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1 Martina Frazão – 3º Período MICROBIOTA NORMAL DO CORPO HUMANO INTRODUÇÃO Microbiota ou microbioma são microrganismos que se encontram em qualquer tecido e que não tem a capacidade de causar doença. HOSPEDEIRO E MICRORGANISMOS Relação de simbiose, nas seguintes formas: 1. Mutualismo: um oferece algo ao outro. Os microrganismos oferecem proteção contra patógenos (se o intestino estiver todo povoado, não terá espaço nem ambiente para se multiplicarem; além disso, ativam a imunidade, bactérias que tem seus PAMPs sinalizam ao sistema imune que tem antígeno; ajudam na produção de nutrientes, como acontece na vitamina B12, que se relaciona à produção de neurotransmissores – sem B12, bloqueia a via dopaminérgica). Protegem o hospedeiro resistindo à colonização por patógenos, produzem nutrientes e melhoram o sistema imune. 2. Comensalismo: nem causa benefício, nem malefício. Não interage positiva ou negativamente. Contudo, só em estar lá beneficia, porque não dá espaço aos patógenos. Associações neutras sem benefícios ou malefícios. 3. Oportunismo: estão em determinados sítios do corpo e, quando a imunidade baixa, o oportunista aproveita e prolifera. Comum em mulheres: candidíase ocorre em mulheres estressadas/pH vaginal mudar/comer muitos carboidratos. Causam doenças em imunocomprometidos. LOCAIS E PRODUTOS ISENTOS DE MICRÓBIOS Se tiver microrganismos nesses locais, já suspeita de processo inflamatório ou infeccioso. Até o nascimento, o feto humano vive em ambiente parcialmente protegido (placenta com permeabilidade protegida, mas não dá 100% de proteção) e, na maior parte do tempo, estéril. Na maior parte do tempo, o bebê estará estéril: mulher com sífilis, hepatite etc. pode contaminar a placenta e o feto. Após nascer, vai para um ambiente com muitos micróbios (hospital tem mais): respira ar contaminado (ar do centro cirúrgico é contaminado), contato com os pais, com visitas... Sai de um 2 Martina Frazão – 3º Período ambiente super protegido, com imunoglobulinas da mãe, para um exposto, sendo que seu sistema imune não está desenvolvido. Depois de certa idade, faz exposição máxima na criança, para estimular o sistema imune já desenvolvido (a partir de cinco anos): expor para dessensibilizar. OBS: A MATURIDADE IMUNE É A PARTIR DOS 5 ANOS. PROJETO MICROBIOMA HUMANO Projeto multi-cêntrico que pegou a microbiota de vários locais do corpo humano e estou quais microrganismos estavam em cada um desses sítios para identificar os mais comuns. Começou em 2007, ia terminar em 2014, mas continua progredindo, fazendo o sequenciamento gênico desses microrganismos, porque precisa saber do sequenciamento para identificar suas resistências. Ampliou o conhecimento sobre a diversidade microbiana humana e sobre a compreensão da função é dinâmica do microbioma. Cada indivíduo carrega um “equilíbrio pessoal” entre os bacteroidetes, com um grupo de Firmicutes filogeneticamente diversos e temporalmente variáveis. IMPORTÂNCIA DOS MICRÓBIOS Imunomoduladores: SI ciente de que tem Ag e já pronto. Produz substratos importantes: além da B12. O glutamato é produzido no intestino: o GABA (neurotransmissor inibitório) é produzido a partir dele. Serve, assim, para modulação cerebral: é o que se chama de eixo intestino- cérebro (intestino produzindo compostos que influenciam na atividade cerebral). Produção de citocinas anti-inflamatórias. Controlam a permeabilidade do intestino. ÓRGÃOS COM MAIS MICRORGANISMOS Pele, mucosas, intestino, vagina, boca (boa microbiota oral para não ter infecção, pois tem muito contato com o meio externo). MICROBIOTA NORMAL Estima-se que o corpo humano contenha cerca de 10 trilhões de células e seja portador de 100 trilhões de bactérias. O desequilíbrio da microbiota provoca doenças mais facilmente. Os micróbios que estão dentro ou sobre os tecidos biológicos sem produzir doenças. A microbiota normal pode ser classifica em: residente ou transitória: Residente, indígena ou autóctone: residem nos organismos de forma mais ou menos penetrante. Tem papel importante na manutenção de integridade do hospedeiro, quando em equilíbrio em um sitio especifico. Tem caráter anfibiôntico e pode virar patógena a depender da situação do hospedeiro. Transitória, transiente ou alóctone: são micróbios que estão presente por períodos variáveis, podendo desaparecer. São potencialmente patógenos ou não patogênicos, encontrados em superfícies externas e internas, durante algumas horas, dias ou mesmo semanas. Caso 3 Martina Frazão – 3º Período ocorra desequilíbrio na microbiota, os microrganismos transitórios podem proliferar-se e produzir doença. MICRORGANISMOS DA MICROBIOTA RESIDENTE HUMANA FATORES QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA NORMAL MICROBIOTA NORMAL DA PELE A pele é inóspita, mas os MOs se adaptaram. Existem 103 a 104 MOs por cm3 de pele. Sudorese não consegue mudar muito a microbiota. Microbiota resistente é bem definida e constante, não sendo eliminada por sudorese, lavagem ou banho. MOs residentes e transitórios: Bacilos e cocos gram positivo (estafilococos na pele) Bacilos gram negativos (Propioniobacterium acnes) Fungos (Malassezia furfur, Candida albicans) OBS.: SABONETES BACTERICIDAS MATAM A MICROBIOTA NORMAL, RESIDENTE. SÓ USAR QUANDO HOUVER UMA EXPOSIÇÃO ANORMAL. BACTÉRIAS TENDEM A PRODUZIR ÁCIDOS: ALTERA O PH DEPOIS DE USO DE SABONETE, VAI QUERER COMPENSAR. MICROBIOTA NORMAL DO TRATO GENITOURINÁRIO Na vagina: Lactobacilos (acidez) antes da puberdade e na menopausa o pH é alto, então não tem muitos lactobacilos – os lactobacilos protegem, deixam o pH baixo; Leveduras (cândida); E. Coli e Enterobacter sp. no intróito; Estreptococos (sepse e meningite neonatal – para o bebê, pode fazer mal); Mycobacterium smegmatis (pele da uretra feminina e homens não circuncisados – fica na glande masculina, com cheiro não agradável, apesar de ser microbiota normal). Na uretra: ambos os sexos contêm poucas bactérias. Bexiga e urina, em condições normais, são estéreis. Às vezes a forma de coletar interfere o resultado do exame. Nariz e faringe: neles existem muitos MOs. O nariz contém cocos gram positivos (s. aureus e estreptococos). Na faringe, cocos gram positivos, com destaque para a Neisseria meningitis. Vias aéreas: o TRI é quase sempre estéril, embora a traquéia possa ter bactérias. Nem sempre é assim: em casos de pneumonia, por exemplo, não é o caso. Quando tem infecção na laringe, ao deglutir e se engasgar pode passar. Cavidade oral: Na boca, existe grande variedade de MOs. 4 Martina Frazão – 3º Período A saliva contém mais ou menos 108 MOs/mL, sendo os mais comuns os cocos gram +, os bacilos gram – (Eikenella corrodens) e os fungos. A gengiva contém estreptococos. O pH humano favorece a microbiota, ao contrário do canino, por exemplo. Por isso, uma mordida humana pode progredir mais rapidamente a infecção. Outra lesão: monilíase oral (Candida albicans). Pode descer para a orofaringe (deglutição: coloniza todo o TGI, da boca ao ânus). MICROBIOTA NORMAL DO TRATO GASTROINTESTINAL Em tese, o TGI do RN é estéril. Se a mãe consumir probióticos durante a gestação, pode ser quealguns atravessem a barreira placentária e iniciem a colonização. Por isso é prescrito para gestantes: (1) modula a imunidade; (2) nutrição: produção de glutamato, B12, nutrientes relacionados; (3) iniciar colonização do feto. Formulações lácteas não tem probióticos (microrganismos): por isso, o leite materno possui lactobacilos e bifidobactérias da mãe. Compostos bioativos (hormônios, neuropeptídeos também) são presentes no leite materno. Deve ser exclusivo até o sexto mês. Assim, lactentes com aleitamento artificial ficam com microbiota mista, com poucas bífidas e lactobacilos. Esôfago praticamente não tem microrganismos. Estômago também praticamente não tem: H. pilori/elictobacter não é microbiota, é patógena. No intestino, tem colonização pelas enterobactérias da microbiota. Duodeno pra baixo tem colonização; o intestino grosso é mais colonizado do que o delgado. Intestino: 1011 a 1013 MOs por grama de fezes. A microbiota de uma pessoa pode ser boa para ela, mas ruim para outra pessoa. Alguns microrganismos podem existir transitoriamente, então as boas podem segurar as ruins. Pode ter Campylobacter (comum em frango), Cloastridium difficile (faz necrose no intestino – faz pseudo-membrana, pode precisar de ressecção intestinal), Enterococcus faecaus (vem de coisas que coloca na boca). MICROBIOTA NORMAL DA E.COLI NO TGI Em homeostase, o intestino possui muco e as E. coli estão na superfície do muco. Assim, há proteção para a própria mucina. O tempo todo está sinalizando (LipoPoliSacarídeo – Ag). Serve de barreira mecânica e barreira química (produz substâncias ácidas que expulsam outros MOs. Em inflamação, diminui a quantidade de mucinas, a E. coli começa a se aproximar dos enterócitos, podendo se fixar nelas ou atravessá-las. Nesse caso, há doença instalada. Translocação bacteriana: sai do local original e transloca ao local em que não deveria estar. O macrófago pode pegar algumas, em outros casos pode sangrar: sangue é meio de cultura, então ela vai proliferar. Se der lactobacilos e bifidobactérias, pode melhorar, então vai repovoar, recompor a mucina. COMO MANTER A MICROBIOTA NORMAL DO TGI? 5 Martina Frazão – 3º Período Alimentação boa, ingestão hídrica, fibra (nutrição para bactérias), prebióticos e probióticos. O QUE INTERFERE NO EQUILÍBRIO DA MICROBIOTA Álcool, idade, sedentarismo, alimentação, antibióticos e outros medicamentos, exposição a germes, fumo, infecção de repetição, estresse e fadiga, poluição. Disbiose = desequilíbrio. Exposição a fatores de risco > probióticos, prebióticos e simbióticos, levando ao aumento das bactérias patogênicas sobre as bactérias benéficas. Simbiose = equilíbrio. Prebióticos, probióticos e simbióticos ≥ exposição a fatores de risco, levando a uma equivalência ou uma maior quantidade de bactérias benéficas sobre as patogênicas. Controlar agentes agressores (do ambiente, alimentos, antibióticos e contaminantes), controlar permeabilidade das paredes e flora intestinal para evitar a disbiose, que se associa ao adoecimento. MICROBIOTA NORMAL X DOENÇAS
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