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CAMINHOS PARA A ARTE NOS TERRITÓRIOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: A relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças.

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CAMINHOS PARA A ARTE NOS TERRITÓRIOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL:
A relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças.
Luciane Gripa Bacelar
Prof. Orientador Rodrigo Dalosto Smolareck
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Turma FLX1166 – Artes Visuais/Licenciatura (ART100) – Prática Interdisciplinar III
26/11/2018
RESUMO
O presente estudo buscou compreender a relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças nos territórios da Educação Infantil, bem como os possíveis caminhos para que a Arte seja trabalhada nessa etapa de ensino discorrendo sobre Educação Infantil e Infância, Arte, Criança e seu desenvolvimento bem como, apresenta propostas de atividades que comtemplem a Arte Rupestre. Entendemos o quão importante e necessária é a relação do homem com outras culturas uma vez que o conhecimento histórico do mundo das artes revela a capacidade inata do ser humano em produzir sua própria história, transmitir aprendizado, costumes e principalmente compartilhar saberes, uma vez que só o ser humano é capaz de produzir cultura, deixar legado histórico e cultural para outras gerações.
Palavras-chave: Linguagens Artísticas; Arte Rupestre; Educação Infantil.
 	
1 INTRODUÇÃO	
Desde o início da história da humanidade a arte sempre esteve presente em praticamente todas as formações culturais. Estudiosos apontam que “o período mais antigo da Pré-história é chamado de Paleolítico e estendeu-se de 50 mil a 18 mil a.C. Foi aí que apareceu o Homo sapiens, ou seja, nosso antepassado mais próximo da evolução biológica”(BASTTIONI, 1989 p.15). Nesse período os homens primitivos passam a fabricar ferramentas rudimentares e outros objetos, também surgem às primeiras organizações sociais, onde os grupos baseavam-se na caça, pesca e na coleta de folhas e de frutos e, também desenvolvem sistemas simbólicos para se comunicar. 
Foi nessa época que o homem aprendeu a utilizar pedaços de pedra, madeira e ossos para confeccionar os primeiros instrumentos a fim de agir no meio ambiente [...]. O uso de objetos de pedra levou os historiadores a denominar esse período de Idade da Pedra Lascada (ou Paleolítico). Foi na Idade da Pedra Lascada que o homem descobriu o fogo, de grande utilidade para a sobrevivência e conforto dos grupos humanos. (BASTTIONI, 1989 p.15).
Enquanto que na arte, os Homo sapiens realizaram as primeiras manifestações artísticas nas paredes de cavernas. Essas pinturas que foram encontradas consistiam em traços nas paredes das cavernas. “Esses traços foram chamados de rupestres, do latim rupes, que quer dizer rocha” (SCHEY, 2017 p.4).
A Arte está presente na vida das pessoas desde o início da humanidade como forma de comunicação e expressão, uma vez que, desde os primórdios o homem já se comunicava por meio de desenhos e códigos impressos na rocha. Cientes da importância de compreendermos o que é Arte e como ao longo do tempo o ser humano registrou a sua visão dos deuses, do mundo e de si mesmo. Neste estudo pretendemos conhecer, cada vez mais, como a nossa história foi, está sendo e será escrita por meio das linguagens artísticas e, sobretudo, como a Arte está sendo trabalhada nos territórios da Educação Infantil, etapa fundamental para o desenvolvimento das crianças.
2 EDUCAÇÃO INFANTIL E INFÂNCIA
Diversos autores têm demonstrado que a concepção de criança e de infância é uma noção historicamente construída. Segundo Ariès (1981), até por volta do século XII não havia propriamente uma ideia de infância. As crianças eram representadas como miniaturas dos adultos: apareciam em pinturas pouco depois do seu nascimento ilustradas com músculos abdominais e peitorais de um homem adulto, por exemplo. As obras de arte retratavam as crianças sem nenhuma característica da infância, como se fossem adultos de tamanho reduzido. Para Ariès (1981, p. 50), “é difícil crer que essa ausência se devesse a incompetência ou falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”. Segundo ele,
A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII (ARIÈS, 1981 p. 65).
	Estabelecemos, modificamos e arranjamos os fazeres e as relações com as crianças de acordo com as necessidades que se apresentam, bem como das percepções de criança e infância. A concepção de criança e de infância são historicamente construídas, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época, modificando-se ao longo do tempo (DORNELLES, 2005), tal como as necessidades educacionais. Segundo o RCNEI:
O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo, apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre sua finalidade social. Grande parte dessas instituições nasceu com o objetivo de atender exclusivamente às crianças de baixa renda. O uso de creches e de programas pré-escolares como estratégia para combater a pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças foi, durante muitos anos, justificativa para a existência de atendimentos de baixo custo, com aplicações orçamentárias insuficientes, escassez de recursos materiais; precariedade de instalações; formação insuficiente de seus profissionais e alta proporção de crianças por adulto (RCNEI vol. 1, 1998 p.17).
O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se afirma na Constituição de 1988, com o reconhecimento da Educação Infantil como dever do Estado. Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão muito além dos aspectos legais, tais como “assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, às responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianças pequenas” (RCNEI, 1998, vol.1 p.17).
	A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) evidenciou a importância da Educação Infantil, que passou a ser considerada como primeira etapa da Educação Básica.
	As instituições para as crianças pequenas no Brasil eram vistas apenas como espaço de cuidado, onde as crianças precisavam somente de proteção. Atualmente as Escolas de Educação Infantil são reconhecidas como espaço de construção. 
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca (RCNEI, vol.1, 1998 p.21).
	Criança, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (DCNEI, 2010 p. 12).
Já não se pode sustentar a ideia de criança como essencializada, universal, genérica e descontextualizada, pelo contrário, temos diversas infâncias coexistindo em um mesmo tempo e lugar, com suas singularidades históricas, de raça, gênero, classe social e cultura. Há que se falar em múltiplas infâncias (DORNELLES, 2005).
3 A ARTE, A CRIANÇA E O SEU DESENVOLVIMETO
As Artes Visuais estão presentes no cotidiano da vida infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, ao pintar os objetos e até mesmo seu próprio corpo, a criança pode utilizar-se dessa linguagem para expressar experiências sensíveis.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
a presença das Artes Visuais na Educação Infantil, ao longo da história, tem evidenciado um descompasso entre os caminhos assinalados pela produção teórica e a práxis pedagógica, visto que “em muitas propostas as práticas de Artes Visuais são entendidas apenas como meros passatempos em que atividades de desenhar, colar, pintar e modelar com argila ou massinha são destituídas de significados” (RCNEI, vol. 3, 1998 p. 87). Além disso, parecem ser comuns as práticas de colorir imagens impressas como exercícios de fixação e memorização de conteúdos - letras e numerais, por exemplo.
	As pesquisas desenvolvidas em vários campos das Ciências Humanas trouxeram dados importantes sobre o desenvolvimento da criança, seu processo criador e ainda sobre as artes das várias culturas. 
Na confluência da antropologia, da filosofia, da psicologia, da psicanálise, da crítica de arte, da psicopedagogia e das tendências estéticas da modernidade, surgiram autores que formularam os princípios inovadores para o ensino das artes, da música, do teatro e da dança. Tais princípios reconheciam a arte da criança como manifestação espontânea e auto--expressiva: valorizavam a livre expressão e a sensibilização para o experimento artístico como orientações que visavam ao desenvolvimento do potencial criador, ou seja, as propostas eram centradas nas questões do desenvolvimento da criança (RCNEI, vol. 3, 1998 p. 87).
O desenvolvimento pleno do ser humano apresenta direta relação entre o conhecimento e a compreensão que este venha a ter do mundo das artes, uma vez que só o ser humano é capaz de produzir cultura, deixar legado histórico e cultural para outras gerações.
Atualmente temos os mais variados e modernos tipos de tinta, texturas e técnicas, além da arte digital. Enfim, são infinitas as possibilidades para que o fazer artístico ocorra, em qualquer lugar, sobre tudo nos ambientes escolares.
Entendemos o quão importante e necessária é a relação do homem com outras culturas uma vez que o conhecimento histórico do mundo das artes revela a capacidade inata do ser humano em produzir sua própria história, transmitir aprendizado, costumes e principalmente compartilhar saberes. O homem deixa suas marcas desde os primórdios, uma vez que ainda “na Pré-História tivemos os primeiros registros pictóricos, que trazem elementos figurativos de animais e o estereótipo de figura humana” (SCHEY, 2017 p.13). 
Em um recorte histórico o homem primitivo, que em um determinado momento de sua vida criou um registro nas paredes da caverna que habitava teria sido o primeiro artista da história da humanidade, ou sua intenção era apenas a de se comunicar, de qualquer forma, ainda hoje pode ser usado como exemplo de criatividade. 
Evidenciamos ser fundamental ao desenvolvimento infantil o contato com diversas formas de arte e cultura. A criança é constantemente movida por meio de estímulos, e o que podemos fazer na educação com Arte é oferecer-lhe ferramentas encorajadoras desse processo, mas sem interferência na sua expressão artística, ou seja, proporcionar o fazer artístico, apreciação e reflexão fundamentada no desenvolvimento cultural da criança. 
4 MATERIAIS E MÉTODOS
	
	 O presente estudo, intitulado “Caminhos para a arte nos territórios da Educação Infantil: A relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças” teve como objetivo compreender a relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças nos territórios da Educação Infantil, bem como os possíveis caminhos para que a Arte seja trabalhada nessa etapa de ensino, essencial para o desenvolvimento das crianças.
O delineamento eleito para a condução do estudo foi o grupo focal, de abordagem qualitativa, descritivo-exploratório. 
	Partindo da concepção de Minayo (2001), a abordagem qualitativa, cada vez mais presente nas pesquisas em Educação, propõe-se a explicar as condições que permeiam e circundam a pesquisa, atentando para a diversidade de sentidos dos fenômenos. Assim, a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2001 p. 14 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).
	Quanto aos objetivos, o presente estudo possui caráter descritivo-exploratório, uma vez que pretende explorar determinado fenômeno, aproximar-se de um problema com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (GIL, 2007 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009), bem como descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
O grupo focal caracteriza-se como “pequenos grupos de pessoas reunidos para avaliar conceitos ou identificar problemas” (CAPLAN, 1990 apud DIAS, 2000). O objetivo central do grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e ideias dos participantes a respeito de um determinado assunto, produto ou atividade. Em pesquisas exploratórias, seu propósito é gerar novas ideias ou hipóteses e estimular o pensamento do pesquisador.
	Inicialmente foi feito o contato com a gestão da escola com vistas a explicar a proposta, falar dos objetivos da atividade prática e solicitar autorização para a realização do estudo. Autorizada à atividade, realizamos a apresentação a uma profissional que atua na Educação Infantil, em uma turma do Nível B, turno manhã. Assim sendo, já deixamos agendadas as práticas artísticas contemplando a Arte Rupestre para a semana porvindoura.
4.1 A ARTE RUPESTRE
As artes sempre foram um retrato do mundo que cerca o homem, desde os primórdios. A arte rupestre é a mais antiga manifestação artística que se tem conhecimento. Conforme Negreiros (2010), “as pinturas e gravuras rupestres compõem um testemunho gráfico da presença humana pré-histórica no continente americano”. 
De acordo com a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) os registros rupestres, pintados ou gravados sobre as paredes rochosas, são formas gráficas de comunicação utilizadas pelos grupos pré-históricos que habitaram a região. As representações gráficas abordam uma grande variedade de formas, cores e temas, já que foram pintadas cenas da vida cotidiana e do universo simbólico dos homens primitivos. Pode-se dizer ainda, que são pistas da forma de vida dessas populações.
É oportuno frisar que “as tintas são tão antigas quanto à própria arte. Nasceram nas primeiras pinturas rupestres, na Pré-História” (FERRARI, 2015 p.194).
	
4.2 APLICAÇÃO: DE ONDE VEM A TINTA?	
	Prática Pedagógica desenvolvida na Educação Infantil em uma E.M.E.I no município do Alegrete/RS em uma turma do Nível B, turno manhã. 
4.2.1 Metodologia 
Iniciamos com a apresentação de um vídeo educativo sobre a Arte Rupestre e em seguida foi realizada uma roda de conversa sobre o tema. A partir da apresentação da Arte Rupestre e do seu período histórico, indagou-se aos alunos sobre as tintas utilizadas pelos homens primitivos na pintura das cavernas. Como os primeiros seres humanos faziam seus desenhos?		
 Parque Nacional Serra da Capivara- região Nordeste- Brasil. Disponível em: http://www.fumdham.org.br/
	Em um segundo momento, pudemos analisar imagens de pinturas rupestres. Os alunos falaram sobre suas impressões e percepções e em seguida puderam produzir sua própria tinta.
 Desde a Pré-história até a contemporaneidade as tintas são produzidas a partir da mistura de três elementos básicos, quais sejam: pigmentos, solventes e aglutinantes. Cabe ressaltar que optamos pelo uso de produtos não tóxicos em razão do contato direto das crianças com os mesmos e, por esse motivo, utilizamos como pigmento pó de café, açafrão e colorífico.
 De acordo com Ferrari, (2015 p. 194) solventes são substâncias que servem para diluir ou controlar a consistência das tintas, no uso escolar, o solvente mais recomendável é a água, porque é um solvente não tóxico, desse modo optou-se
por utilizar somente água como solvente.
 Por fim, como aglutinante (substância que ajuda a fixar as tintas sobre os suportes) usamos cola branca escolar. Misturando esses elementos pudemos produzir nossa própria tinta de maneira lúdica e muito significativa, uma vez que na experiência como um todo, o cheiro, texturas e consistências viraram objetos de debate. 
	Com a tinta pronta, fizemos os últimos combinados e partimos para a ação.
4.2.2 Análise da aplicação
	
	Ainda durante a roda de conversas sobre o tema surgiram várias colocações significativas. 
Nas leituras grupais, as crianças elaboram não somente os conteúdos comentados, mas estabelecem uma experiência de contato e diálogo com as outras crianças, desenvolvendo o respeito, a tolerância à diversidade de interpretações ou atribuição de sentido às imagens, a admiração e dando uma contribuição às produções realizadas, por intermédio de uma prática de solidariedade e inclusão (RCNEI v.3 p.105).
 
	Tinta pronta, nas suas posições, dedinhos a postos... A turma partiria para uma aventura, era chegada a hora de respirar fundo, ouvir o som dos pássaros, voltar no tempo e pintar um pedacinho da “caverna”. 
 
Eis que as cores ganham vida e a imaginação viaja no tempo. 
 	
Durante a realização desta atividade um aluno manifestou o desejo de usar pincel em sua produção. Imediatamente uma colega destacou: “mas os homens das cavernas não usavam pincel”, assim surgiram várias falas como, por exemplo: “pinta com o teu dedinho”, ou “não tem problema, isso é um temperinho, tem cheirinho bom” e ainda, “pode usar um ‘pauzinho’”.
Assim relembramos que o homem Pré-histórico descobriu o fogo e, também, descobriu que com a madeira queimada poderia deixar sua marca nas paredes das cavernas. “O carvão foi um dos primeiros materiais usados pelos povos primitivos para criar traços e desenhos na arte rupestre” (FERRARI, 2015 p.157).
Logo questionamos a turma quanto a realizarmos a experiência de desenharmos com carvão.
Assim, ficou decidida a próxima atividade artística da turma do Nível B. 
 Caverna Chauvet, Sul da França.
 
Disponível em: https://exame.abril.com.br/mundo/caverna-de-chauvet-entra-para-o-patrimonio-mundial-da-unesco/
 
O resultado foi surpreendente porque com recursos simples (papel sulfite e carvão vegetal) foi possível promover uma atividade nova para a turma. A sensação de contentamento não foi só de alguns alunos, mas também minha enquanto acadêmica, pelo fato de uma aluna realizar a atividade e solicitar outra folha de papel e, quando questionada do porque a mesma responder: “porque eu gostei, eu quero fazer outro desenho” e também, quando questionamos se a turma teria gostado da atividade um aluno respondeu imediatamente que sim e nós voltamos a discutir o porquê, se teria sido porque “suja” bastante as mãos e ele, com toda a segurança afirmou: “porque eu posso reproduzir em casa”. Enfim, o diálogo e a interação foram constantes durante a atividade e isso é muito rico para as crianças e fundamental para o trabalho em Artes porque possibilita que elas falem sobre suas produções e também ouçam as observações dos seus colegas sobre seus trabalhos, e “é assim que elas poderão reformular suas ideias, construindo novos conhecimentos a partir das observações feitas, bem como desenvolver o contato social com os outros” (RCNEI v.3 p. 105).
	
Houve um momento em que uma aluna comentou: “eu vou fazer uma árvore” e sua colega do lado respondeu: “eu também” e uma terceira criança disse: “ah, eu não! Eu vou fazer um coração”. Diante das afirmações das crianças comentamos com a turma que poderiam fazer o desenho que desejassem, qualquer representação, no entanto, que cada um faria o seu. “Nesta etapa é possível fortalecer o reconhecimento da singularidade de cada indivíduo na criação, mostrando que não existe um jeito certo ou errado de se produzir um trabalho de arte, mas sim um jeito individualizado, singular” (RCNEI v.3 p. 105). Por fim, salientamos que a produção seria especial e única e que todos eram pequenos artistas.
Ainda na apresentação do tema os alunos puderam apreciar a imagem de um dos exemplos mais espetaculares de arte rupestre do mundo, descoberto no interior de uma caverna situada na Patagônia, Argentina e que ficou conhecida como “Cueva de las Manos” ou Caverna das Mãos em tradução livre.
Retomamos o tema por meio de uma Roda de Conversa sobre o período pré-histórico e sobre o “mural” da Caverna das mãos.
 
 Disponível em: http://www.cuevadelasmanos.org/foto-arte-rupestre.html
Desde o primeiro contato com essa forma de arte a turma demonstrou o desejo de realizar uma releitura. Desse modo, oportunizamos tal experiência.
 
Do mesmo modo, a partir de materiais simples e acessíveis foi possível oportunizar uma experiência significativa para as crianças. Para tanto utilizamos como suporte papelão e papel sulfite, para fixação usamos cola branca diluída em água e, além disso, pó de café, colorífico, açafrão e erva mate. 
As crianças se divertiram enquanto comentavam sobre as sensações e os cheiros, além de observarem o trabalho dos colegas. 
 Com a intenção de possibilitar que as crianças sentissem que seu trabalho foi valorizado e incentivar o contanto com as manifestações artísticas propusemos uma Mini Exposição de Arte Rupestre da turma do Nível B. Parece conveniente dizer que “essa é uma tarefa que o professor poderá realizar junto ao grupo. A exposição dos trabalhos realizados é uma forma de propiciar a leitura dos objetos feitos pelas crianças e a valorização de suas produções” (RCNEI v.3 p.101).
 
 
E assim ocorreu mais uma atividade diferente para a turma. Pois seus trabalhos foram expostos ao ar livre, no pátio da escola. A turma demostrou satisfação ao expor com orgulho seus trabalhos para a comunidade escolar.
 Nessa perspectiva “produção, comunicação, exposição, valorização e reconhecimento formam um conjunto que alimenta a criança no seu desenvolvimento artístico” (RCNEI v.3 p.104). 
Por fim, na ocasião a turma, com muita satisfação, mostrava os trabalhos explicando como tinham realizado, comentando sobre arte rupestre e como surgiram as primeiras manifestações artísticas ainda na Pré-História, entre outras colocações. Enfim, vivenciando e potencializando o lado artístico e sensível por meio de uma aprendizagem significativa e alegre.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	 
A criança é constantemente movida por meio de estímulos, com a realização das práticas que efetivaram este estudo, o qual buscou compreender a relevância do trabalho com linguagens artísticas para o desenvolvimento das crianças nos territórios da Educação Infantil, bem como os possíveis caminhos para que a Arte seja trabalhada nessa etapa de ensino, pudemos proporcionar a Turma do Nível B o fazer artístico, a apreciação e reflexão fundamentada no desenvolvimento cultural das crianças porque é nessa interação ativa que acontecem simultaneamente à observação, à apreciação, a verbalização e a ressignificação das produções, já que não estamos tratando apenas de ‘trabalhinhos’ ou ‘folhinhas’ como muitos insistem em dizer, são produções artísticas realizadas pelas crianças da Educação Infantil.
Nessa perspectiva é imprescindível que as práticas se efetivem como um trabalho dinâmico e prazeroso, estimulando o envolvimento das crianças no processo de ensino e aprendizagem de forma que se sintam capazes de buscar e construir algo novo e diferente.
A partir das experiências vivenciadas, das trocas de saberes, da aproximação com todos os envolvidos e com o ambiente escolar, pode-se acreditar
ainda mais, que é possível desenvolver um trabalho comprometido com a Arte, que leve uma educação mais significativa e contextualizada para nossas escolas como um todo, especialmente para a Educação Infantil, etapa fundamental para o desenvolvimento integral de nossas crianças. 
Assim teremos seres mais que pensantes, mas esteticamente sensíveis e quem sabe, um futuro melhor e mais justo para todos nós.
REFERÊNCIAS
ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BASTTIONI, Duílio. Pequena história da arte/Duílio Basttioni Filho – 3º ed. – Campinas, SP, 1989.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, vol. 1, 1998. 
_______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, vol. 3, 1998.
________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.
DIAS, C. U. A. Grupo focal: técnica de coleta de dados em pesquisas qualitativas. Informação & Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, p. 141-158, 2000. Disponível em:< http://www.brapci.inf.br/index.php/article/view/0000002621/ea2e65281015c4ac74fdc5f233f9ba96> Acesso em 12 nov. de 2018.
DORNELLES, Leni Vieira.Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber. Petrópolis: Vozes, 2005.
FERRARI, Solange dos Santos Utuari...[et al.]. Por toda parte, 6º ano / Solange dos Santos Utuari Ferrari – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2015.
NEGREIROS, Caroline Siqueira Oliveira de. Identificação da Técnica de Execução das Gravuras Rupestres do Sítio Toca dos Oitenta – Parque Nacional Serra da Capivara/PI / Caroline Siqueira Oliveira de Negreiros- São Raimundo Nonato, 2010.
SCHLEY, Clara Aniele. História da Arte: pré-história a idade média/ Clara Aniele Schley: UNIASSELVI, 2017.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Turma FLX1166 – Artes Visuais/Licenciatura (ART100) – Prática Interdisciplinar III
26/11/2018
PRÁTICA
ARTÍSTICA
 
 
	O Porto (1953). Artista: Tarsila do Amaral. 
Luciane Gripa Bacelar
 Tutor externo: Rodrigo Dalosto Smolareck
 
DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA ARTÍSTICA
Material Utilizado durante a prática:
 
Lápis, papel sulfite A4, borracha, tinta guache, pincel e giz de cera.
Técnica utilizada durante a prática:
Exercício Prático: Releitura de obras de arte por meio da pintura com tinta guache.
Experiência:
Após a observação das três obras propostas no Manual da Prática Artística, selecionei mentalmente fragmentos das mesmas e, assim passei a imaginar uma nova composição.
As imagens selecionadas para a atividade fazem alusão ao gênero paisagem. Desse modo, ao criar vínculos entre elas, cria-se uma nova paisagem. Iniciava-se assim o esboço da atividade. 
Uma releitura, uma ressignificação, um novo olhar. 
	A atividade que, num primeiro momento, parecia uma tarefa de difícil execução, passou a parecer factível e prazerosa. 
	À medida que ia ganhando cor tornava a experiência mais surpreendente para mim enquanto acadêmica.
	Finalmente era chegada a hora de assinar a “obra” e assim o fiz, com muita alegria e satisfação. Trabalhar aspectos estéticos e sensíveis só nos faz bem, pois atividades como essa se tornam momentos de refúgio na vida corrida e repleta de compromissos que vivemos. 
	Encerro essa etapa com muita confiança, pois esta atividade foi, com certeza, um divisor de águas na minha formação acadêmica e também pessoal, porque agora eu compreendo que estou no caminho certo. Essa era a formação que havia imaginado e essa a carreira que eu escolhi!
	
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A Noite Estrelada (1889) Artista: Vincent Van Gogh. 
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O Porto (1953). Artista: Tarsila do Amaral.
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 Brodósqui (1942). Artista: Candido Portinari

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