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ISBN 857274349-9 FUNAPE __ __j , ~jljlll[l~ljiJ ll!!~ .....___ ~ _ Daniel de Lima Araújo Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas L Editora UFG Este livro, de maneira didática, detalha o projeto estrutural de uma ponte em concreto armado com duas longarinas. Este é um sistema estrutural típico para pontes utilizado em todo o Brasil e, em razão de sua simplicidade, normalmente é o primeiro a ser ensinado nos cursos de pontes. O projeto de ponte escolhido para ser apresenta- do neste livro é um dentre os vários desenvolvidos pelo autor quando de sua atuação como projetista de pontes de concreto armado. Trata-se de uma ponte contínua com 64 metros de extensão distribuídos em três vãos. Apresentam-se, assim, o dimensio- namento e o detalhamento de todos os elementos da superestrutura (longarinas, transversinas, laje, viga de fechamento e alas) e da mesoestrutura, bem como dos aparelhos de apoio típicos desse tipo de ponte (rótula de concreto e apoio elastomérico). O texto aqui apresentado incorpora as modifi- cações realizadas nas normas brasileiras que afe- tam o projeto desse tipo de estrutura: ABNT NBR 6118, que trata de projeto de estruturas de concre- to, e ABNT NBR 7187, sobre projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido, lança- das em 2007 e 2003, respectivamente. Pela simplicidade do texto, este pode ser um li- vro básico para consulta pelos alunos de Engenharia Civil que se interessarem por esse tema, bem como pelos profissionais que de alguma forma trabalham com projeto de pontes de concreto e queiram revi- sar conceitos de projeto de pontes de concreto com duas longarinas. Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas í", .... l,L.. -- - - " ~ A~mazém do Livro ,, ~ - - ~ Livros novos, us~dos, raros e esgotados !'~!atriz: Te!. (62) .~212.8761- Av. Goiás (esq. c/ RuaS) n 929, Centro G01ama-GO - CEP 74005-0 I O . vendas@armazemdolivro.com.br Filial T-63: Tel. (62) 3093.5030- Av. T-63 c/ T-36 n• 679, St. Bueno, Goiânia-GO - CEP 74230- 105 ' v~ndasfilial@amazemdolivro.com .br Filial Nova Suíça: Tel. (62) 3224.6941 - Pça Wilson Sale_s (Pça da Nova Suíça), n" 195, St. Nova Suíça G01arua-GO- CEP 74280-370- Loja OI ' ldhvros@gmail.com ... •• UFG L Editora UFG ~ r) FUNAPE Universidade Federal de Goiás Reitor Edward Madureira Brasil Vice-Reitor Eriberto Francisco Bevilaqua Marin Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Divina das Dôres de Paula Cardoso Pró-Reitor de Extensão e Cultura Anselmo Pessoa Neto Pró-Reitor de Administração e Finanças Orlando Afonso Valle do Amaral Diretora- Geral Maria das Graças Monteiro Castro Conselho Editorial Heleno Godói de Sousa, Jesus Carlos da Mota, Joffre Rezende Filho, José Rildo de Oliveira Queiroz, José Antunes Marques, Robervaldo Unhares Rosa, Tadeu Pereira Alencar Arrais Coordenador do Concurso (Edital Funape n °01/2011) José Marques Teixeira, Rogério Santana Comitê da Área de Ciências Exatas, Enegnharias e da Terra Kleber Teodomiro Martins Formiga, Ronaldo Alves Garcia Diretor-executivo Cláudio Rodrigues Leles Conselho Deliberativo Jesiel Freitas Carvalho (presidente), Ana Paula Junqueira Kipnis, Cecília Maria Alves de Oliveira, Divina das Dores de Paula Cardoso, Magda de Miranda Clímaco, Marco Aurélio Carbone Carneiro, Nélson Aníbal Lesme Orué, Noé Freire Sa11des, Rosidalva Lopes Feitosa da Paz Conselho Fiscal Antônio Tavares Dias Lage (presidente), Edvânia Braz Teixeira Rodrigues, Ricardo Caetano Rezende, Wenismar Pereira de Lima Daniel de Lima Araújo Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas FUNAPE L Editora UFG Coleção Funape A Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (Funape) ocupa hoje uma posição de destaque na execução de projetos e na consoli- dação da infraestrutura e do desenvolvimento institucional da UFG. É tam- bém uma parceira constante no desenvolvimento de programas de outras instituições científicas e tecnológicas de Goiás e do Brasil. Ao completar três décadas de contínuo trabalho em prol do desenvolvimen- to da pesquisa em Goiás, a Funape tem o prazer de apresentar Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas, de Daniel de Lima Araújo, um dos dez livros selecionados no concurso Edital Funape no 01/2011, pertencentes a di- versas áreas do conhecimento. A Fundação reafirma, assim, o compromisso com os pesquisadores de divulgar seu principal produto, o conhecimento. A coleção ora apresentada atesta que o livro é resultado de um trabalho que envolve uma complexa rede de interlocutores e atores. E a Funape se orgulha de ser partícipe desse processo como parceira da UFG, contribuindo para o desenvolvimento científico, social e cultural do estado de Goiás. FUNAPE Para Roberta, minha amada esposa, e Lucas, meu querido filho Sumário 11 Prefácio 13 1 Elementos para elaboração do projeto 1.1 Elementos geométricos 1.2 Elementos topográficos 1.3 Elementos hidrológicos 1.4 Elementos geotécnicos 1.5 Elementos acessórios 1.6 Elementos normativos 1. 7 Algumas indicações para projeto de ponte sobre rios 33 2 Superestrutura 2.1 Características geométricas da superestrutura 2 .2 Idealização para o cálculo das solicitações 2.3 Dimensionamento da viga principal 2.4 Laje do tabuleiro 2.5 Transversinas 2.6 Alas 2. 7 Vigas de fechamento 137 3 Mesoestrutura 3.1 Esforços atuantes nos pilares 3.2 S?licitaç~es nos pilares de pontes com sistema estrutural em vrga contmua 3.3 Solicitações na fundação ao nível do terreno 3.4 ~álculo dos esforços horizontais nos pilares da ponte sobre o no Pau Seco 3.5 Dimensionamento dos pilares da ponte 3.6 Aparelho de apoio 203 Apêndice 211 Referências Prefácio ~· Este texto foi elaborado para servir como material didático aos alu- nos da disciplina Projeto de Pontes do curso de Engenharia Civil. Ele tem por objetivo detalhar o projeto estrutural de uma ponte em con- creto armado com duas longarinas. A primeira versão como apostila foi lançada em 1999 e, desde en- tão, foi utilizada diversas vezes no curso de Engenharia Civil da Uni- versidade Federal de Goiás - UFG. Esta versão, agora apresentada em forma de livro, incorpora as modificações realizadas nas normas brasileiras ABNT NBR 6118, que trata de projeto de estruturas de concreto, e ABNT NBR 7187, sobre projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido, lançadas em 2007 e 2003, respecti- vamente, e que afetam o projeto desse tipo de estrutura. Foi escolhido para apresentação um dos projetos de ponte por mim realizado quando de minha atuação como projetista em escritórios de cálculo em Goiânia.Trata-se do projeto da ponte sobre o rio Pau Seco, 12 localizada na T0-373, no trecho entre Alvorada (TO) e Araguaçu (TO), o qual foi encomendado pela Secretaria da Infraestrutura do Estado do Tocantins e foi desenvolvido pela GEOSERV- Serviços de Geotecilia e Construção Ltda - sob minha responsabilidade. Essa ponte possui um comprimento total de 64 m, distribuído em um vão central de 20 m, dois vãos adjacentes de 18 m e dois balanços de 4 m. A estrutura é simétrica, com duas vigas principais, e o tabu- leiro tem uma largura total de 9 m. Os aparelhos de apoio são cons- tituídos por rótulas de concreto e a fundação por tubulões encamisa- dos executados com auxílio de ar comprimido. O projeto apresentado neste texto está de acordo com as atualizações das normas brasileiras e, por essa razão, difere ligeiramente do projeto original. O autor 1 Elementos para elaboração do projeto1 ~ O projeto de uma ponte inicia-se, naturalmente, pelo conhecimento de sua finalidade, da qual decorrem os elementos geométricos definido-res do estrado, como, por exemplo, a seção transversal e o carregamen- to do qual será realizado o dimensionamento da estrutura. Além dessas informações, a execução do projeto de uma ponte exige, ainda, levan- tamentos topográficos, hidrológicos e geotécnicos. Outras informações acessórias- processo construtivo, capacidade técnica das empresas res- ponsáveis pela execução e aspectos econômicos- podem influir na es- colha do tipo de obra, contudo não serão abordadas neste livro. O autor agradece especialmente aos amigos Magid Elie Khouri e Sylvia Regina Mesquita de Almeida, com quem trabalhou na empresa GEOSERV na época do desenvolvimento do projeto original da ponte sobre o rio Pau Seco. Dessa convi- vência surgiram vários dos roteiros de cálculo aqui apresentados. Primeiramente serão apresentados alguns dos elementos indispen- sáveis para a elaboração de um projeto de ponte que devem estar dis- poníveis antes do início do projeto definitivo da estrutura. 1.1 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS Os elementos geométricos aos quais o projeto de uma ponte deve atender derivam das características da via e de seu próprio estrado. Os elementos geométricos das vias dependem de condições técnicas especificadas pelos órgãos públicos responsáveis pela construção e manutenção dessas vias. No caso das rodovias federais, o Departa- mento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) estabelece as condições técnicas para o projeto geométrico das estradas e das pontes, já as rodovias estaduais de Goiás estão sob a responsabilida- de da Agência Goiana de Transportes e Obras (AGETOP). Segundo 0 DNIT, as estradas federais são divididas em (Brasil, 1996): • classe I; • classe II; • classe III; • classe IV. As velocidades diretrizes, utilizadas para a determinação das ca- racterísticas do projeto de uma estrada, são definidas em função da classe da rodovia e do relevo da região (Quadro 1.1). Quadro 1.1 - Velocidades diretrizes (Krn/h) em rodovias federais (Brasil, 1996) Região Classe I I Classe 11 . I · .· Classe III I Classe IV ·I Plana 100 8o 70 6o Ondulada 8o 70 50 40 Montanhosa 6o 50 40 30 O desenvolvimento planimétrico e altimétrico de uma ponte é, na maior parte dos casos, definido pelo projeto da estrada, especialmente quando os cursos de água a ser transpostos são pequenos. No caso de grandes rios, o projeto da estrada deve ser elaborado considerando- -se a melhor localização para a ponte. Dessa forma, deve-se procurar cruzar o eixo dos cursos d'água em um ângulo reto com o eixo da rodovia. Além disso, deve-se procurar cruzar na seção mais estreita do rio de forma a minimizar o comprimento da ponte. Para as rodovias federais, os raios mínimos de curvatura horizontal são fixados com a finalidade de limitar a força centrífuga que atuará no veículo viajando com a velocidade diretriz (Quadro 1.2). Quadro 1.2 -Raios mínimos de curvatura horizontal (m) em rodovias federais (e = 6%) (Brasil, 1996) Região Classe I I Classe Il I Classe III I Classe IV I Plana 415 230 185 135 Ondulada 250 185 135 55 Montanhosa 135 90 55 25 As rampas máximas admissíveis, até a altitude de mil metros acima do nível do mar, são mostradas na Tabela 1.1. Esses valores poderão ser acrescidos de 1% para extensões até 900 metros em regiões planas, 300 metros em regiões onduladas e 150 metros em regiões montanhosas, e deverão ser reduzidos de 0,5% para altitudes superiores a mil metros. No caso corrente de estradas com pista simples e duas faixas . de tráfego, as normas do DNIT adotam as seguintes larguras da faixa de rolamento em regiões planas (Brasil, 1996): • classes I e II: 3,6 m; • classe III: 3,5 m; Pro jet o de p on te em concre t o armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] • classe IV: 3 m. Nas estradas com duas pistas independentes, com duas faixas de trá- fego cada uma, a largura da faixa de rolamento utilizada em região pla- na é de 3,6 m. Os acostamentos têm largura mínima variável conforme a classe da estrada e a região atravessada. Nas estradas de classe I, em região plana, adotam-se acostamentos de 3 m de largura, o que resulta em 13,2 m de largura total do terrapleno, com a soma de 3 + 7,2 + 3. Tabela 1.1- Rampas máximas(%) em rodovias federais (Brasil, 1996) Região Classe I . I Classe 11 I Classe III I Classe IV ! Plana 3 3 3 4 Ondulada 4-5 5 5 6 Montanhosa 6 7 7 6 1.1.1 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DAS PONTES 1.1.1.1 Largura das pontes rodoviárias As pontes rodoviárias podem ser divididas, quanto à localização, em urbanas e rurais. As pontes urbanas possuem faixas de rolamento com largura igual a da via e passeios com largura igual a das calça- das. As pontes rurais são constituídas com finalidade de escoar o trá- fego nas rodovias e possuem faixas de rolamento e acostamentos. Durante muitos anos, as pontes rodoviárias federais de classe I fo- ram construídas com pista de 8,2 me guarda-rodas laterais de 0,9 m de largura em cada lado, perfazendo a largura total de 10 m (Figura 1.1a). Havia, portanto, um estrangulamento da plataforma da estra- da que provocava uma obstrução psicológica nos motoristas e, con- sequentemente, causava acidentes. Nos últimos anos, o DNIT passou a adotar para a largura das pontes rurais a largura total da estrada (pista+ acostamento ) e guarda-rodas mais eficientes (Figura 1.1b). Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas Em regiões com pouco tráfego, alguns órgãos públicos ainda reco- mendam a redução da largura da ponte para 9 m, conforme mostrado na Figura 1.2. 1---------10m-----'----- --1 0,9 m \-------8,2 m------0,9 m f--t:':l[_____----'Í~ a) Padrão antigo ~-- ___ ----12,Bm • --------- 12 m -----------fl-41 -f.41-~U--~L___-_-_-_-____.-? b) Padrão DNIT para rodovias classe I Figura 1 .1 - Exemplos de seções transversais de pontes rodoviárias federais ~-------9m-------~ --jo.41----------8,2 m------~10.4\-- Ll rJ Figura 1 .2 _ Exemplo de seção transversal de ponte rodoviária com largura reduzida 1.1.1 .2 Gabarito das pontes Denomina-se gabarito o conjunto de espaços livres que deve apre- sentar 0 projeto de uma ponte de modo a permitir o escoamento do fluxo . As larguras das pontes indicadas na Figura 1.1 e na Figura 1.2 são exemplos de gabaritos das pistas . de pontes de modo a permitir o fluxo de veículos sobre elas. [Daniel de Lima Araújo] As pontes localizadas sobre rodovias devem respeitar espaços li- vres necessários para o tráfego de caminhões sob elas (Figura 1.3). As pontes construídas sobre vias navegáveis também devem .atender aos gabaritos de navegação dessas vias. Por exemplo, em vias nave- gáveis a chatas e rebocadores, é comum prever-se a altura livre de 3,5 ma 5 m acima do nível máximo a que pode atingir o curso d'água. A largura deve atender a, pelo menos, duas vezes a largura máxima das embarcações mais um metro. l-------___!_12,2m. ______ __., 6m 1----- 2,5 u_l-----~7,2 m'--------11--L·S fn__..j Acostamento Pista Acostamento Figura 1.3- Gabarito para pontes sobre rodovias federais classe I em região ondulada Nas pontes construídas sobre rios não navegáveis, adota-se, normal- mente, uma altura livre acima do nível máximo d'água de acordo com as recomendações do órgão oficial responsável pela obra. No estado do Tocantins, por exemplo, a altura livre recomendada era de 1,5 m. 1.2 ELEMENTOS TOPOGRÁFICOS O levantamento topográfico, necessário ao estudo de implantação de uma ponte, deve constar dos seguintes elementos: • planta, em escala de 1:1.000 ou 1:2.000; perfil em escala ho- rizontal de 1:1.000 ou 1:2.000 e escala vertical de 1:100 ou Projeto de ponte em concre to armado com duas longarinas 1:200 do trecho da rodovia em que ocorrerá a implantação da obra em uma extensão tal que ultrapasse seus extremos prová- veisem, pelo menos, 1.000 metros para cada lado; • planta do terreno no qual será implarltada a ponte, em uma extensão tal que exceda 50 metros, em cada extremidade, seu comprimento provável e largura de 30 metros, desenhada na escala de 1:100 ou 1:200, com curvas de nível de metro em metro, contendo a posição do eixo locado e a indicação de • • sua esconsidade; perfil ao longo do eixo locado na escala de 1:100 ou 1:200 e numa extensão tal que exceda 50 metros, em cada extremida- de, o comprimento provável da obra; quando se tratar de transposição de curso d'água, seção do rio segundo o eixo locado, na escala 1:100 ou 1:200, com as cotas de fundo do rio em pontos distanciados entre si cerca de cin- co metros. 1.3 ELEMENTOS HIDROLÓGICOS Os elementos hidrológicos recomendados para um projeto conveniente de uma ponte, admitindo o período de recorrência de cem anos, são os seguintes: • cotas de cheia e estiagem máximas observadas, com indicação • das épocas, da frequência e do período dessas ocorrências; dimensões e medidas físicas suficientes para a solução dos pro- blemas de vazão do curso d'água sob a ponte e erosão do leito, quais sejam: área em km2 da bacia hidrográfica a montante da obra até a cabeceira, 19 [Daniel de Lima Araújo] 20 • • • • extensão do talvegue em km, desde o eixo da obra até a cabeceira, altura média anual das chuvas, em milímetros, declividade média do espelho d'água em um trecho pró- ximo da obra, de extensão suficiente para caracterizá-la, bem como indicações concernentes à permeabilidade do solo, à existência de vegetações e retenções evaporativas na bacia hidrográfica, ao aspecto das margens, à rugo si- dade e às depressões do leito no local da obra; notícias acerca de mobilidade do leito do curso d'água e, caso exista, indicação da tendência ou do ciclo e amplitude da diva- gação; álveos secundários, periódicos ou abandonados, zonas de aluviões, bem como de avulsões e erosões, cíclicos ou cons- tantes; notícias sobre a descarga sólida do curso d'água e sua natureza, no local da obra, e sobre material flutuante eventual- mente transportado; se a região for de baixada ou influenciada por marés, a indica- ção dos níveis máximo e mínimo das águas, velocidades máxi- mas de fluxo e de refluxo, na superfície, na seção em estudo; informações sobre obras de arte existentes na bacia, com indi- cações de comprimento, vazão, tipo de fundação etc.; notícia sobre serviços de regularização, dragagem, retificações ou proteção das margens. De posse dessas informações, procede-se ao cálculo da cota de má- xima cheia que definirá a altura livre e a cota da face superior do tabuleiro da ponte. Nesse momento, o projetista pode se defrontar com duas situações. Numa primeira situação, ele já possui a cota da face superior do tabuleiro definida pelo projetista da estrada. Pro jet o de po nte em co n cre t o armado com duas longarinas Normalmente essa cota situa-se, aproximadamente, a 40 em acima da cota de terraplanagem; contudo, deve ser verificada para cada proje- to, com o projetista da estrada. Neste caso, após a definição da cota de máxima cheia calculada e depois de adicionado o valor da altura livre, o projetista da ponte obtém a altura disponível para a constru- ção. Num procedimento inverso, ele pode definir a altura de constru- ção - em função do sistema estrutural da superestrutura - e, em se- guida, verificar se a altura livre disponível é superior ao valor mínimo requerido pelo gabarito da ponte. Numa segunda situação, o projetis- ta da ponte calcula a cota de máxima cheia e, depois de adicionadas as alturas livre e de construção, obtém a cota superior do tabuleiro, a qual é repassada para o projetista da estrada. Essa situação é, sem dúvida, a mais cômoda para o projetista da ponte. A cota de máxima cheia calculada pode ser obtida por diversos métodos da engenharia hidráulica. Quando a ponte for construída sobre rios com grandes vazões, deve-se tomar o cuidado de evitar o refluxo a montante da ponte em razão do estrangulamento da seção de escoamento pela construção do aterro da estrada (Figura 1.4). Em alguns casos, esse refluxo pode atingir grandes distâncias e diminuir a altura livre sob a ponte. No caso de pequenos rios- aqueles que possuem pequenas vazões - é possível calcular a cota de máxima cheia pela conhecida fórmula de Manning empregada em canais abertos. Para tanto, é admitida a existência de um canal regular com seção transversal igual à seção de escoamento sob a ponte e, por um processo de tentativas, é calculada a área necessária para escoar a vazão máxima de projeto do curso d'água. A fórmula de Manning é expressa por: 21 [Daniel de Lima Araújo] 22 V: velocidade média de escoamento (rnls); n: rugosidade do canal; A RH = - raio hidráulico; p A: área da seção de escoamento (m2); P: perímetro molhado (m); I: declividade média do leito. A vazão de escoamento é dada por: Q =V A (m3/s) . Início do refluxo Eixo da estrutura ' ·~~ · u .. , ~~:;:n:e.l .UJ . ./~-·:·_··---N~-ív-e l-o-rig-in_a_::l ~= - ' ' Jus ante 7// . 1// I// I// /;; /// I~/ ' lii:_lii=ll/=1/l=l/1.== Região alagada ' a) Eixo do curso d'água Máxima cheia calculada (MCC) Seção de escoamento (reduzida) b) Perfil longitudinal da estrada Figura 1.4- Refluxo a montante da ponte em razão do estrangulamento da seção de escoamento do rio Na fórmula de Manning, a área da seção de escoamento emprega- da é uma simplificação da seção real. Para ilustrar o procedimento de cálculo, apresenta-se a determinação da cota de máxima cheia do rio Pau Seco (Figura 1.5 e Quadro 1.3). Nesse caso, a cota superior do Projeto de ponte em concreto arma d o com duas longarinas tabuleiro já era conhecida do projeto de terraplanagem. A altura de construção foi obtida pelo pré-dimensionamento da estrutura lançada. A cota de máxima cheia foi calculada pela fórmula de Manning e a altura livre assim obtida foi comparada com o valor mínimo (1,5 m) exigido pelo órgão contratante do projeto. Dados do projeto: Q = 691,02 m3/s, n = 0,035 (canal com vegetação), I= 0,0016 (obtido da topografia), cota de fundo: 208,68 (m). Cota superior do tabuleiro ( 220,00) v= 17 ~J[=====-------4i~AI~tur~a~de~~~n~stru~ç~ão~(1~.s~~L_----,~~~mn _____ _v _ -~li~(2.::t_2_m)__ -~CC ~6·~ __ _ Figura 1.5 - Seção transversal do rio Pau Seco empregada no cálculo da máxima cheia Quadro 1.3 - Dados da seção transversal do rio Pau Seco Lado esquerdo Lado direito Mastamento (m) Cota (m) Mastamento (m) Cota (m) 10,23 209,00 10,00 209,00 10,80 210,00 10,60 210,00 12,60 211,00 11,00 211,00 15.90 212,00 11,70 212,00 18,70 213,00 13,60 213,00 21,80 214,00 17,50 214,00 29,00 214.40 2 4 ,00 214,20 34.40 218,oo 29,00 213.40 35.90 218,oo 23 [Daniel de Lima Araújo] Quadro 1.4 - Cálculo da máxima cheia do rio Pau Seco pela fórmula de Manning Cota (m) Área(m2) Perímetro (m) RH(m) V(rn!s) Q(m%) 209,08 4.859 20,425 0,238 0 .439 . 2,133 209,68 17,264 21,816 0 ,791 0,977 16,875 210,08 25.771 22,808 1,130 1,240 31.953 211,08 48.453 26,067 1,859 1,728 83.721 212,08 74.375 30.772 2,417 2,058 153,086 213,08 104,708 36,o65 2,903 2,326 243.521 214,08 142,999 52.340 2,732 2,233 319,383 215,08 201,915 65.798 3,069 2,414 487.332 216,o8 264.955 69.404 3,818 2,792 739.698 Do Quadro 1.4 obtém-se para a máxima cheia calculada a cota de 216,08, a qual fornece uma altura livre de 2,12 m, maior que a altura mínima exigida de 1,5 m. 1.4 ELEMENTOS GEOTÉCNICOS Os elementos geotécnicos necessários à elaboração do projeto de uma . ponte são (Pfeil, 1990): • • relatório da prospecção de geologia aplicada no local de pro- vável implantação da obra,considerando seu esboço estrutural e realçando peculiaridades geológicas porventura existentes; relatório de sondagem de reconhecimento do subsolo compreen- dendo os seguintes elementos: planta de locação das sondagens, referida ao eixo da via, descrição do equipamento empregado: peso, altura etc., perfis em separado de todas as sondagens, nos quais se indiquem a natureza e a espessura das diversas cama- das atravessadas, suas profundidades em relação a uma referência de nível, índices de resistência à penetração e Proj eto de ponte em concreto armado com duas longarinas nível d'água, inicial e 24 horas após a conclusão da son- dagem. A referência de nível da sondagem deve relacio- nar a cota da boca do furo à referência de nível da obra. As sondagens de reconhecimento do subsolo devem ser realiza- das em toda a extensão provável da futura obra de arte, ao longo de duas linhas paralelas ao eixo locado da via, uma de cada lado, e distantes deste, aproximadamente, três metros . Elas devem ser em número suficiente para permitir uma definição precisa quanto à na- tureza e distribuição das camadas constituintes do subsolo, e nunca em número inferior a quatro. Devem, ainda, atingir uma profundi- dade que permita a garantia de não haver, abaixo dela, camadas de menor resistência. Conforme a importância da obra, certo número de sondagens, ou mesmo sua totalidade, deverá atingir a rocha, que deverá ser investigada por meio de sondagens rotativas em uma es- pessura de, pelo menos, três metros . Quando já existir o anteprojeto da obra, deverão ser realizadas duas sondagens em cada linha transversal de apoio, um furo para cada fundação. Serão realizadas sondagens rotativas ou mistas- son- dagem a percussão na parte em solo e rotativas na parte em rocha -, no caso de fundações em rocha ou eril terreno que apresente matacão. A fixação das profundidades das sondagens poderá ser feita com critérios alternativos a ser obedecidos no campo como, por exem- plo, os enunciados a seguir: • sondagem de percussão: prossegmr até resistências à pe- netração iguais ou superiores a N golpes/30 em em cinco cravações consecutivas, ou até atingir material impenetrá- vel à peça de lavagem, ou até Z m de profundidade máxi- ma. Os valores de N e Z poderão ser fixados, em cada caso, 25 [Daniel de Lima Araújo) conforme a natureza do solo e o tipo da obra. Em uma obra média, pode-se adotar, por exemplo, N = 40 golpes por 30 em e Z = 40 m; • sondagens rotativas: prosseguir até a recuperação igual ou su- perior a Xl% em três avanços consecutivos, ou recuperação igual ou superior a X2% após penetrar cinco metros em rocha parcialmente alterada, ou, ainda, recuperação média igual ou superior a X3% após penetrar dez metros em rocha alterada. Se nenhuma das condições anteriores for satisfeita, a sondagem deve ser interrompida a uma profundidade máxima Z. Os v a- lores de Xl, X2, X3 e Z poderão ser fixados em cada caso con- forme o tipo de obra. Estudos geotécnicos especiais que permitam a elaboração de proje- to do conjunto terreno-aterro-obra de arte devem ser realizados sem- pre que a estabilidade dos terrenos contíguos à obra possa ser amea- çada pelas solicitações dos aterros de acesso. Na Figura 1.6 ilustra-se um relatório típico de sondagem, determi- nado em um dos eixos da ponte sobre o rio Pau Seco. 1.5 ELEMENTOS ACESSÓRIOS 1.5.1 EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS AGRESSIVOS Informações de caráter tecnológico especial podem ser de grande inte- resse para o projeto ou a construção de uma ponte, quando constatada sua ocorrência: • agressividade da água, referida ao pH ou ao teor de substân- cias agressivas aos materiais de construção (água do mar ou acentuadamente salobra, águas sulfatadas ou sulfídricas); • materiais de ação destrutiva sobre o concreto; Projet,o de ponte em concreto arm ado com duas longarinas RELATÓRIO DE SONDAGEM Responsável: GEOSERV- Serviços de Geotecnia e Construção Ltda Cliente: Secretaria da Infraestrutura do Estado do Tocantins Obra: Ponte sobre o rio Pau Seco Local: T0-373: Trecho Alvorada-Araguaçu - Estaca: 1413 + 7,50 ... Diâmetro do furo D = 2 !~:!" Diâmetro da haste D = 1 5/8" Profundidade N' NA 12 + 22 211 + 3o. Número de golpes (m) amostra 24 h 15 15 10 20 30 40 50 00 1.00 - ' I/ 01 26 38/26 ' ' 2.00 l-/ ' ' 02 - 16 27/23 I ' --- 3.00 < 03 12 12 4.00 ' I~ 04 20 25 5.00 05 29 36/28 ~--':-- -~ -- -- - 6.00 06 40/9 40/0 7.00 --- ---- --- 07 24 33/27 ~- ', ' 8.00 ' ' ' ' ' - > 08 37/24 40/9 - - -9.00 -- - - 31/28 ....:: ----09 16 --- ----- -10.00 10 40/11 40/0 11.00 11 40/8 40/0 12.00 12.00 ~ 12 22 14.08 1---- 14.08 20 13 14.45 14.45 15.45 14 - (4: Recuperação(%) 20 40 60 80 100 Fragmentos por metro (N) Cota do furo : Nível de Sondagem: 15,45 m Furo: 01 Data: 15-10-93 d = 1 3/8" Amestrador Terzaghi Descrição do solo Arg ila pouco arenosa com presença de matéria org ân ica Areia fi na pouco si ltosa cinza com presença de matéria orgânica Silte arenoso variegado com presença de matéria orgânica Argila arenosa variegada Si lte arenoso variegado Silte arenoso micáceo variegado Areia grossa pouco siltosa variegada Silte pouco arenoso micáceo variegado Gnaisse com quartzo e micaxisto variegado 100 Nível d'água: 2,50 m Data do NA: 17-1 0-93 27 Figura 1.6 - Relatório de sondagem do terreno - eixo 1 do rio Pau Seco [Daniel de Lima Araújo) 28 • gases tóxicos de terrenos pantanosos, possíveis em cavas de fundação. A existência, no leito do rio, de moluscos capazes de perfurar as madeiras de escoramento poderá ser razão determinante da escolha do método construtivo a ser adotado no projeto. Nas regiões marinhas, a biologia das águas pode influir nos méto- dos construtivos adotados, limitando, por exemplo, o tempo de per- manência de armaduras dentro d'água antes de uma concretagem por processo submerso. 1. 5 .2 INFORMAÇÕES D E I NTE RESSE CONS T RUTIVO OU ECONÔMICO Algumas informações acerca do processo construtivo que podem in- fluenciar no projeto de uma ponte: • condições de acesso ao local da obra; • procedência dos materiais de construção, custo e confiabilida- de do transporte; • • • épocas favoráveis para a execução dos serviços, considerando os períodos chuvosos e o regime do rio; possível interferência de serviços de terraplanagem ou desmon- te de rocha nas proximidades da obra; condições de obtenção de água potável. 1.6 E LEME NTOS N O RMAT IVO S A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a entidade ofi- cial encarregada de elaborar e editar os regulamentos técnicos adotados no Brasil. As principais normas que devem ser consultadas quando da elaboração de pontes rodoviárias em concreto armado são: Pro je t o de p onte em concreto armado com d uas longarinas • NBR 7187 - Projeto de pontes de concreto armado e de con- creto protendido (ABNT, 2003a) ; • N BR 71 88 - Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre (ABNT, 1984); • NBR 6118- Projeto de estruturas de concreto (ABNT, 2007) . 1. 7 ALGUMAS INDICAÇÕES PARA PROJETO DE PONTE SOBRE RIOS Como citado anteriormente, a localização de pontes sobre pequenos rios é definida pelo projetista de estrada quando da elaboração do traçado da via . Contudo, quando a via cruza médios ou grandes rios, a posição da ponte pode determinar o traçado da via. Neste caso, al- gumas recomendações sobre como escolher a melhor posição para a ponte podem ser úteis (Troitsky, 1994 ): • transpor o canal principal ou o vale no ponto ma1s estreito possível e não muito distante do traçado original da via; • o canal principal ou o vale deve ser transposto,de preferên- cia, perpendicularmente à direção de escoamento, o que per- mite que se obtenha o menor comprimento possível para a ponte. No caso de ela ser esconsa, os pilares em contato com o flu xo d'água devem ter sua menor dimensão perpendicular a esse fluxo, de forma a evitar ou diminuir a erosão localiza- da na base do pilar (Figura 1. 7). Deve-se também evitar eixos localizados no meio do rio onde a velocidade de escoamento d'água é maior; • deve-se evitar transpor um rio logo após a região onde deságua um afluente de modo a evitar a deposição de sedimentos sob a ponte (seção I-I da Figura 1.8). Também se deve evitar transpor 29 [Daniel de Lima Araújo] 30 a montante dessa região, uma vez que nesse caso haveria a ne- cessidade de duas pontes (seção 11-11 da Figura 1.8), o que acar- retaria em aumento do custo da obra. A melhor posição para transposição do rio é um pouco a jusante da região onde deságua seu afluente; • deve-se evitar transpor em regiões onde possa haver, ao longo da vida útil da ponte, mudanças na seção transversal do rio. Essas mudanças normalmente ocorrem em função das caracte- rísticas geológicas da região. Um exemplo são rios em regiões sedimentares onde, em razão da acumulação de detritos no seu leito, ocorre uma alteração na seção de escoamento; Figura 1.8- Transposição de rio com afluente • quando do cruzamento de rios de pequena vazão, é recomen- dável evitar curvas para transposição desses rios. Em alguns casos, como os mostrados na Figura 1.9, pode ser realizada uma alteração no curso natural do rio com a construção de um canal devidamente dimensionado. Essa solução, entretan- to, deve ser evitada, sempre que possível, no sentido de mitigar possíveis impactos ambientais. Vista lateral da erosão na base de um pilar Vista superior de uma ponte esconsa Figura 1.7- Erosão localizada na base de um pilar em contato com a água Projeto de ponte em concreto armado com duas longar ina s Figura 1.9 - Correção do leito de rios de pequena vazão 31 Canal artificial [Daniel de Lima Araújo] 2 Superestrutura ~ No capítulo anterior foram apresentadas as principais informações que o projetista deve conhecer antes de iniciar um projeto de ponte. De posse dessas informações, ele deve definir o tipo de ponte a ser empre- gado- ponte em viga contínua, ponte em vigas biapoiadas, ponte em pórtico, ponte estaiada etc. - e fazer um pré-dimensionamento dos prin- cipais elementos estruturais, baseado em sua experiência ou em projetos de pontes semelhantes. Neste capítulo apresenta-se, inicialmente, o siste- ma estrutural e as dimensões - definidas pelo autor - da ponte sobre o rio Pau Seco e, em seguida, descreve-se de forma detalhada o dimensio- namento dos principais elementos estruturais da superestrutura. 2.1 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA SUPERESTRUTURA O sistema estrutural empregado na ponte sobre o rio Pau Seco é o de viga contínua com balanços. O comprimento total da ponte é de 64 m distribuídos em dois balanços de 4 m, dois vão extremos de 18 m e 34 um vão central de 20 m. A seção transversal é em viga com duas lon garinas e a sua altura foi pré-dimensionada em 1,8 m, o que atende à exigência das normas do DNIT de que a altura das longarinas devt ser maior que f/14, sendo f o comprimento do vão. Nas figuras 2.1a t 2.1 b são mostradas as principais dimensões da ponte. ~-------90o,-------------,i- <D.f--------820---------,t<a Seção transversal no meio do vão -1'----------•oo----------,r "'f---------820--------,/401'- Seção transversal no apoio Cor-te AA Ala e viga de fechamento Figura 2.1a- Principais dimensões da ponte sobre o rio Pau Seco (em em) Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas TI ~ ~ t ~ t 8 o "' :E 1 o o "' t ~ t o o ~ R f o "' "' f o :E t g g "' "' t o :E t o o o o " " .ll -;;; -~ -o ~ ·cn c: _Q ~ o u ~ T ~--=---=- ~---=9- 1111/ 35 o 2 ,_ .Q Q; a. :J "' ro t; o > ~ 8 "' Figura 2.1b - Principais dimensões da ponte sobre o rio Pau Seco (em em) [Daniel de Lima Araújo] Para o pré-dimensionamento do comprimento do balanço, no caso É prática comum nos projetos de pontes com duas longarinas, exe- de pontes com sistema estrutural em viga contínua, devem ser con- cutadas com concreto moldado no local, o engrossamento da alma na sideradas algumas recomendações dos manuais de projeto do DNIT região do apoio. Dessa forma, foi prevista uma mísula horizontal para (Brasil, 1996): garantir uma variação gradual da espessura da longarina do apoio até • o aterro de acesso deve ter a sua altura limitada em oito me- 0 meio do vão. Normalmente, a mísula estende-se da seção do apoio tros, ou menos; até a transversina de vão mais próxima (Figura 2.2). Esse engrossamen- • o aterro de acesso deve ser executado antes da obra de arte; to da alma tem a função de diminuir as tensões de compressão na seção • • o balanço deve ter comprimento máximo de 7,5 me a sua flecha do apoio em razão dos elevados valores da força cortante, não sendo deve ser menor que dois centímetros; considerada a variação de inércia obtida para o cálculo dos momentos deve-se usar laje de transição com comprimento mínimo de fletores da viga. Além disso, o engrossamento da alma aumenta a área quatro metros. Outras recomendações devem ser consideradas, quando do pré-di- mensionamento da seção transversal de pontes com duas longarinas (Brasil, 1996): • • a largura da longarina deve ser maior que 25 em; o comprimento do balanço na seção transversal (Figura 2.1b) deve estar no intervalo entre .€vf3 e fv 12, sendo fv o vão da laj e, definido pela distância entre as longarinas; de contato das longarinas com os aparelhos de apoio. 7 20 570 440 620 c----- ------' i l 20L7 f--- Figura 2.2 -Vista inferior com detalhe da mísula horizontal (em em) A espessura da laje pode ser pré-dimensionada em função do vão da laje (fv) seguindo a recomendação do Quadro 2.1 (Brasil, 1996). Quadro 2.1- Pré-dimensionamento da espessura da laje em pontes com duas longarinas Vão da laje (m) 2,0 3.0 5.0 6,0 Espessura da laje (em) 15 18 20 22 25 Observa-se, também, que tanto as transversinas de apoio quanto as transversinas de vão são separadas da laje. Esta solução é adotada para uniformizar a armadura de flexão - longitudinal e transversal - da laje do tabuleiro, a qual passa a comportar-se como apoiada apenas em dois lados, ou seja, apenas sobre as longarinas. O espaçamento entre transversinas é tomado, aproximadamente, igual ao espaçamento entre as longarinas. Sua função é promover o travamento das longarinas e impedir a rotação delas em torno de seu eixo longitudinal. 37 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] Neste projeto foi empregada a solução de alas fechadas, ou seja, orientadas na direção longitudinal. Todavia, frequentemente são en- contrados projetos com alas perpendiculares ao eixo da ponte, tam- bém conhecidas como alas abertas (Figura 2.3). A função das alas é conter o aterro junto às extremidades da superestrutura. As alas fe- chadas têm a vantagem de diminuir o comprimento da saia do aterro na direção do eixo da ponte, mas possuem a desvantagem de neces- sitar ser dimensionadas também ao empuxo de terra provocado pela carga móvel sobre o aterro de acesso. r- r- 7 - - Alas abertas 11 goo \' : !\:las fechadas / I I I I "I I I li Figura 2.3 - Posição das alas na extremidade da ponte Para cálculo do peso da própria estrutura é necessário conhecer as dimensões da seção transversal e as dimensões e pesos dos elementos acessóriosque estarão sobre a ponte, isto é: • área da seção transversal no meio do vão: 3,495 m2; • área da seção transversal no apoio: 4,135 m2; • área da seção transversal do guarda-rodas: 0,23 m2; • peso do guarda-corpo: 0,1 kN/m; • espessura média do pavimento: 0,08 m. Projeto de ponte em concreto armado com duas longarin as A espessura média do pavimento foi estimada admitindo-se uma espessura mínima de quatro centímetros para o pavimento asfálti- co junto ao guarda-rodas e uma inclinação de 2% do pavimento, de modo a permitir o escoamento da água pluvial. 2.2 IDEALIZAÇÃO PARA O CÁLCULO DAS SOLICITAÇÕES As estruturas das pontes em vigas são formadas por elementos verti- cais (vigas) e horizontais (lajes) ligados monoliticamente. A análise da estrutura espacial é possível e requer programas computacionais que estão disponíveis no mercado. Para esse texto, a superestrutura foi de- composta em elementos lineares (as vigas) e de superfície (as lajes), de modo a permitir o seu cálculo manual. O cálculo do quinhão das cargas móveis que cada viga recebe é feito de forma aproximada. Colocam-se as cargas móveis numa seção próxima ao meio do vão, na posição transversal mais desfavorável para a viga estudada, e obtém-se o seu trem-tipo. Para as seções pró- ximas aos apoios, o quinhão de carga da viga -para a mesma posi- ção da carga móvel na seção transversal- sofre alterações. Para maior simplicidade, contudo, admite-se que o trem-tipo calculado próximo ao meio do vão não se altera ao longo da viga. As ações em razão do peso próprio são mais fáceis de distribuir entre as vigas. No caso de seção transversal com duas vigas, cada uma recebe metade do peso próprio da superestrutura. Os esforços decorrentes do peso próprio e da carga móvel são cal- culados em diversas seções de cálculo ao longo da viga. O número de seções adotadas em cada tramo varia com o seu vão, podendo-se ado- tar cinco seções para vãos pequenos (da ordem de 10m a 15m) e dez seções para vãos médios (da ordem de 25m a 30m). 39 [Daniel de Lima Araújo] 40 2 . 3 DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL 2 .3.1 SOLICITAÇÕES DECORRENTES DO PESO PRÓPRIO A seguir são mostrados os cálculos para determinação do carrega- mento decorrente do peso próprio sobre cada viga principal (ou lon- garina). Adotaram-se pesos específicos (Yconcl de 25 kN/m3 e (Ypav) de 22 kN/m3 para o concreto armado e para o pavimento asfálti- co, respectivamente. a) Carregamento uniformemente distribuído: a.1) seção transversal (meio do vão): a.2) guarda-rodas: a.3) pavimento: a.4) guarda-corpo: Total: 3495 q1 = -'- x 25 = 43,69 kN/ m 2 q2 = 0,23 x 25 = 5,75 kN/ m 820 q3 =~X 0,08 X 22 = 7,216 kN/m q4 = 0,10 kN/m q = 56,8 kN/m. Calculam-se, a segmr, as forças concentradas constituídas pelo peso próprio dos alargamentos da alma das longarinas, transversinas, alas e viga de fechamento. b.1) Alargamento da alma das longarinas: o peso próprio dos alar- gamentos da alma das longarinas junto aos apoios pode ser assimilado a um carregamento triangular com uma extensão de quatro metros nos balanços, seis metros nos vãos 1 e 3, e 6,5 m no vão 2 (Figura 2.4). Esse carregamento pode ser substituído por forças concentradas apli- cadas no centro de gravidade da área triangular: Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas -balanços: p = 0,2 X 4 2 '- X (1,8- 0,2) X 25 = 16 kN 4 a= 3 = 1,33 m do apoio; ponto de aplicação: - vãos 1 e 3 (.e = 18 m): p = Ü, 2 X 6 X (1,8- 0,2) X 25 = 24 kN 2 ponto de aplicação: a =_§_= 2 m do apoio; 3 - vão 2 (.e = 20 m): p = Ü,2 X 6•5 X (18 - Ü 2) X 25 = 26 kN 2 ' ' d 1. 6 5 d . ponto e ap 1eação: a=-'-= 2,17 m o apo1o. 3 0,2 m Figura 2.4- Dimensões do alargamento da alma da longarina b.2) Transversinas: as transversinas de vão têm 20 em de largura e 120 em de altura, logo: 48 P = (0,2x 1,2)x -'- x 25 = 14,4 kN 2 As transversinas de apoio têm 40 em de largura e 120 em de altu- ra, logo: 44 P= (0,4 x 1,2)x -'- x 25 = 26,4 kN 2 41 [Daniel de Lima Araújo] 42 b.3) Viga de fechamento: a viga de fechamento aplica na ponta balanço uma força de: 9 p = (0,2x 1,8 +0,2 x 0,3) X- X 25 = 47,25 kN 2 b.4) Alas: o peso de cada ala, incluindo guarda-rodas e guarda-cor- Quadro 2.3 _Reação de apoio, em uma longarina, decorrente do peso próprio po colocados sobre ela, vale: p1 = ( 2,25 X 0,5 + ( 2 , 25 + ~'3 ) X 1,3 -0,3 X 0,2) X 0,2 X 25 = 13,61kN P2 = (0,23 + 0,2 X 0,2) X 2,25 X 25 = 15,19 kN P3 = 0,1x2,25 = 0,225 kN 1s--~,!L- :. P = 29,025 kN. z ~ z ~ ~ z ~ z ~ 3 ' z po:;:~~ ~:;::::::: ~:~: ::~rior da viga de fechamento aplica n~:»; L liL i~ li:L; ~ ;IJ :l":kttl'l~l·l~kl~; MJ 8 6 TI] q - 56.8 kN/m P = ( 0,3 X 1,6) X -t X 18 = 3 7, 2 kN Figura 2.5 - Seções de cálculo e carregamento decorrente do peso próprio em uma longarina (dimensões em metro) Logo, a força total aplicada na ponta do balanço, para cada longa; rina, vale: p1 = 47,25 + 29,025 + 37,2 = 113,5 kN. 2.3.2 SOLICITAÇÕES DECORRENTES DA CARGA MÓVEL Na Figura 2.5 são mostrados as seções de cálculo e o carregamento 2.3.2.1 Determinação do trem-tipo decorrente do peso próprio em uma longarina. Os momentos fletore~ As cargas móveis podem ocupar qualquer posição sobre o tabulei- e as forças cortantes resultantes desse carregamento são mostrados noc ro da ponte. Assim, para cada longarina, é necessário procurar a po- Quadro 2.2, e no Quadro 2.3 são mostradas as reações de apoio d~ sição do carregamento que provoque a máxima solicitação em cada superestrutura sobre a mesoestrutura. uma das seções de cálculo. Esse procedimento é por demais trabalho- Quadro 2.2 - Momento fletor e força cortante, em uma longarina, decorrentes peso próprio -204 -288 -356 492 390 42 ----------------------------------------------~· Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas so e inviável de ser realizado manualmente. Dessa forma, utiliza-se do conceito de trem-tipo, o qual simplifica o carregamento sobre as lon- garinas e torna o processo de cálculo dos esforços menos trabalhoso. Denomina-se trem-tipo de uma longarina o quinhão de carga pro- duzido nela pelas cargas móveis de cálculo, colocadas na largura do tabuleiro, na posição mais desfavorável para a longarina em estudo. [Daniel de Lima Araújo] 44 I I : f------------1 :CD Seção transversal carregada +-----19 n----,j'------ 5.2 n-----t---- 19 n------+ [[ Esquema estrutural Linha de influência da reação de apoio na longarina 1 = f= '6'f6' ~ = t= q Vista superior da laje carregada Veículo-tipo classe 45 (NBR 7188): ][ Nessas condições, o trem-tipo é o carregamento de cálculo de uma longarina levando-se em consideração a geometria da seção transver- sal da ponte, como, por exemplo, o número e o espaçamento das lon- garinas e a posição da laje do tabuleiro. O trem-tipo, suposto constante ao longo da ponte, pode ocupar qualquer posição na direção longitudinal. Assim, para cada seção da viga estudada é necessário determinar as posições do trem-tipo que produzem valores extremos das solicitações. Nos casos mais gerais, empregam-se as linhas de influência, diagramas que permitem definir as posições mais desfavoráveis do trem-tipo e calcular as respectivas solicitações. Com os valores extremos das solicitações, calculados nas diversas seções de cálculo da viga, é possível traçar as envoltórias de solicitações da carga móvel. Como os valores das envoltórias são de- terminados para as situações mais desfavoráveis das cargas, quaisquer outras posições do carregamento produzirão solicitações menores. As- sim, se a longarina for dimensionada para os valores das envoltórias, sua segurança fica garantida para qualquer posição da carga móvel. A pontesobre o rio Pau Seco é da classe 45, logo deve ser empre- gado, para cálculo do trem-tipo, o veículo-tipo especificado pela NBR 7188, com 450 kN de peso total. A distribuição da carga móvel entre as longarinas depende da rigidez transversal do tabuleiro. Como a pon- te em estudo é constituída por apenas duas longarinas, a posição mais desfavorável para as solicitações é quando o veículo-tipo está posicio- nado no bordo da pista, encostado no guarda-rodas, conforme mostra- do na Figura 2.6. A reação na longarina 1 pode ser obtida admitindo-se Peso de cada roda (p) = 75 kN Multidão (q) = 5 kNfm2 a laje apoiada sobre as duas longarinas, na direção transversal, e tra- Figura 2.6- Posicionamento do veículo-tipo para cálculo do trem-tipo da longarina çando-se a linha de influência da reação de apoio desta longarina. Ob- (em metro) serva-se que o balanço do lado direito do tabuleiro não foi carregado, 45 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] pois o carregamento nessa posição tende a aliviar a reação na longarinaé adotado um coeficiente de impacto único para os vãos, determinado em estudo. Em razão da simetria da seção transversal, o trem-tipo ll<com base no comprimento médio dos três vãos, ou seja, longarina 2 é idêntico ao calculado para a longarina 1. _ _ 0 007 18 + 20 + 18 = 1 269 cpv -1,4 , X 3 , A reação de apoio na longarina 1, na região apenas com multidão (seção I-I), vale: da pista carregad, Para o balanço é adotado um coeficiente de impacto diferente, nesse caso, o valor de l é igual a duas vezes o comprimento do balanço. Logo: <j)b ::= 1,4-0,007 X (2 X 4) = 1,344 A reação de apoio na longarina 1, na região carregada com 0 veí O trem-tipo empregado no cálculo dos esforços nas longarinas é o culo-tipo e com multidão (seção II-II), vale: ;mostrado na Figura 2.8. Vale ressaltar que nesse caso, como não há • apenas multidão: R2 __ qA __ 5 x 0,712 2 x 3,7 __ 6 , 6 kN/m ~passeio para pedestres, multiplicou-se todo o trem-tipo, obtido pelo !posicionamento do veículo-tipo na seção transversal, pelo coeficiente • veículo-tipo: R3 = Pa1 + Pa2 = 75 x 1,192 + 75 x 0,808 = 150 kN~de impacto. Caso houvesse contribuição no cálculo do trem-tipo de Logo, o trem-tipo das longarinas 1 e 2 tem o seu valor conform~carregamento no passeio, essa parcela do carregamento não poderia demonstrado na Figura 2.7: ~ser multiplicada pelo coeficiente de impacto, uma vez que o carrega- ismento proveniente de pedestres sobre a ponte não provoca efeitos di- <:: P=150kN P=150kN ;nâmicos nela. ill"iTIIf. q 2 = 6,6 kN/m Figura 2.7- Trem-tipo das longarinas da ponte sobre o rio Pau Seco Antes de calcular as solicitações decorrentes da carga móvel, é veniente calcular o coeficiente de impacto e multiplicar o por esse coeficiente. Dessa forma, as solicitações obtidas já majoradas em razão do caráter dinâmico do carregamento móvel. gundo a NBR 7187, o coeficiente de impacto pode ser pela seguinte expressão: cp = 1,4 - 0,007 l ~ 1 Nesta expressão, l representa o vão teórico da estrutura. Como vãos não são muito diferentes entre si (menor vão > 70% do maior P = 201,6 kN P = 201,6 kN P = 201,6 kN 1,5m 1 1,5m l! 1,5m I j 1,5m fllllll I q, = 29,0 kN/m 1111111 í I I I I I I I I I I I I I I I I Balanço P=190,4kN P=190,4kN P=190,4kN flllllll h-,--1 '1';,--1 lrt-j Ir-r-I '1,--ó; 1,-,-'1 jr---r--1 1,--'1';,--1 rt-1 jr-r-lr-r-1,;,-11 i ITITI I} Vãos 2.8 -Trem-tipo, com impacto, das longarinas da ponte sobre o rio Pau Seco 47 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] 2.3.2.2- Cálculo do momento fletor e da força cortante Para cada seção de cálculo da longarina, são traçadas as linhas c influência de momento fletor e força cortante e, em seguida, é posicú nado o trem-tipo calculado nas posições mais desfavoráveis - ou sej nas posições que provocam os maiores esforços-, obtendo-se assim; envoltórias de momento fletor e força cortante. Sendo a viga dimensi1 nada para os valores dessas envoltórias, a resistência estará garantic para qualquer posição da carga móvel sobre o tabuleiro, uma vez que i solicitações correspondentes a esta posição particular serão inferiores i que foram empregadas no dimensionamento. Na Figura 2.9 são ilustr das as linhas de influência das seções 4, 10 e 15 das longarinas da pon sobre o rio Pau Seco, bem como as posições mais desfavoráveis do trer -tipo para cada seç~o. Exemplifica-se, a seguir, o cálculo do maior momento fletor posi vo na seção 4. Após ser posicionado o trem-tipo, é necessário obter ordenadas da linha de influência sob as forças concentradas e as áre compreendidas entre a linha de influência e o eixo da viga sob as fc ças distribuídas. Dessa forma, obtêm-se: M 4+ = P (Yl + Y2 +y3 ) + q1A1 + q2A2 M 4+ = 190,4 X (2,898 + 3,701 + 3,042) + 27,4 X 15,051 + 8,4 17,856 = 2398 kNm Procedendo-se de modo semelhante, obtêm-se os esforços nas c mais seções da longarina. No Quadro 2.4 estão resumidos os n mentos fletores e as forças cortantes, máximos (Mq + e V q +) e mínin 111111111111111111111111111111 .... ' ' ,:_. ...... , ~u= ~ ~ , .... LI - momento fletor na seção 4 ITIIlh:!nY 11111111111111111111111111111111 ~ Wnmm OIIIJ] v, 111111111111111111111111111111 LI - força cortante na seção 4 ITJliD ITIIIDnUMmmrmm M' ~111. 10 IUWilillJlhtnl-rln[lllllllllllllllllllllllllllllllllllll ~ [lil]]] M~o ~~ v ~~~ll LI - momento fletor na seção 1 O [!]!]] ~--------------. WlJ..11Jnh:htn: v~oó lllllllllllllllllllllllllllnUJolllllllllllllllllllllllli [lil]]] v; 0 , ___,..-.===,)~ LI - força cortante na seção 1 o a llmiiiTillllrrrlllrrrllmlllmlllrnlllrnlllmlllrmlll ~ ITIIIIIIIIDrrUL OIIIJ] M;, =- a~t;;;~A====a-= LI - momento fletor na seção 15 O]]]] ITiliiilihllJ 111111111111111111111111111111 rmllllnTIIIrrrlllmllmlllmlllmlllmlllm-111""11! lnUmnrrrn O]]]]. v;, -=:::::::::r t -- I --J · LI - força cortante na seção 15 (M q- e V q - ), obtidos com base no carregamento móvel. 'igura 2.9- Linhas de influência das longarinas da ponte sobre 0 rio Pau Seco Pro jeto d e p onte em concreto armado com duas lon garinas [Daniel de Lima Araújo) 49 so Quadro 2.4 - Momento fietor e força cortante, em uma longarina, decorrentes !Quadro 2.5 _Reações de apoio, em uma longarina, decorrentes da carga móvel ' l carga move I 2 I 3 I 4 ! Eixo 1 Seção a I b I Oesq I odír I 1 I 2 I 3 I 4 I 5 I 6 Rqt (kN) 997 1077 1077 997 Mq+ (kNm) - 1015 1721 2167 2398 2375 2120 - Rq- (kN) -185 -185 -74 -74 Mq- (kNm) -361 -879 -1615 -1475 -1335 -1195 -1055 -915 -8sJ Vq+ (kN) - - 677 572 473 382 300 227 164 ENVOLTÓRIA DE SOLICITAÇÕES EM SERVIÇO 2-3·3 vq- (kN) -426 -437 -653 -74 -63 -119 -194 -273 -3s6 -440 - / - 1 I I 10esa I 10dír I ------,---.-----,,---,---,---.---.---,--,---.----.,Ao somar as sohcttaçoes decorrentes do peso propno com as provo I 12 I 13 I 14 I 15 / 1 . / "d d f . d . b A Seção 7 8 9 11 Mq+ (kNm) 1661 1032 452 570 489 ---=-::..!CC.=------t-=---_l_-'----'-'----'--'"-'-""'-1-"--'-""--'---=-='---1---'--__j---'---==- c a das pela carga move , Ja acresct as o e etto e tm pacto, o tem -se 1090 1706 2096 2229 Mq- (kNm) -957 -1063 -1354 -1927 I vq• (kN) 137 128 123 121 vq- (kN) -525 -610 -693 -773 2.3 .2.3. Cálculo das reações de apoio -1328 772 678 -89 -91 -1008 -902 -802 -?02 582 486 393 306 -99 -157 -226 -306 os valores das envoltórias de solicitações, as quais são utilizadas no dimensionamento das armaduras nas diversas seções da longarina (Figura 2.11). Essas solicitações são denominadas em serviço, uma vez que elas representam as solicitações efetivas nas vigas principais da superestrutura. Para o dimensionamentodas armaduras deve- rá ser utilizada a combinação última recomendada pela NBR 8681 As reações de apoio provocadas pela carga móvel são obtidas o (ABNT, 2003b), a qual majora as solicitações em serviço por coefi- forma semelhante à indicada no cálculo dos momentos fletores e força cientes adequados . cortantes com o uso das linhas de influência de reação de apoio. N Figura 2.10 são mostradas a linha de influência no apoio 2 e as pos ções mais desfavoráveis do trem-tipo. No Quadro 2.5 apresentam-se o valores de reação de apoio das longarinas decorrentes da carga móvel. 111 1111111111 11 11 111 11 111 11 1 11 1111 1111 111111 111 11111 1111 111 1 tI~ 11 11 1 11 1111111111111 11 11 1 1 11 1 OJ]] Figura 2.10 - Linha de influência da reação de apoio na seção 10 Figura 2.11- Envoltória de momento fietor em serviço No Quadro 2.6 apresentam-se os valores para as envoltórias de momento fletor e força cortante de uma longarina. Esse Quadro foi obtido com a soma dos valores do Quadro 2.2 e do 2.4. 51 Projeto de ponte em concreto armado com duas lorigarinas [Daniel de Lima Araújo] 52 Quadro 2.6- Envoltórias de momento fl.etor e força cortante em uma longarina (so. Para 0 dimensionamento das seções, serão utilizados os coeficien- licitações em serviço) tes recomendados pelas normas NBR 8681 (ABNT, 2003b) e NBR Seção a 6118 (ABNT, 2007) para a combinação última normal. 879 2156 2984 3393 3354 2899 -254 -1421 -2544 -204 -288 -356 1169 962 -630 -725 -1009 418 327 Seção 7 I 8 I 9 I 1o.sq I 1odir I Mg+q+(kNm) 2046 818 -549 -1441 Mg+q-(kNm) -572 -1277 -2355 -3938 vl!+Q• (kN) -144 -2s6 -387 -491 1383 Vg+q- (kN) -8o6 -994 -1203 -1385 522 144 ui 12 I -414 1020 -2231 -1078 1175 940 406 259 -60 342 167 2 -231 -416 -602 13 I 14 1 151 2238 2977 3223 -370 79 292 730 507 306 87 -112 -306 • Coeficientes de majoração das ações: . ação permanente: Yg = 1,3; ação variável: Yq = 1,4. A escolha do valor do coeficiente de majoração das ações perma- nentes se deu em função de se tratar de uma estrutura com ações per- manentes de pequena variabilidade, já que_ a maior parte das ações permanentes é decorrente do peso próprio da estrutura. • Coeficiente de minoração da resistência do concreto: Yc = 1,4. • Coeficiente de minoração da resistência do aço: Ys = 1,15 . 2 . 3 . 4 DIMENSIONAMENTO DAS SEÇÕEs TRANSVERSAIS Quando a ação permanente atuar como elemento estabilizador, Apresenta-se, neste item, o dimensionamento das seções mais repre· isto é, como uma ação favorável, adota-se Yg = 1,0. sentativas das longarinas, cujas envoltórias de solicitação foram cal· culadas no item anterior. 2 .3-4.1 Dimensionamento à flexão São admitidos os seguintes materiais a ser empregados na constru· 0 dimensionamento à flexão aqui apresentado é efetuado sem le- ção da ponte: var em consideração 0 efeito de fadiga das armaduras, o qual será • concreto: fck = 25 MPa; abordado posteriormente. • aço CA- 50. As seções submetidas a momento fletor posltlvo comportam-se A escolha da resistência característica à compressão do concreto como viga "T", na qual a mesa representada pela laje do tabuleiro (fck) deu-se em função da obra encontrar-se em um ambiente rural com contribui na resistência à flexão da seção. Na Figura 2.12 mostra- elevada umidade relativa, o que, segundo definição da norma brasileira -se a determinação da largura da mesa, segundo os critérios sugeri- NBR 6118 (ABNT, 2007), classifica o meio como de média agressivida· dos pela NBR 6118 (A~NT, 2007), em uma seção situada no meio do de. Logo, pode-se adotar a classe de agressividade ambiental 11, o que vão central. implica o emprego de concreto com fck mínimo de 25 MPa. 5 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araúj1 54 40 ~b3 JL---- 170 Figura 2.12 - Determinação da largura da mesa da viga "T" na seção do meio do vão da longarina (em em) A partir das informações da Figura 2.12, têm-se: ba = 40 + 20 + (40- 27,5) = 72,5cm 3 b3 = 0,1a = 0,1x- 2000 = 120 em 5 b { 0,1 a = 120 em 1 < - 0,5 b2 = 0,5 x (480- 40 ) = 220 em :. bf = ba + b1 + b3 = 72,5 + 120 + 120 = 312,5 em de balanços, o valor desse termo é igual a duas vezes o comprimento do balanço. Para efeito de exemplificação, é calculada a armadura de flexão na seção 15, na qual atuam os seguintes momentos fletores: Mg = 994 kNm; Mq += 2229 kNm; Mq- = -702 kNm. 0 momento fletor de cálculo (positivo) nessa seção vale: Md = ygMg+Yq Mq+ = 1,3 x 994 + 1,4 x 2229 = 4413 kNm A altura total da seção vale (h) 1,8 me a altura útil (d) é admitida igual a 1,6 m, a qual será verificada posteriormente. O dimensiona- mento da viga T pode ser feito seguindo-se os procedimentos usuais da teoria do concreto armado, encontrados em Carvalho e Figueiredo Filho (2004). De posse do momento fletor na seção 15, obtém-se a ar- madura de flexão nessa seção: A/= 65,8 cm2. O superescrito "+"no valor da área significa que essa armadura será colocada para comba- ter 0 momento fletor positivo, isto é, na face inferior da viga. Ressal- ta-se que no dimensionamento da seção 15 não houve necessidade da No cálculo da largura colaborante da mesa, mostrado na Figura colocação de armadura de compressão e a linha neutra no Estádio III 2.12, aparece o termo "a" que depende do tipo de vinculação na ex· situou-se na mesa de compressão. Essa deve ser a solução preferencial tremidade do vão. Esse termo representa a distância entre os pontos a ser buscada no projeto da longarina, isto é, sem armadura de com- nulos do diagrama de momento fletor. Assim, em uma viga biapoiada, pressão, para evitar maiores problemas quando do dimensionamento o valor desse termo é igual ao comprimento do vão. No caso de vãos da longarina aos efeitos de fadiga. com momento fletor negativo em um dos apoios, o valor desse termo No tramo 1, a seção mais solicitada por momentos fletores positi- é igual a três quartos do vão, e no caso de vãos com momento fletor vos é a de número 4, na qual atuam os seguintes momentos fletores : negativo nos dois apoios, o valor desse termo é igual a três quintos do Mg = 995 kNm; Mq += 2398 kNm. vão. Esta é a situação do vão central da ponte em estudo. Já no caso 0 momento fletor de cálculo (positivo) nessa seção vale: 55 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] s6 Sabendo que a largura da alma nessa seção (bw) vale 60 em, chega-se Ao admitir para a seção 4 as mesmas dimensões da viga T da a armadura de flexão: As-= 84,3 cm2. O superescrito "-"no valor da seção 15 (Figura 2.12), obtém-se a armadura de flexão riessa seção área significa que essa armadura será colocada para combater o mo- A/ = 69,4 cm2. Vale ressaltar que como o tramo 1 possui comprj. mento fletor negativo, isto é, na face superior da viga. mento e vinculações diferentes do vão central, o valor da largura As seções até aqui dimensionadas estão submetidas a momento fle- da mesa colaborante (bt) é diferente nesse vão. Como a diferença tor em apenas um sentido, ou seja, momento positivo ou momento para o valor calculado no vão central é pequena e esse parâmetrc negativo. Algumas seções, contudo, são submetidas tanto a momento tem pouca influência no cálculo da armadura, optou-se por mante1 fletor positivo quanto a negativo, devendo, portanto, ser dimensiona- o valor da largura da mesa colaborante igual em todas as seções dt das para resistir a ambos. Esse é o caso, por exemplo, da seção 2, cálculo da longarina. cujos momentos fletores, com valores em serviço, são: As seções submetidas a momento fletor negativo têm seção retan- Mg = 435 kNm; gular, uma vez que nestas seções a laje do tabuleiro situa-se na região Mq+= 1721 kNm; tracionada. A seção da longarina mais solicitada a momentofletor ne· Mq- = - 1335 kNm. gativo é a de número 10, situada sobre o apoio entre os tramos 1 Ao combinar Mg com Mq + obtém-se o momento fletor positivo de e 2. Nessa seção atuam os seguintes momentos fletores, com valore! cálculo e a seção resistente é em forma de "T". em serv1ço: Mg = -2011 kNm; Mq+= 570 kNm; Mq- = -1927 kNm. Md = YgMg+Yq Mq+ = 1,3 x 435 + 1,4 x 1721 = 2975 kNm Ao considerar a mesma seção transversal da Figura 2.12, chega-se a: A/= 44,1 cm2. Combinando Mg com Mq- obtém-se o momento fle- tor negativo de cálculo e a seção resistente é retangular. Nessa situação, O momento fletor de cálculo (negativo) nessa seção vale: a ação permanente atua de forma favorável, reduzindo 0 esforço pro- Md = Yg Mg +yq Mq-= 1,3 x (-2011) + 1,4 x (-1927) = -5312 kNm vocado pela carga móvel e, portanto, adota-se Yg = 1,0. Admite-se para a altura útil dessa seção um valor superior ao ado· tado para as seções submetidas a momentos fletores positivos em de· corrência da colocação de parte da armadura de flexão da longarina na laje do tabuleiro, o que reduz a distância entre o centro de gravida· de das armaduras e a fibra mais tracionada. Inicialmente será adota· da uma altura útil (d) de 1,65 m, que será verificada posteriormente. Em razão da variação uniforme da espessura das longarinas, a lar- gura nessa seção (bw) vale 48 em, chegando-se assim a área de aço à tração de: As-= 21,1 cm2 (d = 1,65 m). Procedendo-se de forma aná- Ioga para as demais seções, obtêm-se as áreas de aço à flexão mostra- das no Quadro 2.7. 57 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] 58 Quadro 2.7- Área de aço em uma longarina para resistir aos momentos fl.etores (slli fadiga, para compressão, tração ou flexão, é de aproximadamente licitações de cálculo) )5% a 60% da resistência estática. A ruptura por fadiga do concreto Seção a I b I O I 1 I 2 I 3 I 4 I 5 I 6 l, aracterizada por deformações e microfissuração bem maiores que ' c 1285 2975 3981 b l" . - ' . 1s correspondentes à ruptura so so ICttaçao estattca. -412 A resistência à fadiga do aço depende de vários fatores (El Debs; -835 -1434 -856 -1935 -2242 18,8 68,6 12,1 52,7 33.4 21,1 12.5 6.9 4,4 5.9 fakeya, 1992): __ bw"--(c_m_)----l __ 48 ___ 5_4 _ __ 6_o ___ 54 ___ 4_8 ___ 4_2 ___ 4o ___ 4_o ___ 4_o~ a) conformação superficial: as nervuras das barras, projetadas para Seção 7 I 8 I 9 I 10 I 11 I 12 I 13 I 14 I 15 1 Md+(kNm) 2826 1231 1456 3080 4080 4413 Md-(kNm) -955 -1766 -3197 -5312 -3033 -1502 •731 -242 A/ (cm2) 41.8 18,0 21.4 45.6 6o,8 65,8 ' As- (cm2) 14,0 26,2 48.6 84.3 46,0 22,2 10,6 3.5 bw (em) 42 48 54 6o 53 47 41 40 40 2.3-4.2 Fadiga da armadura longitudinal A fadiga pode ser definida como a alteração mecânica dos mate· riais sob o efeito de solicitações repetidas. As ações que causam fadiga são aquelas que produzem variações de solicitações com frequência relativamente alta. Dentre elas podem ser citadas: cargas móveis, on- das do mar, sismos, vento, variações de temperatura, congelamento~ etc. Os maiores problemas de fadiga ocorrem, normalmente, para si· tuações com elevado número de ciclos, de 103 a 108. O concreto, quando sujeito a ações repetidas, pode apresentar fi s· suração excessiva e, eventualmente, romper após um grande número de ciclos, mesmo se o nível de solicitação for menor que a correspon· dente solicitação estática. A resistência à fadiga é definida como uma b) c) melhorar a aderência entre o aço e o concreto, acarretam uma redução significativa da resistência à fadiga, comparativamente às barras lisas, por causa da concentração de tensões; diâmetro das barras: a resistência à fadiga das barras diminui com 0 aumento do seu diâmetro; uma barra com 40 mm de diâme- tro pode ter resistência à fadiga 25% menor que uma barra com 16 mm de diâmetro, mantidas as demais condições; barras dobradas: o dobramento das barras reduz a sua resis- tência à fadiga em relação às barras retas, por causa da intro- dução de tensões localizadas nas regiões dobradas. Esta redu- ção é função da relação entre o diâmetro de dobramento e o diâmetro da barra; d) emendas por traspasse: ensaios experimentais com traspasse de 20 a 35 vezes o diâmetro das barras mostraram que este tipo de emenda não apresenta redução significativa de resistência à fadiga em relação às situações similares sem emendas; e) emendas por solda: nas barras emendadas por solda, por ele- trodo ou por caldeamento, ocorre uma redução da resistência à fadiga de até 50% em relação à barra sem emenda. fração da resistência estática que pode ser suportada, para certo nú· As estruturas de concreto armado são estruturas compostas, nas mero de ciclos. Por exemplo, para dez milhões de ciclos, a resistência quais o aço absorve as tensões de tração quando o concreto fissura. 59 Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo) 6o Dessa forma, seu comportamento à fadiga está intimamente relacio r -<0,5 nado com as propriedades de seus materiais componentes, aço e con h ereto, e da interação entre eles (aderência). Assim, para elementos susendo h a altura da saliência e r o raio da curva de concordância da barmados sob a ação de momento fletor, o comportamento referenusaliência com o corpo da barra. Na falta de ,dados experimentais es- à fadiga está diretamente relacionado com a resistência à fadiga dpecíficos que comprovem que barras que não respeitam essa configu- armadura. Para elementos superarmados, ou aqueles em que o cisaração satisfazem os limites de tensão da NBR 6118 (ABNT, 2007), lhamento e a aderência são fatores determinantes, a previsão do compermite-se utilizá-las com uma redução de 30% da flutuação de ten- portamento é mais complicada. são limite dada na Tabela 23.2 da referida norma. No Brasil, esse assunto é abordado no capítulo 23 da NBR 6111 Quando a variação de tensão nas armaduras longitudinais, em (ABNT, 2007), que aborda o projeto de estruturas de concreto. Seserviço, L1crs for superior à L1tsd,fad1Yfat -pode-se admitir Yfat = 1,5 na gundo essa norma, as variações de tensões, em serviço, das barras d ausência de normalização específica - , as áreas de aço calculadas, no armadura longitudinal devem ficar limitadas a valores admissíveis estádio III, para resistir aos momentos fletores devem ser multiplica- fim de prevenir a ruptura por fadiga, a qual é perigosa por sua na tu das por um coeficiente de fadiga K obtido por: reza frágil, ou seja, sem aviso decorrente de deformações inelástica1 O limite máximo da variação de tensão para o aço CA-50 é dado n K = Y fat L1crs l1fsd,fad Tabela 23.2 da referida norma. Para o caso de barras retas ou dobra As .armaduras assim majoradas terão as variações de tensões limi- das com diâmetro de dobramento maior que 25 vezes o diâmetro d tadas a L1tsd,fad/yfat· Ainda segundo a NBR 6118 (ABNT, 2007), a ve- barra, a flutuação de tensão limite para evitar a ruptura por fadiga di rificação à fadiga pode ser realizada através de análise baseada em aço (i1tsd,fad) varia de 150 MPa a 190 MPa em função do diâmetnmétodos elásticos, desprezando-se a resistência à tração do concreto da barra. Já para o caso de barras retas ou dobradas com diâmetn após a fissuração . A variação de tensão pode ser obtida por uma com- de dobramento menor que 25 vezes o diâmetro da barra, o valor d binação frequente de ações, adotando-se os coeficientes de minoração L1tsd,fad varia de 85 MPa a 105 MPa. No caso de estribos, o valor d específicos para o caso de pontes. Segundo essa norma, o valor do L1tsd,fad é fixo e igual a 85 MP a, desde que o diâmetro de dobrament1 fator de redução 'I' 1 a ser utilizado na combinação freqil.ente de ações seja ao menos igual a três vezes o diâmetro da barra, o qual não po em pontes rodoviárias vale 0,5 para a verificaçãodas longarinas e 0,8 derá ser maior que dez milímetros. para a verificação da laje do tabuleiro. Os valores apresentados para L1tsd fad referem-se a barras nervura ' Analisa-se, a seguir, a seção 12 da longarina da ponte sobre o rio das de alta aderência, nas quais as saliências transversais e longitudi Pau Seco, por ser esta a seção que apresenta as maiores variações de nais não se cruzam e nem apresentam momento fletor. Os momentos fletores devidos à carga permanente Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] (Mg) e à carga móvel (M q + e Mq -) , em serviço, que atuam nessa se ção são: Mg = -70 kNm; Mq+= 1090 kNm; Mq- = -1008 kNm. b1 = 312,5 em ~ As = 222cm 2 5 "' 11 " A variação de tensão na seção é definida como l1crs = O"s,max - O"s,miQ L-- A tensão crs,max é obtida pela combinação de Mg com Mq +, a qua resulta em um momento que traciona as fibras inferiores (moment1 fletor positivo). Ms, max = Mg + 'l'1Mq + =- 70 + 0,5 x 1090 = 475 kN.m A tensão crs min é obtida pela combinação de Mg com Mq-, a qua ' resulta em um momento que traciona as fibras superiores (momentl fletor negativo). Ms, min = Mg + 'l'1Mq- =- 70 + 0,5 X (-1008) =- 574 kN.m Para calcular a tensão na armadura, admite-se que a seção se en contre no limite do estádio 11, ou seja, o concreto tracionado não resis te aos esforços e a distribuição de tensões na região comprimida é li (a} Seção para momento fletor positivo (b) Seção para momento fletor negativo Figura 2.13- Seções de cálculo da seção 12 da longarina Essa expressão fornece a posição da linha neutra, no estádio 11, em uma seção retangular com armaduras de tração e compressão. Nessa expressão, As é a área de aço de tração; As' é a área de aço de com- pressão; n é a relação entre os módulos de deformação longitudinal do aço e do concreto; bw é a largura da seção; d é a altura útil da seção - distância da armadura tracionada à fibra mais comprimida da seção; t é o cobrimento da armadura comprimida - distância da near. Na Figura 2.13 são mostradas as seções transversais empregada armadura comprimida à fibra mais comprimida da seção. no cálculo, considerando a atuação de momentos fletores positivo 1 negativo e os diagramas de tensão e de deformação na seção . Inicialmente, analisa-se a seção 12 quando submetida a momen Quando a seção 12 está submetida ao momento fletor positivo (Md ) têm-se· As = As+= 21,4 cm2; As'= As- = 22,2 cm2; n = 10 ,max ' · (item 23 .5.3 da norma ABNT NBR 6118); bw = 312,5 em; d = 160 em to fletor positivo (M d,maxl· Admitindo-se que a linha neutra esteja nr e t = 15 em. Ao usar esses valores na expressão anterior obtém-se mesa de compressão (o que implica em admitir bw = bf), sua posiçã1 xu = 14,17 em, menor que a espessura da mesa colaborante (hf), o pode ser obtida por (Carvalho; Figueiredo Filho, 2004) : que confirma a hipótese inicial da linha neutra encontrar-se na mesa · [ • ] 2 de compressão. A inércia da seção é obtida, então, por: xu = - n (As + As ) + n (As + As ) + ~ ( d As + t A~ ) bw bw bw lu= bw xl? +nAs (d- xu)2 + nAs (t- xu)2 =>In= 0,0485 m4. 3 Projeto d e ponte em concreto arm ad o com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] A expressão anterior foi obtida para uma seção retangular no está Conhecidas as tensões nas armaduras quando a seção está subme- dio li com armaduras de tração e compressão. A tensão na armadur'tida aos momentos fletores positivo e negativo, é possível determinar tracionada, que neste caso está na face inferior da longarina (As+), vale: a variação de tensão em cada uma das armaduras dessa seção. Na n iM l( d x ) armadura inferior (As+) a variação de tensão vale: + = s, max - n = 14 2 8 MP cr s,max In ' a y ~cr+ = Yf t (crs+ max - cr; min ) = 1,5x (142,8 - (-17,3 )) = 240,3 MPa A tensão na armadura comprimida, que neste caso está na face su perior da longarina (As-), vale: - . = n iMs,max l (t -xn) =O 8 MP crs mm , a , In fat s a ' ' Ao adotar, como armadura de flexão, barras nervuradas com diâme- tro de 25 mm, a flutuação de tensão limite para evitar a ruptura por fadiga do aço (~fsd,fad) vale 175 MPa, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2007). A variação de tensão calculada na seção 12 é maior que esse limi- Essa armadura está sendo tracionada, e não comprimida, em funte, logo se deve aumentar a área de aço multiplicando-a pelo coeficiente ção da linha neutra no estádio li estar acima do centro de gravidad1 de fadiga da armadura comprimida. Quando a seção 12 está submetida ao momento fletor negativ1 (Md min), têm-se: As= As-= 22,2 cm2; As' = A/= 21,4 cm2; n = 10 ' bw = 47 em; d = 165 em e t = 20 em. Ao usar esses valores n.a expressã1 que fornece a posição da linha neutra em uma seção retangular com ar + Yfat~cr~ = 240,3 =1 37 K = 175 ' ~fsd,fad Na armadura superior (As-) a variação de tensão vale Yfat ~cr~ = Yfat ( cr~,max - cr~,min) = 1,5 X (169 - 0,8 ) = 252,3 MPa Como a variação de tensão nessa armadura também é maior que maduras de tração e compressão obtém-se xn = 33,4 7 em. A inércia d: _ . . d a flutuação de tensao hm1te ( ~fsd fad = 175 MPa), eve-se aumentar a seção é obtida pela mesma expressão empregada quando a seção estav: , . . d l ' fi . d f d' · area de aço mult1phcan o-a pe o coe c1ente e a 1ga submetida ao momento fletor positivo e vale In= 0,0447 m4. _ K- = Yfat ~crs = 252,3 =1,44 A tensão na armadura tracionada, que neste caso está na face su ~fsd fad 175 ' perior da longarina (As-), vale: - = n iMs,minl( d - xn) = 169MP crs max a Essa verificação se refere apenas à fadiga da armadura. Para garantir a segurança da seção transversal ao estado limite último de fadiga, de- , In ve-se verificar, também, a fadiga do concreto comprimido, o que pode A tensão na armadura comprimida, que neste caso está na face in ser feito seguindo a recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2007). Ave- ferior da longarina (As+), vale: rificação para o concreto à compressão é satisfeita se + . = n IMs, mini ( t - X n) = -17 3 MP crsmm , a , In f cr < cd,fad c,max - llc Yf 6s Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas [Daniel de Lima Araújo] 66 em que fcd,fad = 0,45 Ícd 1 YJ=----;----,- c 1 5-o 51crd ' ' lcrcz l sendo: llc, o fator que considera o gradiente de tensões de compressão no concreto; lcrc1l, o menor valor, em módulo, da tensão de compressão a um~ distância não maior que 300 mm da face sob a combinação rele. vante de cargas (Figura 2.14); lcrc21, o maior valor, em módulo, da tensão de compressão a um~ distância não maior que 300 mm da face sob a mesma combinação de carga usada para cálculo de lcrc1 l (Figura 2.14). Como não há na NBR 6118 (ABNT, 2007) recomendação para o valor de Yt na verificação do concreto à fadiga, optou-se aqui por uti- lizar Yt = 1, tendo em vista a utilização do valor de cálculo da resistên cia à compressão do concreto nessa verificação. .s:: Figura 2.14- Definição das tensões crc1 e crc2 Pro jet o d e ponte em concreto armado com duas longarinas Na sequência, é exemplificada a verificação da fadiga do concre- to sob compressão na seção 12, tanto para momento fletor positivo quanto para momento fletor negativo. No caso de momento fletor po- sitivo, a máxima tensão de compressão ocorre 11a fibra superior da seção e pode ser calculada por O" = hls,max xn = 475x0,1417 = 1388 kN/m2 =1,39 MPa c,max In 0,0485 Seguindo o procedimento anteriormente descrito, conclui-se que icrd= O"c,max e lcrcl l é igual a zero, já que a profundidade da linha neutra no estádio 11 (xu) é menor que 300 mm. Logo, llc = 0,67, podendo-se concluir que a seção está segura com relação à fadiga do concreto comprimido, pois 25 MPa 1 cr = 1,39 MPa < 0,45 x x = 12 MPa
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