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O Contrato Social O termo contrato Social é uma teoria que marca a transição do estado de natureza para um contexto de sociedade, através de um pacto com o Estado. Neste pacto a sociedade abre mão do seu estado natural em troca de benefícios. A percepção sobre o que é estado natural e o que a sociadade troca com o Estado varia de acordo com os autores. Os três contratualistas, críticos dessa corrente teórica são: Thomas Hobbes, John Locke e Jean- Jacques Rousseau. O "Contrato social é o ato necessário para que a união preserve cada indivíduo e seus respectivos bens, obedecendo a si próprio e livre como antes. As cláusulas do contrato social, embora nunca enunciadas, são reconhecidamente iguais em todos os lugares" (Vilalba, 2013). O Estado de Natureza ou Estado Natural É o estado anterior à constituição da sociedade civil, onde não haviam leis e nem a figura de um Estado para impor as condições a serem seguidas, ou seja, um estado primitivo. O contrato Social segundo Thomas Hobbes (1588 – 1679) Para Thomas Hobbes o ser humano é egoísta e individualista por natureza e necessitava de um representante para garantir que não entrassem em um estado guerra permanente de todos contra todos e vivessem em paz. Ele é o autor da frase "o homem é o lobo do homem". [...] durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalhas é suficientemente conhecida. (HOBBES,1983, p. 75) 1 Thomas Hobbes viveu na época da Revolução Puritana na Inglaterra, quando os parlamentares derrubam o Rei sob o comando de Oliver Cronwell, a revolução tinha como objetivo estabelecer a segurança e a estabilidade e defender o poder dos monarcas absolutistas contra os revolucionários. Por consequência a esse meio social em que viveu, ele visualiza o Contrato Social como uma solução para esses conflitos e contradição de ideias, sendo necessário um acordo com um Estado totalitário, na figura de um rei, concentrando nas mãos o poder religioso e das forças armadas. Esse Estado era denominado por ele como Leviatã, em referência a um monstro marinho da mitologia fenícia, e faz referência a natureza perversa do homem que o faz buscar a união com outros homens. Desse modo, estabelecido o contrato, metaforicamente falando, o indivíduo renuncia a seus direitos naturais, exceto à vida, e transfere seus poderes a fígura do Estado, dono da propriedade e da força, a ser utilizada quando necessária para garantir a segurança. O contrato Social segundo John Locke (1632 – 1704) Para John Locke o ser humano vivia em um estado de guerra permanente e faltava uma figura que representasse a todos e exercesse poder sobre eles, afim de controlar e garantir os direitos de todos. Locke tem uma visão mais otimista comparado a Hobbes, para ele o ser humano não é necessariamente mau, mas é naturalmente proprietário. Essa ideia de propriedade incluí, o território, o corpo, a vida, a liberdade, a capacidade de trabalho e bens, que são os direitos naturais. A única maneira pela qual uma pessoa qualquer pode abdicar de sua liberdade natural e revestir-se dos elos da sociedade civil é concordando com outros homens em juntar-se e unir-se em uma comunidade, para viverem confortável, segura e pacificamente uns 2 com os outros, num gozo seguro de suas propriedades e com maior segurança contra aqueles que dela não fazem parte. (LOCKE, 1998, p. 468) Diante disso, Locke diz que os homens de livre e espontânea vontade se unem e concordam em constituir uma sociedade política organizada. Essa figura do Estado era democraticamente representativa, os cidadãos deveriam eleger o seu representante. E o estado por vez deveria garantir o direito a vida, a liberdade e a propriedade privada, que são os direitos naturais, tema de estudo do Jusnaturalismo. Esse pensamento defensor do direito natural influenciou o Estado liberal, que defendia a soberania da propriedade privada e contava com a limitação dos poderes do Estado. O contrato Social segundo Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) Para Rousseau o ser humano em seu estado natural vivia em harmonia e tinha empatia. Existia igualdade, liberdade, cooperação e coletividade. E o contrato social veio como um processo de transição entre o estado de natureza para a sociedade civil. A vida em sociedade não favoreceu os homens, a medida em que crescia a industrialização também crescia a desigualdade e o ser humano começava a se corromper com as vaidades e luxo. Desta forma Rosseau associava o surgimento da propriedade privada com o surgimento das desigualdades sociais, visto que, a socidade no estado de natureza vivia na coletividade. A figura do contrato social surge para garantir a liberdade civil e evitar o caos que a propriedade privada trazia. Para Rousseau deveria existir um pacto social, uma associação com finalidade de lutar pelo bem comum, determinado pela vontade geral, passando a sociedade a ser governada com base nesse interesse comum, e desse pensamento coletivo surgiriam as leis, que serviria para garantir a liberdade e a igualdade. De acordo com Rosseau: 3 encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes. (ROUSSEAU, 1997, p. 69) Rousseau fez parte do movimento de intelectuais chamado Iluminismo. Teve sua grande influência na Revolução Francesa devido a sua obra sobre Contrato Social. Sua filosofia, consistia na autonomia da sociedade e na liberdade efetiva. Sua preocupação maior estava no modo de organização da sociedade civil e na garantia individual perante o todo. Rousseau serviu de influência para importantes pensadores posteriores, tais como Immanuel Kant (1724 – 1804) e Karl Marx (1813 – 1883). Nas palavras de Bobbio: não se compreende Rousseau se não se entende que, ao contrário de todos os demais jusnaturalistas, para os quais o Estado tem como finalidade proteger o indivíduo, para Rousseau o corpo político que nasce do contrato social tem a finalidade de transformá-lo. (BOBBIO, 1986, p. 71) Após esse período surgiram outros filósofos, estudiosos do tema, como Norberto Bobbio (1909 – 2004), que reflete sobre a relação entre sociedade e Estado. Para ele a política está inserida em vários lugares, e deve ser analisada sob uma ótica micro e macro, o poder político é exercido em âmbito público, mas tem reflexo individual e ideológico. Ele ressalta que existe uma interdependencia e autonomia da sociedade e por isso ele entra em contraposição com a visão contratualista da política. Referências Bibliográficas BOBBIO, Norberto. Sociedade e Estado na filosofia política moderna. São Paulo: Brasiliense, 1986. 4 HOBBES. Leviatã. Os pensadores. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Trad. Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Trad. Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1997. VILALBA, Helio Garone. O contrato social de Jean-Jacques Rousseau: uma análise para além dos conceitos. Marília – SP. Revista Filogenese. Vol. 6, nº 2, 2013. 5
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