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LEP- conceito

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DIREITO PROCESSUAL PENAL VI
LEI DE EXECUÇÃO PENAL
CONCEITO DE EXECUÇÃO PENAL
Pode-se entender por execução penal, como a fase do processo penal em que o Estado faz valer a sua pretensão punitiva a qual, após a decisão condenatória irrecorrível, transforma-se em uma pretensão executória.
Como vimos em aulas anteriores, essa pretensão se insere não apenas às penas, mas também às medidas de segurança (aos inimputáveis ou semi imputáveis).
OBJETO
Veremos que o objeto da execução penal, é a existência de uma sentença penal condenatória transitada em julgado que impõe pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, ou multa; bem como uma sentença absolutória imprópria, isto é, aquela que impõe ao réu uma medida de segurança.
OBS: Não se pode olvidar, ainda, que está inserido no objeto da execução penal, a EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE, em situações excepcionais, bem como o fato de que o STF, atualmente, vem admitindo a execução imediata de pena após a condenação em segunda instância.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES COM RELAÇÃO AO CUMPRIMENTO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDO GRAU
Desde 2016, o plenário do STF decidiu que as penas decorrentes de decisões condenatórias, confirmadas ou aplicadas em 2° grau de jurisdição, podem ser imediatamente aplicadas, mesmo que exista recurso pendente nos Tribunais Superiores.
Com efeito, não há aqui que se confundir com execução provisória de pena.
Como sabemos a execução provisória nada mais é do que a aplicação do regime de cumprimento de pena às prisões cautelares de forma a considerar os benefícios da progressão de regime no momento em que a decisão condenatória transitar em julgado. Nesses casos há uma compensação entre o período que já foi cumprido provisoriamente de pena e a pena efetivamente imposta. Na prisão provisória, não há imposição de pena ainda.
No caso do cumprimento de pena após condenação em segundo grau, a questão é outra. Não é uma prisão provisória. Assim, quem está solto será levado à prisão para cumprimento efetivo da pena antes do transito em julgado da decisão. Já há condenação e início do cumprimento da pena imposta. É possível até mesmo o cumprimento das penas restritivas de direito.
Esse ainda é o entendimento predominante do STF que deverá ser objeto de nova apreciação ainda esse ano.
Existe séria divergência doutrinária com relação ao entendimento acima. Guilherme Nucci, por exemplo, entende que há aí clara violação ao princípio do estado de inocência previsto no art. 5°, LVII/CF. Para ele, se ainda houver recurso pendente de análise, não há imutabilidade da decisão e, não havendo transito em julgado, não se poderia iniciar o cumprimento definitivo de pena.
O argumento que vem embasando o entendimento atual do STF é o de que o cumprimento da pena após a condenação em 2° grau é uma forma de combater a impunidade e que, o mérito das causas tem sua análise encerrada em 2° instância, ficando os tribunais superiores apenas com a competência sobre questões processuais e constitucionais.
CLASSIFICAÇÃO DO CONDENADO
A LEP, determina que os condenados sejam CLASSIFICADOS de acordo com seus antecedentes e sua personalidade.
Essa classificação é feita a fim de se orientar a individualização da pena e de separar os presos determinando o melhor lugar para o cumprimento de suas penas, evitando, na medida do possível contatos negativos entre reincidentes e primários, pessoas com elevadas penas com as de penas mais brandas, etc.
OBS: lembramos que a individualização da pena é determinação constitucional (art. 5°, XLVI/CF)
ANTECEDENTES E PERSONALIDADE
Como visto, dois são os elementos fundamentais para a classificação: a personalidade do agente e seus antecedentes.
Com relação aos antecedentes, é feita uma análise formal na folha de antecedentes. É o passado criminal do condenado.
Já com relação à personalidade, a análise é mais complexa e engloba a conformação física, o temperamento, o caráter. É o conjunto de fatores de caráter exclusivo do condenado, parte herdada, parte adquirida.
EXAME DE CLASSIFICAÇÃO E EXAME CRIMINOLÓGICO
O exame de classificação é mais amplo que o criminológico, envolvendo aspectos relativos à personalidade do condenado e seus antecedentes; o exame criminológico é mais específico e se detém à uma análise psiquiátrica do exame de classificação, levando em consideração a maturidade do condenado, disciplina, capacidade de suportar frustrações e o grau de agressividade a fim de conferir um prognóstico da periculosidade do condenado.
Na prática, o exame é realizado pelos mesmos profissionais sem muita diferença.
DIREITOS DOS CONDENADOS
Não se pode olvidar que, muito embora condenado ao cumprimento de uma pena, o preso não pode ser transformado em objeto, mantendo sua condição de sujeito de direitos e conservando todos os direitos fundamentais não atingidos pela sentença ou pela lei.
Nesse passo, vale lembrar o que dispõe o art. 5°, XLIX/CF: “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”
No mesmo sentido, dispõe o art. 38/CP: “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral”
OBS: como se nota, é evidente que são assegurados direitos não atingidos pela sentença ou pela lei como, p. ex: a própria liberdade, a restrição de certos direitos e a imposição de obrigações.
Com relação aos direitos políticos, estes serão suspensos após o transito em julgado de sentença condenatória, igualmente por força de disposição constitucional (art. 15, III/CF)
“é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”.
Assim, durante o cumprimento da pena, seja qual for a sua natureza, não pode o condenado votar e ser votado.
OBS: e os presos provisórios? Estes mantém os direitos de votar e serem votados.
DIREITOS À ASSISTÊNCIA DO ESTADO
Como já visto, o condenado não perde seus direitos fundamentais. Porém, encontra-se em situação de maior necessidade de amparo do Estado para lhe assistir, quer no momento em que cumpre sua pena, quer na condição de egresso, após seu cumprimento.
Quem deixa o cárcere, especialmente após muitos anos preso vai sim necessitar de amparo do Estado para retornar à sua vida em sociedade. 
Além disso, também como vimos, uma das funções da pena é justamente a de ressocialização do preso o que justifica uma série de cuidados previstos na LEP.
Assim, o art. 10 da LEP determina que o preso e o internado tem direito à assistência: material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.
 MATREIAL (art. 12 e 13 LEP)
 SAÚDE (art. 14 LEP)
 ASSISTÊNCIAS JURÍDICA (art. 15 e 16 LEP)
 AO EDUCACIONAL (art. 17 a 21 LEP)
 PRESO SOCIAL (art. 22 e 23 LEP)
 RELIGIOSA (art. 24 LEP)
ASSISTÊNCIA MATERIAL
De acordo com o art. 12 da LEP, a assistência material consistirá em fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
 ALIMENTAÇÃO
ASSISTÊNCIA MATERIAL VESTUÁRIO 
 INSTALAÇÕES HIGIÊNICAS
Não obstante seja este um dever do Estado o mesmo não vem desempenhando a contento com suas obrigações. Desativando suas cozinhas e terceirizando serviços sob o pretexto de ‘economizar dinheiro público’.
Na opinião de Guilherme Nucci, com a qual concordo, nada impede que o Estado alie tais assistências ao instituto da remição utilizando-se dos próprios detentos no trabalho de manutenção do presídio, quer ativando-se nas cozinhas, quer realizando a limpeza do local. Isso não significa que sejam obrigados a trabalhar para se alimentar, mas que sejam
estimulados a tanto através da remição pelo trabalho que, como sabemos é uma obrigação imposta ao condenado.
Não se pode esquecer também que o fornecimento de tais assistências pelo Estado é uma forma de cumprir com um dos fundamentos da Constituição que é o da dignidade da pessoa humana. Assim, é dever do Estado fornecer condições mínimas de dignidade ao cumprimento da pena.
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Também é assegurada a assistência à saúde, a qual compreende o atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
 médica
ASSISTÊNCIA À SAÚDE farmacêutica
 odontológica
As mesmas considerações quanto ao dever do Estado no item anterior valem para aqui apenas lembrando que tais cuidados obviamente colaboram para a prevenção e cura de doenças no cárcere.
A direção do estabelecimento pode ainda determinar que tal assistência se dê em outro local se não houver aparelhamento adequado como é o caso de cirurgias e demais procedimentos que exijam mais especificidades não comportadas no complexo prisional.
OBS: dentro da assistência à saúde, se encontra ainda o direito das presidiárias de acompanhamento médico pré-natal e pós parto, extensivo ao recém nascido.
O art. 89 da LEP garante ainda assistência aos filhos da presidiária em creches até os 7 anos de idade, mantendo contato com a mesma com eles. 
ASSISTÊNCIA JURÍDICA
Entontra-se prevista nos arts. 15 e 16 da LEP e é destinada aos presos sem condições de constituir um advogado.
É assegurada assistência jurídica integral e gratuita através da DEFENSORIA PÚBLICA, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL
Por ser a educação um direito constitucional de todos e dever do Estado (art. 205/CF), a proposta ressocializante da execução penal passa pela assistência educacional a qual abrange a instrução escolar, a formação profissional do preso e do internado.
Com relação à instrução escolar, duas são as etapas de ensino.
O ensino fundamental: será obrigatório (era o antigo 1° grau) de forma integrada com o sistema escolar da unidade federativa (art. 18 LEP).
Ensino médio e supletivo (art. 18-A LEP): foi inserido pela lei 13163/2015 como uma determinação a ser implantada nos presídios
Formação Profissional: será feito em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico (art. 19).
As atividades educacionais e profissionalizantes serão feitas através de convênios com entidades públicas ou privadas.
OBS: é realmente digno de nota a prodigalidade legislativa a respeito da assistência educacional do preso. CONTUDO, na prática o que se vê é a completa inércia do Poder Executivo a respeito de sua obrigação de propiciar tais condições, aliada ao olhar obtuso tanto do Ministério Público como da Magistratura que nada fazem a respeito do descumprimento injustificado de tais obrigações.
O que se nota é que a intenção do legislativo foi a de propiciar o ensino fundamental e profissionalizante DENTRO dos estabelecimentos prisionais como forma de ressocializar o preso.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Está prevista nos arts. 22 e 23 da LEP e possui a finalidade de amparar e preparar o preso para o retorno à liberdade.
Os profissionais de assistência social são justamente aqueles que fornecem o liame entre o preso e sua vida fora do cárcere, abrangendo sua família, o trabalho, atividades comunitárias, etc.
As atribuições do serviço de assistência social se encontram elencadas no art. 23 da LEP.
ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
Como sabemos, nossa constituição admite a liberdade de crença e de culto (art. 5°, VI/CF). Assim, como não poderia deixar de ser, é assegurado ao preso a assistência religiosa e a liberdade de culto, permitindo-lhes participação nos serviços organizados dentro do estabelecimento prisional, bem como a posse de livros da instrução religiosa que quiserem.
A lei garante, inclusive local apropriado para o culto religioso do condenado.
Ainda, nenhum preso será OBRIGADO a participar de qualquer atividade religiosa.
Previsão: art. 24 da LEP.
DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO
EGRESSO: em sentido amplo, significa a pessoa que se afasta de uma comunidade qualquer após um período de ligação mais ou menos duradouro.
Dessa forma, há que se considerar que o preso viveu em uma comunidade, no estabelecimento penitenciário – regimes fechado e semi aberto, motivo pelo qual é o liberado definitivo pelo prazo de 1 ano.
Também encontra-se na condição de egresso o indivíduo em liberdade condicional.
Durante esse período, lhe é permitido solicitar orientação e amparo para sua reinserção social.
De acordo com a redação legal, se necessário, o Estado deve providenciar alimentação e alojamento ao egresso por, no mínimo, 2 meses.
A assistência ao preso é fundamental à sua ressocialização. Contudo, lamentavelmente, a maior parte das cidades brasileiras, onde há presídios, esse serviço simplesmente inexiste.
A conseqüência é o abandono total ao egresso que, muitas vezes, após anos de cárcere nem tem para onde ir. Se tiver família que o ampare, pode dispensar alimentação e alojamento, necessitando somente de empenho para uma ocupação lícita.
Previsão legal da assistência ao egresso: Art. 25 LEP
“Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego.
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de prova”

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