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UNIDADE II PSICOLOGIA DOS GRUPOS E SUBJETIVIDADE Profa. Rita Maciel Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Unidade I 1. Materialismo dialético 2. Ideologia 3. A realidade histórica e social dos países latino-americanos 4. Novos temas para o pensamento crítico em grupos: linguagem e imaginário Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Unidade II 5. Grupos e subjetividade 6. Processos grupais 7. Psicologia social e mudança 8. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Grupos e subjetividade Conceituação No século XVIII: a palavra grupo designa ajuntamento de pessoas. No período contemporâneo: grupos definidos a partir da metáfora biológica (grupo organismo) ou mecânica (grupo máquina) ou simplesmente pelo ajuntamento de pessoasmáquina), ou simplesmente pelo ajuntamento de pessoas, nas multidões, nos bandos, nas aglomerações. Fonte: www.tribunadonorte.com.br Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A ideia de grupo também está presente em grupos nos quais os indivíduos se encontram face a face, os pequenos grupos sociais o nas organi ações das q ais todos participamos esociais, ou nas organizações das quais todos participamos e, por meio das quais, temos um papel no jogo social. Quando falamos em grupo pensamos nos pequenos grupos Quando falamos em grupo, pensamos nos pequenos grupos, aqueles dentro dos quais seus membros têm contato face a face, grupos que são estruturados, organizados por regras com objetivos definidos, cuja ação está delimitada no espaço – por uma sala, um campo, uma instituição. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Não é comum chamarmos de grupo os agregados mais ou menos numerosos de indivíduos que não têm propriamente nenh m contato entre si os amontoados percebidos pornenhum contato entre si, os amontoados, percebidos por Sartre, numa fila à espera de ônibus que não estão sujeitos a normas claras de comportamento comum.p As maneiras de entender um grupo como uma unidade estruturada ou como uma categoria são bastante conhecidas Ée utilizadas pelos cientistas sociais (HARRÉ, 1984). De modo geral, tanto as pessoas quanto os cientistas sociais tendem a tratá los como se fossem a mesma coisatendem a tratá-los como se fossem a mesma coisa. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A concepção de que nos grupos estruturados determinadas regras dirigem a disposição dos indivíduos (como num jogo) é e trapolada para ma sit ação em q e tais regras nãoé extrapolada para uma situação em que tais regras não existem senão implicitamente na imagem que acompanha aquela categoria.q g Seja o grupo estruturado ou a categoria social, desde que tenham um nome, sua imagem estática, congelada, será a figura que o identifica; um “nome” cuja presença-imagem participará da mediação entre os grupos, naquilo que regula e orienta seus movimentos uns em relação aos outros.e orienta seus movimentos uns em relação aos outros. O nome do grupo é sua bandeira, e é algo cujo único movimento possível é proporcionado pelo vento – por mais arrasador, não pode redesenhar o brasão. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Uma história das ideias sobre os grupos Um dos principais organizadores da história das ideias sobre grupos pode ser identificado no entendimento sobre presença e importância do imaginário. A t i b t t iAs teorias sobre grupos tratam, com maior ou menor intensidade, da presença do imaginário nos grupos como um problema, um resto que precisa ser excluído: p , q p ora ele é privilegiado, deixando de lado tudo o que seria contextual, ora ele é descartado, quer pela sua pouca importância (na Psicologia Social americana), quer pela impossibilidade de manipulá-lo (como na Psicologia Institucional francesa)Institucional francesa) Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A Psicologia Social dos pequenos grupos Aquilo que é social nessa Psicologia diz respeito à sua função e utilidade, assim como sua localização fora do contexto e do tempo, no limite do tempo do “eu-grupo”, isto é, o social entendido como coisa naturalizadoentendido como coisa, naturalizado. O pequeno grupo, necessariamente estruturado, é o grupo típico dos setores administrativos dos empreendimentos p p capitalistas, alvo dos profissionais de Recursos Humanos. De maneira geral, no pequeno grupo, o sujeito é, ou procura ser, sujeito. Os grupos apresentam-se como unidades nas quais seus membros buscam a satisfação de suas necessidadesmembros buscam a satisfação de suas necessidades individuais. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A dinâmica de grupo de Kurt Lewin Criador da expressão dinâmica de grupo, Kurt Lewin tem como uma das principais contribuições de sua Psicologia Social as investigações sobre a solução de conflitos nos pequenos gruposnos pequenos grupos. Lewin propôs-se a estabelecer os conceitos e a metodologia de forma que, ao dar conta das dinâmicas nos pequenos q , p q grupos, fossem também abrangentes o suficiente quanto ao entendimento e a intervenção nos grupos sociais. Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do que isso, político ao tratar da presença da democracia dandopolítico, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a estas considerações. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade É importante considerar o contexto em que são feitas suas pesquisas: em meio às Grandes Guerras, num ambiente em q e parecia ser preciso marcar a diferença entre o “po oque parecia ser preciso marcar a diferença entre o “povo alemão” e o “povo americano” – de sua nova pátria. Mesmo reconhecendo os aspectos históricos dos fenômenos Mesmo reconhecendo os aspectos históricos dos fenômenos grupais, herança de sua formação científica europeia, Lewin elabora nessa mesma tradição um entendimento sobre grupos tratando daquilo que é “visível”, ainda que seja seu efeito, como as forças de atração e de repulsão interindividuais. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade As psicoterapias de grupo Assim como os estudados por Kurt Lewin (operários, estudantes, soldados), pequenos grupos podem ser encontrados no âmbito das psicoterapias de grupo, consideradas como modalidade da Psicologia Clínica queconsideradas como modalidade da Psicologia Clínica, que vem sendo desenvolvida concomitantemente com os avanços das psicoterapias individuais desde o início do século XX e como prática que se encontra no âmbito da Psicologia Social. Fonte: www.tippps.com.mx Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Nessas práticas terapêuticas, será possível apreender uma ideia de grupo que ocupa uma posição central no conjunto dos conceitos q e as definem e q e lhes oferecem sentidodos conceitos que as definem e que lhes oferecem sentido. As soluções oferecidas aos indivíduos que se submetem à terapia grupal seja ela estritamente clínica tenha ela um viésterapia grupal, seja ela estritamente clínica, tenha ela um viés político ou instrumental, dependem da concepção do que seja um grupo. A quantidade e diversidade de orientações, princípios e objetivos que sustentam as práticas de terapeutas fundamentadas em Bion e Moreno entre outros respondemfundamentadas em Bion e Moreno, entre outros, respondemas diferentes histórias que congregam os vários grupos de teóricos e profissionais que se associaram a um ou a outro desses nomes. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Quando percorremos no contexto das psicoterapias de grupo, assim como as ideias sobre grupos que elas comportam, e disc timos a presença do elemento “pert rbador” odiscutimos a presença do elemento “perturbador” – o imaginário –, deparamo-nos com um cenário no qual há mais semelhanças do que diferenças.ç q ç O imaginário será visto, muitas vezes, como componente causador de perturbação, justamente quando é mais visível, sensual, perceptível, banhado do afeto envolvido nos relacionamentos face a face. Para Lancetti (1994) a ilusão (o imaginário) é compreendida Para Lancetti (1994), a ilusão (o imaginário) é compreendida como um problema que precisa, de alguma forma, ser controlado e extraído. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Dos grupos diagnósticos a Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari Produzidas durante a década de 1950 e o início dos anos 1960, as considerações de Pontalis (1972) sobre a Psicoterapia de Grupo comportam referências importantes sobre a questão doGrupo comportam referências importantes sobre a questão do contexto e da história no entendimento dos grupos sociais. Para Pontalis, o que assegura a existência de um grupo , q g g p humano é sua função institucional, isto é, o seu lugar num universo simbólico. O pequeno grupo deve ser pensado não como absolutamente independente, mas sempre como inserido no contexto social. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Segundo Pontalis (1972), desde o grupo diagnóstico ou terapêutico (T-group), inventado em 1947 nos EUA por discíp los de K rt Le in os gr pos são necessariamentediscípulos de Kurt Lewin, os grupos são necessariamente artificiais. O T-group seria um grupo sem passado e sem futuro que O T-group seria um grupo sem passado e sem futuro, que comporta uma realidade falseada, em que se amplificam situações que, na realidade, não teriam a mesma intensidade. A partir daí, a história das intenções e práticas comportadas nos trabalhos com grupos inicia-se pelo interesse numa Pedagogia comunicativa (é preciso que haja comunicaçãoPedagogia comunicativa (é preciso que haja comunicação no grupo), passando pela ênfase no autoconhecimento do próprio grupo, de como ele “funciona”, até bastar-se como espaço para a experiência, sem nenhuma outra finalidade. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Quando o grupo é entendido como em desenvolvimento, tal qual um organismo, isso se dá como tentativa de isolar os significados possí eis da e periência gr pal e a Psicoterapiasignificados possíveis da experiência grupal, e a Psicoterapia de Grupo continua descaracterizada quanto à sua possibilidade de intervenção social – e clínica.p ç A contribuição da Psicanálise para a Teoria dos Grupos, segundo Pontalis (1972), está inicialmente nas tentativas de encontrar, nos grupos, similares das instâncias da personalidade da segunda tópica freudiana (ego, superego, ideal do ego).ideal do ego). InteratividadeInteratividade Kurt Lewin, autor, criador da expressão “dinâmica de grupos”, suas pesquisas foram feitas em meio as Grandes Guerras. Foi ino ador ao abordar aspectos da personalidadeinovador ao abordar aspectos da personalidade: a) no contexto cultural e político. b) d d éb) nas grandes empresas da época. c) nas vilas e pequenos vilarejos. d) d hd) em grupos de recursos humanos. e) nos grupos de jogadores. RespostaResposta a) no contexto cultural e político. b) nas grandes empresas da época. c) nas vilas e pequenos vilarejos. d) em grupos de recursos humanos. e) nos grupos de jogadores. Justificativa: Lewin foi inovador ao abordar aspectos da personalidade como referidos ao contexto cultural e, mais do i líti t t d d d i d dque isso, político, ao tratar da presença da democracia, dando status científico a essas considerações. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Dos grupos diagnósticos a Psicanálise: as críticas de Pontalis e Guattari É É com Bion que a Psicanálise virá a oferecer uma nova dimensão para a Psicoterapia de Grupo, com as diferenças entre os grupos de base e os grupos de trabalho assim comoentre os grupos de base e os grupos de trabalho, assim como o conceito de hipótese de base. Enquanto os grupos de trabalho são aqueles organizados q g p q g para uma tarefa, os grupos de base caracterizam-se por não estarem presos a normas de funcionamento, mas a circunstâncias como o horário da sessão de psicoterapiacircunstâncias, como o horário da sessão de psicoterapia. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade De acordo com Bion, citado por Pontalis (1972), o grupo seria um agregado de indivíduos, e mais, possuiria um fantasma, isto é: “[...] uma realidade estruturada, que age, capaz de informar não apenas imagens e sonhos, mas todo o campo do comportamento humano” (ididem p 218)comportamento humano . (ididem, p. 218) É isso que o grupo provoca nos indivíduos, o efeito desse fantasma. Quando o indivíduo se vê face a face com um grupo, isso lhe provoca efeitos fantasmáticos, quanto a se o grupo é um “bom” objeto – com o qual pode aliar-se –, ou um “mau” objeto – um grupo persecutório, que o ameaça de destruição. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Apesar da importância dada a Bion por Pontalis (1972) no que diz respeito às ideias sobre grupos contidas no âmbito das psicoterapias gr pais é com G attari (2005) q e em tomarpsicoterapias grupais, é com Guattari (2005) que vem tomar corpo, mais efetivamente, também por meio da Psicanálise, uma dimensão crítica e transformadora. Guattari (2005) visa dar sustentação a um projeto político e revolucionário de intervenção social, que toma os grupos como capazes de movimentos de transformação, desde que se leve em conta não só seus aspectos históricos, como pretenderia uma concepção marxista, mas também ospretenderia uma concepção marxista, mas também os aspectos imaginários dos grupos (o “fantasma” do grupo), razão pela qual foi violentamente criticado pelas instituições d d f dé d d 1960de esquerda francesas na década de 1960. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade O imaginário, antes de ser uma marca permanente do grupo, apresenta-se para Guattari como uma função que não pode ser e cl ída da e periência gr pal e assim de e serser excluída da experiência grupal, e assim deve ser interpretado. Guattari (2005) procura definir mais precisamente as duas Guattari (2005) procura definir mais precisamente as duas funções que explicariam os movimentos gerais dos grupos. Citando Freud, ele afirma que existe uma série contínua entre , q o estado amoroso, a hipnose e a formação coletiva – no qual estaria a alienação – e que o neurótico acaba por substituir suas formações sintomáticas pelas grandes formaçõessuas formações sintomáticas pelas grandes formações coletivas (as instituições da humanidade), criando seu próprio mundo imaginário. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Da mesma forma, Guattari (2005) acabaria por encontrar algo equivalente também nos indivíduos que pertencem a grupos sociais mesmo os tidos como re ol cionários como partidossociais, mesmo os tidos como revolucionários, como partidos de esquerdaou grupos de jovens, e que poria por terra a distinção fácil entre grupos “revolucionários” e “não ç g p revolucionários” quanto sua potência de transformação social. Haveria grupos-sujeito, que se deixam embalar por seus fantasmas, e grupos-objeto, nos quais se apresentam momentos de subjetividade do grupo. Para que um grupo se confirme ou se mantenha como Para que um grupo se confirme ou se mantenha como grupo-sujeito, é necessário que haja uma articulação entre a criatividade do grupo, sua expressão organizativa e sua elaboração teórica. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A Psicologia Social das categorias sociais Reconhecida como tradição e campo de pesquisa científica a partir do final da Segunda Grande Guerra, a Psicologia Social europeia constitui-se influenciada pela Sociologia de Durkheim e em oposição à hegemonia da Psicologia SocialDurkheim e em oposição à hegemonia da Psicologia Social americana, situando suas preocupações nos grandes grupos sociais e em sua dinâmica (FARR, 2006). Ao lado dos esforços para sistematizar métodos e procedimentos de pesquisa, os psicólogos sociais europeus irão dar especial importância à história e ao contexto istoirão dar especial importância à história e ao contexto, isto é, ao tempo, no desenvolvimento de seus trabalhos. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Estarão marcados pela presença de discussões ideológicas, por teorias que garantem a prevalência do social, como o mar ismo e pelos processos q e e plicam os relacionamentosmarxismo, e pelos processos que explicam os relacionamentos intergrupos, como a categorização social, base para se pensar a instituição e o pertencimento a grupos.ç p g p A importância oferecida aos contextos social e político no pós-Guerra e um indicativo dos parâmetros que viriam a orientar os pesquisadores na tentativa de explicar, entre outros, o comportamento intergrupos, seja na preparação para a guerra, seja durante o seu desenrolar.para a guerra, seja durante o seu desenrolar. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Os grupos-alvo dessas pesquisas serão predominantemente aqueles das categorias sociais, isto é, grupos caracterizados como sem estr t ra e sem leis de f ncionamentocomo sem estrutura e sem leis de funcionamento predefinidas, com objetivos circunstanciais, que têm membros cuja relação não será necessariamente face a face. j ç Nessa tradição, encontram-se os estudos sobre grupos desenvolvidos pelas escolas de Bristol e de Genebra, assim como os trabalhos realizados a partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A Teoria das Representações Sociais (TRS) de Serge Moscovici O pensamento do senso comum: os grupos pensam? Moscovici tem como ponto de partida a ideia de representações coletivas, antes proposta pelo sociólogo francês Émile D kh iDurkheim. Durkheim (1989, p.513) trata das representações coletivas como uma forma de conhecimento próprio da sociedadecomo uma forma de conhecimento, próprio da sociedade, que é concebida como um “ser” que pensa: as representações coletivas “correspondem a maneira pela p ç p p qual esse ser especial, que é a sociedade, pensa as coisas de sua própria experiência”. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A ideia original de Durkheim, que irá sustentar a proposta de um objeto próprio para a Sociologia, “um pensamento social”, contraria o senso com m e a concepção do pensamentocontraria o senso comum e a concepção do pensamento como atributo do indivíduo e abre a porta para considerar-se sociedade (e grupos) como entes para os quais cabe ( g p ) p q reconhecer e, então, estudar os processos que sustentam as representações. Moscovici subverte, no entanto, a concepção durkheimiana e indica que a representação dos objetos e das teorias sobre os quais as sociedades humanas têm interesse sãoos quais as sociedades humanas têm interesse são reconstruídos por essas sociedades num processo contínuo apoiado, fundamentalmente, nas relações entre as pessoas i ie os grupos sociais. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Sinteticamente, a TRS apresenta uma concepção que pretende atender a um problema crônico nas Ciências Sociais: a relação entre o pensamento científico e aquele que se refere ao senso comum, o pensamento do grupo, propondo, nesse sentido outro problema: os grupos pensam?nesse sentido, outro problema: os grupos pensam? A resposta a essa pergunta não é simples, porque propõe a superação de um entendimento bem-estabelecido: o p ç pensamento, para todos os efeitos, é um fenômeno individual. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Como falar de um grupo que pensa? Como entender algo como uma cognição social? Moscovici (2003) vai, assim, construir uma teoria que pretende instituir uma maneira diferenciada de conceber a realidade d t d ê idos grupos, o seu pensamento e, como decorrência, o comportamento e o devir dos grupos humanos. Na passagem das teorias científicas para o senso comum Na passagem das teorias científicas para o senso comum, num processo mediado pelo diálogo entre os indivíduos, a Teoria das Representações Sociais redescobre nos grupos sociais uma explicação para o mundo que orienta o comportamento dos indivíduos no grupo. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Objetivação e ancoragem Moscovici irá considerar que o processo de elaboração de uma representação social, que ele caracteriza como âmbito da cognição social, pode ser compreendido em razão de dois momentos: a objetivação e a ancoragemmomentos: a objetivação e a ancoragem. Objetivação: processo pelo qual se tenta reabsorver um excesso de significações, materializando-as. g ç , Aqui, Moscovici entende estar a dimensão imagética da representação social, que tem importância direta no seu processo de disseminação. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Ancoragem: é o outro lado da moeda em relação à objetivação. Ajusta o objeto representado à realidade da qual este foi sacado promo endo a constit ição de ma rede desacado, promovendo a constituição de uma rede de significações em torno dele e orientando as conexões entre ele e o meio social. É possível verificar o processo de ancoragem na associação que podemos fazer entre a prática religiosa católica da confissão e a Psicanálise: ambas ocorrendo num espaço reservado, com garantia de sigilo possibilidade de se tratar de questões íntimas quesigilo, possibilidade de se tratar de questões íntimas que o sujeito não traria para o espaço público. A prática psicanalítica como conceito viria ancorar-se, assim, no conceito já conhecido de confissão. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Teoria das Representações Sociais e grupos De acordo com Moscovici, as representações sociais são função dos grupos, de sua experiência e daquilo que os identifica, sua identidade. P d id i d d Pode-se considerar que variam de acordo com determinado grupo. Moscovici e outros estudiosos da TRS têm recolhido Moscovici e outros estudiosos da TRS têm recolhido exemplos de como, em um mesmo grupo, podem conviver diferentes representações sociais, o que foi chamado de polifasia cognitiva (MOSCOVICI, 1986). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Moscovici propõe o entendimento nocontexto de debates ligados a diversidade do saber e da sua sobreposição, e igindo ma e plicação q e desse conta da con i ênciaexigindo uma explicação que desse conta da convivência, no cotidiano, de diferentes abordagens do conhecimento, que vão da ciência a outras formas embebidas em outras q racionalidades, como as crenças, as RS etc. As RS são definidas no contexto das relações, são entidades dinâmicas, mudando de acordo com o contexto social em que se apresentam. São relativas assim ao grupo que delas se apropria e mais São relativas, assim, ao grupo que delas se apropria e, mais ainda, são função também da linguagem desse grupo, e, ainda, de como esse grupo usa a linguagem. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Outro aspecto diz respeito às relações entre as representações sociais e o comportamento do grupo. Segundo Moscovici (1986), a RS é compreendida também como comportando a preparação para a ação. O t t d i di íd d á O comportamento de um indivíduo ou grupo poderá ser entendido como referente ao universo de RS que os caracteriza, e o estudo de certa representação social refere-se , p ç a esse universo em relação ao qual o grupo se orienta. A RS apresenta-se e reproduz-se nas conversas do dia a dia, nas esquinas, nas praças e nos bares, instalando-se de maneira que subverta as normas e a rigidez habituais de aprendizagemde aprendizagem. InteratividadeInteratividade Moscovici tomou como ponto de partida a ideia de ___________ _____________, antes proposta pelo sociólogo francês Émile D rkheimDurkheim. Preencha a frase assinalando a alternativa que a completa corretamente:a completa corretamente: a) buscas coletivas. b) representações sociaisb) representações sociais. c) tradição científica. d) representações coletivasd) representações coletivas. e) senso comum. RespostaResposta a) buscas coletivas. b) representações sociais. c) tradição científica. d) representações coletivas. e) senso comum. Justificativa: Durkheim, considerado um dos fundadores da Sociologia como ciência, tem seu trabalho sobre t õ l ti d M i irepresentações coletivas usado por Moscovici que se apoia nos debates deste autor para iniciar seus estudos. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Teoria das Representações Sociais, imaginário e grupos Discutindo as ideias sobre grupos presentes na TRS, autores importantes como Jorge Vala e Rom Harre irão afirmar que estas classificam os grupos como categoriais. A ti d í t t ê i d A partir daí, os autores apontam as consequências dessa caracterização para o estabelecimento da TRS como uma genuína teoria dos grupos sociais e, mais ainda, para sua g g p , , p filiação a corrente sociológica de Psicologia Social. Em tais considerações, abrem caminho para a introdução do imaginário nessa concepção de grupo social. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Segundo Vala (2004), fundamentados no processo de categorização, os psicólogos sociais teriam produzido pelo menos d as maneiras relati amente distintaspelo menos duas maneiras relativamente distintas de considerar um grupo. Na perspectiva cognitiva como a de Tajfel e Turner “um Na perspectiva cognitiva, como a de Tajfel e Turner, um grupo só existe quando os indivíduos integram na sua autodefinição a inclusão numa categoria de pessoas produzida pelo processo de categorização” (ibidem, p.381). Na perspectiva sóciocognitiva de Doise, “um grupo existe quando os indivíduos integram na sua autodefinição aquando os indivíduos integram na sua autodefinição a pertença a uma categoria social, sendo que esse processo é regulado pela interdependência dos grupos sociais” (ibidem, p.381). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Os indivíduos constroem representações sobre as estruturas sociais; estas, por sua vez, organizam a instituição dessas representações sociais de forma q e no esforço para orepresentações sociais de forma que, no esforço para o estabelecimento dos limites dos grupos, a pergunta “quem sou eu” englobe “o que significa ser membro desse grupo”. g q g g p Isso quer dizer que a constituição de uma identidade grupal é função do universo simbólico (e imaginário) no qual os membros desse grupo estão imersos. Em oposição a esse entendimento do grupo como uma categoria autores que representam uma Psicologia Socialcategoria, autores que representam uma Psicologia Social psicológica indicariam, segundo Vala (2004, p.382), (cont )(cont.) Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade que “um grupo social deve ser considerado como uma totalidade dinâmica, caracterizada pela interdependência entre os se s membros enq anto ma categoria socialentre os seus membros, enquanto uma categoria social corresponde apenas a uma simples coleção de indivíduos que compartilham, pelo menos, um atributo comum”.q p , p , Assim, só haveria grupo quando houvesse interdependência e objetivos comuns, diferentemente do que se encontra numa categoria social. Mediando essa disputa, o autor sugere que, em vez de se pensar uma diferença absoluta entre grupos e categorias sepensar uma diferença absoluta entre grupos e categorias, se deve considerar a organização social como um continuum, com grupos pré-estruturados (categorias) e grupos estruturados (os “grupos” propriamente ditos). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Identidade Identidade-metamorfose A ideia de identidade, que provém do senso comum, contém o princípio da permanência, da essência, de algo t d lti ó i dque pretendemos cultivar como próprio de quem somos: sempre os mesmos. Nesse caso a identidade é um objeto que podemos “ter” Nesse caso, a identidade é um objeto que podemos ter , que pode ser “nosso”. Se nossa identidade se caracteriza pela mudança permanente p ç p (processo de transformação), é preciso reconhecer que a própria palavra “identidade” não dá conta do que ela representa quando significa “aquilo que é idênticorepresenta quando significa “aquilo que é idêntico a si mesmo”. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Identidade e ideologia – De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se também a um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupoa um determinado grupo. A identidade corresponde a uma construção social e é, portanto, histórica.p , Forjada nas relações entre os indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nas relações, de tal modo que podemos dizer que somos nas relações e, assim, como sugere Ciampa (1983), metamorfoses ambulantes. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Identidade e grupos A identidade que se presta a marcar uma existência particular tem a dimensão de uma coisa, de um bem, quando os grupos deixam de carregar sua dimensão imaginária. R lt d d i tâ i hi tó i ô i líti Resultado de circunstâncias históricas, econômicas, políticas e, em última instância, sociais, essa identidade tende a ser algo que possuímos, por herança ou por esforço próprio, g q p , p ç p ç p p , mas esforço de empresário, não de autor. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Processos grupais Lane (2006) insiste em tratar o grupo como processo ao caracterizá-lo como uma unidade que não se faz como permanente, que se constitui fundamentalmente de pessoas e relações e que está inserida num determinado contextoerelações e que está inserida num determinado contexto histórico e social. Ora, tudo isso que irá compor a concepção e a materialidade , q p pç dos grupos é sujeito à passagem do tempo, muda, transforma-se por conta dessa passagem. É É por isso que se poderá, assim, falar em processo, porque o grupo só existe sendo; não é coisa que possa ser abstraída de sua condição históricade sua condição histórica. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade No debate sobre a Psicologia dos Grupos, a literatura psicológica e sociológica trata dos grandes conjuntos h manos nas sociedades contemporâneas como “massa”humanos nas sociedades contemporâneas como “massa”: um agregado informe de indivíduos que não se conhecem pessoalmente sem vínculos sem objetivos comuns entrepessoalmente, sem vínculos, sem objetivos comuns, entre os quais não se pode reconhecer autonomia, mas apenas a sujeição a ideias e opiniões produzidas em outros lugares e impostas a esses conjuntos, usualmente, pela mídia. Seu comportamento, segundo cientistas sociais como Le Bon (2008) pode ser entendido como o de uma “manada” sujeita a(2008), pode ser entendido como o de uma “manada”, sujeita a interferências sem a mediação da razão. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Classificando os grupos sociais Microgrupos, ou grupos primários, como a família, são importantes para a produção da subjetividade e para a manutenção de ideias e ideais sociais. Sua presença é praticamente universal os indivíduos têm experiências de sipraticamente universal, os indivíduos têm experiências de si simultaneamente vinculadas à presença de outras pessoas. Macrogrupos, ou grupos secundários, são grupos de outra g p , g p , g p ordem e não se diferenciam dos microgrupos necessariamente pelo tamanho. Do ponto de vista dinâmico, substituem progressivamente os grupos primários contribuindo paraprogressivamente os grupos primários, contribuindo para que a socialização se faça com mais intensidade a partir dos macrogrupos. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Os grupos operativos Pensada como teoria e técnica que se presta à formação de equipes (grupos), por meio da Teoria dos Grupos Operativos, Enrique Pichon-Rivière procurava responder basicamente a algumas questões:algumas questões: O que e preciso para trabalhar em grupo? Como contribuir para a elaboração de uma tarefa em grupo? Como contribuir para a elaboração de uma tarefa em grupo? Para tentar respondê-las, propôs a prática dos grupos operativos, instituída inicialmente no horizonte do seu p , trabalho como professor e educador. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Tendo como ponto de partida uma definição mínima do que é um grupo social, ou seja, conjunto de pessoas com m objeti o com m q e proc ra trabalhar em eq ipeum objetivo comum que procura trabalhar em equipe, o grupo operativo pode ser assim compreendido como um treinamento para trabalhar como equipe, incluída p q p , aqui a retificação das posições estereotipadas que sustentam esse grupo. Uma ideia importante para a compreensão do trabalho grupal é o Esquema conceitual, referencial e operativo (Ecro) grupal. Os participantes do grupo trazem para o encontro umOs participantes do grupo trazem para o encontro um esquema, uma série de saberes, de conhecimentos e entendimentos do mundo que, no grupo, irão se atualizar, f t d d tconfrontando os esquemas uns dos outros. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Outro aspecto importante nas relações construídas no grupo operativo e a subversão dos papéis estereotipados e das relações entre esses papéis como professor al norelações entre esses papéis, como professor-aluno, profissional-cliente, autoridade-sujeito. A “aprendizagem” do grupo deve ser compreendida como um A aprendizagem do grupo deve ser compreendida como um processo contínuo e com oscilações – momentos de ensinar e de aprender. Nesse sentido, em vez do uso das expressões “ensino” e “aprendizagem”, vai-se construir um neologismo, isto é, inventar uma palavra que contemple uma relação horizontalinventar uma palavra que contemple uma relação horizontal entre esses dois polos sem suprimir diferentes funções; a palavra “ensinagem” irá apontar essa novidade. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade As funções exercidas num grupo, de acordo com Pichon- Riviere, contam das maneiras de, no grupo, lidar com os temores en ol idos na s a instit ição e man tenção Essastemores envolvidos na sua instituição e manutenção. Essas funções, que não são fixas e podem circular no grupo, entre os participantes e de um encontro para outro, têm diferentes p p p , formulações, mas podem ser resumidas nas seguintes: porta-voz, bode expiatório, líder, líder da resistência, detentor do silênciodo silêncio. Dentro do grupo, os participantes eventualmente ocupam esses lugares durante o embate para a elaboração dasesses lugares durante o embate para a elaboração das ansiedades básicas que acompanham a instituição do grupo e seu direcionamento para um projeto comum: a ansiedade id i d d d i i dparanoide e a ansiedade depressiva, apoiadas na Teoria Psicanalítica de Melanie Klein. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Psicologia Social e mudança Grupos e transformação social O enfrentamento de questões típicas dos indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais tem sido alvo constante da P i l i d á t b lh d ãPsicologia, encampando áreas como o trabalho, a educação, a saúde e a assistência social. Experiências de ação com grupos sociais indicam que as Experiências de ação com grupos sociais, indicam que as ações que promovem mudanças se dão tanto nos espaços macro, do formato e da organização do grupo, quanto nos micro, da dinâmica dos relacionamentos e afetos nos grupos. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A literatura sobre as ações com grupos sociais preconiza diferentes momentos. O primeiro deles diz respeito à caracterização, o que vai acontecer, de fato, durante todo o processo da intervenção. C i t l li i ã b l Consiste em localizar quais são seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento das posições relativas empregadas pelos atores institucionais, a localização das p g p , ç forças de coesão e afastamento envolvidas nesses relacionamentos e a identificação das fantasias associadas a esses lugaresa esses lugares. Tal reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo como parte daquilo que determina suahistória do grupo como parte daquilo que determina sua dinâmica de lugares e afetos. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade De acordo com Neiva (2010), as intervenções psicossociais como práticas de transformação e de pesquisa têm uma presença recente no âmbito da Psicologia embora apresença recente no âmbito da Psicologia, embora a preocupação com o bem-estar de indivíduos e grupos tenha estado sempre no horizonte dos interesses dos psicólogos.p p g Características básicas das intervenções psicossociais: seu caráter científico, unindo a pesquisa à ação; preocupação em gerar mudança e desenvolvimento; foco em grupos, instituições e comunidades; ação sobre os problemas atuais da sociedade e as necessidades psicossociais de grupos,da sociedade e as necessidades psicossociais de grupos, instituições e/ou comunidades; intervenção focada; caráter predominantementepreventivo; levar em conta o contexto i l lt l i l i di id d dsocial e cultural; e incluir a diversidade do grupo, da instituição e/ou da comunidade Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade É importante fazer a distinção entre processos psicossociais e ações psicossociais. Esse constructo, o processo psicossocial, tem sido utilizado na literatura psicológica, nem sempre com a devida acuidade, muitas vezes indicando um campo impreciso entre o individualmuitas vezes indicando um campo impreciso entre o individual e o social, ou apenas referindo certa prática (“intervenção psicossocial”). A preocupação com os grupos sociais face a face, como numa família, vai constituir o primeiro objeto daqueles interessados em tratar da dinâmica dos (pequenos) grupos no caminho daem tratar da dinâmica dos (pequenos) grupos no caminho da mudança e do combate a exclusão. InteratividadeInteratividade De acordo com Ciampa (1983), a ideia de identidade diz respeito a certa existência que caracteriza cada um de nós e refere-se também m l gar social pela nossa inc lação a mtambém um lugar social pela nossa vinculação a um determinado grupo. Assim, podemos afirmar que a identidade: a) é uma invenção sociala) é uma invenção social. b) surge das expectativas do sujeito. c) corresponde a uma construção social e históricac) corresponde a uma construção social e histórica. d) nasce da convivência da pessoa com o seu grupo. e) parte do imaginário do grupo familiare) parte do imaginário do grupo familiar. RespostaResposta a) é uma invenção social. b) surge das expectativas do sujeito. c) corresponde a uma construção social e histórica. d) nasce da convivência da pessoa com o seu grupo. e) parte do imaginário do grupo familiar. Justificativa: a identidade corresponde a uma construção social p ç e é, portanto, histórica. Forjada nas relações entre os indivíduos e nos grupos, dependente dos outros, ela se faz e se refaz nas relaçõesrelações. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A comunidade Associada à vida comum e solidária, a comunidade está em oposição à vida típica do mundo globalizado, individualista e competitiva, entendimento que guarda um saudosismo de volta às origensde volta às origens. Em contrapartida, deve-se considerar que, na história desse entendimento, a ideia de comunidade também foi combatida , quando, desde o iluminismo, a comunidade e a tradição foram tomadas como inimigas das mudanças sociais e do progresso. Tais utopias comunitárias seriam reativas ao individualismo e à modernidade. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Em meados do século XX, especialmente na Psicologia, o termo “comunidade” foi associado com grande ênfase a m modelo de inter enção social de origem americanaa um modelo de intervenção social de origem americana, cujo mote era a melhora das condições de vida por meio da “modernização” cultural e econômica. ç A fragilidade desse entendimento estava tanto na sua definição espacial – comunidade associada a bairros pobres e proletários – quanto na ideia de normatização, como forma de integração. Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença da comunidade nos grupos. A comunidade não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal, nem sempre havendo grupo, há comunidade. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Essa presença depende, assim, de um tipo especial de relação entre os participantes daquele grupo, uma relação na qual, como s gere o a tor seg indo m mote mar ista todos oscomo sugere o autor seguindo um mote marxista, todos os indivíduos daquele grupo possam ser reconhecidos pelo nome, todos possam falar e ser ouvidos, um grupo – uma , p , g p relação – em que as pessoas se conhecem e se estimam. Esse processo de construção da comunidade não ocorre, evidentemente, somente no âmbito da miséria e do abandono social – embora nesses grupos a “função” comunidade possa ser especialmente importante para potencializar açõesser especialmente importante para potencializar ações reivindicatórias e de transformação social. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Psicologia Social Comunitária Histórico da Psicologia Social Comunitária De acordo com Sawaia (1999), a Psicologia Comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, numa perspectiva que t lid d i tífi t d ãnega a neutralidade científica e que pretende não apenas interpretar o mundo teoricamente, mas transformá-lo. Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados no meio rural, e seus propositores eram, na sua maioria, cientistas sociais preocupados com a organização de grupos que pudessem gestar práticas assistenciais, especialmente na educação (LANE 2002)(LANE, 2002). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Contando com o apoio da Igreja Católica, essas iniciativas da década de 1940 originaram os primeiros centros comunitários. Logo após, no contexto do pós-Guerra, com o apoio do governo americano, são instituídos, com o mesmo nome de centros comunitários grupos voltados para ode centros comunitários, grupos voltados para o “desenvolvimento” das comunidades, numa perspectiva que abolia a crítica e, fora das discussões ideológicas, localizava nos próprios sujeitos pobres e excluídos as condições de sua exclusão. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade O modelo assistencialista continua existindo em várias localidades brasileiras, com base na “doação” de bens e ser iços para com nidades carentes com o apoio dosserviços para comunidades carentes, com o apoio dos governos e da sociedade civil, e é, de certa forma, hegemônico. g Essas ações caracterizam-se pelo apelo ao trabalho voluntário, a ação localizada, pontual, descontextualizada e acrítica. A ação do psicólogo restringe-se à clínica e está distanciada de uma posição profissional engajada e comprometida com o combate efetivo a exclusão (SAWAIA 2002)com o combate efetivo a exclusão (SAWAIA, 2002). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Segundo Freitas (2002), nos primeiros anos da década de 1960, ocorrem, no Brasil, significativas tentativas de transformação projetos q e b scam o desen ol imentotransformação, projetos que buscam o desenvolvimento de uma consciência crítica na população. Profissionais da Psicologia e das Ciências Humanas em geral participaram g g p p do movimento da educação popular. Há uma grande mobilização em direção a ações voltadas para a alfabetização de adultos, vista como instrumento fundamental de libertação e conscientização. Tais trabalhos baseados na metodologia de Paulo Freire Tais trabalhos, baseados na metodologia de Paulo Freire, levaram os psicólogos a iniciar, na década de 1970, atividades de educação popular em comunidades carentes, “tendo como meta a conscientização da população” (LANE, 2002, p.18). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Em março de 1964, instaura-se o Regime Militar no país, que contribui para um recrudescimento dessas condições, assim como para instalar m regime de terror na sociedadeassim como para instalar um regime de terror na sociedade. O Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis enquanto as contradiçõesque põe fim avários direitos civis, enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas, sobre as quais vários profissionais passam a atuar (IGLESIAS apud FREITAS, 2002, p.58-9). De acordo com Lane (2002), a Psicologia Comunitária no Brasil é uma prática que se iniciou por volta da década deBrasil é uma prática que se iniciou por volta da década de 1960, a partir de uma aproximação dos profissionais e das populações carentes. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade A Psicologia Social Comunitária precisa ser pensada, segundo Lane (2002), como uma prática inserida na conj nt ra econômico política da America Latina e do Brasilconjuntura econômico-política da America Latina e do Brasil daquela época. Durante as décadas de 1960 e 1970 o país particularmente Durante as décadas de 1960 e 1970, o país particularmente passou por um momento político bastante conturbado, no qual, sob o domínio dos militares, a violência e a repressão eram praticadas de forma institucionalizada, “quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão” (LANE, 2002, p.17).(LANE, 2002, p.17). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Historicamente, surgida em meio à crise da Psicologia Social, em meados dos anos 1970, a Psicologia Social Comunitária apresento se como ma abordagem diferenciada dosapresentou-se como uma abordagem diferenciada dos modelos assistencialistas e voltada para outra inserção profissional e política do psicólogo.p p p g As práticas em Psicologia Comunitária sofreram duramente em suas primeiras investidas. Isso ocorria, de um lado, pelas dificuldades metodológicas e teóricas que as ações de campo representavam – o psicólogo sai do conforto do consultório da sala de aula e dossai do conforto do consultório, da sala de aula e dos gabinetes acadêmicos, literalmente, para a rua, solicitando um grande desafio em sua nova inserção. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade O papel da formação profissional para a ação comunitária O contexto histórico pode ser caracterizado, ao longo da década de 1960, por confrontos entre o Estado e as forças capitalistas, de um lado, e a sociedade civil e suas reivindicações em prol de suas necessidades básicasreivindicações em prol de suas necessidades básicas, de outro. As greves espalham-se por vários setores da produção e dos g p p p ç serviços, o desemprego atinge números assustadores e a inflação e o custo de vida são insuportáveis para as classes trabalhadoras e para a população em geraltrabalhadoras e para a população em geral. A profissão de psicólogo encontrava-se em seu processo de regulamentação e sua atuação na sociedade vinha crescendoregulamentação, e sua atuação na sociedade vinha crescendo em diversos segmentos do mercado de trabalho. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade As práticas da Psicologia em comunidades Os primeiros trabalhos chamados de comunitários foram realizados por cientistas sociais em comunidades da zona rural, por volta da década de 1940, na América Latina. F i d é h d “ t i i ” Foram criados, na época, os chamados “centros sociais”, precursores dos centros comunitários atuais, mas que duravam pouco tempo e: “[...] contavam com o apoio da Igreja p p [ ] p g j Católica, de assistentes sociais e órgãos governamentais, criando equipes itinerantes interdisciplinares (médicos, agrônomos assistentes sociais e outros) que procuravamagrônomos, assistentes sociais e outros) que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos trabalhos propostos – basicamente educativos” (LANE, 2002, p.26). Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Essencialmente, as atividades desenvolvidas nesses centros apresentavam pouco ou nenhum engajamento critico ou político. Visavam desenvolver as potencialidades dos indivíduos por meio da ação comunitária e, de forma indireta, também a sociedadea sociedade. Seu primeiro foco de trabalho foi a busca pela erradicação do analfabetismo, seguido “do ensino de tecnologias agrícolas” , g g g (LANE, 2002, p.27) Num segundo momento, o trabalho era voltado para a criação de instituições que promovessem maior integração social na região. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Em 1969, na cidade de Amparo, interior do Estado de São Paulo, foi criado um centro comunitário que buscava “atuar na saúde pre enti a e c rati a e na ed cação formal e informalsaúde preventiva e curativa e na educação formal e informal, tendo por finalidade promover o homem, integrando-o no meio em que vive” (LANR, 2002, p.27-28). q ( , , p ) Freitas (2002, p.61-62) também aponta outros trabalhos desenvolvidos durante a década de 1960 na Paraíba, contando com psicólogos formados em São Paulo. Os trabalhos eram realizados pelos psicólogos de maneira voluntária ligados à consciência de seu papel de agentesvoluntária, ligados à consciência de seu papel de agentes políticos transformadores junto a essas populações. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Os fundamentos da Psicologia Social Comunitária– A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar e compreender o cenário de questões psicossociais que caracterizam uma comunidade, assim como intervir nele. Salienta-se por sua praticidade e pela diversidade das opções teóricas epraticidade e pela diversidade das opções teóricas e intencionalidades que estruturam seus fazeres (SCARPARO; GUARESCHI, 2007). A Psicologia Social Comunitária e o Serviço Social no mundo globalizado As mudanças de ordem global têm consequências muito importantes também no âmbito cultural, porque são capazes de promover transformações intensas na vivência maisde promover transformações intensas na vivência mais direta das pessoas. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade É fundamental que o AS conheça com maior profundidade os trabalhos da Psicologia Comunitária, como forma de auxiliar na dil ição dos preconceitos e fantasias do senso com mna diluição dos preconceitos e fantasias do senso comum acerca do trabalho do psicólogo e dos métodos que utiliza em sua prática, para que, a partir disso, possa aproveitar e p , p q , p , p p assimilar contribuições que ele é capaz de oferecer. Psicologia nas políticas públicas de saúde e desenvolvimento social. Psicologia e políticas públicas A questão social, é tratada por meio de políticas sociais setorizadas (saúde, educação, desenvolvimento social, segurança etc ) que procuram tratar das suas sequelassegurança etc.) que procuram tratar das suas sequelas, cenário no qual virão atuar as profissões do setor de... (cont.) Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade ... bem-estar, como a Psicologia, para lidar com a importância e os limites dessa atuação. É É preciso elaborar políticas públicas que levem em conta a historicidade das experiências subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais – ou únicos – sobser construídas para sujeitos universais – ou únicos –, sob o perigo de estas contribuírem para a manutenção da desigualdade. Subjetividade e práticas de prevenção em saúde coletiva As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presentes nos programas de atenção a saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism) ou na Estratégia Saúde da Família (PSF)Mulher (Paism) ou na Estratégia Saúde da Família (PSF), ... (cont.)Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade ... são exemplos de como o profissional de Psicologia pode ser solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico. A contribuição da Psicologia para as ações no Sistema Cras/Suas O objetivo das políticas públicas, compreendido como ir ao t d j it h i t t d f lencontro do sujeito e acompanhar o importante quando se fala das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social. A participação dos psicólogos nas políticas públicas A participação dos psicólogos nas políticas públicas, indicados como os profissionais que atuariam com os AS, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e políticas que esses profissionais poderiam trazer para a associação na consolidação da Pnas. Psicologia dos Grupos e SubjetividadePsicologia dos Grupos e Subjetividade Formação profissional do psicólogo social O lugar e a contribuição da Psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser considerados a partir tanto da sua inserção profissional quanto da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produçãoconhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção. A formação de profissionais é elemento fundante desse embate, ensejando a discussão sobre a partir de que , j p q referenciais os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos, isso tanto na Psicologia quanto nas outras carreiras que fazem interface com as políticas decarreiras que fazem interface com as políticas de bem-estar – na saúde, na educação e na assistência social. InteratividadeInteratividade Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados: a) nas grandes cidades. b) no meio rural. c) nas escolas públicas. d) nas cidades de pequeno porte. e) nos centros universitários. RespostaResposta a) nas grandes cidades. b) no meio rural. c) nas escolas públicas. d) nas cidades de pequeno porte. e) nos centros universitários. Justificativa: foi no meio rural que os primeiros trabalhos q p comunitários foram realizados, contavam com o apoio da Igreja Católica, dando início, na década de 1940, aos centros comunitáriosaos centros comunitários. ATÉ A PRÓXIMA!ATÉ A PRÓXIMA!
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