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MagMp_Civil_JSimao_Aula45e46_241115_LGuedes

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Civil 
 Professor: José Simão 
Aula: 45 e 46 Data: 24/11/2015 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Família e Sucessões (continuação) 
1.5 Regimes de Bens 
1.5.1 Princípios dos Regimes de Bens 
1.5.2 Espécies de Regime de Bens 
 
 
1. Família e Sucessões (continuação) 
1.5 Regimes de Bens 
1.5.1 Princípios dos Regimes de Bens 
 
a) Princípio da Autonomia Privada; 
b) Princípio da Mutabilidade Justificada ou Motivada; 
 
i) Requisitos para a mudança para o regime de bens; 
ii) Efeitos da mudança de regime e partilha de bens 
 
A mudança de regime de bens somente se dá por sentença, logo surge a dúvida se a sentença produz efeitos 
retroativos (“ex tunc”), ou seja, retroage à celebração do casamento ou se produz efeitos “ex nunc”, ou seja, a 
partir de agora. 
 
A conclusão que se chega é que a sentença não retroage, ou seja, o casamento terá dois regimes distintos, cada a 
um a seu tempo e com seus efeitos próprios (REsp. 1533179/RS). 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: REsp. 1533179/RS 
Relator (a): Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE 
Julgamento: 08/09/2015 
Publicação: DJe 23/09/2015 
Decisão 
1. Consoante dispõe o art. 535 do Código de Processo Civil, destinam-se os embargos de declaração a expungir do 
julgado eventuais omissão, obscuridade ou contradição, não se caracterizando via própria ao rejulgamento da 
causa. 
2. É possível a alteração de regime de bens de casamento celebrado sob a égide do CC de 1916, em consonância 
com a interpretação conjugada dos arts. 1.639, § 2º, 2.035 e 2.039 do Código atual, desde que respeitados os 
efeitos do ato jurídico perfeito do regime originário. 
3. No caso, diante de manifestação expressa dos cônjuges, não há óbice legal que os impeça de partilhar os bens 
adquiridos no regime anterior, de comunhão parcial, na hipótese de mudança para separação total, desde que 
não acarrete prejuízo para eles próprios e resguardado o direito de terceiros. Reconhecimento da eficácia ex nunc 
da alteração do regime de bens que não se mostra incompatível com essa solução. 
4. Recurso especial provido. 
 
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Obs.: O mesmo ocorre quando a união estável é seguida de casamento. No período da união estável prevalece o 
seu regime de bens e a partir do casamento, vigora o regime escolhido pelas partes. 
 
Obs.: É errado afirmar que caso, na mudança de regime se opte pela comunhão universal, ocorre retroatividade 
da sentença. Na realidade, é a própria comunhão universal que atinge os bens existentes no momento do 
casamento. Não é a sentença que retroage, mesmo porque, quando a pessoa se casa por comunhão universal, o 
regime atinge os bens presentes e não há qualquer sentença. 
 
O sistema não foi pensando para permitir partilha de bens quando da mudança de regime, contudo na praxe 
forense, os requerentes ao adotarem a separação de bens como novo regime, pedem a partilha. A possibilidade é 
motivo de polêmica nos Tribunais, contudo o STJ em um precedente de setembro de 2015, admitiu também a 
partilha (REsp. 1533179/RS). 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: REsp. 1533179/RS 
Relator (a): Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE 
Julgamento: 08/09/2015 
Publicação: DJe 23/09/2015 
Decisão 
1. Consoante dispõe o art. 535 do Código de Processo Civil, destinam-se os embargos de declaração a expungir do 
julgado eventuais omissão, obscuridade ou contradição, não se caracterizando via própria ao rejulgamento da 
causa. 
2. É possível a alteração de regime de bens de casamento celebrado sob a égide do CC de 1916, em consonância 
com a interpretação conjugada dos arts. 1.639, § 2º, 2.035 e 2.039 do Código atual, desde que respeitados os 
efeitos do ato jurídico perfeito do regime originário. 
3. No caso, diante de manifestação expressa dos cônjuges, não há óbice legal que os impeça de partilhar os bens 
adquiridos no regime anterior, de comunhão parcial, na hipótese de mudança para separação total, desde que 
não acarrete prejuízo para eles próprios e resguardado o direito de terceiros. Reconhecimento da eficácia ex nunc 
da alteração do regime de bens que não se mostra incompatível com essa solução. 
4. Recurso especial provido. 
 
 
1.5.2 Espécies de Regime de Bens 
 
São 4 (quatro) os regimes tipificados no Código Civil: a) comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666, CC); b) comunhão 
universal de bens (arts. 1.667 a 1.671, CC), c) participação final dos aquestos (arts. 1.672 a 1686, CC); d) 
separação de bens (arts. 1.687 a 1.688, CC). 
 
 
Art. 1.658, CC. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os 
bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as 
exceções dos artigos seguintes. 
 
Art. 1.659, CC. Excluem-se da comunhão: 
 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe 
 
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sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e 
os sub-rogados em seu lugar; 
 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a 
um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; 
 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em 
proveito do casal; 
 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
 
Art. 1.660, CC. Entram na comunhão: 
 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, 
ainda que só em nome de um dos cônjuges; 
 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de 
trabalho ou despesa anterior; 
 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de 
ambos os cônjuges; 
 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, 
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de 
cessar a comunhão. 
 
Art. 1.661, CC. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por 
título uma causa anterior ao casamento. 
 
Art. 1.662, CC. No regime da comunhão parcial, presumem-se 
adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não 
se provar que o foram em data anterior. 
 
Art. 1.663, CC. A administração do patrimônio comum compete a 
qualquer dos cônjuges. 
 
§ 1º As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os 
bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do 
outro na razão do proveito que houver auferido. 
 
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§ 2º A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a 
título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens 
comuns. 
 
§ 3º Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a 
administração a apenas um dos cônjuges. 
 
Art. 1.664, CC. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações 
contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da 
família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição 
legal. 
 
Art. 1.665, CC. A administração e a disposição dos bens constitutivos 
do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo 
convenção diversa em pacto antenupcial. 
 
Art. 1.666, CC. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na 
administração de seus bens particulares e em benefício destes, não 
obrigam os bens comuns. 
 
Art. 1.667, CC. O regime de comunhão universal importa a 
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e 
suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. 
 
Art. 1.668, CC. São excluídos da comunhão: 
 
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade 
e os sub-rogados em seu lugar; 
 
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro 
fideicomissário, antes de realizada acondição suspensiva; 
 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de 
despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com 
a cláusula de incomunicabilidade; 
 
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
 
Art. 1.669, CC. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo 
antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou 
vençam durante o casamento. 
 
Art. 1.670, CC. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto 
no Capítulo antecedente, quanto à administração dos bens. 
 
 
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Art. 1.671, CC. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e 
do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para 
com os credores do outro. 
 
Art. 1.672, CC. No regime de participação final nos aquestos, cada 
cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo 
seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, 
direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na 
constância do casamento. 
 
Art. 1.673, CC. Integram o patrimônio próprio os bens que cada 
cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na 
constância do casamento. 
 
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada 
cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis. 
 
Art. 1.674, CC. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, 
apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos 
patrimônios próprios: 
 
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-
rogaram; 
 
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; 
 
III - as dívidas relativas a esses bens. 
 
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos 
durante o casamento os bens móveis. 
 
Art. 1.675, CC. Ao determinar-se o montante dos aquestos, 
computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a 
necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser 
reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou 
declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da época da 
dissolução. 
 
Art. 1.676, CC. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em 
detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, 
ou de seus herdeiros, de os reivindicar. 
 
Art. 1.677, CC. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas 
por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de 
terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro. 
 
Art. 1.678, CC. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com 
bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e 
 
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imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge. 
 
Art. 1.679, CC. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, 
terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no 
crédito por aquele modo estabelecido. 
 
Art. 1.680, CC. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se 
do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do 
outro. 
 
Art. 1.681, CC. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo 
nome constar no registro. 
 
Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge 
proprietário provar a aquisição regular dos bens. 
 
Art. 1.682, CC. O direito à meação não é renunciável, cessível ou 
penhorável na vigência do regime matrimonial. 
 
Art. 1.683, CC. Na dissolução do regime de bens por separação 
judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aquestos à 
data em que cessou a convivência. 
 
Art. 1.684, CC. Se não for possível nem conveniente a divisão de 
todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de 
todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário. 
 
Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, 
serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos 
bens quantos bastarem. 
 
Art. 1.685, CC. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, 
verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade 
com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros 
na forma estabelecida neste Código. 
 
Art. 1.686, CC. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à 
sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros. 
 
Art. 1.687, CC. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão 
sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os 
poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. 
 
Art. 1.688, CC. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as 
despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e 
de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. 
 
 
 
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a) Comunhão parcial de bens: a regra é que os bens existentes no momento do casamento não se comunicam 
(bens particulares). 
 
Já aqueles adquiridos após o casamento, são bens comuns, salvo as exceções legais (art. 1.659, CC). 
 
i) Excluem-se da comunhão (bens particulares) – art. 1.659, CC: 
 
 
Art. 1.659, CC. Excluem-se da comunhão: 
 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe 
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e 
os sub-rogados em seu lugar; 
 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a 
um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; 
 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em 
proveito do casal; 
 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
 
 
Inciso I - Os bens que já existiam no momento do casamento e os sub-rogados em seu lugar, os bens havidos 
por doação ou herança e os sub-rogados em seu lugar; 
 
Obs.: É possível sub-rogação parcial. Exemplo: Vende-se um bem particular de 500 (quinhentos) e compra-se um 
de 700 (setecentos). 
 
Inciso II - Os bens adquiridos com valor exclusivo a um dos cônjuges e os sub-rogados aos bens particulares; 
 
Exemplo: Pessoa adquire um bem após o casamento com dinheiro ganho anteriormente; 
 
Inciso III – As obrigações anteriores ao casamento; 
 
“Quem não tem os bônus, não tem os ônus”. 
 
Inciso IV – As dívidas provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
 
 
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1ª Hipótese: Cônjuge pratica ato ilícito que somente causa prejuízos – somente o causador do dano responde por 
ele. 
 
2ª Hipótese: Cônjuge pratica ato ilícito e fica com todas as vantagens. Exemplo: Marido desvia dinheiro da 
empresa e coloca a importância na conta da amante. Nesta hipótese, somente quem causou o ilícito responde. 
 
3ª Hipótese: Cônjuge pratica ato ilícito que beneficia o outro cônjuge. Exemplo: Marido dá desfalque em empresa 
e compra imóvel. A esposa somente responde pela meação, ou seja, pelo proveito econômico que teve com o 
ilícito alheio. Assim há responsabilidade (“haftung”) por dívida alheia (“schuld”). 
 
Inciso V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
 
Bens de uso pessoal, pois seriam inúteis ao outro cônjuge; 
Bens de profissão, pois a sua partilha após o casamento, poderia inviabilizar a profissão do outro cônjuge; 
Livros, a doutrina não tem uma explicação clara para tal. 
 
Inciso VI e VII - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos (aposentadoria do 
militar, montepios (valor que o Estado paga aos dependentes do servidor falecido) e outras rendas 
semelhantes. 
 
Pela literalidade do Código Civil, sendo o salário bem exclusivo, tudo que com ele se adquirir será também bem 
particular. A interpretaçãoliteral do Código acaba por transformar a comunhão parcial em separação de bens. A 
origem dos dispositivos era a proteção da mulher casada que recebia salários. Logo, a doutrina conclui que o 
direito aos proventos não se comunica. 
 
1ª Hipótese: Direito à percepção dos salários ou honorários, mas depois que o direito é adquirido se 
patrimonializa, o provento passa a ser comum. Exemplo: marido utiliza salário para comprar um bem. 
 
2ª Hipótese: Salário é depositado na conta da esposa. 
 
Obs.: O STJ determinou a partilha de verbas trabalhistas ganhas após o casamento, mas que deveriam ter sido 
pagas na sua constância (REsp. 646529/SP). 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: REsp. 646529 / SP 
Relator (a): Ministra NANCY ANDRIGHI 
Julgamento: 21/06/2005 
Publicação: DJ 22/08/2005 p. 266. REVJMG vol. 173 p. 430 
Decisão 
 
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- Ao cônjuge casado pelo regime de comunhão parcial de bens é devida à meação das verbas trabalhistas 
pleiteadas judicialmente durante a constância do casamento. 
- As verbas indenizatórias decorrentes da rescisão de contrato de trabalho só devem ser excluídas da comunhão 
quando o direito trabalhista tenha nascido ou tenha sido pleiteado após a separação do casal. 
Recurso especial conhecido e provido. 
 
ii) Bens que se comunicam (bens comuns) – art. 1.660, CC: 
 
 
Art. 1.660, CC. Entram na comunhão: 
 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, 
ainda que só em nome de um dos cônjuges; 
 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de 
trabalho ou despesa anterior; 
 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de 
ambos os cônjuges; 
 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, 
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de 
cessar a comunhão. 
 
 
Inciso I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos 
cônjuges; 
 
A Lei não exige esforço comum ou colaboração indireta. A comunhão de vida neste regime implica também 
comunhão de bens. 
 
Exceção: Se o bem entrou no patrimônio após o casamento, mas, por causa anterior a este, o bem é particulado 
(art. 1.661, CC). Exemplo: Marido quita o carro quando solteiro, mas somente o recebe após o casamento. 
 
 
Art. 1.661, CC. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por 
título uma causa anterior ao casamento. 
 
 
 
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Nota: Ainda que o contrato de financiamento mencione rendas desiguais, o bem entra na comunhão em partes 
iguais. 
 
Inciso II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; 
 
Fato eventual: loteria, bingo, rifa, sorteios ou prêmios em concurso, as formas originais de aquisição da 
propriedade (avulsão, aluvião, álveo abandonado – que são acessões naturais). 
 
Inciso III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; 
 
Os bens doados ou herdados para ambos os cônjuges ou os herdados por ambos. 
 
Obs.: Neste caso, pela doação ou pelo testamento, criou-se um condomínio entre cônjuges. 
 
Inciso IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
 
É exceção à regra pela qual o acessório segue o principal, pois um dos cônjuges é dono do principal e ambos, da 
benfeitoria. 
 
Inciso V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do 
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
 
Os frutos produzidos na vigência do casamento são bens comuns, mesmo que o principal seja bem particular. 
 
Exemplo: Marido herda a casa e a aluga. O aluguel é bem comum. 
 
Próxima aula: Comunhão Universal dos Bens e Separação Total dos Bens.

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