecimento de amigos e familiares; 
dificuldade com linguagem; problemas com leitura e com números; 
dificuldade em se organizar e pensar com lógica; incapacidade em 
aprender novas coisas ou em lidar com situações inesperadas, agitação, 
perambulação, dificuldade em repousar, medo e ansiedade, 
especialmente ao entardecer; alucinações, ilusões, irritabilidade, 
desconfiança ou paranóia; perda de controle dos impulsos (uso de 
linguagem vulgar; despir-se em locais e momentos inadequados, utilizar 
modos não aceitos socialmente); problemas de percepção espacial 
(dificuldade em levantar da cadeira ou se posicionar na mesa). O 
comportamento do ser humano é resultado de complexos processos 
cerebrais. Na DA esse processo é afetado ocasionando situações 
estressantes ou comportamentos inapropriados. Por exemplo: a pessoa 
idosa pode reagir furiosamente recusando-se a tomar banho ou a trocar 
 
22 
 
de roupa simplesmente porque não está compreendendo o que o 
cuidador está pedindo a ele e, se ele entender, pode não se lembrar como 
fazer isso. A fúria é uma forma de mascarar a ansiedade ou a confusão; 
para a pessoa idosa faz sentido tirar a roupa quando sente calor, o que 
ela não entende ou se lembra é que isso não é aceitável que isso seja 
feito em locais públicos. 
 
d) Estágio avançado: é o último estágio da DA, há várias áreas do cérebro 
atrofiadas. As pessoas não mais conseguem reconhecer familiares e 
pessoas queridas ou se comunicar com os outras; são completamente 
dependentes da ajuda de outras pessoas. Outros sintomas incluem: perda 
de peso; dificuldade em deglutir (engolir); infecções de pele; gemidos 
constantes; maior sonolência; incontinência urinaria e fecal. Geralmente 
ficam acamados parte ou todo o tempo o que propicia a instalação de 
quadros infecciosos como, por exemplo, pneumonia, que poderão levá-la 
a óbito. 
 
 
 
23 
 
No conjunto, a evolução da doença é progressivamente lenta, mas a 
pessoa pode apresentar períodos nos quais seu estado fica estável (platôs) que 
podem durar meses e, às vezes anos, após os quais pode ocorrer uma piora 
brusca. 
Quadros de piora brusca também podem estar associados à ocorrência 
de outros problemas de saúde que o doente não saberá explicitar. Assim, na 
vigência dessas situações, sempre é necessário investigar. 
Hoje existem algumas medicações para tratamento da DA, elas não vão 
curá-la, vão apenas tornar sua progressão mais lenta. Sua associação com 
outras medicações vai permitir o controle dos sintomas associados como 
alterações de comportamento, agressividade, agitação, depressão e apatia. 
A pessoa idosa com DA pode também ser portadora de uma ou mais 
doenças crônicas simultâneas (hipertensão, diabetes, etc) que continuam a 
requerer o mesmo acompanhamento de antes do diagnóstico da demência. Se 
isso não for feito, tais doenças poderão descompensar agravando a 
sintomatologia apresentada. 
 
Se a opção da família for manter a pessoa idosa com DA em sua casa ou 
na casa de algum parente é necessário que sejam algumas medidas de 
segurança sejam providenciadas para evitar a ocorrência de acidentes. 
 
CONDIÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA: 
Com o avançar da doença as pessoas idosas tornam-se cada vez menos 
capazes de se cuidarem sozinhas e em segurança. Alguns princípios de 
segurança gerais podem ser úteis: 
 
1. Prevenção de riscos: é muito difícil antecipar o que uma pessoa com DA 
pode fazer. O fato de ainda não ter acontecido nada de mais grave não 
significa que ela não é motivo de preocupação pois acidentes sempre podem 
ocorrer. Fazer uma revisão da casa buscando controlar ou minimizar 
situações de possível perigo é, assim, recomendável; 
 
2. Adaptação do ambiente: será mais fácil modificar o ambiente do que mudar 
a maioria dos comportamentos; 
 
24 
 
3. Redução do perigo: reduzindo o perigo pode-se aumentar a independência. 
Um ambiente seguro pode ser menos restritivo e a pessoa idosa poderá 
circular com mais segurança e liberdade. 
 
ALGUNS LEMBRETES: 
 Coloque os telefones de emergência e o endereço de sua casa ao lado 
de todos os telefones existentes na casa; 
 Coloque uma secretaria eletrônica para atender ao telefone quando não 
puder fazê-lo e programe-apara fazê-lo ao menor número de chamadas 
possível. A pessoa idosa com DA pode não estar capacitada a receber 
recados e pode ser vítima de trotes maldosos que podem ocasionar uma 
reação catastrófica (ver mais adiante). Guarde aparelhos celulares em 
locais seguros para que não se percam; 
 Instale alarme de incêndio em todos os cômodos da casa; 
 Evite o uso e a existência no interior da casa de produtos inflamáveis ou 
voláteis; 
 Instale fechaduras de segurança em todas as portas e janelas que dão 
para o exterior; 
 Guarde do lado de fora da casa, em local seguro, uma chave reserva, pois 
a pessoa idosa com DA pode trancar a porta e deixá-lo para fora; 
 Procure não deixar fios elétricos pelo caminho; proteja as tomadas com 
dispositivos apropriados; 
 Certifique-se que todos os cômodos contam com iluminação adequada; 
 Instale interruptores de luz no início e no final das escadas; 
 As escadas devem ter, no mínimo, um corrimão que vá do primeiro ao 
último degrau; 
 Guarde todos os medicamentos em local seguro e trancado; 
 Mantenha bebidas alcoólicas trancadas em local seguro e fora do alcance 
da pessoa idosa; 
 Mantenha o ambiente organizado, a desordem pode levar à confusão; 
 Retire móveis ou enfeites dos locais de circulação da pessoa idosa; 
 Guarde sacolas plásticas em locais seguros e trancados (a pessoa pode 
acidentalmente asfixiar-se); 
 
25 
 
 Retire da casa armas de fogo; 
 Guarde todas as ferramentas e materiais elétricos na parte externa da 
casa; 
 Elimine plantas venenosas do interior da casa; 
 Se tiver aquários, mantenha-os fora de alcance. 
 
Cozinha: 
 Instale fechaduras de segurança nas portas dos armários e nas gavetas 
onde existirem materiais cortantes, perfurantes ou quebráveis; 
 Guarde em local seguro fósforos, produtos de limpeza, facas, talheres, 
louça valiosa; 
 Não utilize nem armazene líquidos inflamáveis na cozinha; 
 Mantenha uma luz noturna acesa na cozinha durante a noite; 
 Guarde pequenos objetos em uma gaveta trancada (a pessoa idosa com 
DA pode confundi-los com alimentos); 
 Retire frutas e verduras artificiais da cozinha bem como enfeites de 
geladeira com aparência de produtos comestíveis; 
 
Quartos: 
 Mantenha uma luz noturna acesa no quarto durante a noite; 
 Mantenha um intercomunicador ligado no quarto da pessoa idosa com DA 
(daqueles que se utiliza no quarto de bebês) para avisá-lo de qualquer 
ruído que indique queda ou necessidade de ajuda; 
 Retire ventiladores ou aquecedores portáteis; 
 Encoste a cama na parede ou, em último caso, coloque o colchão no chão 
(para evitar quedas); 
 
Banheiro: 
 Nunca deixe o idoso com DA, sozinho no banho; 
 Retire a fechadura interna do banheiro para evitar que o idoso se tranque 
em seu interior; 
 Coloque tapetes antiderrapantes no interior do box e na frente do lavabo; 
 Eleve o assento do vaso sanitário ou coloque barras de apoio a seu lado; 
 
26 
 
 Instale barras de apoio no chuveiro preferencialmente de cores 
contrastantes com a parede; 
 Coloque uma cadeira ou banco de plástico no interior do box para facilitar 
o banho, instale chuveirinho manual; 
 Prefira chuveiros elétricos que utilizam uma só chave para mistura da 
água. Aquecedores com entradas separadas para água fria e quente 
podem ser motivo de acidentes; 
 Coloque ralo com filtro na pia para evitar a perda de pequenos objetos; 
 Mantenha uma luz noturna acesa no banheiro durante a noite; 
 Retire do banheiro todos os aparelhos elétricos pequenos; 
 Proteja as tomadas com protetores específicos; 
 
Sala: 
 Retire fios soltos de todas as áreas de circulação; 
 Retire tapetes soltos; 
 Repare o assoalho se apresentar algum piso solto; 
 Identifique todas as estruturas de vidro com um decalque contrastante; 
 Guarde em local seguro controles remotos, aparelhos de som, DVDs, etc 
 
COMPREENDENDO OS DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO 
 Os portadores de DA por não conseguirem expressar seus sentimentos e 
emoções como outras pessoas fazem, pode recorrer a comportamentos não 
usuais ou até estranhos, chegando, às vezes, a ser perigosos. Embora muito 
difícil e complexo, é importante tentar compreender o significado desses 
comportamentos. A maneira como o cuidador reage aos comportamentos do 
idoso refletem no mesmo. Se o cuidador está irritado, cansado e zangado 
(muitas vezes com razão), ele, provavelmente, se sentirá da mesma forma. É 
importante que se compreenda que essas reações não são intencionais ou 
pessoais. Ele não as tem “de propósito”. 
 
ALGUMAS DICAS... 
Perambulação: Esse costuma ser um comportamento frequente; pode 
expressar inquietação, insegurança ou falta de atividade física. 
 
27 
 
“ele caminha sem parar, de um lado para outro do quarto” 
“ele fica, à noite, andando ao redor da mesa, por horas seguidas” 
 
O que fazer? 
 Embora esse comportamento possa ser muito irritante para o cuidador, 
ele, em si, não causa nenhum mal ou coloca a pessoa em perigo. Deixe-o andar. 
Se isso acontecer à noite e ele residir em um apartamento, providencie um 
calçado confortável com solado de borracha para não fazer barulho e incomodar 
os vizinhos do andar de baixo. Reorganize o ambiente de forma a permitir que 
ele tenha espaço para andar sem ficar se chocando com móveis ou outros 
obstáculos. Se for um comportamento constante procure organizar caminhadas 
externas com ele, preferencialmente à tarde, em lugares pouco agitados. 
 
Perguntas repetitivas: Esse é outro comportamento frequente e igualmente 
perturbador. Ele faz sempre as mesmas perguntas mesmo quando o cuidador 
acabou de respondê-la. Ele também pode repetir as mesmas frases e gestos 
constantemente. É preciso entender que o problema de base dessa pessoa é a 
memória. Ele repete as perguntas por que não memorizou as respostas. Cada 
vez que ele pergunta, para ele é como se fosse a primeira vez. Esse 
comportamento também pode expressar insegurança e ser a tradução de um 
pedido de ajuda. É uma forma de chamar a atenção do cuidador. Ações ou 
frases repetitivas podem expressar aquilo que ainda ele consegue fazer e que, 
de alguma forma o interessa ou o preocupa. Assim, uma mãe com DA pode falar 
ao telefone com o filho todos os dias, em diferentes momentos e sempre 
perguntar se ele se alimentou (independente da hora), se dormiu, se está bem. 
 
O que fazer? 
Não adianta se irritar ou tentar argumentar, apenas responda e entenda 
que é o máximo de elaboração que ela está conseguindo chegar. Não adianta 
dizer que você “já respondeu mais de 20 vezes”, isso só vai aumentar a 
insegurança do doente. É um comportamento, de fato, cansativo, monótono e 
irritante mas não gera perigo algum. Deixe-o perguntar. Procure responder à 
pergunta de forma clara e precisa, lenta e articuladamente e peça que ele repita 
o que você disse. 
 
28 
 
Se a pergunta repetitiva estiver relacionada à hora (que horas são?), 
procure responder relacionando-a com alguma atividade (é hora do almoço, do 
jantar, de tomar banho, etc). A atividade ainda pode servir como uma referência 
de tempo enquanto o valor da hora provavelmente perdeu seu significado 
concreto. 
 
Ele(a) o(a) segue por toda parte: 
Você pode representar a única referência de segurança que ele ainda 
tem, o resto do mundo pode parecer hostil e ameaçador. Pode também ser um 
comportamento “mimético” ou seja, o doente reproduz os gestos, atitudes, idas 
e vindas do seu cuidador. Isso ocorre pela evolução da doença onde o doente 
perde sua autonomia em relação ao ambiente e passa a imitar o comportamento 
das pessoas ao seu redor, é um comportamento dedependência social. Pode 
ainda representar a angústia que sente em ficar sozinho. 
 
O que fazer? 
Procure entretê-lo com algum tipo de atividade que ele gosta de fazer e 
que o distrai. Momentaneamente ele vai esquecê-lo, mas permanecerá tranquilo 
porque sabe que você está por perto. Tente descobrir outras pessoas ou 
parentes com quem ele se sente tranqüilo e veja a possibilidade de essas 
pessoas virem, rotineiramente, visitá-lo. Isso o auxiliará a manter outros vínculos 
e não se sentir inseguro na sua ausência. Acostume-o também a ficar sozinho 
em alguns momentos. 
 
Apatia ou tristeza: Ele poderá se apresentar assim em diferentes momentos, 
em especial quando for ficando cada vez mais dependente. Pode representar 
um mecanismo de defesa contra o fracasso. Pode começar a apresentar uma 
menor reação às circunstancias emocionais, não quer fazer nada, nada o 
agrada, não quer mais sair. Ele passa a reagir menos aos eventos felizes ou 
infelizes (arrefecimento afetivo). Ele tende a aumentar com o avançar da doença 
e a comprometer as atividades do dia a dia. Isso tende a afetar também suas 
relações sociais e familiares aumentando seu isolamento. 
 
 
 
29 
 
O que fazer? 
Avalie a capacidade remanescente do doente e proponha atividades 
programadas que ele consiga desempenhar. Essas atividades podem fazê-lo se 
sentir útil e integrado. Busque as atividades que lhe dão prazer e faça-as junto 
com ele. Mas avalie bem, pois se ele não conseguir desempenhar a atividade 
isso pode induzi-lo a perceber seu fracasso aumentando a angústia ainda mais. 
Evite que ele faça o que não se sente capaz de fazer. Não o coloque em 
situações de hiperestimulação, dê-lhe tempo para entender o que lhe foi 
solicitado e para que tente responder. Valorize seus sucessos, mesmo que 
mínimos. 
 
Inquietação, nervosismo: As dificuldades apresentadas pelo doente no dia a 
dia modificam sua autopercepção e geram angústia. A desorientação (no tempo 
e no espaço) gera insegurança e ansiedade. No início da doença ele tem 
dificuldade em entender o que está acontecendo e entra em pânico por seus 
lapsos de memória e por perder a confiança em si mesmo. Com o avançar da 
doença, ele pode se sentir frequentemente diante de um fracasso pois já não 
sabe avaliar o que é ou não capaz de fazer e tem medo que as pessoas o 
julguem um incapaz. 
 
O que fazer? 
Não tente argumentar ou explicar. Procure transmitir-lhe calma e 
tranquilidade (atenção ao tom de voz e postura corporal), se ele perceber que 
você está irritado com a situação, isso vai deixá-lo ainda mais nervoso. As 
palavras são importantes, mas podem não ser suficientes, toque-o gentilmente 
mostrando seu afeto. Fique a seu lado e procure fazer com ele as tarefas que o 
angustiam. Procure melhorar a autoestima do doente elogiando-o quando 
arrumado e limpo, ressaltando seus feitos manuais ou artesanais ou suas tarefas 
concluídas. Isso mostra reconhecimento e atenção e transmite confiança. 
 
Alucinações e ideias delirantes: A pessoa idosa com DA pode referir que vê, 
ouve ou sente coisas, pessoas ou animais que não existem (alucinações) na 
realidade ou ainda pode referir temor ou expressar pensamentos que não 
condizem com a realidade (ideias delirantes). Geralmente as alucinações são 
 
30 
 
visuais, simples ou muito elaboradas. Podem também ser auditivas (ouve a mãe 
chamando, alguém falando, etc). Na maioria das vezes são fenômenos 
transitórios. Podem ser favorecidas por comprometimentos sensoriais (redução 
da visão ou da audição). As consequências das alucinações dependem de sua 
natureza e de como são vivenciadas tanto pelo doente quanto por quem o cerca. 
Alucinações acompanhadas de agitação podem estar associadas a um evento 
clínico e o médico deve ser comunicado. As ideias delirantes representam uma 
interpretação equivocada de uma situação vivida. As mais comuns são roubo, 
ciúme ou está convencido que querem se livrar dele. Elas se caracterizam como 
uma convicção absoluta e inabalável do doente que ele pensa serem 
verdadeiras. Elas resistem a qualquer prova em contrário ou evidencias da 
realidade. Elas são geralmente transitórias e limitadas a um campo determinado, 
Normalmente não evoluem para um delírio que toma conta da vida do doente. 
Não se sabe sua causa, mas sabe-se que estão associadas às lesões cerebrais 
ocasionadas pela doença e, também, à dificuldade do doente em interpretar a 
realidade em decorrência de sua desorganização mental. Ideias de roubo ou 
ciúme podem afetar as relações afetivas, diminuir sua motivação e a de outras 
pessoas o que afetará a qualidade dos cuidados prestados. 
 
O que fazer? 
Não entre em pânico e não tente argumentar dizendo que aquilo que ele 
refere ver, sentir ou ouvir não é real. Para ele é bem real e ele tem plena 
convicção disso resistindo a qualquer tentativa de lhe mostrar o contrário. Se for 
possível, remova-o do ambiente ou comece outro assunto muito diferente como, 
por exemplo, o que fez durante o dia. Procure prender sua atenção com uma 
atividade prazerosa. No caso de ideias delirantes, se você for o alvo das 
acusações, não leve como uma ofensa pessoal. Não se zangue, por mais que 
pareça, não é pessoal. Se o alvo for outra pessoa, procure certificar-se da 
veracidade da situação (pode não ser verdade mas, pode também ser). Deixe-o 
falar, procure não tomar partido, evite argumentar, alimentar ou contradizer suas 
colocações, tranquilize-o e desvie sua atenção para uma atividade de 
substituição. 
 
 
31 
 
Esconder objetos: Ele pega uma coisa que pensa que precisa, coloca-a em um 
lugar que lhe pareceu adequado naquele momento e, em seguida, esquece que 
a pegou e onde a colocou. Por essa razão, ele não vai entender sua irritação. É 
comum que os doentes coloquem os objetos em locais inusitados e que não se 
lembrem onde estão ou neguem tê-los pego. Isso ocorre geralmente porque ele 
esqueceu o que devia fazer com esses objetos ou se distraiu quando os pegou 
ou ainda, para não ter que reconhecer seus déficits, nega ter visto ou pego o 
objeto em questão. Há situações em que ele vai referir que foi roubado e pode 
acusar a você ou a outra pessoa que trabalha na casa gerando situações tensas. 
 
O que fazer? 
Não o repreenda, ele não fez por mal. Possivelmente quis realmente 
guardá-lo, mas não vai se lembrar nem que o pegou e nem onde o colocou. A 
noção de significado das coisas pode estar perdida ou alterada. Assim, procure 
os objetos perdidos em todos os possíveis esconderijos (qualquer lugar onde ele 
possa caber). Considere olhar dentro dos bolsos das roupas no armário, dentro 
de sapatos e bolsas guardados, embaixo do tapete, do colchão ou de outros 
objetos maiores, dentro do lixo, da geladeira, atrás de almofadas, etc. Para evitar 
essas situações procure ser organizado e não deixe objetos de valor (chaves, 
talão de cheques, contas) ao alcance do idoso. Procure diminuir o número de 
“esconderijos” possíveis. Retire as chaves das gavetas deixando-as trancadas. 
Nunca despreze o lixo sem olhar seu interior. Tenha sempre cópias das chaves 
mais importantes e coloque-as em lugares distintos. 
 
Ele fica repetindo que quer ir para casa, mas está nela: Em conseqüência da 
doença ele está desorientado e pode ter dificuldade em reconhecer o ambiente 
como familiar, principalmente se foi modificado. 
 
O que fazer? 
Não tente argumentar e explicar que ele está na casa dele. Tire-o do 
ambiente, dê uma volta e retorne. Isso pode bastar para que ele se acalme. Se 
estiver muito agitado, coloque-o no carro e de uma volta mais longa. 
 
 
32 
 
Ele não se reconhece mais no espelho ou aos membros dafamília: É triste, 
mas é próprio da doença e seus mecanismos ainda não estão totalmente 
esclarecidos. Não significa que houve uma falha no cuidado, apenas evolução 
da doença. Pode ocorrer que ele reconheça a foto da esposa no álbum de 
casamento, mas não reconheça a mulher que está a seu lado como sendo ela. 
Ele pode olhar no espelho e conversar com sua imagem como se fosse um 
estranho ele pode até achar que as pessoas que vê na televisão são 
personagens reais e iniciar uma conversa com eles. 
 
O que fazer? 
É necessário explicar aos familiares que sofrem muito com essas 
situações por mais que entendam que isso é causado pela doença. Oriente-os a 
não tentar argumentar, não guardar rancor, não se torturar e, acima de tudo não 
repreendê-lo. Lembre-os da inutilidade em ficar repetindo o nome e o papel das 
pessoas, ele não será capaz de fixar. Às vezes essas situações são transitórias, 
oriente-os a sair brevemente do ambiente e, retornar depois, pois isso pode 
bastar para minimizar a situação. 
 
Ele troca o dia pela noite: Isso pode acontecer por várias razões. Com o 
envelhecimento, a pessoa tende a dormir menos horas. Ela pode apresentar 
períodos de sonolência durante o dia e o cuidador permitir que ela durma por 
longos períodos o que vai interferir no sono noturno (pequenos cochilos não são 
ruins); ela pode ainda não ter nenhum gasto energético durante o dia (falta de 
atividade física). Pode acordar à noite e se sentir desorientada e perdida ficando 
com medo, inquieta e ansiosa. 
 
O que fazer? 
 Mantenha uma programação rotineira de atividades durante o dia, pois 
assim, à noite, ele estará fisicamente mais cansado. Assegure-se que o quarto 
é um ambiente calmo e acolhedor onde o idoso se sente confortável e em 
segurança. Tranque portas e janelas que dão acesso à rua ou ao exterior da 
casa ou apartamento. Instale uma lâmpada noturna para que, ao acordar, ele 
consiga perceber o ambiente onde está. Programe passeios mais longos, mas 
de forma bem planejada e preferencialmente à tarde. Cerifique-se que ele 
 
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esvaziou a bexiga antes de deitar. Caso ele levante e você não veja, ao perceber 
procure se aproximar dele com calma, de frente, olhando em seus olhos, falando 
delicadamente e lembrando-o quem você é. Mostre-lhe que está escuro, não 
adianta dizer “que é noite”, pois isso pode não ter mais nenhum significado. 
Converse calmamente com ele e tente levá-lo de volta ao quarto. Caso ele insista 
em ficar acordado, proponha alguma atividade para entretê-lo. 
 
Reações catastróficas: A pessoa com DA gradativamente vai perdendo a 
noção de tempo e de espaço assim ela pode não saber onde está, se é dia ou 
noite, que horas são, etc. Isso o deixa muito inseguro e desorientado. Ele pode 
reagir desproporcionalmente às situações apresentadas gritando, chorando, 
batendo o pé ou até se tornando agressivo. A agressividade verbal é mais 
frequente que a física. Ele age assim porque não consegue adequar sua reação 
à situação que vivencia, ele vê ameaça e perigo onde não existem e apenas 
reage a essas sensações que, para ele são reais. 
 
O que fazer? 
 Para o cuidador essas são situações sempre difíceis de lidar pois cansam, 
estressam e magoam. O cuidador sempre fica se perguntando o que ele fez para 
desencadear essa situação. Muitas vezes não fez nada ou, fez algo que foi 
inadequadamente interpretado. Quando ocorrer esse tipo de situação procure 
manter a calma e tente controlá-la. Não grite com o idoso ou o segure com força, 
pois ele pode se sentir ameaçado e agredido o que só irá piorar o quadro. Não 
se afaste, fale com ele em tom normal, com devagar e com delicadeza; se estiver 
chorando console-o. Não tente argumentar ou racionalizar nem tente se 
justificar, isso só piorará a situação. Se ele ficar agressivo, não tente segurá-lo, 
saio do seu alcance, mas deixe que ele continue visualizando sua pessoa. 
Aguarde que a ira tende a passar. Esqueça o ocorrido após passar. Não tente 
voltar a ele tentando conversar a respeito, isso não vai ajudar. Por mais difícil e 
ilógico que pareça, geralmente há uma razão para o desencadeamento dessas 
situações. Procure descobrir qual é para poder evitá-la. Se isso acontecer em 
um ambiente público não se estresse e não sinta vergonha. Procure afastar as 
pessoas e explique que a pessoa é portadora de DA. Hoje em dia essa doença 
 
34 
 
já é bem conhecida e alguém a conhecerá e poderá ajudá-lo a conter a situação 
conversando com as pessoas que estão começando a aglomerar ao seu redor. 
 
Ele sai na rua e não sabe voltar para casa: O doente pode fugir de casa 
caracterizando uma fuga ou se perder em um trajeto corriqueiro caracterizando 
uma andança a esmo. As fugas geralmente ocorrem após alguma contrariedade 
ou por algum distúrbio de reconhecimento (não reconhece a casa, a esposa e 
foge para encontrá-los). O vagar a esmo está ligado à desorientação e à 
memória espacial. Ele sai, se perde, não encontra o caminho de volta, perde as 
referências e começa a vagar. Isso pode ocorrer porque está tentando chegar a 
um antigo endereço. Elas podem ser potencialmente perigosas, pois a pessoa 
pode andar longas distâncias e não conseguir pedir ajuda. Pode cair, ficar 
exposta a frio ou calor intenso, à chuva, ser agredida. Sua expressão (ar incerto 
ou perdido) ou atitude podem levar as pessoas a pensarem, erroneamente, que 
se trata de um alcoolista ou drogado e se afastarem dele recusando ajuda. Em 
cidades pequenas essas situações são menos problemáticas, pois geralmente 
as pessoas se conhecem e podem ajudar. Numa cidade como São Paulo, a 
pessoa pode, simplesmente, desaparecer. 
 
O que fazer? 
 Não entre em pânico, analise calmamente a situação. Dê uma volta rápida 
no quarteirão. Se a busca começar rapidamente ele poderá ser encontrado em 
um raio de 1,5km de sua residência. Vá aos lugares que costuma ir quando sai 
com ele perguntando se as pessoas o viram; telefone para a polícia e saiba como 
descrevê-lo lembrando-se de como estava vestido quando desapareceu; avise 
os familiares. Como essa situação pode ser bastante comum, o ideal é preveni-
la. Avise vizinhos e comerciantes próximos sobre a doença do idoso e que ele 
poderá se perder. Forneça seu telefone para os mesmos para que eles possam 
avisá-lo numa eventual circunstância dessas. Não deixe que o idoso use objetos 
de valor (jóias) ou carregue seus documentos originais. Providencie um 
identificador, que pode ser uma pulseira ou pode ser costurado na parte interna 
da roupa contendo nome, sobrenome, endereço e telefone de contato. Procure 
ter sempre uma foto da pessoa idosa atualizada para auxiliá-lo (ou à polícia) na 
busca. Mantenha as portas de acesso à rua, trancadas e as chaves em locais de 
 
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difícil acesso. Colocar uma cortina ou uma tapeçaria cobrindo a porta também 
auxilia. Não se desespere e não se sinta necessariamente culpado. Procure 
prevenir essas situações e mantenha a família sempre orientada quanto a essa 
possibilidade. Saiba sempre para quem deve ligar se isso acontecer. Tenha 
sempre à mão telefones úteis (polícia, bombeiros, pronto-socorro, hospitais e 
serviços de urgência próximos, do médico do idoso e do parente que costuma 
ajudar. Quando ele for localizado, procure entender porque ele agiu dessa 
maneira, isso auxiliará no estabelecimento de um planejamento preventivo para 
novas ocorrências semelhantes. 
 
Síndrome do “sundown”(por do sol): Os distúrbios de comportamento podem 
acontecer mais frequentemente em determinados horários do dia. É o caso do 
final da tarde, conhecido como sundown (pôr do sol). Nesse horário, o doente 
fica mais agitado, mais confuso e desorientado.Começa a seguir o cuidador pela 
casa toda, fica andando de um lado a outro e pode ver ou ouvir coisas que não 
existem. Isso pode ocorrer porque o doente perdeu a noção de dia e noite, ele 
confunde os dois períodos e perde a noção de suas respectivas atividades. O 
aumentar da escuridão pode provocar a sensação de medo aumentando sua 
insegurança. 
 
O que fazer? 
 Pesquise uma causa física ou medicamentosa, converse com o médico. 
Tranquilize-o procurando ficar ao lado dele nesse momento e repita calmamente 
que ele não tem nada a temer. Inicie uma atividade de substituição que ele goste. 
Programe o dia para ter um fim de tarde calmo evitando tudo que possa causar 
estimulação excessiva (menos barulho, menor número de pessoas circulando, 
menos agitação). 
 
A pessoa idosa com DA tem comportamentos sexuais inadequados: Esse 
tipo de comportamento pode estar relacionado às modificações da vida afetiva, 
à perda de julgamento crítico (desinibição ou conveniências sociais). Geralmente 
o doente apresenta uma diminuição da libido e da atividade sexual, mas, às 
vezes, pode ocorrer o contrário, aumentando. Isso pode ser expresso de 
diferentes maneiras: masturbação na frente de terceiros, uso de palavras ou 
 
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gestos obscenos, assédio sexual com seu cuidador, propostas sexuais a uma 
pessoa desconhecida, apalpar pessoas desconhecidas ou com quem não tem 
qualquer intimidade. As manifestações inadequadas podem ser resultado da 
manutenção das necessidades sexuais. Mas, com a doença, ele está 
desorientado e pode ter perdido a conveniência social manifestando seus 
desejos de forma intempestiva (quando, como e onde não se deve). A 
manifestação mais frequente costuma ser “falta de pudor” (aparece nu na frente 
de visitas, crianças ou estranhos). É necessário entender e explicar para a 
família que esses comportamentos são devidos à ausência de crítica, não são 
intencionais. 
 
O que fazer? 
 São situações extremamente delicadas para todos os envolvidos. Caso 
ainda exista o companheiro ou a esposa, converse sobre a possibilidade de 
manutenção, na medida do possível, de uma vida sexual ativa; da troca de 
gestos carinhosos (acariciar, beijar, manter maior contato físico). Lembre-se que 
o(a) idoso não está com más intenções, está apenas respondendo a estímulos 
que não controla mais. 
Fale sobre possíveis alterações de seu comportamento sexual para evitar 
surpresas desagradáveis. Caso ele(a) tire a roupa em público, explique que não 
é exibicionismo, ele apenas esqueceu a importância e o significado social do fato 
de estar vestido. Não o(a) repreenda, leve-o(a) gentilmente de volta a seu quarto 
para vesti-lo(a). Explique às pessoas que ele(a) está doente e por essa razão 
não sabe que tais atitudes são inadequadas. Ele(a) não teve a intenção de 
chocar ninguém. Se a pessoa idosa se masturba, entenda e explique que ela o 
faz porque sente prazer, mas que a doença a fez perder o sentido das 
convenções sociais. Se ele fizer isso em privacidade, deixe-o; se não, leve-o 
gentilmente ao seu quarto, volte e explique o que está acontecendo. 
 
O QUE FAZER QUANDO SAIR COM O IDOSO COM DA DE CASA? 
Procure levá-lo ao banheiro antes de sair. Não pergunte apenas se ele 
está com vontade de ir ao banheiro, lembre-se que ele pode não fazer mais a 
associação necessidade/ação. Verifique se as roupas que está utilizando são 
 
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adequadas e fáceis de despir e vestir. Prepare uma valise com roupas adicionais 
para poder trocá-lo em caso de “acidentes”; inclua toalha e lenços higiênicos. 
Assim que chegar ao destino, localize o banheiro mais próximo e 
acompanhe-o até lá. Auxilie-o, pois será um ambiente estranho e ele poderá 
apresentar dificuldades. Faça isso a cada duas horas aproximadamente. Fique 
atento a sinais que demonstrem que ela tem vontade de ir ao banheiro (ficar 
inquieto ou tentar tirar a roupa), aja rápida, mas calmamente. 
 
COMO RECONHECER SINAIS DE DESCONFORTO 
Com o avançar da doença, o idoso vai apresentando dificuldades em 
expressar desconforto, dor ou mal estar. O cuidador precisa estar atento para 
poder auxiliá-lo buscando reconhecer sinais que possam mostrar isso e 
buscando suas causas. Dificilmente ele utilizará palavras para expressar, Ele 
poderá chorar, gritar, ficar agitado ou muito apático. O comportamento não terá, 
necessariamente, uma causa evidente ou direta ele só está apontando que algo 
está errado. A tensão emocional pode ser expressa por inquietação, agitação e 
nervosismo. Pode começar a andar de um lado para outro, mexe insistentemente 
em alguma coisa ou em si mesmo. Apatia e passividade podem estar 
relacionadas ao avançar da doença. O cuidador deve estar atento se a instalação 
desse quadro foi repentina, pois pode indicar alterações físicas (doenças, 
infecções, etc). Sempre haverá uma razão para os sinais de desconforto. O 
cuidador poderá identificá-las mais facilmente se construir um bom vínculo com 
a pessoa de quem cuida e estar atento a seus sinais. 
 
COMO OCUPAR O TEMPO LIVRE 
 As atividades do dia-a-dia com um idoso com DA, quando 
adequadamente executadas, ocupam boa parte do dia pois levarão mais tempo 
para serem executadas. Mesmo assim, sobrará algum tempo livre que deverá 
ser preenchidas com atividades estimuladoras e planejadas. Por muito tempo a 
pessoa idosa poderá manter suas capacidades físicas podendo e devendo ser 
estimulado a utilizá-las. Desenvolvimento de atividades diversas tem muitas 
vantagens: manutenção da capacidade funcional; redução da dependência; 
diminuição do tédio e do isolamento; melhora da auto estima do idoso. 
 
38 
 
Para o alcance dessas vantagens, o cuidador deve estar atento a três 
regras básicas: 
 As atividades propostas devem mobilizar as capacidades físicas e 
mentais remanescentes dos idosos: 
o Não proponha atividades que sabe ele não consegue mais 
desempenhar; 
o Procure conhecer os hábitos e preferências dos idosos e propor 
atividades que já faziam antes. 
 O cuidador não deve fazer a atividade PELO idoso mas COM o idoso: 
 O cuidador deve dar ao idoso o tempo necessário para a execução da 
atividade. 
 
QUAL O CRITÉRIO DE ESCOLHA DAS ATIVIDADES? 
 Escolha atividades concebidas para adultos; 
 As atividades devem ser concretas e de utilidade reconhecida (varrer a 
casa, estender a toalha na mesa, etc); 
 Estarem centradas em coisas que ele sabia e gostava de fazer; 
 Devem ter, preferencialmente, curta duração; 
 Devem ser divididas em pequenas sequências claramente indicadas; 
 Demonstre como fazer quando o ver com dúvidas mas, não faça por ele; 
 A qualidade do produto não deve ser importante, a execução e o 
entretenimento causado é que importam é a atividade; 
 Passear é adequado e estimulante do ponto de vista físico, cognitivo e 
social. O período da tarde é o mais indicado. Procure fazer os mesmos 
trajetos, a rotina auxilia a desorientação causada pela doença. Procure 
um lugar ou horário mais tranquilo (menos barulho, menor tráfego). 
Estimule-o durante o passeio, conversando, mostrando as coisas. Não 
tenha pressa, o passeio não é uma corrida. Se ele quiser parar, faça uma 
pausa; 
 Atividades culinárias para as mulheres costumam ser familiares e 
estimulantes. Evite objetos cortante ou que possam quebrar. Oriente-a 
passo a passo e supervisione a atividade valorizando seus acertos. 
 
 
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ALGUMAS DICAS PARA O BOM CUIDADO DE UM IDOSO COM DEMENCIA 
DE ALZHEIMER: 
 Lembre-se sempre que você está cuidado de uma pessoa que tem uma 
doença crônica e progressiva que, pode apresentar problemas de 
comportamento conforme for avançando; 
 A agitação ou mudança de comportamento

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