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Teoria da Dinâmica Capitalista de Michal Kalecki

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Michal Kalecki - Teoria da Dinâmica Capitalista
Preços e Distribuição – Capítulos 1 e 2
Do processo de formação dos preços: Existência de dois modelos de formação de preço na ótica microeconômica pós-produção
Preços formados pela Demanda: São derivados da lógica mercadológica pela interação entre sua oferta e sua demanda. Este é tipicamente o caso dos produtos agrícolas e commodities.
Preços determinados pelos custos de produção: Representam margens sobre os custos diretos de produção. É tipicamente o caso dos industrializados, manufaturados e processados. 
Kalecki desenvolve sua teoria alternativa de fixação de preços a partir do conceito de mark-up (K) e de 2 hipóteses: oferta elástica e custos diretos de produção (salários e matéria prima) constantes para uma amplitude relevante da produção. 
Ao fixar preços a firma levará em conta seus custos direitos e os preços das concorrentes
 p = m . µ + n . Þ
p = K . µ
onde p = preço, µ = custos diretos = w +MP, Þ = preço-médio m e n são as sensibilidades-preço em relação a µ e Þ, com m > 0 e n << 1 
onde K = mark-up = m/(1-n), com k > 1
Assim, Kalecki elabora a noção de espiral inflacionária a partir do conflito distributivo: O aumento dos salários nominais, com mark-up fixo, acarreta em repasse integral para preços e, portanto, aumento de inflação em rodadas subsequentes. 
Distribuição de Renda: 
Fatores subjacentes ao grau de monopolização - O que explica o poder de mercado?
Processo de concentração industrial e surgimento de grandes corporações
Esforço de vendas e diferenciação de produtos
Mudanças nos custos indiretos (Overhead): Durante recessões os custos diretos caem mais rápido do que os indiretos, logo há tendência de aumento de mark-up para segurar preços e lucros – O mark-up é anticíclico. 
Poder sindical: Conflito distributivo diminui o mark-up ao forçar o salário para cima e aumentar os custos diretos se não é possível repassar para preços
Relações custo-preço a longo prazo: 
Os preços mudam em decorrência de aumentos nos custos diretos ou nos parâmetros (m e n) sintetizados em K.
Alcançando o pleno-emprego esta fórmula vale? 
O pleno emprego do capital é um equilíbrio transponível temporalmente dado que o investimento responde ao grau de utilização, podendo ser aumentado pelo crédito
Se vale o PDE, o produto potencial é endógeno devido ao fato de que a demanda garante a manutenção do investimento. 
Distribuição e Preços: 
Para Kalecki a distribuição de renda é determinada no nível microeconômico a partir da fixação de preços, sendo paramétrica no seu nível agregado de acordo com a composição dos custos diretos e o mark-up.
Fatores estruturais da distribuição:α = W/Y = participação do salário na renda, onde W = massa de salário	
j = M/W = distribuição dos custos diretos, com M = massa de insumos = qm . pm
 α = 
Dessa equação procede que:
Um aumento de K esmaga a massa de salários
Um aumento de j piora a distribuição em favor dos salários 
A composição setorial afeta a distribuição pela existência de disparidades na intensidade de trabalho e na remuneração entre setores. A mudança da distribuição em favor da indústria melhora a distribuição p/ salários
Política governamental 
Mudanças de longo prazo na distribuição dependem de tendências sob os fatores de distribuição apresentados acima. Não há como se generalizar uma tendência histórica na distribuição modelada, entretanto detectam-se padrões cíclicos 
Período de recessão: Grau de monopolização aumenta e α diminui, M cai mais rapidamente do que os salários e α aumenta, Indústria encolhe e α diminui. Dessa forma, o efeito líquido é incerto.
Determinação do lucro e da renda – Capítulos 3, 4 e 5 
Determinantes do lucro e da renda em um modelo simplificado: Economia fechada ao comércio exterior, sem governo e com Qw = 1 (propensão marginal a consumir)
Kalecki parte da percepção marxista de que as classes socioeconômicas devem ser analisadas em separado; ‘’Os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas ganham o que gastam’’
 Y = W + Ρ = Cw + Cc + I 		onde P = Massa de lucros e há equivalência do cálculo da renda pela ótica da distribuição funcional e da demanda agregada
Y – W = P e Y – W = Cc + I → 	P = Cc + I 	← Formulação do PDE de Kalecki
Os gastos capitalistas de consumo e investimento definem sua renda, o lucro
Alternativamente, a adoção de um esquema departamental para a economia em 3 departamentos, produtores de bens de investimento, bens de consumo capitalista e bens-salários também chega à mesma equação. 
Existe Profit-Squeeze dos Lucros por aumento de W? 
No caso de um aumento generalizado do salário real dos 3 departamentos com dados Cc e I; O que acontece com Y, W, P, P/W e W/Y?
	D1 (I)
	D2 (Cc)
	D3 (BS)
	
	W¹
	W²
	W³
	W
	 P¹
	P²
	P³
	P
	I
	Cc
	Cw
	= Y
 Caso Qw = 1, não há esmagamento nominal, pois, todo aumento de salário se reverte em demanda para os capitalistas.
 W e Y aumentam, P se mantém constante, logo 						 P/Y cai, W/Y aumenta 
 Caso Qw = 0, há profit-squeeze pois o aumento em W não gera demanda para os capitalistas
W aumenta, Y se mantém constante, P cai, logo						 P/Y cai, W/Y aumentaI + Cc + Cw = Y = W + P
como Cw = Qw . W = W
I + Cc = P
Caso 0 < Qw < 1, também há profit-squeeze derivado de um aumento do salário, porém em menor escala. Os efeitos são parecidos com ii.
Lucros e Renda em um modelo completo – Economia aberta, com governo e 0 < Qw < 1
Y = W + P + I + G + (X – M) → P = Cc – (W-Cw) + I + (G – T) + (X – M)
Supondo-se equilíbrio externo e fiscal, S = Sw + Sg + Sext = 0 → P = Cc + I 
Determinantes dos componentes da demanda: Cc, W e P
Cc = A + Qc . Pt-λ, 		onde A = Componente autônomo da riqueza,	0 < Qc << 1			 Pt-λ indica defasagens de reação do Cc a mudanças na renda dos capitalistas 
Em um modelo simplificado no qual S = Sw + Sg + Sext = 0 
Assim, Pt = Cc + It
Pt = A + Qc . Pt-λ + It
Pt-λ = A + Qc . Pt-2λ + It-λ
Pt = Qc . Pt + A + I It-µ 
Pt = 1/(1-Qc) . [ A + It-µ ]
O lucro depende do multiplicador dos gastos capitalistas e µ = tempo suficiente para que as variáveis defasadas sejam independentes
Um modelo baseado em Kalecki para a análise da determinação de renda abstraindo defasagens
Cw = Qw . W = Qw . α . YY = . (A + I)
Cc = A + Qc . P 
Investimento é exógeno e dado
Assim é construído o multiplicador dos gastos autônomos na versão Kaleckiana, com o recorte de classes. 
Caso Qw = Qc = c, então o multiplicador Kaleckiano é o mesmo que o Keynesiano
Dessa forma, a propensão marginal a consumir das classes afeta o multiplicador desde que estas sejam diferentes. Logo, a distribuição afeta a renda desde que as classes possuam PmgC distintas. 
Se K aumenta, o multiplicador diminui, pois Qc < Qw e a renda aumenta menos
O que afeta a distribuição?
Mark-up – Fixação microeconômica dos preços
Composição industrial
Relação M/W no valor adicionado
A Macrodinâmica de Michal Kalecki
Questões principais a serem respondidas:
Como se dão as decisões de investir?
A flutuação é endógena?
O que explcia a tendência de longo prazo?
O que explicam as crises/quebras estruturais?
Capítulo 8: O capital empresarial e o investimento:
Discussão dos fatores que limitam o tamanho de uma firma
Deseconomias de escala
Limitações de mercado
O capital da firma 
Acesso a crédito
Diminuição do chamado risco crescente – Investimento ou dívida / Ktotal
Decisões de investimento no modelo de Kalecki:
O investimento possui efeito dual e é cronologicamente marcado, uma vez que se materializa em efeito oferta (maturação), ampliando a capacidade, e efeito demanda instantâneo (reação). 
Toda a discussão é feita sobre estrutura dada, ou seja, inovação, política econômica, distribuição são dados como exógenos. 	
			
O Investimento depende, assim, de:
a) Proxy da acumulação de lucros privados: St = poupança agregada, 
a < 1, pq S capitalista é uma parte
da poupança total e introduz limitação de mercado pela demanda
a > 1 representa acesso ao crédito, que é condicionante, não determinante do investimento.
b) Sensibilidade-lucro do investimento, na qual a variável seguinte expressa variações na massa de lucro dos capitalistas
c) Sensibilidade-capital do investimento: Grau de utilização é a produção efetiva sobre o produto potencial (Y/Yp) e mede o grau de capacidade ociosa planejada. Chama-se atenção particular o fato de que esse fator é negativamente relacionado a I. 
Se há aumento dos lucros (P)Y ↑, se há aumento de capital (K) Yp ↑
d) Inovação: Sujeito a mudanças a longo prazo e essencialmente ligado ao nível tecnológico e de inovações, ou seja, exógeno
Princípio do ajustamento do estoque de capital ou Acelerador Flexível: 
‘’Ninguém investe para ampliar capacidade produtiva ou acumular estoques, mas sim para ajustar a produção ao grau planejado”
Quando o investimento é exógeno, há somente efeito multiplicador
Quando o investimento é endógeno e induzido pela renda há efeito acelerador
É representado pelos 3 últimos componentes da fórmula do investimento
Há influência direta do grau de utilização – Y/Yp
Influência da taxa de lucro – P/K
A análise cíclica é baseada na interação do efeito multiplicador e acelerador
O próprio conceito de acelerador flexível significa que a dinâmica das decisões de investimento insere uma tendência cíclica à produção e emprego.
A massa de lucro só muda se mudam os gastos autônomos dos capitalistas ou a demanda aumenta → Y↑/Yp → grau de utilização sobe
Se o estoque de capital aumenta mais que a demanda, o grau de utilização aumenta → Y/Yp↑ 
O ciclo intuitivo: O que está acontecendo com o grau de utilização Y/Yp? Para melhor entender o ciclo Kaleckiano é necessário decompor efeito demanda e efeito capacidade e analisar seu impacto no volume de investimentos novos em relação à depreciação:
Efeito demanda: O investimento, ao ser feito, gera demanda para os outros setores da economia instantaneamente
Efeito Capacidade: A entrega líquida de bens de capital não reage de imediato
	
	Recuperação
	Expansão
	Recessão
	Depressão
	Ef. Demanda
	+
	+
	-
	-
	Ef. Capacidade (-)
	+
	-
	-
	+
Mecanismos básico: Durante o período de gestão, o Investimento eleva o nível da demanda efetiva. A elevação dos lucros no período torna novos projetos atraentes, incentivando novas decisões investir e produzindo efeitos favoráveis no nível de atividade. Uma vez concluído o Investimento, ele representa adição ao estoque de capital, afetando de modo adverso as decisões de investir.
Em síntese, no modelo Kaleckiano as decisões de investimento são cíclicas pois o 
investimento possui um efeito dual, afetando efeito capacidade e efeito demanda, sendo, portanto, endógeno à capacidade produtiva. 
‘’Ao deixar o sistema econômico a sua própria sorte, ele não converge pois o investimento tem uma tendência cíclica engógena”
Ciclos são propriedades das economias capitalistas funcionando ao seu próprio sabor
Fatores de tendência: 
Crescmento nos gastos autônomos e d em inovação – animal spirit
Cresimento populacional, removendo teto do lado da oferta
Fatores não considerados: 
O conjunto de gastos autônomos que não criam capacidade para o setor privado
Consumo autônomo
Gastos do governo, exportações líquidas

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