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contestção e reconvenção trabalhista

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 90ª VARA DO 
TRABALHO DE CAMPINAS/SP 
 
 
PROCESSO N° 1598-73.2019.5.15.0090 
 
 
 
REFRIGERAÇÃO NACIONAL, Pessoa Jurídica de Direito 
Privado, Empresa de Pequeno Porte, inscrita no CNPJ de 
n° (...), estabelecida na Rua (…), número..., na cidade de 
Americana/SP, CEP ..., vem à presença de Vossa 
Excelência, por intermédio de seu procurador signatário 
PAMELA DIAS com endereço profissional na Rua 
Machado de Assis, n° 300, sala 7a, Edifício Santorini, 
Centro, Santa Maria — RS 
 
CONTESTAR e RECONVIR 
 
com fundamento no art. 487 da Consolidação das Leis do 
Trabalho, combinado com o art. 343 e seguintes do Código 
de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao Processo 
do Trabalho por força do art. 769 da CLT, nos autos do 
processo epigrafado, que lhe move 
 
SÉRGIO FERES, já qualificado nos autos, pelos fatos e 
argumentos a seguir expostos: 
 
 
I. SÍNTESE DOS FATOS 
 
O reclamante ingressou com a presente reclamatória trabalhista aduzindo, em 
breve síntese, que foi contratado pela reclamada em 20 de março de 2013, na 
função de (...) E fora dispensado em 15 de fevereiro de 2019. 
Que percebia remuneração mensal de R$(...) 
Pugnou pela condenação da reclamada ao pagamento das seguintes verbas 
trabalhistas: 
a) Danos morais por revista íntima; 
b) Assédio moral; 
c) Horas extras; 
d) Conversão das férias em pecúnia; 
e) Adiantamento da parcela do 13º salário; 
f) Ticket alimentação e vale-transporte; 
g) Alteração de dia de pagamento de salário; 
 
 
 
II. DA DEFESA 
 
1. PREJUDICIAIS DE MÉRITO 
No sentido de estabelecer a pacificação social e a certeza jurídica 
temos o inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal e o 
artigo 11 da CLT que estabeleceram o mesmo prazo 
prescricional, qual seja: os últimos 5 anos de contrato, contados 
do ajuizamento da ação. 
Corroborando com este entendimento temos a Súmula 308 do 
Egrégio Tribunal Superior do Trabalho que esclarece que "a 
prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões 
imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do 
ajuizamento da ação (...)". Portanto, não deixa dúvidas quanto à 
prescrição quinquenal imposta pela Constituição Federal. 
Caso Vossa Excelência não entenda por acatar a prejudicial de 
mérito suscitada, em respeito ao princípio da eventualidade, o 
reclamado impugna todos os fatos articulados na inicial o que se 
contrapõe com os termos desta contestação, esperando a 
improcedência desta ação proposta, pelos seguintes motivos: 
 
 
2. DO MÉRITO 
a) DO DANO MORAL POR REVISTA ÍNTIMA 
Em nenhum momento, o trabalhador, foi submetido a 
revista íntima, uma vez que, a revista de sua bolsa é 
compreendida como revista pessoal, estando ausentes os 
requisitos dos arts. 186 e 927 do Código Civil e o art. 5° 
da CRFB. Não houve contato físico, tampouco, exposição 
de partes do corpo, além disso, foi feito em local 
adequado, configurando, portanto tão somente o 
fundamentado no art. 188, II/CC, o exercício regular de um 
direito por parte da reclamada; 
Requer a improcedência do pedido; 
Caso Vossa Excelência proceda pela configuração da 
revista íntima, torna-se necessária a discussão acerca do 
quantum indenizatório penteado pelo reclamante que se 
trata de um valor exagerado, tendo em vista a empresa 
ser de pequeno porte e totalmente destoante da aplicação 
de praxe pela jurisprudência. Pede-se a redução desse 
valor, com o devido respeito aos princípios da 
razoabilidade e proporcionalidade; 
 
b) DO ASSÉDIO MORAL 
Assédio moral trata-se de ação reiterada, de forma 
repetitiva e geralmente prolongada, de natureza 
psicológica causando ofensa a dignidade, a personalidade 
e a integridade do trabalhador. Sendo assim, simples 
advertência verbal por parte de superior não enseja 
ofensa a honra. A reclamada reconhece que realizou o ato 
em apenas uma oportunidade, exercendo regularmente o 
seu direito de superior, nos termos do art. 188, II/CC. 
Requer a improcedência deste pedido, tendo em vista que 
a simples atenção ao trabalhador por estar descumprindo 
norma estética da empresa e, concomitantemente, regras 
de segurança e medicina do trabalho a fim de evitar 
acidentes e complicações desnecessárias com os 
equipamentos de trabalho. 
Na hipótese de Vossa Excelência acolher a alegação de 
assédio moral, é deveras salientar que, o trabalhador tinha 
plena ciência, desde o ato da sua contratação, do 
regimento interno da empresa em relação ao seu uniforme 
de trabalho, não podendo alegar desconhecimento do 
mesmo. A advertência justificada ocorreu, conforme 
petição, de uma única vez, portanto, de forma isolada. 
O valor dos danos morais pleiteados pelo requerente 
destoa por completo do princípio da razoabilidade, uma 
vez que o pedido do reclamante, foge da natureza jurídica 
da reparação do dano moral, qual seja, a compensação 
daquele que experimentou o dano e a finalidade 
preventiva e punitiva de quem o praticou e, não de forma 
a proporcionar enriquecimento ilícito ao reclamante, o que 
é vedado em nosso ordenamento jurídico. Há que se 
considerar ainda, na fixação desse dano moral, a postura 
da reclamante, que sem dúvida alguma foi a única culpada 
pelo evento. 
 
c) DAS HORAS EXTRAS 
O reclamante realizava a jornada em turno ininterrupto de 
8 horas, tal como reconhece a existência de Norma 
coletiva autorizando a carga horária alegada. 
O cumprimento da carga horária de turno ininterrupto 
limitada a 8 horas mediante autorização de Norma coletiva 
está em plena consonância com o art. 7°, XIV da CRFB 
c/c Súmula 423 do TST. 
Portanto, não resta dúvidas de que o pedido de horas 
extras em virtude da laboração da sétima e oitava hora, 
neste caso concreto, deverá ser julgado improcedente. 
 
 
d) DA CONVERSÃO DAS FÉRIAS EM PECÚNIA 
A conversão do empregador de 8 dias de férias é lícita 
pelo fato de o reclamante, durante o período aquisitivo de 
2016/2017, ter 6 faltas injustificadas. 
Respaldado pelo art. 130, II da CLT, no qual estabelece 
que: 
"após cada período de 12 meses de vigência do contrato 
de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte 
proporção: II - 24 dias corridos, quando houver tido de 6 a 
14 faltas;" 
Uma vez esclarecido o número de dias de férias ao qual o 
trabalhador fez jus, resta estabelecer, conforme o art. 143 
da CLT, um terço de 24 dias, logo, totalizando 8 dias. 
Por fim, a conversão de 8 dias de férias em pecúnia está 
completamente amparada legalmente. 
Requer o empregador, a improcedência do pedido de 
conversão de 10 dias de férias por parte do empregado. 
 
e) DO ADIANTAMENTO DA PRIMEIRA PARCELA DO 13º 
SALÁRIO 
O reclamante alega que restou violado o seu direito a 
percepção da primeira parcela do décimo terceiro salário. 
Alega também, que gostaria de ter recebido no período 
compreendido entre julho de 2017 (quando aproveitou as 
férias), porém, o valor supracitado só foi efetivamente 
pago em 30 de novembro de 2017 (quando efetivamente 
recebeu a primeira parcela da gratificação natalina). 
Embora solicitado por parte do reclamante, acerca do 
pedido de adiantamento da parcela referida, este o fez em 
prazo intempestivo, conforme art. 4° do Decreto 
57.155/65. 
Ainda, a lei que regula o pagamento da gratificação 
natalina (Lei n°4.749/65) em seu artigo 2°, § 2° dispõe que: 
"O adiantamento será pago ao ensejo das férias do 
empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro 
do correspondente ano". 
A reclamada não cometeu nenhuma irregularidade que 
ensejasse nopagamento dos juros e correção monetária 
da referida parcela, conforme o próprio autor na inicial 
aduz que seu pedido for aceito em março de 2017, 
indubitavelmente, fora do prazo estipulado pela lei. 
Portanto, não figura e legalidade por parte do empregador 
o pagamento da primeira parcela do 13º salário no dia 30 
de novembro de 2017. 
Com isso, pede indeferimento acerca deste pedido. 
 
f) DO VALE ALIMENTAÇÃO E VALE TRANSPORTE 
O reclamante alega fazer jus ao pagamento do ticket 
alimentação e vale transporte referentes ao mês de 
novembro de 2017, período no qual esteve afastado da 
empresa por 30 dias em razão de doença, oportunidade 
na qual recebeu o benefício do INSS (auxílio doença 
previdenciário, espécie B-31). 
Por determinação expressa do art. 476 da CLT, o 
empregado que receber auxílio doença não faz jus ao 
percebimento dos benefícios pleiteados por ser 
considerado em licença não remunerada. 
Importante frisar que, enquanto um trabalhador figurar 
como beneficiário do auxílio-doença ocorre a imediata 
suspensão do contrato de trabalho. Desta forma, não 
procede o pedido referente ao ticket alimentação, nem ao 
vale transporte referente ao mês de novembro de 2017. 
Assim, pede a improcedência do pedido. 
 
g) DA ALTERAÇÃO NO DIA DE PAGAMENTO DE 
SALÁRIO 
Não caracteriza prejuízo ao empregado a alteração 
unilateral do dia do pagamento, desde que não viole 
disposição expressa no contrato de trabalho ou disposição 
legal. 
Devido a sua omissão no contrato de trabalho quanto a 
data de pagamento, incumbe visualizar a norma legal: 
"Art. 459, §1°, in verbis: quando o pagamento houver sido 
estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, 
até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido". 
A Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do 
Trabalho, sedimenta a questão: 
"SDI-01 n° 159: diante da inexistência de previsão 
expressa em contrato ou instrumento normativo, alteração 
da data de pagamento pelo empregador não viola o artigo 
468, desde que observado o parágrafo único, do artigo 
459, ambos da CLT." 
Sendo assim, requer a improcedência do pedido de 
pagamento de juros e correção monetária entre os dias 2 
e 5 de cada mês, no interregno de abril de 2018 em diante. 
 
 
 
III. DA RECONVENÇÃO 
 
Conforme disposição expressa do artigo 343 do CPC, pode o réu na contestação 
propor reconvenção, o que faz pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
 
A empresa custeou para o reclamante um curso de qualificação profissional em sua 
área de atuação em maio de 2019 nova valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais) , cuja a 
devolução seria capitalizada em 32 (trinta e duas) parcelas de R$ 250,00 (duzentos e 
cinquenta reais), dos quais o ex-empregado devolveu apenas 7 (sete) parcelas, 
totalizando R$1750,00 (um mil, setecentos e cinquenta reais) até o encerramento do 
contrato. 
Diante do exposto, requer o recebimento desta reconvenção, para fins de condenar o 
reclamante ao ressarcimento da quantia de R$ 6.250,00 (seis mil, duzentos e 
cinquenta reais). 
 
 
IV. DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, requer que seja a presente juntada aos autos para os fins de direito, 
sendo ao final: 
 
a) Julgada inepta a presente demanda em face dos pedidos elencados na 
fundamentação do item II; 
 
b) Seja reconhecida e declarada a prescrição da pretensão ao recebimento das 
parcelas na forma do artigo 7º, XXIX da Constituição Federal; 
 
c) Julgada improcedente com relação às pretensões da reclamante, condenando 
o mesmo ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios; 
 
 
 
V. REQUERIMENTOS FINAIS 
 
a) Na eventualidade de ser procedente a presente reclamatória, requer 
que sejam compensados todos os valores já adiantados ao reclamante 
durante o contrato de trabalho, das parcelas pagas no mesmo título, 
multa do FGTS e contribuição previdenciária, a qual desde já requer a 
retenção para recolhimento; 
 
b) Protesta a reclamada em provar o alegado por todos os meios de prova 
em Direito admitidos, em especial a documental, oral e pericial; 
 
c) Protesta pelo depoimento pessoal da reclamante, sob pena de 
confissão; 
 
d) Protesta, por fim, pela juntada dos documentos trazidos em anexo. 
 
 
 
 
Nestes termos, 
Pede e espera deferimento. 
 
 
 
 
São Paulo, 25 de setembro de 2019. 
 
 
 
 
_________________________________________ 
Advogado (a): PAMELA XAVIER DIAS 
OAB/RS N° (...)

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