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Análise Matemática I Cálculo Integral (continuação) Joana PeresJoana Peres MIEQ – 2009/2010 FEUP / MIEQ 1Joana Peres / Análise Matemática I Funções definidas através de integrais Se permitirmos que o limite superior do integral seja variável, mantendo o limite inferior com um valor fixo, o valor do integral será uma função do seu limite superior, geralmente designada por A(x), e definida da seguinte forma O integral como função do seu limite superior ∫= xa dttfxA )()( Da definição de A(x), conclui-se facilmente quais são os valores que esta função assume nos extremos do intervalo [a, b]: 0 )()( == ∫aa dttfaA ∫∫ ≡= baba dxxfdttfbA )( )()( FEUP / MIEQ 2Joana Peres / Análise Matemática I Duas propriedades muito importantes da função A(x): 1ª propriedade: a função A(x), é sempre mais “bem comportada”, em termos gráficos, do que a correspondente função f (x) que a originou. Exemplos típicos da relação entre as funções f (x) e A(x) O integral como função do seu limite superior Teorema [ ] [ ]baxAbaxf , em contínua )(, em integrável )( ⇒ FEUP / MIEQ 3Joana Peres / Análise Matemática I 2ª propriedade: Se f (x) for contínua, a correspondente função A(x) é uma primitiva de f (x) em [a, b] (é a primitiva cujo valor é zero quando x = a, pois A(a) = 0). Teorema fundamental do Cálculo =−+≡′ → h xAhxAxA h def )()(lim)( 0 ⎞⎛1 Demonstração: (def. de derivada) Teorema fundamental do Cálculo [ ] [ ] com ,, em derivável )(, em contínua )( baxAbaxf ⇒ [ ]baxxfxA ,),()( ∈∀=′ =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −= ∫∫ +→ xahxah dttfdttfh )()(1lim0 == → )(lim0 cfh == → )(lim cfxc )(xf= (def. de A(x)) =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= ∫ +→ hxxh dttfh )(1lim0 (Teor. da dec. do int. de integ.) (Teor. da média do Cálc. Integral) (h→ 0 implica que c→ x) ( f (x) é contínua) FEUP / MIEQ 4Joana Peres / Análise Matemática I Teorema fundamental do Cálculo )()()( xfdttf dx ddttf x a x a =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= ′ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ∫∫ Uma forma mais sugestiva de escrever que A′ (x) = f (x) é a seguinte: Corolário do teorema fundamental do Cálculo [ ]baba xFaFbFdxxf )()()( )( def≡−=∫ Se f (x) for contínua em [a, b], o integral de f (x) em [a, b] é dado por: F ( ) é i iti l d f ( ) [ b] Demonstração [ ]baxxfxF ,),()( ∈∀=′ em que F (x) é uma primitiva qualquer de f (x) em [a, b]: )()()()()()( aFxFxAaFCCaFaA −=⇒−=⇒+= CxFxAxFxA +=⇒′=′ )()()()( )()( )( )()()()( aFbFdxxfdttfaFbFbA b a b a −=≡⇒−= ∫∫ ( x = a ) (F (x) e A(x) primit. de f (x)) ( x = b ) FEUP / MIEQ 5Joana Peres / Análise Matemática I Teorema fundamental do Cálculo ∫ −=′xa aFxFdttF )()( )( Este corolário pode ser escrito de forma mais sugestiva: desde que a função F′ (t) seja contínua em [a, x]. Este resultado significa que, se derivarmos a função F, e em seguida integrarmos esse resultado entre a e x vamos obter novamente a mesmaintegrarmos esse resultado entre a e x, vamos obter novamente a mesma função F, a menos duma constante F(a). FEUP / MIEQ 6Joana Peres / Análise Matemática I Funções definidas através de integrais Se fixarmos o limite superior do integral e deixarmos que o limite inferior seja variável, o valor do integral será uma função do seu limite inferior, função essa que é geralmente designada por B(x), e é definida da seguinte forma: O l t f ã t d i t l [ b] ã O integral como função do seu limite inferior ∫= bx dttfxB )()( Os valores que esta função assume nos extremos do intervalo [a, b] são: ∫∫ ≡= baba dxxfdttfaB )( )()( 0 )()( == ∫bb dttfbB A relação existente entre A(x) e B(x) é evidente da figura: ∫∫∫ =+=+ babxxa dttfdttfdttfxBxA )( )( )()()( [ ]baxCxBxA ,,)()( ∈∀=+ Teorema [ ] [ ] com ,, em derivável )(, em contínua )( baxBbaxf ⇒ [ ]baxxfxB ,),()( ∈∀−=′ FEUP / MIEQ 7Joana Peres / Análise Matemática I Seja u(x) uma função qualquer definida por meio de um integral, cujos limites são eles próprios funções conhecidas da variável x; este integral pode sempre ser escrito em termos das funções A(x) e B(x) acima definidas: Derivação de funções definidas por meio de integrais == ∫ )( )( )()( xh xg dttfxu =++= ∫∫∫ )()( )( )( )( xhaabb xg dttfdttfdttf ))(()())(( xhAdttfxgB b +−= ∫ (decompondo o intervalo de integração) Pelo teorema da derivada de funções compostas : ))(()())(( xhAdttfxgB a +∫ ⇒′′+−′=′ )())((0)('))(()( xhxhAxgxgBxu )())(()())(( )()( )( )( xgxgfxhxhfdttf dx dxu xh xg ′−′=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=′⇒ ∫ (A′ (x) = f (x) e B′ (x) = - f (x) ) FEUP / MIEQ 8Joana Peres / Análise Matemática I O integral como função do seu limite superior Exemplo Calcule a derivada de por dois processos. ∫= xx dttxu arcsen ln cos)( FEUP / MIEQ 9Joana Peres / Análise Matemática I Integrais impróprios Ao calcular um integral, supusemos sempre que: o intervalo de integração [a, b] tinha dimensão finita a função integranda não apresentava descontinuidades infinitas (isto é, era limitada) em [a, b]. Integrais impróprios do 1º tipo: o intervalo de integração tem dimensão infinita. Exemplos: ∫ ∞ )(a dxxf ∫ ∞−b dxxf )( ∫ ∞∞− )( dxxf Integrais impróprios do 2º tipo função integranda apresenta descontinuidades infinitas no intervalo de integração. Integrais impróprios do tipo misto o intervalo de integração tem dimensão infinita função integranda apresenta descontinuidades infinitas no intervalo de integração. FEUP / MIEQ 10Joana Peres / Análise Matemática I ∫a ∫ ∞ ∫ ∞ Integrais impróprios do 1º tipo Em cada caso a definição do integral impróprio é feita em termos de um (ou mais) limite(s). Tipos de intervalo de integração infinitos : [a, ∞ [ ]-∞, b] ] -∞, ∞ [ Caso esse(s) limite(s) exista(m) integral impróprio existe ou é convergente Caso esse(s) limite(s) não exista(m) integral impróprio não existe ou é divergente FEUP / MIEQ 11Joana Peres / Análise Matemática I Integral impróprio do 1º tipo em [a, ∞ [ Se f (x) for uma função contínua em [a, ∞ [, o integral impróprio de f (x) neste intervalo é definido em dois passos: atdxxftA t a ≥∀≡ ∫ , )()( def )(lim )( def tAdxxf ta ∞→ ∞ ≡∫ Interpretação geométrica de um integral impróprio do 1º tipo convergente: Se f (x) ≥ 0 em [a, ∞ [, este integral é igual à área da região ilimitada situada entre o gráfico de y = f (x) e o eixo Ox, à direita do ponto x = a. Se contudo f (x) assumir valores positivos e negativos em [a, ∞ [, o valor do integral impróprio do 1º tipo será a diferença das áreas situadas acima do eixo Ox (+) e das áreas situadas abaixo do mesmo eixo (–): FEUP / MIEQ 12Joana Peres / Análise Matemática I Integral impróprio do 1º tipo em [a, ∞ [ Condição necessária (mas não suficiente!) de convergência deste integral impróprio: Conclui-se que: 0)(lim converge )( =⇒ ∞→ ∞∫ xfdxxf xa Teorema diverge )(0)(lim ∫ ∞∞→ ⇒≠ ax dxxfxf Exemplo Analise a convergência dos integrais impróprios do 1º tipo ∫∞1 1.1 1 dxx ∫∞1 9.0 1 dxx 10 11lim10 10lim 1lim 1.0 1 1.01 1.1 def =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +−=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡−=≡ ∞→∞→∞→ ∫ txdxx t t t t t [ ] ( ) ∞=−==≡ ∞→∞→∞→ ∫ 1lim10 10lim 1lim 1.0 1 1.01 9.0def txdxx ttttt FEUP / MIEQ 13Joana Peres / Análise Matemática I Integral impróprio do 1º tipo em [a, ∞ [ Graficamente é impossível detectar se um integral impróprio do 1º tipo é convergente ou divergente excepto quando for evidente que lim f (x) ≠ 0 quando x →∞ No caso geral: 1 quando converge só , e 0 com , >∈>∫ ∞ pIRpaxdxa p FEUP / MIEQ 14Joana Peres / Análise Matemática I Estratégia de demonstração: estudar separadamente os casos p = 1, p < 1 e p > 1 Integral impróprio do 1º tipo em ]-∞, b] A i t t ã ét i d t i t l i ó i dt Se f (x) for uma função contínua em ]-∞, b], o integral impróprio de f (x) neste intervalo é definido em dois passos: btdxxftB b t ≤∀≡ ∫ , )()( def )(lim )( def tBdxxf t b −∞→∞− ≡∫ A interpretação geométrica deste integral impróprio, quando convergente, é análoga ao do integral impróprio em [a, ∞ [. Condição necessária (mas não suficiente!) de convergência deste integral impróprio: 0)(lim converge )( =⇒ −∞→∞−∫ xfdxxf xb Teorema FEUP / MIEQ 15Joana Peres / Análise Matemática I Integral impróprio do 1º tipo em ]-∞, ∞ [ Se f (x) for uma função contínua em todo o eixo real, o integral impróprio de f (x) em ]-∞, ∞ [, é definido da seguinte forma: 1. Escolhe-se um número c arbitrário (em geral escolhe-se c = 0, por conveniência de cálculo); 2. Calculam-se os integrais impróprios do 1º tipo em ]– ∞, c] e em [c, ∞[; 3. Se estes dois integrais forem ambos convergentes, independentemente um do outro, o integral impróprio em ] -∞, ∞ [ é, por definição, a soma desses dois integrais: A interpretação geométrica deste integral em termos de áreas, quando convergente, é análoga à que foi dada nos dois casos anteriores. O integral impróprio em ]-∞, ∞ [ é divergente se um dos dois integrais que aparecem no 2º membro for divergente. Definição ∫∫∫ ∞∞−∞∞− +≡ cc dxxfdxxfdxxf )( )( )( def desses dois integrais: FEUP / MIEQ 16Joana Peres / Análise Matemática I Exemplo Calcule a área delimitada pelo gráfico de e pelo eixo Ox, caso essa área seja finita. 4 )( 2 += x xxf Integral impróprio do 1º tipo em ]-∞, ∞ [ FEUP / MIEQ 17Joana Peres / Análise Matemática I [ [batdxxftA t a , , )( )( def ∈∀≡ ∫ )(lim )( def tAdxxf bt b a −→ ≡∫ Se f (x) for uma função contínua em [a, b [, com o integral impróprio de f (x) neste intervalo é definido em dois passos: ∞±=−→ )(lim xfbx Integral impróprio do 2º tipo em [a, b[, com ∞±=−→ )(lim xfbx Se f (x) ≥ 0 em [a, b [, este integral impróprio, caso seja convergente, é igual à área da região ilimitada situada entre o gráfico de y = f (x) e o eixo Ox, no intervalo [a, b]. Se contudo f (x) assumir valores positivos e negativos em [a, b[, o valor deste integral impróprio, caso seja convergente , será a diferença das áreas situadas acima do eixo Ox e das áreas situadas abaixo do mesmo eixo, no intervalo [a, b]: FEUP / MIEQ 18Joana Peres / Análise Matemática I ] ]batdxxftB b t , , )( )( def ∈∀≡ ∫ )(lim )( def tBdxxf at b a +→ ≡∫ Integral impróprio do 2º tipo em ]a, b], com ∞±=+→ )(lim xfax Se f (x) for uma função contínua em ]a, b], com o integral impróprio de f (x) neste intervalo é definido em dois passos: ∞±=+→ )(lim xfax Exemplo Analise a convergência dos integrais impróprios do 2º tipo ∫10 1.1 1 dxx ∫10 9.0 1 dxx ∞=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡−=≡ +++ →→→ ∫ 11lim10 10lim 1lim 1.00 1 1.00 1 1.10 def tx dx x ttttt [ ] ( ) 10 1lim10 10lim 1lim 1.0 0 1 1.0 0 1 9.00 def =−==≡ +++ →→→ ∫ txdxx ttttt FEUP / MIEQ 19Joana Peres / Análise Matemática I Neste caso, também é impossível “detectar graficamente” se um integral impróprio do 2º tipo é convergente ou divergente: Integral impróprio do 2º tipo em ]a, b], com ∞±=+→ )(lim xfax 10 quando converge só , e 0 com , 0 <<∈> +∫ pIRpbxdx b p FEUP / MIEQ 20Joana Peres / Análise Matemática I No caso geral: isto é, quando p > 0 Nota: se p ≤ 0, o integral não é impróprio!) Estratégia de demonstração: estudar separadamente os casos 0 < p < 1, p = 1 e p > 1 1. Calculam-se os integrais impróprios do 2º tipo em [a, c[ e em ]c, b]; 2. Se estes dois integrais forem ambos convergentes, independentemente um do outro, o integral impróprio do 2º tipo em [a, b] é, por definição, a soma desses dois integrais: Este integral impróprio é definido em termos dos dois casos anteriores: Integral impróprio do 2º tipo em [a, b], com e sendo a < c < b ∞±=+→ )(lim xfcx∞±=−→ )(lim xfcx Definição ∫∫∫ +≡ bccaba dxxfdxxfdxxf )( )( )( def FEUP / MIEQ 21Joana Peres / Análise Matemática I O integral impróprio em [a, b] é divergente se um dos dois integrais que aparecem no 2º membro for divergente. Se ocorrerem várias descontinuidades infinitas no intervalo [a, b], incluindo possivelmente nos pontos x = a e/ou x = b, temos de dividir o intervalo [a, b] em sub-intervalos, cada um com uma única descontinuidade infinita. O integral impróprio será então dado por uma soma de integrais impróprios do 2º tipo, e só se estes integrais forem todos convergentes, independentemente uns dos outros, é que podemos concluir que o integral impróprio é convergente. Integral impróprio do 2º tipo em [a, b] Exemplo Calcule o integral ∫− − 2 2 2 1 2 dx x x FEUP / MIEQ 22Joana Peres / Análise Matemática I Seja y = f (x) uma função positiva injectiva em [0, ∞ [ Transformações de integrais impróprios for convergente∫ ∞ 0 )( dxxf =∫ −(0) 0 1 )(f dyyf Exemplo Mostre que dyydxe x ∫∫ −=∞ − 100 ln e utilize este resultado para calcular o valor do 2º integral. FEUP / MIEQ 23Joana Peres / Análise Matemática I se ∫ ∞ 0 )( dxxf yxey x ln−=⇒= − Por vezes, é possível encontrar substituições que transformam integrais impróprios do 1º tipo em integrais impróprios do 2º tipo, ou vice-versa ou então que transformam integrais impróprios do 1º tipo ou do 2º tipo em integrais “normais”. Os métodos básicos de integração por partes e integração por substituição podem evidentemente ser aplicados para calcular integrais impróprios do 1º tipo ou do 2º tipo, caso esses integrais sejam convergentes. Transformações de integrais impróprios Exemplo Utilize uma substituição inversa para calcular o integral impróprio do 2º tipo ∫− ++ 2 1 1)10( xx dx FEUP / MIEQ 24Joana Peres / Análise Matemática I Como se calculam? o integral que se pretende calcular deve ser dividido numa soma de integrais impróprios convenientemente escolhidos isto é, aos quais se possam aplicar sem ambiguidade as definições anteriormente apresentadas. o integral impróprio misto é convergente se esses integrais forem todos convergentes independentemente uns dos outros Integrais impróprios do tipo misto Integrais impróprios do tipo misto o intervalo de integração tem dimensão infinita função integranda apresenta descontinuidades infinitas no intervalo de integração. convergentes, independentemente uns dos outros. Por exemplo, se quisermos calcular defdef )( )( )( ≡+≡ ∫∫∫ ∞∞ ccaa dxxfdxxfdxxf )( ∫ ∞a dxxf , e se )(lim ∞=+→ xfax virá: ∫∫ ∞→→ +≡ + ucuctat dxxfdxxf )( lim )( lim def o valor de c deve ser escolhido de forma a ser mais conveniente em termos de cálculo. FEUP / MIEQ 25Joana Peres / Análise Matemática I Integrais impróprios do tipo misto Exemplo Calcule o valor do integral impróprio do tipo misto dx x e x∫∞ −0 FEUP / MIEQ 26Joana Peres / Análise Matemática I
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