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Homicídio privilegiado

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Homicídio privilegiado
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
↳ O homicídio privilegiado trata-se de uma causa especial de diminuição de pena
↪ deverá ser aplicada a redução de um sexto a um terço no terceiro momento previsto pelo art. 68 do Código Penal.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
↳ a lei diz que o juiz pode reduzir a pena, MAS, não se trata de faculdade do julgador, sim direito subjetivo do agente✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳✳
Parte da doutrina divisa que a diminuição da sanção penal imposta é facultativa
De outro lado, defende-se a obrigatoriedade da atenuação da pena, com lastro na soberania do júri, constitucionalmente reconhecida
↪ sendo o homicídio delito de competência do Tribunal do Júri, ter-se-ia manifesta violação da soberania dos veredictos na hipótese de não realização pelo juiz da atenuação prevista, se reconhecido o privilégio ínsito no § 1º do art. 121.
↪ presentes todos os elementos, reconhecida a causa de diminuição pelo Tribunal do Júri, importa ao julgador tão somente a fixação do quantum da redução
➝ Motivo de relevante valor moral ou social
Relevante valor ⇉ apreciação subjetiva em relação a alguma coisa
↪ patriotismo, lealdade, fidelidade, intimidade pessoal e de domicílio, entre outros.
Relevante valor social ⇉ leva-se em consideração interesse de ordem geral, coletiva
↪ quem aprisiona um bandido, na zona rural, por alguns dias, até que a polícia seja avisada; quem invade o domicílio do traidor da pátria para destruir objetos empregados na traição; morte de um traidor da pátria
Relevante valor moral ⇉ leva em conta sentimento de ordem pessoal
↪ agressão (ou morte) desfechada pelo pai contra o estuprador da filha
✳ Causa de diminuição x atenuante
art. 121, § 1.º ⇢ o agente atua impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou seja, movido, impulsionado, constrangido pela motivação
art. 65, III, a ⇢ basta que o autor cometa o delito por motivo de relevante valor social ou moral, representando, pois, uma influência da motivação, mas não algo que o domina.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
↳ não sendo possível aplicar a causa de diminuição da pena, porque o agente não estava efetivamente impelido pela motivação, ainda é viável considerar a atenuante em caráter residual
✳ Ciúme como fundamento para a causa de diminuição
↳ Nucci acredita que o ciúme, exclusiva e automaticamente, não pode ser classificado como relevante valor moral ou social, tampouco como motivo fútil ou torpe
↪ Dependendo de cada agente e vista a situação de modo particular, o ciúme tanto pode ser motivação relevante moral quanto fútil.
Ilustrando: 
a) o ciúme egoístico, baseado em puro sentimento de posse, pode representar motivação fútil ou torpe; 
b) o ciúme, quando fundado em excessivos modos de expressar amor, cuidado, carinho e zelo, pode servir de base à motivação relevante.
✳ Eutanásia
Eutanásia - No sentido etimológico da palavra, quer dizer “morte suave, doce, fácil, sem dor”
Ativa ⇉ praticam-se atos para matar o enfermo, que se encontra em sofrimento
Passiva ⇉ deixa-se de ministrar remédios – e/ou alimentação forçada – ou outras intervenções, quando ainda viável fazê-lo
Ortotanásia - homicídio piedoso omissivo - morte no tempo certo, deixando o médico de ministrar remédios que prolonguem artificialmente a vida da vítima, portadora de enfermidade incurável, em estado terminal e irremediável
Distanásia - morte lenta e sofrida de uma pessoa, prolongada pelos recursos que a medicina oferece.
↳ Quando o agente causa a morte do paciente já em estado terminal, que não suporta mais as dores impostas pela doença da qual está acometido, impelido por esse sentimento de compaixão, deve ser considerado um motivo de relevante valor moral, impondo-se a redução obrigatória da pena.
➝ Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima
↳ São vários os elementos que devem estar presentes:
Sob domínio
↪ sujeito dominado pela excitação dos seus sentimentos (ódio, desejo de vingança, amor exacerbado, ciúme intenso)
↪ Há, aqui, diferença no privilégio e no atenuante.
Privilégio ⇉ exige a lei que o agente esteja dominado pela violenta emoção
Atenuante ⇉ meramente influenciado
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Violenta emoção
↪ A emoção, na lição de HUNGRIA, “é um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação do sentimento”
↪ três critérios:
Objetivo → espécie de compensação entre a violência gerada pelo provocador e a resposta dada pelo provocado
Subjetivo → põe em relevo a psicologia do agente, uma vez que a provocação diminui a sua culpabilidade, mas não altera a gravidade do fato ilícito.
A diminuição da culpabilidade reside na circunstância de ter havido provocação, o que ocasiona a cólera do autor
Misto → é a combinação das duas anteriores
↳ no Brasil, adotamos a teoria subjetiva.
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Interessa o lado psicológico do agente, que, violentamente emocionado, não se contém︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾︾
Caso concreto
Esse domínio de violenta emoção não pode ser banalizado, pois implicará a morte de alguém. Há de ser, por exemplo, uma surra dada em X por Y , na frente de várias pessoas, machucando-o e humilhando-o. X, então, reage, matando Y . Recordamo-nos de uma situação semelhante, que foi julgada pelo Tribunal do Júri. O jovem casal de namorados passeava; um grupo de rapazes mexeu com a menina e humilhou o rapaz franzino; este foi surrado na frente da sua namorada; desnorteado, foi para sua casa, que ficava próxima, pegou uma faca, voltou e agrediu um dos seus atacantes, que morreu. Foi reconhecido o privilégio pelo Tribunal do Júri.
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↳ aspecto temporal = algo imediato, instantâneo
↳ Há, aqui, diferença no privilégio e no atenuante.
Privilégio = reação à injusta provocação da vítima se dê logo em seguida
Atenuante = nada menciona nesse sentido
Injusta provocação da vítima 
↳ é necessário destacar que a parte ofendida, muitas vezes, colabora enormemente para a prática do delito~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Hipótese
A título de exemplo, pode-se mencionar a atitude agressiva, desajuizada e pretensiosa de um jovem que dá um tapa no rosto de um homem honrado, bem mais velho, na presença de seus familiares e amigos, sem qualquer razão plausível. Tal hostilidade pode desencadear no pacífico indivíduo uma emoção intensa, que o faz perder o controle, partindo para o contra-ataque, sem medir as consequências, nem atentar para os limites.
é necessário destacar que a parte ofendida, muitas vezes, colabora enormemente para a prática do delito
↳ Muitas vezes, a provocação se concretiza por meio de ofensas verbais
✳ De acordo com o entendimento do NUCCI:
Pessoas que estão habituadas à troca de injúrias, com relativa frequência, não podem, de um momento para outro, sentir-se violentamente emocionadas com algum insulto que lhes seja dirigido.
Por outro lado, aqueles que quase nunca proferem palavras de baixo calão ou que estão imersas em um ambiente onde palavras afrontosas são raridades, quando ofendidas dessa maneira, injustamente, podem reagir sob o domínio de violenta emoção.
➝ Concomitância de causas de diminuição
↳ É possível que ocorra mais de uma causa de diminuição.
↪ Imagine-se o traidor
da pátria que agride fisicamente alguém que, com justiça, recriminou seus atos. O ofendido, tomado de violenta emoção, termina por matá-lo.
relevante valor social
=
eliminação do traidor da pátria
+
domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima
↪ Uma delas como atenuante e outra como causa de diminuição de pena, sem que se possa falar em bis in idem.
Bibliografia:
Rogério Greco

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