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Cana de açúcar + ureia

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Cana de açúcar + Ureia 
Determinadas práticas de alimentação para ruminantes podem ser utilizadas durante o ano 
todo, apesar de terem seu uso mais popularizado em determinados períodos do ano. Esse 
é o caso do uso de cana-de-açúcar mais uréia. Apesar dessa técnica ser mais difundida na 
época seca do ano, pode ser usada o ano todo. 
A utilização da cana mais uréia apresenta vantagens, pois a produção da cana é alta e 
possui baixo custo operacional, sendo uma tecnologia que pode ser adotada por grandes e 
pequenos produtores. Em canaviais bem conduzidos, a massa de forragem disponível 
varia entre 85 e 100 toneladas de massa verde/ha e a cana possui elevado teor de 
carboidratos não estruturais que são fontes de energia prontamente disponível, contudo, 
possui baixo teor de proteína e minerais. O baixo teor de proteína é corrigido com a adição 
de uma fonte de nitrogênio não protéico (NÑP), como a uréia. Já a composição mineral 
deve ser corrigida com o fornecimento de sal mineral de boa qualidade, com teores 
adequados dos elementos. O fornecimento do sal mineral é de extrema importância 
quando se utiliza esta dieta, pois como dito anteriormente a cana é pobre em minerais 
essenciais. 
A uréia utilizada na alimentação animal possui em média 45% de nitrogênio, com 
equivalente protéico de 281%. No rúmen a uréia é rapidamente transformada em amônia 
pela ação da enzima urease. As bactérias ruminais utilizam a amônia e os esqueletos de 
carbono resultantes da degradação dos carboidratos, sintetizando aminoácidos, inclusive 
aminoácidos essenciais, que fazem parte da constituição da proteína microbiana, que 
posteriormente, no intestino, será utilizada pelos ruminantes. No entanto, quantidades 
elevadas de NÑP, como a uréia, ingerida em um curto espaço de tempo levam a 
intoxicação, devido à alta concentração de amônia no sangue. Isto ocorre porque a amônia 
excedente formada no rúmen é rapidamente absorvida e excede a capacidade de 
conversão em uréia. 
Em função disso, a tecnologia deve ser seguida corretamente, misturando bem a cana e a 
uréia, não dando chance a ingestão rápida de uréia. Se as recomendações forem seguidas 
não há risco de intoxicação. Ao utilizar a uréia devemos definir a quantidade, e o 
fornecimento deve ser feito de forma gradativa para adaptação do animal. Recomenda-se 
um período de adaptação de 2 a 6 semanas dependendo da quantidade a ser ingerida. 
Quando nos referimos a associação cana mais uréia, nos referimos à mistura cana-de-
açúcar + uréia + sulfato de amônio ou sulfato de cálcio. Como a uréia é uma fonte de NÑP 
e a cana é pobre em enxofre, é necessário adicionar uma fonte de enxofre para síntese de 
aminoácidos essenciais por parte dos microrganismos. Os sulfatos participam da mistura e 
fornecem enxofre como matéria prima para as bactérias ruminais produzirem aminoácidos 
sulfurados. Então, o primeiro passo, é preparar a pré-mistura da uréia com a fonte de 
enxofre; se for feita a utilização do sulfato de amônio, a mistura deve ser na proporção de 
9:1, ou seja, 9 partes de uréia para 1 parte de sulfato de amônio (Ex: em 1 kg de mistura, 
juntar 900 gramas de uréia + 100 gramas de sulfato de amônio); se for feita a utilização do 
sulfato de cálcio, a mistura deve ser na proporção 8:2, ou seja, 8 partes de uréia para 2 
parte de sulfato de cálcio (Ex: em 1 kg de mistura, juntar 800 gramas de uréia + 200 
gramas de sulfato de amônio). A mistura da uréia com a fonte de enxofre deve ser bem 
homogeneizada e pode ser ensacada para armazenamento. 
A cana que será fornecida aos animais pode ser cortada a cada 2 ou 3 dias, lembrando 
que é de extrema importância que a cana estocada durante este período deve ser mantida 
à sombra, em local fresco. Recomenda-se, durante o corte, retirar as folhas secas que não 
possuem valor nutritivo e deixar as mesmas no canavial para servir de cobertura morta, 
ajudando na retenção de umidade do solo e a adubar a área. A cana deve ser picada no 
momento de fornecer aos animais, em pedaços de aproximadamente 0,5 cm. 
A proporção entre uréia (mistura uréia + fonte enxofre) e a cana deve ser feita 
corretamente. Na primeira semana, recomenda-se para cada 100 kg de cana usar 0,5 kg 
da mistura diluída em 4L de água, regar a cana com a mistura diluída e homogeneizar. A 
partir da segunda semana a quantidade de uréia é dobrada, passando para 1%, ou seja, 
para 100 kg de cana colocar 1 kg da mistura (uréia + fonte enxofre) diluída em 4L de água. 
Não é recomendado utilizar mais que 4L de água, pois o excesso de água pode levar a 
intoxicação devido à rápida ingestão da uréia. 
Dicas importantes para o sucesso da utilização de cana mais uréia: 
• A cana utilizada deve ser uma variedade industrial, com alto teor de açúcar e menor teor de fibra; 
• O cocho deve ter espaço suficiente para todos os animais; 
• O cocho deve ter saída de água, pois a chuva dilui a uréia podendo ocorrer ingestão rápida de uréia e 
intoxicação; 
• Deve-se deixar a disposição dos animais um sal mineral de boa qualidade; 
• A cana deve ser picada no momento de fornecer aos animais, em torno de 0,5 cm; 
• Picadeiras devem estar com as facas afiadas, evitando esmagamento e perda do caldo da cana; 
• Fazer o período de adaptação corretamente; 
• Utilizar a proporção recomendada entre ureia e cana de açúcar. 
Na utilização desta técnica para vacas leiteiras se faz necessária uma correção com 
concentrado. Vacas com produção de até 6 kg de leite/dia pode ser fornecido apenas cana 
mais ureia. Para vacas com produção superior recomenda-se fornecer um quilo de 
concentrado para cada 3 litros de leite produzido. Para vaca seca pode ser fornecida 
apenas a cana com ureia na seca. Caso haja necessidade de melhorar o escore corporal 
recomenda-se a suplementação com concentrado. 
Para recria e gado de corte, no período da seca, apenas a cana com uréia é o suficiente 
para manter o peso dos animais e se houver sobra de pasto os animais ainda podem ter 
um ganho de aproximadamente 200 g/ dia.

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