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CRISE E EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS AULA

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CRISE E EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS
 CRISE 
Perturbação do equilíbrio que o indivíduo enfrenta em seu processo de vida, durante várias fases do seu desenvolvimento, ou frente a situações de perda ou ameaça de perda de algo significativo.
A crise precisa ser observada com cuidado, pois, embora seja considerada como oportunidade de amadurecimento e fortalecimento do indivíduo , quando não é superada com êxito , pode acarretar as mais diferentes conseqüências, inclusive, culminar em uma doença mental.
CAPLAN(1966),diz que durante as crises ,a pessoa precisa utilizar recursos (que ele chama de aportes, provisões) físicos e psico-sócio-culturais para manter seu equilíbrio. Quando há um desequilíbrio entre a intensidade do problema e as forças reequilibradoras, a pessoa entra em crise.
Os recursos físicos (alimentação, moradia, estimulação sensorial etc.), Os recursos psicossociais: desenvolvimento intelectual e afetivo, por meio de interações pessoais, da família ,escola, trabalho. E os recursos sócio-culturais : influências dos costumes e valores da cultura e estruturas sociais sobre a personalidade do indivíduo. 
Assim ,o esperado é que a pessoa com suficientes recursos físicos, boas relações interpessoais com adequadas vinculações emocionais numa sociedade estável, com capacidade perceptiva , terá mais habilidades para resolver problemas e valores para a orientação na luta pela vida. 
Em contrapartida, o desequilíbrio entre a dificuldade e a importância do problema e os recursos de que a pessoa dispõe no momento para enfrentá-la, serão determinantes para o aparecimento da crise.
 A CRISE NAS EMERGÊNCIAS/HOSPITAIS/CAPS
•Os transtornos psiquiátricos correspondem à cerca de 10% de todos os atendimentos de emergência em hospital geral ou serviços de pronto-socorro (NUNESFILHO,2001).
•As duas situações que chamam mais atenção nestes serviços são: as agitações psicomotoras e as tentativas de suicídio.
As agitações psicomotoras podem ser causadas por algumas situações clinico-Psiquiátricas como:
Quadros psicóticos agudos; Ex. Estados paranoides com delírio persecutório agudo; mania; depressão agitada ,síndrome de abstinência ao álcool; abuso de substâncias psicoativas como anfetaminas, alucinógenos e cocaína. O paciente pode apresentar humor lábil ,com oscilações de irritabilidade ,euforia, desconfiança e depressão. O pensamento pode ser incoerente, com delírios, ideias de auto-referência ou fuga de ideias. Os distúrbios de sensopercepção são variados , podendo ocorrer ilusões e alucinações. Quando o paciente se sente respeitado, e mais seguro e não simplesmente rotulado de “histérico”, “violento” e etc., será possível estabelecer um diálogo com o profissional.
•Agressividade e violência: a agressividade tem como característica principal, a impulsividade que promove a ação de machucar ou prejudicar fisicamente, outra pessoa, que consequentemente, tenta se defender gerando grande confusão.
Quadros delirantes com vozes imperativas dizendo ao paciente agredir esta ou aquela pessoa, como familiar ou profissional de saúde. Do ponto de vista emocional, os pacientes podem exteriorizar que estão muito irritados, que podem perder o controle e dar vazão a seus impulsos violentos. Antes da crise de violência, o paciente apresenta inquietação psicomotora, irritabilidade flutuante, voz rápida, incontinência verbal com palavras de baixo calão, envolvendo órgãos e atos sexuais, e hipervigilância.
Suicídio: 60 % a 70% dos pacientes que cometeram suicídio procuraram atendimento, um a seis meses antes de tal ato. A ideia de “quem fala, não faz”, não é verdadeira no que diz respeito às tentativas de suicídio. As tentativas precisam ser interpretadas como um pedido de ajuda . Para o paciente lidar com seus impulsos suicidas, é de 
Grande importância que o profissional se coloque disponível para escutá-lo, sem julgamentos.
Para muitos indivíduos o suicídio pode ser encarado como única saída para situações críticas, sentimentos de desesperança, desamparo, estresse intenso, e o inexorável fechamento do leque de opções que se oferece aos problemas existenciais.
Sempre que for detectado o risco de suicídio, o paciente deverá estar constantemente acompanhado, e sua rede de apoio social deve ser imediatamente acionada.
 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS
DEFINIÇÃO: 
Segundo Saraceno (1994,55), “a emergência psiquiátrica é um fato imprevisto que necessita de uma intervenção imediata” e diz ainda que, “a emergência psiquiátrica é um conjunto de interesses afetivos e práticos constantes, onde o paciente e a sua crise é uma parte não toda a totalidade”. O quadro de emergência, não significa necessária necessariamente uma indicação de internação hospitalar. 
Emergências psiquiátricas e suas especificidades:
Quem pede: Nem sempre o paciente, com maior frequência, seus familiares, vizinhos, polícia, nem sempre o paciente está presente, ou de acordo.
Problema: Sintomas psiquiátricos agudos, problemas pessoais, conflitos interpessoais, problemas de natureza não psiquiátrica: falta de moradia, de comida.
Quadros atendidos em emergência psiquiátrica: agitação psicomotora, síndromes delirantes e alucinatórias, catatonia, depressão, catatonia, tentativa de suicídio, abuso de drogas, agitação alcoólica, etc
Tarefas de Intervenção: recolher informações, avaliação do caso e dos problemas, diagnóstico, avaliação dos recursos, tomada de decisão, se necessário, terapia adequada.
 ESTRATÉGIAS BÁSICAS NAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
•AGITAÇÃO DELIRANTE: paciente apresentando agitação e ansiedade graves, delírios e as vezes alucinações ( auditivas mais comuns), arredio, em estado de alerta, com difícil abordagem, vive uma experiência muito particular. 
 A intervenção:
“A tarefa não é de estar de acordo com o paciente ou não”.
Compreende-lo e aceitar sua experiência;
Atitude afetiva, calma, escutar ,fazer perguntas;
Não se deve falar em segredos com outras pessoas, lembre-se que ele vive uma experiência delirante;
Útil o emprego de medicamentos antipsicóticos.
•AGITAÇÃO MANÍACA: Paciente apresentando agitação e humor extremamente eufórico, fala continuamente, não tem escuta, insone, tem projetos mirabolantes, às vezes propõe negócios absurdos, etc. Intervenção: Cuidar e proteger o paciente, este tem seu juízo critico diminuído, gasta demais, come demais, anda demais, 
Necessária atitude diretiva. 
Nem sempre o uso de antipsicótico é a melhor opção, por vezes ele necessita de ansiolíticos em primeira escolha
•DEPRESSÃO: Paciente apresenta humor deprimido, chora muito, tem sentimento de culpa, de indignidade, não consegue realizar suas ocupações diárias, às vezes diz que quer morrer, deve se ter o cuidado para não minimizar o dor do paciente. 
A Intervenção: Escutar, não aconselhar e não estimular o paciente a ser ativo, isso aumenta seu sentimento de culpa, construir tarefas e projetos pequenos, utilizar antidepressivos, apoio psicoterápico, proteger o paciente. 
Contenção: consiste na técnica de se imobilizar o paciente em situações em que ele está agressivo e extremamente descontrolado. Tem as finalidades de proteção dele mesmo e das demais pessoas e também de proporcionar relaxamento muscular.
A contenção mecânica de paciente será empregada quando for o único meio disponível para prevenir dano imediato ao paciente ou aos demais. Art 2º da Resolução COFEN 427/2012
A enfermagem deve seguir os seguintes cuidados: NUNCA conter um paciente sozinho, realizar abordagem verbal através da comunicação terapêutica e, posteriormente a contenção química, ter o cuidado de conter fora das articulações, observar constantemente se não está acontecendo o garroteamento dos membros, estar atento as suas necessidades fisiológicas e ao seu posicionamento anatômico, só conter ou retirar da contenção com ordens médicas e até que a medicação atua.
Nunca realizar a contençãocomo punição ao paciente!

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