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CAPÍTULO 6
SÍNDROMES NEUROLÓGICAS
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Identifi car as características educacionais das principais síndromes neurológicas.
  Socializar essas síndromes com os profi ssionais do contexto escolar no qual o
 aluno está inserido.
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 Defi ciência Mental
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 Capítulo 6 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem por objetivo, caro aluno, elucidar as principais síndromes 
neurológicas, que têm como característica principal a defi ciência mental, 
com as quais vocês, possivelmente, irão se deparar no contexto educacional 
especializado, bem como na sala de aula comum. Vale lembrar que nem todas 
as síndromes neurológicas existentes estão relacionadas com a defi ciência 
mental .
A proposta deste capítulo é apresentar alguns conceitos e elencar alguns 
aspectos importantes que designam as características físicas, mentais, 
comportamentais e educacionais, além da etiologia e de fatores de diagnóstico.
TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
da Associação Americana de Psiquiatria, a categoria transtornos globais do 
desenvolvimento é referente aos transtornos que se caracterizam por prejuízos 
severos e invasivos em diversas áreas do desenvolvimento, como habilidades 
de interação social recíproca, habilidades de comunicação e presença de 
comportamentos, atividades e interesses estereotipados.
O termo invasivo se refere a um processo patológico que invade 
rapidamente o organismo ou pode ser também o período do início de uma 
doença, caracterizado pelo aparecimento progressivo dos seus sintomas.
Em geral, as alterações se manifestam nos primeiros anos de vida 
e podem aparecer associadas a alterações neurológicas ou quadros 
sindrômicos, variando em grau e intensidade de manifestações. Fazem parte 
desta categoria o transtorno autista, o transtorno de Asperger, transtorno de 
Rett e os transtornos desintegrativos da infância.
A seguir, estudaremos o Autismo e a Síndrome de Asperger, devido 
ao fato de ambas poderem vir acompanhadas pela defi ciência mental e de 
apresentarem maior incidência em alunos em sala de aula.
AUTISMO
O autismo é descrito como uma síndrome comportamental com causas 
múltiplas, decorrente de um distúrbio de desenvolvimento. É caracterizado 
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por défi cit na interação social, ou seja, inabilidade para se relacionar com 
o outro, usualmente combinado com défi cit de linguagem e alterações de 
comportamento. 
Os sinais e sintomas aparecem antes dos três anos de idade, por meio 
de padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório 
restrito de interesses e atividades. Além disso, podemos observar indiferença 
afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto, bem como falta de empatia 
social ou emocional.
Algumas crianças podem não desenvolver habilidades de comunicação. 
Podemos observar estereotipias motoras e verbais, tais como se balançar, bater 
palmas repetitivamente, andar em círculos, como manifestações frequentes 
em alunos autistas. Em alguns casos, as difi culdades de relação da criança 
podem vir acompanhadas de hiperatividade, desatenção, agressividade e 
comportamentos automutilantes.
Figura 1 – Criança autista
Fonte: a autora.
a) Quais são as causas do autismo? 
As causas do autismo são desconhecidas, mas diversas doenças 
neurológicas e/ou genéticas são descritas como sintomas do autismo. 
Problemas cromossômicos, gênicos, metabólicos e mesmo doenças 
transmitidas/adquiridas durante a gestação, durante ou após o parto, podem 
O autismo é descrito 
como uma síndrome 
comportamental com 
causas múltiplas.
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 Capítulo 6 
estar associados diretamente ao autismo. 
Entre 75 e 80% das crianças autistas apresentam defi ciência mental, o 
que pode estar relacionado aos mais diversos fatores biológicos. Portanto, 
a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos é 
indiscutível, fazendo-nos reconsiderar a idéia inicial de ligarmos o quadro de 
autismo a alterações nas primeiras relações mãe-fi lho. 
 
Lembramos-nos, nesse momento, de Vygotsky (1995), que explicita uma 
nova visão sobre defi ciência, defi nindo como defi ciência primária aquela que 
surge como biológica, e como secundária, a social. Assim, a defi ciência primária 
corresponde às lesões orgânicas, malformações, alterações cromossômicas 
apresentadas pela pessoa com defi ciência e a defi ciência secundária 
estaria atrelada ao desenvolvimento que o indivíduo apresenta baseado nas 
interações sociais. Portanto, a defi ciência passa a ser determinada de acordo 
com sua posição nas relações sociais. 
Como podemos perceber, a ideia de defi ciência está na interação social, 
ou seja, na forma com que a sociedade se relaciona. Desta maneira, é viável 
que a pessoa com defi ciência possa constituir-se a partir de relações sociais 
variadas, pois a difi culdade não lhe é inerente. Neste sentido, fi ca claro que a 
defi ciência do indivíduo pode ser determinada de acordo com suas relações 
sociais.
Diante desta afi rmação, vale ressaltar as condições em que muitas vezes 
uma criança com diagnóstico de Autismo se encontra, visto que tal situação 
poderá promover uma diminuição de sua função social, em decorrência de 
sua defi ciência, fi cando prejudicada com relação à compensação, já que esta 
se origina socialmente, causando o que Vygotsky chama de “sentimento de 
inferioridade”.
Podemos listar uma série grande de doenças das mais diferentes ordens, 
envolvidas nos quadros autísticos, como:
• Infecções pré-natais: rubéola congênita, sífi lis congênita, toxoplasmose, 
citomegaloviroses; Hipóxia neonatal (defi ciência de oxigênio no cérebro 
durante o parto).
• Infecções pós-natais: herpes simplex; défi cits sensoriais: difi culdade visual 
(degeneração de retina) ou diminuição da audição (hipoacusia) intensa.
• Espasmos infantis: Síndrome de West.
• Doenças degenerativas: doença de Tay-Sachs.
Defi ciência primária 
corresponde às 
lesões orgânicas, 
malformações, 
alterações 
cromossômicas 
apresentadas 
pela pessoa com 
defi ciência e a 
defi ciência secundária 
estaria atrelada ao 
desenvolvimento que 
o indivíduo apresenta 
baseado nas 
interações sociais.
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• Doenças gênicas: fenilcetonúria, esclerose tuberosa, neurofi bromatose, 
Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius, Mucopolissacaridoses, 
Zunich.
• Alterações cromossômicas - Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil 
(a mais importante das doenças genéticas associadas ao autismo), bem 
como alterações estruturais expressas por deleções, translocações, 
cromossomas em anel e outras.
• e, por fi m, intoxicações diversas. 
Cabe abordar aqui, que as síndromes citadas anteriormente podem 
apresentar alguma relação com o Autismo; no entanto, isso não pode ser 
considerado uma regra no processo de diagnóstico.
Se você quiser obter mais informações sobre as síndromes apresentadas 
poderá consultar os seguintes sites:
• www.scielo.br
• www.defnet.org.br
• www.rayrawest.com
• www.defi cientesolidario.com.br
• www.aacd.org.br
• www.coladaweb.com
• www.biblioteca.universia.net
• www.lookfordiagnosis.com
Para aprofundamento sobre o autismo, você poderá consultar as seguintes 
obras:
SOUZA, Victor M. de Andrade et al. Síndrome de West, Autismo e Displasia 
Cortical Temporal: Resolução da Epilepsia e Melhora do Autismo com Cirurgia. 
Journal Of Epilepsy And Clinical Neurophysiology, Porto Alegre, p. 33-37. 
15 fev. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jecn/v14n1/a08v14n1.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2009.
FONTENELLE, Lúcia; ARAÚJO, Alexandra P. Q. C.; FONTANA, Rosiane 
S. Síndrome de Moebius: relato de caso. Arquivos de Neuropsiquiatria, [S.l.], 
v. 59, n. 3B, p. 812-814, 2001.
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 Capítulo 6 
DIAGNÓSTICO
Os critérios atualmente utilizados para diagnosticar autismo são aqueles 
descritos no Manual Estatístico e Diagnóstico da Associação Americana de 
Psiquiatria, o DSM- IV.
DSM-IV: Manual estatístico e diagnóstico dos transtornos mentais.
Os critérios de diagnóstico utilizados, atualmente, são os seguintes 
(ASSOCIAÇÃO DE AMIGO DO AUTISTA, 2009): 
A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois 
de (1), e um de cada de (2) e (3). 
1. Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois 
dos seguintes itens:
a) Destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, 
tais como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para 
lidar com a interação social. 
b) Difi culdade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para 
o nível de comportamento. 
c) Falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou 
realizações com outras pessoas, por exemplo: difi culdades em mostrar, 
trazer ou apontar objetos de interesse. 
d) Ausência de reciprocidade social ou emocional. 
 
2. Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos 
seguintes itens: 
a) Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem 
ocorrência de tentativas de compensação através de modos alternativos de 
comunicação, tais como gestos ou mímicas. 
b) Em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de 
iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas. 
c) Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de 
imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento. 
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3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens: 
a) Obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse 
que seja anormal tanto em intensidade quanto em foco. 
b) Fidelidade aparentemente infl exível a rotinas ou rituais não funcionais 
específi cos. 
c) Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou 
torção das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos. 
d) Obsessão por partes de objetos. 
B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes 
áreas, com início antes dos 3 anos de idade: 
1. Interação social.
2. Linguagem usada na comunicação social.
3. Ação simbólica ou imaginária. 
a) Atendimento educacional especializado com o aluno com Transtornos 
do Desenvolvimento
No atendimento educacional especializado a alunos com diagnóstico de 
Autismo seria importante desenvolver um trabalho que explore a atividade 
simbólica e a exploração funcional dos objetos conjuntamente. A meu ver, 
podemos fazer com que a criança passe a utilizar a linguagem oral não apenas 
como forma de comunicação, mas também que ela compreenda o principio 
básico da comunicação, que é seu caráter interacional.
Também considero importante realizar um trabalho junto à escola que este 
aluno frequenta, para que ela também seja um ambiente estimulador de suas 
habilidades de comunicação e de aprendizagem. Para que isto aconteça, cabe 
fornecer orientações aos professores sobre condutas a serem adotadas frente 
a alguns comportamentos específi cos, como: movimentos estereotipados 
e atividades monológicas, e também sobre formas de estimulação da 
comunicação e da linguagem e de aprendizagem.
A fala com características monológicas é aquela em que o aluno produz 
ecolalia (repetição da fala do adulto) e não interage com o outro por meio dela.
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 Capítulo 6 
Outro objetivo importante a ser estimulado no atendimento educacional 
especializado seria o desenvolvimento do contato ocular do aluno com o 
professor, lembrando a importância da imitação para o aprendizado e o 
estabelecimento de comportamentos adequados.
SÍNDROME DE ASPERGER
Alguns pesquisadores acreditam que a Síndrome de Asperger seja a 
mesma coisa que um autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência 
preservada. Outros julgam que no autismo de alto funcionamento há atraso na 
aquisição da fala, e na Síndrome de Asperger não.
Vamos refl etir a respeito desta questão?
A seguir, você terá oportunidade de estudar alguns dos principais aspectos 
comportamentais, educacionais e efetivo-emocionais desses alunos:
• Linguagem: tríade - comunicação, interação social - imaginação.
• Fala lúcida antes de 4 anos - gramática e vocabulário normalmente bons;
• As conversas se incidem ao redor do ego.
• No processo de aprendizagem:
• Obcecados por tópicos complexos, como padrões, música, história, etc.
• muitos manifestam dislexia;
• alterações no comportamento;
• apresentam difi culdades em pensamentos de alto nível e habilidades de 
compreensão, além de possuírem abstração pobre e memória mecânica.
• podem ter vida produtiva, se tornar independentes e excelentes 
profi ssionais.
Sugestões que podem ser úteis no atendimento educacional especializado:
• minimizar as transições, ou seja, mudanças bruscas de ambiente, de 
atividade e de profi ssionais que atuam com eles;
• preparação prévia do aluno para a atividade;
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• evitar surpresas;
• trabalhar em cima das áreas de interesse do aluno;
• usar as fi xações da criança como um caminho, para abrir seu repertório de 
interesses;
• trabalhar com sinalizações não-verbais juntamente com as verbais;
• trazer a criança para o mundo real, deixando a fantasia para trás;
• oportunizar a interação com outras crianças.
Sugere-se um trabalho voltado ao desenvolvimento da atenção, 
concentração, comunicação (linguagem e fala), leitura e escrita (no momento 
adequado), interação, coordenação motora fi na, elaboração conceitual (no 
momento adequado), memória, minimização de seus medos e ansiedades e, 
por fi m, a organização do pensamento.
LOUCOS de amor. Produção de James Acheson, Ronald Bass, Boaz 
Davidson, Frank DeMartini, Robert Law. Estados Unidos: Califórnia fi lmes, 
2005. 1 DVD (90 min.) son., color. Legendado. Port. 
Esse fi lme refl ete o relacionamento de dois jovens com Síndrome de 
Arperger. 
Donald (Josh Hartnett) é um motorista de táxi sem sorte, que ama os 
pássaros e tem uma habilidade fora do comum com os números. Como muitos 
portadores da Síndrome de Asperger, ele gosta de padrões e rotinas. Mas, 
quando a bela e complicada Isabelle (Radha Mitchell) se une ao seu grupo de 
ajuda, sua vida sai dos padrões.
SÍNDROME DE DOWN
Várias anormalidades genéticas são reconhecidas na Síndrome de Down, 
como a Trissomia 21, que se caracteriza pela presença de 47 cromossomos, 
em razão de um cromossomo extra no grupo 21. Importante ressaltar a vocês, 
caros alunos, que a trissomia 21 acontece em 95% dos casos de Síndrome de 
Down. 
O excesso de material genético, proveniente do cromos somo 21, pode 
ocorrer de três formas diferentes: trissomia livre em todas as células do 
indivíduo, trissomia livre em parte das células do indivíduo (Mosaicismo) 
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 Capítulo 6 
e através de translocação cro mossômica, mais especifi camente as 
Translocações Robertsonianas (Snustad, 2001).
Segundo conceitos genéticos, há três tipos principais de anomalias 
cromossômicas ou variantes, na síndrome de Down: 
• Trissomia simples (padrão): um cromossomo 21 extra em todas as 
células do organismo. 90 a 95% dos casos de trissomia 21 são trissomias 
simples.A causa da trissomia simples do cromossomo 21 é a não disjunção 
cromossômica. 
• Esta divisão irregular também pode ocorrer em outros cromossomos. Se a 
Trissomia for do cromossomo 13, o indivíduo terá a Síndrome de Patau; se 
for do cromossoma 18, terá a Síndrome de Edwards. Estas síndromes são 
bem mais raras que a Síndrome de Down, apresentando características 
próprias.
• Translocação: Ocorre quando um pedaço do cromossomo 21 está 
localizado em outro cromossomo, ou seja, o cromossomo extra do par 21 fi ca 
“grudado” em outro cromossomo. Nos casos de Translocação o individuo 
tem cariótipo com 46 cromossomos, porém material cromossômico de 47 
cromossomos. O indivíduo tem todas as características da síndrome de 
Down. 
• Mosaicismo: a alteração genética compromete apenas parte das células, 
ou seja, algumas células têm 47 e outras 46 cromossomos (ocorre em 
cerca de 2% dos casos de Síndrome de Down). Os casos de mosaicismo 
podem originar-se da não disjunção mitótica nas primeiras divisões de um 
zigoto normal. 
É importante saber, que no caso da Síndrome de Down por translocação, 
os pais devem submeter-se a um exame genético, pois eles podem ser 
portadores da translocação e têm grandes chances de ter outro fi lho com 
Síndrome de Down. 
O diagnóstico pode ser realizado antes do nascimento por meio da 
aminiocentese, amostra de vilocorial, ultrassom morfológico, translucência 
nucal.
A aminiocentese consiste na coleta do líquido amniótico através da 
aspiração, por meio de uma agulha inserida na parede abdominal até o útero. 
A amostra de vilocorial consiste na retirada de um pedaço de tecido 
placentário obtido por via vaginal ou através do abdômen. 
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A translucência nucal é um acúmulo de líquido na região cervical, 
que é fi siológica na fase entre 10 e 14 semanas e deve ser medida para o 
rastreamento de síndromes fetais; para ser considerada normal deve medir no 
máximo 2,5 mm de espessura. 
 
Ainda não se conhece a causa dessa alteração genética. Sabe-se que 
não existe responsabilidade do pai ou da mãe para que ela ocorra. Sabe-se 
também que problemas ocorridos durante a gravidez, como fortes emoções, 
quedas, uso de medicamentos ou drogas não são causadores da Síndrome de 
Down, pois esta já está presente logo na união do espermatozóide (célula do 
pai) com o óvulo (célula da mãe). 
Um aluno com síndrome de Down é facilmente identifi cado por meio das 
características físicas; porém, vocês devem observar presença de hipotonia, 
face com perfi l achatado, orelhas pequenas, arredondadas e displásicas, 
prega única das palmas, refl exo de moro hipoativo, olhos com pálpebras 
estreitas e levemente oblíquas, com prega de pele no canto interno, cavidade 
orla pequena, com projeção de língua e palato ogival (profundo).
Figura 2 – Criança com Síndrome de Down
Fonte: a autora.
O OITAVO dia. Direção de Jaco van Dormaelé. Barueri, São Paulo: 
Polygram, 1996. 1 DVD (118 min.) son., color. Legendado. Port.
O argumento do fi lme “O Oitavo Dia” trata da negação da humanidade 
frente àquele que não é a nossa imagem. Esse susto no espelho é representado 
por um portador da Síndrome de Down. Assista ao fi lme. Você vai rir e chorar, 
vai se chocar e se envergonhar e vai se interrogar sobre as razões do véu de 
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 Capítulo 6 
silêncio que envolveu seu lançamento: quase nenhuma crítica, retirada rápida 
dos cinemas, nenhum comentário sobre o tema fundamental abordado - o 
narcisismo humano; possivelmente elas são, parcialmente, as suas próprias 
razões desse susto no espelho. 
Aborda, pela primeira vez no cinema, o mundo construído a partir do ponto 
de vista de alguém que é visto como limitado e rude pela cultura ocidental: 
a pessoa com defi ciência mental. O encontro desse mundo com o mundo 
empresarial, representado por um alto executivo da área de recursos humanos, 
setor de vendas, coloca em choque todo o sistema de vida deste (e, portanto, 
de nossa escala de valores ocidental) e serve de ponto de partida para uma 
exposição de situações diversas decorrentes do fechamento psicológico ao 
insólito e a tentativa, tão ocidental, de formatação do ser humano.
Atividade de estudo: 
Sugiro agora que você procure em sua comunidade escolar, um aluno com 
Síndrome de Down. Experimente caracterizá-lo fi sicamente e observar seu 
comportamento e seu desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem.
Se não encontrarem em sua comunidade escolar, busquem em outras 
unidades, e tracem um reconhecimento real deste aluno com tudo que vocês 
aprenderam a respeito da Síndrome de Down e da defi ciência mental até o 
momento.
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SÍNDROME DE WILLIANS
Primeiramente, quero ressaltar que a etiologia desta síndrome é 
desconhecida. A síndrome de Williams apresenta, como uma das manifestações 
clínicas, a defi ciência mental. Em relação comportamento, crianças com esse 
quadro geralmente são amáveis e expansivas, embora algumas possam 
apresentar irritabilidade e distúrbios de comportamento. (SANVITO, 1997)
Vale, porém, ressaltar que grande parte dessa irritabilidade é proveniente 
de um extremo egocentrismo por parte da criança com síndrome de Williams.
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Figura 3 – Criança síndrome de Williams
Fonte: a autora.
Atividade de estudos:
Estudo de caso
T.L, de 14 anos, frequenta uma turma do 7º ano do Ensino Fundamental e tem 
a Síndrome de William. É de um meio sócioeconômico desfavorecido. Sua 
mãe é responsável pelo sustento familiar e seu pai trabalha, ocasionalmente, 
na construção civil. T.L. é o mais novo de uma família de três irmãos.
Fisicamente, tem aparência de um menino de 8 ou 9 anos e manifesta 
difi culdades na motricidade fi na. Segundo os professores de T.L. da sala 
comum e do Atendimento Educacional Especializado, o aluno apresenta 
um atraso na linguagem. No entanto, quando interage com os professores, 
demonstra que pode utilizar estratégias de conversação efi cazes, de tal forma 
que seu atraso de linguagem se apresenta bem menos evidente.
T.L. se desloca muito em sala de aula, sem justifi cativa aparente, principalmente 
durante as atividades em grupo. Nessas ocasiões ele demonstra muita 
difi culdade em se concentrar na tarefa e raramente cumpre o que lhe é 
solicitado. Ele se comunica pouco com os colegas, mantendo maior contato 
com a professora. É sempre convidado a participar dos grupos, apesar de 
ser pouco respeitado pelos colegas, que o ridicularizarem, porque o acham 
medroso. 
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No recreio, ele prefere o contato com os professores e funcionários e recusa 
sistematicamente interagir com os outros alunos; não tem sequer um amigo na 
escola.
Nas atividades de linguagem escrita, T.L. demonstra pouco interesse, 
prestando pouca atenção às tarefas que lhe são solicitadas. A situação é bem 
diferente nas atividades de matemática. Ele fi ca muito atento e trabalha de 
forma interessada. Afi rma que adora contas de soma e subtração.
Embora T.L. demonstre interesse pelas atividades de matemática, apresenta 
também atraso nessa área. Ao longo dos primeiros anos de escolaridade 
demonstrou grandes difi culdades para construir noção de quantidade (cardinal). 
Tem progredido e hoje atinge um nível de aprendizagem equivalente ao início 
do terceiro ano. Consegue adicionar e subtrair, embora com difi culdades.Na aprendizagem escolar, a principal difi culdade de T.L. refere-se ao domínio 
da linguagem escrita. Ele não consegue ler, apesar de todos os esforços do seu 
professor, e não demonstra qualquer motivação por esse tipo de aprendizagem. 
Consegue reconhecer e reproduzir apenas as vogais e algumas consoantes. 
O aluno se encontra no nível pré-silábico.
Diante das questões seguintes, pesquise e refl ita:
1) Primeiro identifi que a etiologia, incidência e características principais dos 
alunos com Síndrome de Willians.
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2) Agora identifi que as potencialidades e difi culdades de T.L., de acordo 
com o desenvolvimento e funcionamento cognitivo e linguagem, ambiente, 
aprendizagens escolares, desenvolvimento afetivo-social e interações sociais, 
além de desenvolvimento psicomotor e saúde.
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3) Procure compreender como o aluno com defi ciência mental estabelece 
relação com o conhecimento, entendendo as diversas possibilidades de 
expressão de sua aprendizagem.
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4) Finalmente, elabore um plano de Atendimento educacional especializado, 
que corresponda às especifi cidades de aprendizagem e desenvolvimento 
do aluno em questão, considerando as possibilidades de parcerias, quando 
pertinentes.
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AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: Masson 
1982. 
CAMBIER, J. M.; DEHEN, H. Manual de Neurologia. Paris: Masson, 1988. 
DYNSKI, Martha Klin. Atlas de Pediatria. 
LIPPI, J. R. da, CRUZ, A. R (ORGS). Neurologia Infantil: Estudo 
Multidisciplinar. São Paulo: Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria 
Infantil, 1987, 210 p. 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caro(a) pós-graduando(a), devemos ter o cuidado ao rotularmos as 
difi culdades observadas no aluno com as síndromes estudadas, pois esse 
rótulo poderá gerar diferentes níveis de frustração, tanto por parte do aluno, 
quanto do professor do atendimento educacional especializado. 
Temos que procurar compreender o desenvolvimento do processo de 
ensino-aprendizagem, e elaborar estratégias de atuação das potencialidades 
desse aluno. 
Alunos, tomem muito cuidado com as argumentações utilizadas para 
justifi car o não aprendizado dos alunos com alguma síndrome, para que o 
mesmo não se resuma na justifi cativa do “ritmo mais lento de aprendizagem”. 
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Nessa perspectiva, consideramos que os alunos com determinada síndrome 
neurológica se desenvolvem de maneiras diferentes em relação ao aspecto 
cognitivo, habilidades sociais e peculiaridades comportamentais.
Sugiro agora, para fi nalizarmos nosso estudo, que vocês pesquisem 
outras síndromes neurológicas, utilizando, para isto, livros, artigos de revistas, 
textos da Internet (utilizem um site seguro e confi ável para estas informações), 
entre outros.
Procurem discutir com seus colegas de trabalho ou de curso, para que tais 
informações não fi quem apenas como registro próprio.
Bom trabalho!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO DE AMIGO DO AUTISTA. Aprendizado. Disponível em: 
<http://www.ama.org.br/html/apre.php>. Acesso em: 13 jul. 2009.
ASSOCIATON, American Psychiatric. Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais. 4ª Ed. Ed Artmed: 2002. 
SANVITO, Vilson Luiz. Síndromes Neurológicas. 2ª Ed. São Paulo: Editora 
Atheneu, 1997.
SNUSTAD, D.Peter; SIMMONS, Michael J. Fundamentos da Genética. 
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro: 2001.
VYGOTSKI, L. S. Fundamentos de defectologia. Obras completas V. 2 ed. 
Tradução: Maria Del Carmen Ponce Fernández. Ciudad de la Habbana, Cuba: 
Editorial Pueblo y Educación, 1995.

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