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CONTESTAÇÃO MATILDE

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EXCELENTISSÍMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE RAINHA, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Autos nº [...]
MATILDE CASTRO DE ALMEIDA, solteira, influenciadora digital, número do CPF 532.889.056-69, e-mail Matilde_almeida@hotmail.com, residente e domiciliada na Avenida dos Tupinambás na cidade de Rainha/RJ, devidamente representada por seu advogado abaixo indicado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar
CONTESTAÇÃO
nos autos da Ação de Indenização e Condenação em Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela de Urgência proposta por GISELE SANTOS TEIXEIRA, solteira, influenciadora digital, número do CPF 66.295.854-87, e-mail giseleteixeira@gmail.com, residente e domiciliada na Rua Floriano Peixoto, nº 230, bairro central cidade de Belezinha/CE, pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
Nos moldes do art. 335, do Código de Processo Civil, e considerando-se a realização da audiência de conciliação e mediação no dia 20 de março de 2020, a apresentação da presente contestação é tempestiva, eis que dentro do interregno de 15 (quinze) dias.
1. PRELIMINARES DE MÉRITO
1.1. Defeito de Representação
Em conformidade com o disposto no o art. 337, IX, do Novo Código de Processo Civil, cabe ao réu alegar na contestação o defeito de representação. Nesse sentido, é perfeitamente perceptível a ausência do instrumento de mandato, ou procuração, entre os documentos anexados à petição inicial.
É necessária a intimação da parte contrária para que emende a petição inicial, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme previsto no art. 321, do CPC. Justamente por ter desrespeitado ao art. 320, do CPC, na medida em que a petição inicial não trouxe consigo todos os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Requer-se desde já o indeferimento da petição inicial, como determinado pelo art. 321, parágrafo único, do CPC, e a consequente extinção do processo sem resolução de mérito, por força do contido no art. 485, I, do CPC, pelo fato do não cumprimento da diligência a ser determinada por este d. juízo,
1.2. Incorreção do valor da causa
Concernente ao valor da causa apontado pela autora, igualmente aponta a parte ré sua incorreção, conforme determina o art. 337, III, do CPC. É evidente a incorreção quanto ao valor da causa. A parte autora apontou o valor da causa num total de R$ 1.000,00 (mil reais), sendo que o valor correto corresponderia a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), levando em consideração a aplicação do art. 292, VI, do CPC e os pedidos formulados à petição inicial. 
 	Neste ínterim, se faz necessária a intimação da parte contrária para apresentação de emenda à petição inicial para correção do valor da causa. 
Se a referida diligência não for cumprida, requer-se o indeferimento da petição inicial e a consequente extinção do processo sem resolução de mérito, nos moldes do art. 485, I, do CPC.
1.3. Ilegitimidade passiva
Para dirimir as obscuridades, a parte requerida esclarece não ter sido a responsável pela veiculação de afirmações difamatórias sobre a parte autora. A parte requerida afirma que uma das seguidoras do canal on-line da parte requerida foi responsável por descontextualizar uma de suas falas criando assim uma verdadeira campanha difamatória em desfavor da autora, em seu próprio canal – ou seja, no canal de Caroline, conforme as provas anexadas à presente contestação.
Nesse sentido, a parte ré aponta Caroline, atuante como repórter e residente do Município de Torres, no estado de São Paulo, como responsável pela campanha difamatória contra Gisele, conforme exposto no art. 339, do CPC. Caberá à parte manifestar-se sobre a substituição ou a inclusão, devendo ser intimada para manifestar-se nesse sentido, conforme dispõe o art. 339, §§ 1º e 2º, do CPC.
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Depois que a parte autora se manifestar sobre esse ponto, no caso de não aceitação da substituição, requer-se a Vossa Excelência o reconhecimento da ilegitimidade da parte requerida para figurar no polo passivo da presente demanda, devendo ser o processo, quanto à parte ré, julgado extinto sem resolução de mérito, nos moldes do art. 485, VI, do CPC.
2. MÉRITO
Sintetizando, a parte autora afirma que Matilde a acusou de realizar campanhas pela erotização de crianças e, por essa razão, teria sofrido danos de ordem material e extrapatrimonial e que a requerida teria veiculado tais notícias por meio de vídeos na internet.
Porém, não procedem as alegações da parte autora, conforme será demonstrado a seguir.
Em primeiro lugar, Matilde, ora requerida, jamais veiculou quaisquer ofensas ou acusações em desfavor da parte autora. Basta analisar o vídeo disponível no endereço eletrônico facebook.com.br, e também anexado a esta contestação, para se perceber que Matilde apenas utilizou o nome de Gisele para exemplificar uma situação na qual seria possível a erotização precoce de crianças, caso não fossem adotadas as devidas cautelas. Segundo, se superada a preliminar de mérito alegada, o que não se espera, referente à ilegitimidade passiva da requerida, seria imperioso perceber que Assim sendo, nota-se claramente que uma terceira pessoa, Caroline, republicou visões pessoais sobre a fala de Matilde, retirando-a de contexto, e disso podem ter resultados os danos alegados pela parte autora. 
Nesse sentido, não há que se falar em qualquer conduta ilícita, culposa ou dolosa por parte da requerida Matilde, motivo pelo qual estariam ausentes esses elementos da responsabilidade civil, exigidos pelo art. 186, do Código Civil de 2002.
Nota-se também, que contratos firmados entre empresas e canais em rede sociais são comumente rescindidos por inúmeras razões e, por vezes, jamais voltam a ser firmados. Por esse motivo, não se pode dizer que o motivo das perdas econômicas da autora foi justamente a veiculação de informações negativas em desfavor desta.
Dessa forma, não haveria nexo causal demonstrado entre as notícias difamatórias e os danos materiais. Por outro lado, percebe a veiculação de vídeos da parte autora mesmo após todo o ocorrido, percebe-se que Gisele não sofreu qualquer abalo e permaneceu realizando seus serviços de modo natural. Não haveria o que se falar, portanto, sobre danos morais. E nesse último caso, estaria ausente o elemento da responsabilidade civil conhecido por dano.
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3. PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se a total improcedência da Ação de Indenização e Condenação em Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela de Urgência e, em especial, o atendimento dos seguintes pedidos.
3.1. Preliminares de Mérito. Requer-se o acolhimento das preliminares de mérito alegadas nos itens 1.1 (defeito de representação), 1.2 (incorreção do valor da causa) e 1.3 (ilegitimidade passiva).
3.1.1.	Requer-se a intimação da parte autora para que retifique sua petição inicial, e não sendo atendida essa exigência, impõe-se a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme dispõe o art. 485, I, do CPC.
3.1.2. Requer-se a intimação da parte autora para que se manifeste sobre a substituição do polo passivo da presente demanda, para inclusão de Caroline, conforme apontado. 
3.1.3. Não sendo aceita a substituição, requer-se a análise por parte deste d. juízo e a consequente aceitação do pedido pela extinção do processo sem resolução de mérito, nos moldes do art. 485, VI, do CPC.
3.2. Mérito. Requer-se o julgamento pela total improcedência da presente ação, se ultrapassadas as questões preliminares alegadas.
3.3. Condenação em Custas e Honorários. Requer-se a condenação da parte autora ao pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios, considerando-se, especialmente, os moldes do art. 85, §§ 2º e 6º, do CPC.
3.4. Produção de Provas. Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em direito.
Termos em que pede deferimento.
Rainha/RJ, 17 de outubro de 2019.
Nome do Advogado e Número de Inscrição na OAB
[Assinado digitalmente]

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