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ECI – INJÚRIA RENAL AGUDA Dra Paula – 09/10 ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO - Constituído por: rins, ureteres, bexiga e uretra. - Rins: retroperitoneal parede abdominal posterior ao lado da coluna vertebral. T12 a L3 - No adulto: rim mede 10-14cm (varia com o biotipo). - Parênquima renal: córtex Medula - Cada rim contém cerca de um milhão de néfrons - Néfron: glomérulo, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal e segmento conector. - Glomérulo é responsável pela filtração do sangue INJÚRIA RENAL AGUDA Definição: perda abrupta da função renal em horas ou dias, causada por mecanismos que determinam a redução da taxa de filtração glomerular, levando à alterações da creatinina sérica ou diminuição do débito urinário, podendo ocorrer também distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-básico. É uma agressão em que o rim voltará a funcionar posteriormente, porém é preditiva de IRC. Consequências: Retenção de uréia e outros produtos residuais nitrogenados e perda da regulação do volume extracelular, dos eletrólitos e do equilíbrio ácido-base. Funções endócrinas: controla anemia, parte metabólica (acidose metabólica, hipercalemia). Quando o rim para de funcionar agudamente, sem que o paciente tenha patologias renais, a uréia e creatinina sobem, ocorrendo sintomas associados. Fatores históricos IRA começou a ser estudada na época da 2ªGuerra Mundial → crush syndrome TRS (diálise) surgiu em 1950 Mortalidade nos dias de hoje permanece elevada: idade, comorbidades, falência de múltiplos órgãos (sepse), cirurgias complexas, uso de substâncias nefrotóxicas. Frequente no ambiente hospitalar, principalmente UTI. Internação prolongada Custos Uréia: não é um marcador fiel da parte renal. - quando o rim não funciona, a uréia e creatinina aumentam não é imediata. - pacientes com catabolismo preoteico grande a uréia e creatinina também aumentam sintomas de uremia mais elevados. Uréia é formada no fígado a partir da amônia - catabolismo protéico e produção pelas bactérias intestinais Dieta hiperprotéica / Hemorragia digestiva —> aumento na produção hepática de Uréia Insuficiência hepática e desnutrição —> reduz produção da Uréia Tem reabsorção tubular - aumento de Ur de forma desproporcional á queda da TFG Creatinina Inconvenientes: • metabolismo muscular - variação dos valores de referência conforme sexo, idade, massa muscular, edema • não tem reabsorção tubular / apresenta pequena secreção tubular • elevação sérica progressiva - demora 3-4 dias para alcançar o pico • tardio: superestima TFG fase inicial da IRA e subestima na fase de recuperação da IRA • é removida na diálise, o que dificulta avaliação durante TRS Outros biomarcadores: NGAL, KIM -1, IL-18, Cistatina C *Concentração plasmática de creatinina é inversamente proporcional ao RFG e diretamente proporcional á massa muscular* Débito urinário Menor do que 0,5ml/kg/h por mais de 6h Menor do que 0,5ml/kg/h por mais de 12h Menor do que 0,3ml/kg/h por mais de 24h ou anúria por 12h Estimativa da FG Cockcroft-Gault Clearance de 24h: dosagem de creatinina no sangue e na urina MDRD (Modification of Diet in Renal Disease Study equation): somente dosagem de creatinina no sangue. CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration): somente dosagem de creatinina no sangue. RIFLE Risk: aumento de 1,5x secreção ou diminuição do RFG > 25% Injury: aumento de 2x secreção ou diminuição do RFG > 50% Failure: aumento de 3x secreção ou diminuição do RFG > 75% ou secreção > ou = 4mg/dl. Com aumento > ou = 0,5mg/dl Loss: persistência da IRA = perda completa da função renal > 4 semanas ESRD: doença renal crônica (> 3 meses) – insuficiência renal terminal. AKIN (creatinina sérica) Estágio 1: aumento da creatinina sérica > ou = 0,3mg/dl ou aumento > ou = 150% a 200% (1,5 a 2x) do valor basal Estágio 2: aumento da creatinina sérica > ou = 200% a 300% (2 a 3x) do valor basal Estágio 3: aumento da creatinina sérica > ou = 300% (3x) do valor basal, ou creatinina sérica > ou = 4mg/dl com aumento agudo > ou = 0,5mg/dl ou necessidade de TRS AKIN X RIFLE crítica RIFLE: • 7 dias • inexistência de correlação dos valores séricos de creatinina e da TFG —> a lesão tubular precede a diminuição da TFG • não considera creatinina basal crítica AKIN: • 48h • não considera TFG estimado • aumento de 0,3 a 0,5 na creatinina sérica —> aumentam em 80% mortalidade AMBOS FALHAM NA DETECÇÃO PRECOCE E NÃO PREVÊEM MORTALIDADE KDIGO (creatinina sérica) Estágio 1: aumento na creatinina sérica > ou = 0,3mg/dl ou aumento > ou = 150% a 200% (1,5 a 2x) do valor basal Estágio 2: aumento da creatinina sérica > ou = 200% a 300% (2 a 3x) do valor basal Estágio 3: aumento na creatinina > ou = 300% (3x) do valor basal, ou creatinina sérica > ou = 4mg/dl com aumento agudo > ou = 0,5mg/dl ou necessidade de TRS ou em pacientes menores de 18 anos, redução de RFG estimada < 35ml/min/1,73m² Fatores de risco não modificáveis Idade mais avançada, gênero masculino, raça negra DRC pré-existente Proteinúria ou relação albumina/creatinina elevada HAS DM Doença hepática crônica e/ou complicações de hipertensão portal IC e/ou fração de ejeção diminuída DAC e/ou IAM recente DPOC Doença vascular periférica Neoplasias maligna Fatores de risco modificáveis Anemia Doença que exige cuidados intensivos Sepse Traumatismo Cirurgia cardíaca Cirurgia de grande porte não cardíaca Exposição a contrastes radiológicos Sobrecarga de fluidos Ressuscitação volêmica com coloides sintéticos ou soluções ricas em cloreto (SF 0,9%) Toxicidade por medicamentos, interações medicamentosas ou medicações nefrotóxicas Procedimentos de alto risco ou de emergência Epidemiologia - A taxa de mortalidade mantém-se elevada e aparentemente nenhum recurso terapêutico foi relacionado a qualquer melhora na sobrevida. - A LRA que se instala no ambiente hospitalar é mais grave do que a adquirida na comunidade, com taxa de mortalidade diretamente proporcional a maior gravidade da mesma. - LRA leva ao aumento do risco do desenvolvimento de IRC terminal com passar do tempo, pois muitos não atingem a completa recuperação funcional renal, especialmente idosos e aquele com DRC pré-existentes. - Nos países em desenvolvimento predomina a LRA por doenças infecciosas (malária, leptospirose, dengue, diarreia); causas obstétricas (pré-eclâmpsia, eclampsia e abortos infectados); agentes tóxicos (picadas de cobras, insetos). - Fatores que afetam a crescente incidência de LRA: Envelhecimento populacional Frequência elevada de comorbidade graves e maior prevalência de fatores de risco (sepse, uso de contrates radiológicos, medicações nefrotóxicas e cirurgia de grande porte) - Principal causa de IRA é a sepse, além de procedimentos invasivos, como cirurgias cardíacas, insuficiência cardíaca. Pode ter diurese normal. Em pacientes na UTI, mortalidade gira em torne de 50 a 70%. Mecanismos fisiopatológicos: Fluxo sanguíneo renal = balanço entre fatores vasoconstrictores (sistema nervoso simpático, noradrenalina, angiotensina II, endotelina) e vasodilatadores (óxido nítrico, prostaglandinas, cininas) desequilíbrio resulta em aumento na resistência vascular renal e redução do FSR. 1) Fatores vasculares e hemodinâmicos: - Medicamentos podem acometer a célula endotelial levando a trombose glomerular e vascular (microngiopatia trombótica). - Secreção de substâncias vasoativas pelas células endoteliais – endotelina – levanso a vasoconstrição intrarrenal e secreção de substâncias pró-inflamatórias. - Desbalanço entre fatores vasoconstritores (AngioII/endotelina) e vasodilatadores (prstaciclinas) atuando na arteríola aferente e eferente. Diminui a TFG. - Hipóxia medular (contraste radiológico) ou efeito citotóxico direto. ↑ RA = ↓ TFG ↓ RA = ↑ TFG 2) Lesão tubular - Os eventos agressores (isquêmico/ nefrotóxicos/ sépticos) podem causar danos às células tubulares levando a NTA. - A reversibilidade do dano celular dependerá da intensidade, do tempo de duração e do tipo de evento desencadeador. - O TP e porção espessa da alça ascendente espessa de Henle são os locais mais sensíveis a agressão hemodinâmica e tóxica direta. - São importantes na queda do fluxo sanguíneo renal e também quando a reversão da LRA. As alterações morfológicas e funcionais do epitélio tubular afetam os mecanismos de transporte tubular, assim como a adesão célula a célula, afetando a reabsorção de Na/H2O/K/Ca/P/HCO3. - A apoptose destas células levam a debris celulares na luz tubular, contribuindo para obstrução da luz tubular, piorando o quadro de LRA. 3) Inflamação - A ativação do endotélio leva a um aumento da permeabilidade capilar que promove o extravasamento de leucócitos para o rim perpetuando o processo inflamatório. Diagnóstico - Pequenas alterações da função renal estão associadas a maior morbimortalidade tanto no período intra hospitalar quanto pós alta. - Para diagnóstico e classificação de IRA deve-se garantir ressuscitação volêmica adequada e excluir obstrução do trato urinário. - A gravidade da LRA associa-se a necessidade de TRS, aumento da morbimortalidade do tempo de internação e dos custos hospitalares. Testes diagnósticos: - Creatinina: raça, gênero, massa muscular, estado nutricional e volêmico (falso +/ falso -) - Creatinina x débito urinário: creatinina pode demorar 48hpara sofrer alterações. O débito urinário se altera imediatamente após o evento que causou a lesão renal. - USG de vias urinárias/ urina 1 - NGAL/ KIM 1 LRA pré-renal: Este quadro ocorre devido à redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular. Principais causas: hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarréias, queimaduras). 1) Hipovolemia: perdas gastrointestinais (vômitos, diarréia), perdas renais (nefropatias perdedoras de sal, diuréticos, diurese osmótica), queimaduras, hemorragias, ingesta inadequada de líquidos. 2) Diminuição da volemia arterial efetiva: ICC, hipoalbuminemia, peritonites, vasodilatação periférica (hipotensão arterial, choque, sepse, síndrome hepatorrenal, medicamentos vasodilatadores). 3) Diminuição aguda do DC: IAM, trauma, tamponamento pericárdico. Mecanismos fisiopatológicos: ativação do SRAA elevando os níveis séricos de Angio II com vasoconstrição da arteríola eferente acarretando aumento da pressão intraglomerular preservando a filtração glomerular. Níveis excessivamente elevados de Angio II acarretam a vasoconstrição da arteríola aferente diminuindo a pressão intraglomerular e, consequentemente, queda da filtração glomerular. redução da pressão de perfusão —> renina —> angiotensina II —> inicialmente vasoconstrição da arteríola eferente, elevando a pressão intraglomerular e preservando a filtração glomerular. aumentos adicionais da angio II levam a vasoconstrição da arteríola aferente, provocando queda da PIG e consequentemente da TFG. Oligúria: queda da TFG e aumento da reabsorção tubular Reversível uma vez restaurado o Fluxo Sanguíneo Renal Mecanismo de proteção: autorregulação do RFG Autorregulaçãodo RFG • quando a PAM cai, as arteríolas aferentes sofrem vasodilatação, reduzindo a resistência vascular do rim, evitando o hipofluxo renal. • se cai abaixo disso: não há como evitar o hipofluxo (vasodilatação máxima). - se a situação que levou à hipoperfusão se agravar, a prioridade passa a ser garantir a perfusão dos tecidos cerebral e miocárdio visando manter a vida, mesmo que isso leve a isquemia renal. - a vasoconstricção se exacerba reduzindo acentuadamente o RFG e o fluxo sanguíneo renal, levando a redução do fluxo urinário. - IRA pré-renal IRA renal (NTA) IRA pós-renal (obstrutiva) – Secundárias a obstrução intra ou extra-renal por cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. A obstrução ao fluxo urinário acarreta elevação da pressão hidráulica da via urinária que se transmite aos túbulos e espaço de Bowman, levando à anulação da pressão efetiva de UF e cessação da FG Causas: HPB, neoplasia cervical ou prostática, nefrolitíase, necrose papilar, fibrose retroperitoneal, tumores ginecológicos e colorretais, bexiga neurogênica - A reversibilidade da LRA pós-renal se relaciona com o tempo de duração da obstrução. Lesão pré-renal x lesão renal - Rins fazem ajuste fino da excreção de Na afim de manter rigorosamente constante o volume extracelular, por isso a FeNa normal = < 1% - Na depleção de volume, a prioridade é conservar Na a qquer custo —> todos os segmentos do néfron são envolvidos nesse esforço —> FeNa = praticamente 0% IRA RENAL (Intrínseca ou estrutural) – A principal causa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica e/ou tóxica). Outras causas: nefrites tubulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites e necrose cortical (hemorragias ginecológicas, peçonhas). Mecanismo fisiopatológicos: alterações estruturais e bioquímicos que resultam basicamente em um comprometimento vascular e/ou tubular, resultando em vasoconstrição, alteração da função renal e/ou morte celular, descamação do epitélio tubular e obstrução intraluminal, vazamento transtubular do filtrado glomerular e inflamação. - Lesão do parênquima renal - comprometimento vascular e/ou tubular - LRA por isquemia e reperfusão: necrose cortical irreversível / espécies reativas de O2 (radical hidroxila OH-) - Nefrotoxicidade direta: alterações na hemodinâmica glomerular, toxicidade celular tubular, inflamação, precipitação intratubular, rabdomiólise e microangiopatia trombótica. Aminoglicosídeos, contrastes radiológicos, quimioterápicos, antivirais, ISS, AINE… - LRA sepse: mecanismos fisiopatológicos vão muito além dos efeitos hemodinâmicos / inflamação, trombose e mecanismos imunológicos NTA – Necrose Tubular Aguda • túbulo é mais sensível que o glomérulo - > gasto energético e < vascularização • células epiteliais se desprendem do túbulo aderindo à proteína de Tamm-Horsfall e formando os cilindros —> obstrução —> oligúria - Mortalidade alta quando associada à disfunção de múltiplos órgãos - Recuperação 7-21 dias por regeneração tubular - Causas mais comuns: choque, sepse, pancreatite, politrauma, queimado, PO - cirurgia cardíaca (CEC > 2h), aneurisma aorta abdominal (clampeamento aórtico > 30-60min), cirurgia biliar em pacientes ictéricos IRA por sepse Hipótese hemodinâmica: resultante de isquemia renal global, dano celular e necrose tubular aguda. Entretanto, IRA pode ocorrer na ausência de hipoperfusão. O tratamento da hipovolemia associada à sepse é de fundamental importância, devendo ser precoce (nas primeiras 6h da admissão). O aumento da pressão de perfusão renal na sepse frequentemente necessita de um suporte farmacológico adequado, em razão da vasodilatação sistêmica acentuada e da incapacidade do aumento da volemia em reverter essa situação. Com o desenvolvimento de NTA e apoptose das células tubulares renais, associadas a lesões microvasculares e imunológicas observadas na sepse, o rim torna-se incapaz de manipular o excesso de líquidos oriundo da sobrecarga volêmica, facilitando o desenvolvimento de complicações sistêmicas. Hipótese não hemodinâmica: Mecanismo possivelmente patogênico na sepse: Receptores toll-like – interação direta entre a endotoxina e o rim Se ligação microorganismo-receptor toll-like for apropriada, apenas contém a infecção; se descontrolada, leva a dano celular extenso; se persistente, pode determinar a imunossupressão característica da sepse. - temperatura > 38°C C ou < 36°C - frequência cardíaca > 90 bpm - frequência respiratória > 20 ipm - PaCO2 < 32 mmhg - leucócitos > 12.000 ou < 4.000 mm3 - mais de 10% de bastões ou metamielócitos - foco infeccioso documentado ou hemocultura positiva Nefrotoxicidade por medicamentos - 20% das causas de IRA - Administração de doses inadequadas devido falta de correção para o nível de FR ou falta de monitorização dos níveis plasmáticos. - Hipoperfusão potencializa a nefrotoxicidade - Risco individual e associação - Rim e fígado tem mecanismos complementares na metabolização de medicamentos. - medicações hidrossolúveis tem menor volume de distribuição, são mais rapidamente filtradas, metabolizadas e excretadas —> rim. - medicações lipossolúveis adentram a célula, tem maior volume de distribuição e uma metabolização mais lenta —> fígado Mudanças no volume de distribuição (edema, anasarca, desidratação, hipoalbuminemia), e alterações da TFG vão alterar a metabolização e excreção dos medicamentos. Vulnerabilidade renal: o FSR corresponde a 25% do débito cardíaco e portanto os rins têm um aporte de fármacos maior que qualquer outro órgão (exceto cérebro). Dificuldades: - monitorização sérica de medicamentos: lítio, ciclosporina, tacrolimo, carbamazepina, aminoglicosídeos, vancomicina. - guias de correção (saudáveis x críticos) - TRS - doses inadequadas de ATB - falha de tratamento / nefrotoxicidade Medicamentos / fármacos potencialmente nefrotóxicos mais frequentemente utilizados: • iECA / BRA • AINE • Antibióticos (aminoglicosídeos, vancomicina, polimixina) • Antifúngicos (anfotericina, fluconazol) • Antivirais e Antiretrovirais (aciclovir, tenofovir, indinavir, outros) • Imunossupressores (ciclosporina, tacrolimo, outros) • Antineoplásicos (cisplatina) • Contrastes radiológicos • Gadolíneo (toxicidade extrarrenal causada pela disfunção renal) IECA e BRA Promovem maior relaxamento da ae do que da aa, reduzindo a pressão de filtração glomerular (hemodinâmico). Contraindicados: estenose de artéria renal bilateral ou estenose em rim único; ICC de baixo débito e depleções de volume efetivo circulante AINE • Inibição da síntese de prostaglandinas vasodilatadoras, principalmente na medula renal, desencadeando vasoconstrição medular e cortical, principalmente em diabéticos, desidratados e com redução da FR (hemodinâmico) • Promove anti-natriurese (edema) • Efeito nefrotóxico direto na MBG (proteinúria nefrótica ou nefrite túbulo intersticial) • Necrose de papila (tempo e dose relacionadas) Aminoglicosídeos • Podem causar nefrotoxicidade em 50% dos pacientes com 14 dias de utilização. • Lesão direta (NTA) • Dose única diária • LRA em geral não oligúrica (queda também da reabsorção tubular) UF renal: 120ml/min → 170L sangue/dia Plasma 3L → portanto filtrado +/- 50x/dia Urina 1,5L → portanto a reabsorção +/- 99% do FG Vancomicina • Eliminação predominantemente por FG. • Mecanismo da nefrotoxicidade (?) • Nefrotoxicidade potencializada com aminoglicosídeo • Alternativas: teicoplanina e linesolida Polimixina • Ressurgimento do uso devido bactérias multiresistentes • Neuro e nefrotóxico • Polimixina B: 1,5-2,5mg/Kg/dia divididos em 2 tomadas Anfotericina • Causa citotoxicidade direta com efeito vasoconstritor • Lesão glomerular / tubular relacionada a dose e tempo • Indicado soluções lipossomais nas disfunções renais Contrastes iodados • Fisiopatologia não completamente conhecida - vasoconstrição intrarrenal, lesão endotelial, lesão citotóxica direta e por radicais livres nas células epiteliais tubulares, alterações sanguíneas relacionadas a viscosidade e ionicidade. • A redução do FS pela liberação de mediadores vasoconstritores pode desencadear hipóxia, principalmente na região medular renal. ✓ Prevenção: Soro fisiológico e n-acetilcisteína • Ateroembolismo: mais tardio (aterosclerose aórtica) —> desprendimento de fragmentos de colesterol com obstrução da microvasculatura renal —> IRA oligúrica • Síndrome do dedo azul (isquemia digital) • Diagnóstico: biópsia cutânea / renal • Perda definitiva da FR Gadolíneo e Fibrose Nefrogênica Sistêmica (TFG < 30ml/min) • Risco de FSN (biópsia): prurido/queimação/dor/hiperemia/brilho na pele, com evolução para endurecimento da pele e dermatite ocre em MMII e MMSS, lesões em bota e luvas, bem como enrijecimento progressivo das articulações, com perda de mobilidade. • Pode ocorrer também acometimento de órgãos – coração e pulmões. • Menor dose possível. • HD é preconizada, porém não significa proteção. Antivirais • Citotoxicidade direta com efeito vasoconstritor • Lesão tubular • Obstrução por cristais • Glomerulopatia • Microangiopatia Trombótica • IRC Recomendações Gerais para prevenção da Nefrotoxicidade • Avaliar a TFG • Avaliar risco versus benefício de qualquer medicamento a ser administrado • Avaliar comorbidades que podem potencializar a nefrotoxicidade • Manter os pacientes hidratados • Não usar amidos modificados para reposição volêmica em pacientes com risco de LRA • Administrar dose plena de antibióticos no início do tratamento, porém ajustar doses conforme a TFG • Verificar se o efeito do medicamento é pico ou concentração dependente (mudança de intervalo ou redução de dose) • Adequar doses, inclusive se em TSR (HDI,HDE,CVH,CVVHD,CVVHDF) • Sempre avaliar a evolução clínica: antibióticos de baixa toxicidade, utilizar maiores doses preferencialmente a subdoses • iECA/BRA: acompanhar TFG em idosos e ICC em casos de depleção de volume • Suspender AINE • Cuidado com contrastes iodados e gadolíneo Rabdomiólise lesão muscular extensa, liberando na circulação enzimas musculares (CPK, TGO, LDH), eletrólitos (K, P), ácido láctico e mioglobina. causas: trauma/esmagamento, síndrome compartimental (isquemia-reperfusão), imobilização prolongada, mal epiléptico, hipertermia maligna, exercício físico extenuante, intoxicações/ envenenamentos. Mioglobina: filtrada pelo glomérulo. Baixo fluxo tubular aumenta a concentração do pigmento no lúmen tubular - lesão celular + vasoconstricção —> NTA Tratamento: hidratação vigorosa (SF 0,9%) + manitol + bicarbonato de sódio se oligúria refratária —> TRS urgência Síndrome da Lise Tumoral Aumento abrupto dos níveis séricos de ácido úrico Filtrados pelo glomérulo formando cristais que obstruem o sistema tubular —> NTA Tratamento: hidratação vigorosa com cristalóide e alcalinização urinária NIA – Nefrite Túbulo Intersticial Aguda • Definição: Comprometimento inflamatório agudo, restrito primariamente ao compartimento túbulo intersticial, com deficiência da função renal. • Mecanismos fisiopatogênicos: imunológico, infeccioso ou idiopático, porém todas as formas tem base imunológica. • A resposta imune provavelmente se inicia com o agente estranho: de acordo com o tipo de mecanismo imunológico ativado pelo contato da célula T com o agente nefritogênico —> as vias humorais e/ou celulares de hipersensibilidade podem ser desencadeadas. • Independentemente do grau de lesão, a disfunção renal na maioria das vezes é reversível. • NTI crônica: cicatrização com fibrose intersticial e atrofia tubular —> IRC. • Considerar corticoterapia Urina I: proteinúria, hematúria e leucocitúria, com ou sem bactérias, além de cilindros leucocitários, cristais e eosinófilos Eosinofilúria é sugestiva (mas não patognomônica) Biópsia renal: infiltrado de células inflamatórias confinado à região tubulointersticial, sem comprometimento glomerular ou vascular Necrose cortical aguda - sepse grave / complicações obstétricas - reação exacerbada de vasoconstrição e trombose glomerular - glomeruloesclerose difusa com perda completa e irreversível da FR - qdo suspeitar? anúria ou quando a NTA não se recupera no período esperado - Tratamento: TRS Outras causas de IRA - Glomerulonefrites (rapidamente progressivas) - microangiopatias trombóticas - vasculares primárias e secundárias a doenças sistêmicas - lesões intersticiais agudas de origem infecciosa (pielonefrite, leptospirose…) Quando biopsiar? - IRA de duração > 4 semanas - anúria na ausência de uropatia obstrutiva - suspeita de NIA pela possibilidade de reversão - suspeita de necrose cortical bilateral - IRA por doença sistêmica (LES), GN rapidamente progressiva ou vasculite - proteinúria intensa e/ou persistente Indicações de diálise - manifestações características da síndrome urêmica - vômitos incoercíveis, sangramentos, pericardite, confusão mental - hipervolemia / edema pulmonar - hipercalemia refratária - acidose metabólica TRS – Terapia Renal Substitutiva Diálise: depuração sanguínea através de membranas semipermeáveis naturais (peritônio) ou extracorpóreas (filtros de HD/hemofiltração) Remoção por difusão e/ou convecção Caso Clínico: Paciente masculino, 67 anos, branco, aposentado, natural de Uberaba-MG, procedente de SP QP: Náuseas e diminuição do volume urinário HPMA: relata episódio de vômitos e diarréia iniciado há 10 dias e que durou 3 dias. Relata diminuição drástica do volume urinário. Procurou UPA onde foi constatada anemia e elevação da creatinina plasmática, sendo internado para investigação diagnóstica e tratamento. AP: artrose joelho D há vários anos, fazendo uso crônico de AINE para alívio da dor. Um mês antes do episódio atual havia apresentado quadro de epigastralgia e vômitos, sendo internado para tratamento. Refere que na ocasião seus exames de laboratório estavam normais. Ao exame: peso 72Kg, altura 1,71m, febril, palidez cutânea, PA 150x100mmHg, edema MMII +/4+. Ausculta cardíaca/pulmonar e exame abdominal sem alterações. Laboratoriais: • sangue: Ur 91, creatinina 3,2, Na 135, K 5,2, Hb 9,4, albumina 4,1, C3/C4 normais • urina: V 90ml/6h, pH 5,8, d 1010, proteínas > 1g/L, L 4/campo, H 100/campo, Na 120 US: Rim D 10,6cm / Rim E 10,3cm, cortical 1,3cm. Aumento da ecogenicidade e borramento da transição córtico-medular. Ecocardiograma: sem sinais HVE ou disfunção FO: sem alterações Evolução: o paciente foi medicado sintomaticamente e reidratado via parenteral, porém exames do dia seguinte com piora da FR - creatinina 4,1 / K 5,5. Foi submetido a procedimento diagnóstico. Qual o diagnóstico e a causa? Fluxograma de como avaliar um caso de IRA: TRATAMENTE MEDICAMENTOSO – ROGÉRIO SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA ALDOSTERONA (SRAA) Renina quebra o angiotensinogênio -> em angio 1 e uma proteína secundária. Angio 1 -> pela ECA (pulmões) tira-se 2 aa -> angiotensina 2 Todas as angiotensinas são vasocontritores SRRA (vasocontrai) é antagônico as Prostaglandinas (vasodilata - diurética). Aumento da retenção renal de sódio e água. As PG aumentam a excreção renal de sódio e água. Hiperatividade: ICC, disfunção do miocárdio, HAS... A PG é um mecanismo compensatório. O receptor AT1 está em artérias periféricas fazendo a vasoconstrição a partir da ligação da angio2. A aldosterona é um mineralocorticoide, produzido no córtex das suprarrenais. A produção de aldosterona é estimulada pela angio 2, via receptor AT1. No ducto coletor há proteínas de membrana, que fazem a troca de sódio por potássio, que é estimulado pela aldosterona, promove-se a reabsorção de sódio e consequentemente de água. Muito Na+ e Cl- no liquido extracelular, enquanto o K+ existe em maior concentração intracelular. Parte ascendente da alça de Henle (ramo espesso) -> bomba NKCC2 -> reabsorva Na+ e Cl- Bomba NKCC1 reabsorve Na+ e Cl- no túbulo distal. iECA e BRA -> vasodilatador arterial (diminui angio 2 e aldosterona, que promove um efeito diurético secundário, poupando potássio) -> tendem a dar hipercalemia. Todo AINE pode causar lesão renal (pré-renal) -> NIA Idoso + AINE = tem mais COX2 e o “bloqueio dela não faz bem” Aminoglicosídeos (ATB) quando em toxicidade mata a célula tubular (intrinseca) DIURÉTICOS De alça: (alça de Henle - inibe NKCC2) hidrossolúveis/pouco metabolizadas/excretadas de forma ativa -> furosemida -> ICC, IRA. Depletor de potássio. Tiazídicos: hidroclorotiazida (atua na bomba NKCC1), preferido no tratamento de HAS em segunda escolha.Depletor de potássio. Poupador de K+ -> antagonista do receptor da aldosterona (espironolactona). Poupador de potassio Bloqueador direto do enac– amilorida; poupador de potássio. A aldosterona age no receptor enac no ducto coletor. Osmótico: não mexe com eletrólito (manitol) – edema cerebral, glaucoma agudo; concentra o sangue.
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