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LIVRO DE QUIMICA MEDICINAL 4 1 Agentes sanguíneos e hematopoiéticos

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FUNDAMENTOS DE 
QUÍMICA 
MEDICINAL
Carlos Gustavo 
Lopes da Silva 
Agentes sanguíneos 
e hematopoiéticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o mecanismo de ação dos diferentes agentes sanguíneos 
e hematopoiéticos, bem como reações adversas e indicações clínicas.
 � Compreender a relação entre estrutura química e atividade farmaco-
lógica dos diferentes agentes sanguíneos e hematopoiéticos.
 � Analisar as principais interações e incompatibilidades medicamentosas 
de forma química e farmacológica.
Introdução
As células sanguíneas maduras têm tempo limitado de sobrevida, por 
isso é necessária a sua contínua reposição por um processo denomi-
nado hematopoiese. Essa produção de células novas precisa atender as 
necessidades basais, bem como as situações de aumento de demanda 
(HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
A produção de eritrócitos pode aumentar, em média, 86 vezes em 
resposta à anemia ou à hipoxemia, enquanto que a produção de leu-
cócitos pode aumentar de 10 a 20 vezes em resposta às infecções sis-
têmicas e à produção de plaquetas quando o seu consumo resultar em 
trombocitopenia.
A regulação da produção de células do sangue é bastante complexa, 
pois envolve as células-tronco hematopoiéticas. Elas são células medulares 
ósseas raras que têm capacidade de autorrenovação e compromisso 
quanto à descendência de sua linhagem e geram células destinadas 
a se diferenciarem em nove linhagens de células sanguíneas distintas.
Os locais onde ocorre esse processo de diferenciação são, em grande 
parte, nas cavidades medulares do crânio, dos corpos vertebrais, da pelve 
e da parte proximal dos ossos longos.
A produção dessas células envolve diversas interações entre as células-
-tronco e progenitoras hematopoiéticas e as células e macromoléculas 
complexas do estroma da medula óssea e sofre influência de diversos 
fatores de crescimento hematopoiéticos solúveis e ligados à membrana 
(HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Vários desses hormônios e citocinas foram identificados e clonados, o 
que gerou a produção de quantidades suficientes para uso terapêutico. As 
aplicações na clínica envolvem o tratamento de doenças hematológicas 
primárias, o uso como adjuvantes no tratamento de infecções graves e 
nos cuidados de pacientes submetidos à quimioterapia do câncer ou do 
transplante de medula óssea.
O processo de hematopoiese também necessita de um suprimento 
equilibrado de minerais (ferro, cobalto, cobre) e de vitaminas (ácido fólico, 
vitamina B12, piridoxina, ácido ascórbico e riboflavina), pois a deficiência 
desses minerais e vitaminas resultam em anemias características ou, em 
alguns casos, em comprometimento e falência geral do processo de 
hematopoiese.
Para que se realize a correção de uma deficiência específica, é neces-
sário ter um diagnóstico preciso do estado anêmico, o conhecimento 
da dose certa, do uso de inúmeras combinações medicamentosas e da 
resposta esperada (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Sendo assim, podemos dividir os agentes sanguíneos em algumas 
classes: os que atuam na eritropoiese, os que atuam nos fatores de cres-
cimento mieloide e nos trombopoiéticos, além dos fármacos que atuam 
no tratamento da anemia e dos processos de coagulação.
Neste capítulo, você irá estudar o mecanismo de ação, as reações 
adversas, as indicações clínicas e a relação entre a estrutura química e 
a atividade farmacológica dos agentes sanguíneos e hematopoiéticos, 
que atuam no controle, na prevenção e na cura de doenças que afetam 
o sistema sanguíneo. Também vai analisar as principais interações e in-
compatibilidades medicamentosas de forma química e farmacológica.
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos2
Mecanismo de ação, reações adversas e 
indicações clínicas
Agentes estimulantes da eritropoiese
A substância farmacológica que estimula a produção de células vermelhas no 
sangue é denominada agente estimulante da eritropoiese. A eritropoietina 
é o regulador mais importante da proliferação de progenitores de eritroides. 
Quando está ausente, ocorre anemia grave, observada em pacientes com 
insuficiência renal, pois a eritropoiese é controlada por um sistema de retro-
alimentação. Nos rins, existem sensores que têm a capacidade de detectar 
alterações no suprimento de oxigênio modulando a excreção de eritropoietina 
(HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Na presença de anemia ou de hipoxemia, a síntese aumenta rapidamente, 
em cem vezes ou mais, eleva os níveis séricos de eritropoietina, ao mesmo 
tempo em que a sobrevida, a proliferação e a maturação das células progenitoras 
medulares são estimuladas. 
Segundo Hilal-Dandan e Brunton (2015), na presença de infecção ou de 
estado inflamatório, a excreção de eritropoietina, o aporte de ferro e a proli-
feração de progenitores são suprimidos pelas citocinas inflamatórias.
A eritropoietina humana recombinante (alfapoietina) é quase idêntica ao 
hormônio endógeno, no entanto, em ensaios modernos, as diferenças podem 
ser detectadas, pois são muito úteis na identificação de atletas que fazem 
uso do produto recombinante para dopping sanguíneo (HILAL-DANDAN; 
BRUNTON, 2015).
A terapia com eritropoietina recombinante, em associação com um aporte 
adequado de ferro, pode ser muito eficaz no tratamento de diversas anemias, 
principalmente aquelas associadas à resposta eritropoiética precária, bem como 
no tratamento de anemias associadas à cirurgia, à Aids, à quimioterapia do 
câncer, à prematuridade e a distúrbios inflamatórios crônicos.
O efeito colateral mais comum na terapia com alfapoietina consiste no 
agravamento da hipertensão, que ocorre entre 20 e 30% dos pacientes e está 
mais frequentemente associado a uma rápida elevação do hematócrito. Ainda 
durante a hemodiálise, os pacientes que recebem alfapoietina podem necessitar 
de anticoagulação aumentada.
3Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
Fatores de crescimento mieloides
Os fatores de crescimento mieloides são glicoproteínas que estimulam a 
proliferação e a diferenciação de uma ou mais linhagens celulares mieloides. 
Esses fatores são produzidos de forma natural por várias células diferentes, 
incluindo fibroblastos, células endoteliais, macrófagos e células T. Entre as 
formas recombinantes produzidas por vários fatores de crescimento, há o 
fator de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF).
A atividade do GM-CSF (sargramostim — fármaco para estimulação 
mieloide) restringe-se aos neutrófilos e a seus progenitores, estimulando a 
proliferação, a diferenciação e a função, além disso intensifica as atividades 
fagocíticas e citotóxicas dos neutrófilos. Outra função do G-CSF é mobilizar as 
células hematopoiéticas primitivas, incluindo células-tronco hematopoiéticas, 
da medula óssea para o sangue periférico (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 
2015). O sargramostim pode causar como efeito adverso dor óssea, mal-estar, 
febre, diarreia e exantema. Após um longo tempo de uso do fármaco, há outros 
efeitos mais graves: 
 � edema periférico;
 � derrames pleurais;
 � dispneia;
 � elevação dos níveis séricos de creatinina, de bilirrubina e de enzimas 
hepáticas.
Há também o filgrastim, fator de estimulação de colônias de granulócitos 
(G-CSF) humano recombinante, que tem por objetivo aumentar a produção de 
neutrófilos e é eficaz no tratamento de neutropenia grave após transplante de 
células-tronco hematopoiéticas autólogas e de quimioterapia em altas doses.
Fatores de crescimento trombopoiéticos
A interleucina-11 (IL-11) é uma citocina que estimula a hematopoiese, o 
crescimento das células epiteliais intestinais e a osteoclastogênese, bem como 
inibe a adipogênese. Também intensifica a maturação dos megacariócitos 
in vitro. A IL-11 humana recombinante, a oprelvecina, resulta em resposta 
trombopoiética em 5 a 9 dias quando administrada diariamente a pessoas 
saudáveis (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos4
Os dois fármacos utilizados e que imitam a trombopoietinarecombinante 
na sua forma molecular são o romiplostim e o eltrombopag.
Com relação aos fatores de crescimento trombopoiéticos, há a oprelvecina 
que pode provocar retenção hídrica e sintomas cardíacos como taquicardia, 
palpitação, edema e dispneia.
Fármacos para anemias
A deficiência de ferro constitui a causa nutricional mais comum de anemia nos humanos 
e pode ser causada pelo aporte inadequado de ferro, pela má absorção, pela perda de 
sangue ou pelo aumento das necessidades, como, por exemplo, durante a gravidez. 
Se a deficiência for grave, resulta em anemia microcítica hipocrômica e pode afetar 
o metabolismo no músculo. 
Outras adversidades associadas à deficiência de ferro são problemas de 
comportamento e de aprendizagem em crianças, anormalidades no metabo-
lismo de catecolaminas e comprometimento da produção de calor (HILAL-
-DANDAN; BRUNTON, 2015).
A resposta da anemia ferropriva à ferroterapia é influenciada por diversos 
fatores que incluem:
 � gravidade da anemia;
 � capacidade do paciente de tolerar e de absorver ferro medicinal;
 � presença de outras doenças complicantes.
O sulfato ferroso administrado por via oral constitui o tratamento de es-
colha para a deficiência de ferro, e a dose recomendada é de 150 mg diários, 
divididos em duas ou três doses. O ácido ascórbico aumenta a absorção do 
ferro medicinal e, quando a terapia com ferro oral não tem sucesso, se opta 
pela administração parenteral. Veja no Quadro 1 uma lista das formulações 
de ferro.
5Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
Fonte: Adaptado de Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 424).
Formulação 
com ferro
Ferro 
elementar (%)
Observações
Gliconato 
ferroso
12 � Menos ferro elementar, mas 
tolerabilidade similar a do sulfato 
ferroso
Citrato amônio 
férrico
18 � Menos biodisponível do que os sais 
ferrosos
 � Precisa ser reduzido à forma ferrosa 
no intestino
Sulfato ferroso 20 � Suplemente de ferro por via oral mais 
comum
 � Baixo custo com boa eficácia e 
tolerância
Sulfato ferroso 
anidro
30 � Formulação de liberação prolongada 
de sulfato ferroso (uma dosagem 
diária)
 � Custo mais elevado do que o sulfato 
ferroso
Fumarato 
ferroso
33 � Eficácia e tolerabilidade similar ao 
sulfato ferroso
 � Praticamente insípido comparado 
com outros sais de ferro
Ferro carbonila 100 � Micropartículas de ferro purificadas
 � Dissolve no estômago formando sal 
de HCl para ser absorvido
 � Menos tóxico do que os sais de 
ferro devido a menor velocidade de 
absorção (liberação de ferro contínua 
por 1 a 2 dias)
Complexo 
ferro- 
-polissacarídeo
100 � Inodoro e insípido
 � Biodisponibilidade similar a do sulfato 
ferroso
Quadro 1. Características das diversas formulações de ferro
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos6
Os sais ferrosos administrados em grandes quantidades são tóxicos, prin-
cipalmente em crianças. Produzem dor abdominal, diarreia e vômitos do 
conteúdo gástrico marrom ou sanguinolento; os sintomas mais graves são 
cianose, sonolência, hiperventilação por causa da acidose e colapso cardio-
vascular. Em caso de intoxicação, se utiliza a deferiprona, que é um quelante 
de ferro oral aprovado para tratar superdose de ferro causada por transfusões 
de sangue em pacientes com talassemia.
A vitamina B12 (cianocobalamina) e o ácido fólico (folato) são componentes 
indispensáveis na dieta. A deficiência de uma dessas vitaminas compromete 
a síntese de DNA em qualquer célula na qual ocorram replicação e divisão de 
cromossomos, por isso, o sistema hematopoiético é particularmente sensível 
à deficiência dessas vitaminas. Vejamos na Figura 1 a estrutura química da 
vitamina B12 e seus fármacos análogos.
Figura 1. Estrutura química e fármacos análogos da vitamina B12.
Fonte: Hilal-Dandan e Brunton (2015, p. 1008).
Fármacos para sistema de coagulação
Após uma lesão vascular, são ativados a aglutinação das plaquetas (trombócitos) 
e o sistema de coagulação para, com plaquetas e moléculas de fibrina, formar 
um “tampão” que fecha a lesão e interrompe o sangramento (homeostasia). 
7Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
A formação desnecessária de coágulo intravascular, uma trombose, pode 
colocar a vida em risco. Se o coágulo se forma em uma artéria coronária, 
pode levar ao infarto do miocárdio; se um coágulo se forma na veia profunda 
das pernas e se desprende, pode ir ao pulmão e causar embolia pulmonar e, 
ainda, se alcançar o cérebro pode causar um acidente vascular encefálico 
(AVE) (LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017).
Para a profilaxia das tromboses, são utilizados fármacos que diminuem a 
coagulabilidade do sangue, bem como inibidores de aglutinação das plaquetas. 
Entre os fármacos inibidores da coagulação estão: 
 � ácido acetilsalicílico;
 � clopidogrel (inibidor da aglutinação de plaquetas);
 � rivaroxabana, dabigatrana, lepirudina e bivalirudina (inibidores diretos 
da cascata de coagulação);
 � varfarina (hidroxicumarina — anticoagulante oral);
 � heparina e seus derivados (uso parenteral).
Com relação à varfarina, a principal reação adversa é o sangramento, que 
aumenta com a intensidade e com a duração da terapia anticoagulante, bem 
como se for combinada a outras medicações que interferem na hemostasia 
ou, ainda, na presença de uma fonte anatômica potencial de sangramento 
(HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). A incidência relatada de episódios 
hemorrágicos geralmente é inferior a 3% por ano em pacientes tratados com 
índice de normatização internacional (INR)-alvo de 2 a 3. O risco de hemor-
ragia intracraniana aumenta de forma acentuada com um INR superior a 4.
A varfarina, quando administrada durante a gravidez, provoca defeitos 
congênitos e aborto, por isso os antagonistas da vitamina K precisam ser 
evitados nessa condição clínica, e deve-se optar pelo uso da heparina, da 
heparina de baixo peso molecular (HBPM) ou do fondaparinux com segurança 
nesse caso (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Com relação aos anticoagulantes de uso parenteral como a heparina e seus 
derivados, eles devem ser imediatamente interrompidos se for constatada 
a ocorrência de trombocitopenia sem explicação ou de qualquer uma das 
manifestações clínicas irregulares, em cinco dias ou mais após o início da 
heparinoterapia, independentemente da dose. Ainda podem ocorrer anorma-
lidades nas provas de função hepática.
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos8
Relação entre estrutura química e atividade 
farmacológica 
Agentes estimulantes da eritropoiese
As preparações disponíveis de eritropoietina humana recombinante (alfapoie-
tina) são fornecidas em frascos de dose única com 2.000 a 40.000 unidades/mL 
para administração intravenosa ou subcutânea. Quando injetada por via in-
travenosa, a alfapoietina é depurada do plasma com meia-vida de 4 a 8 horas 
e o efeito nos progenitores medulares tem maior duração. Uma dose seminal 
pode ser suficiente na busca por uma resposta adequada (HILAL-DANDAN; 
BRUNTON, 2015).
Ainda existe a alfadarbepoietina, que também é uma proteína de estimula-
ção da eritropoiese. É uma forma geneticamente modificada da eritropoietina, 
com mutação de quatro aminoácidos e adição de outras cadeias laterais de 
carboidrato durante sua síntese, o que aumenta a sobrevida do fármaco na 
circulação por 24 a 26 horas.
Fatores de crescimento mieloides
O GM-CSF recombinante humano (sargramostim) é uma glicoproteína de 
127 aminoácidos que tem como efeito terapêutico estimular a mielopoiese. A 
aplicação clínica inicial do sargramostim foi feita em pacientes submetidos 
a transplante de medula óssea autóloga. Também foi utilizado para encurtar 
o período de neutropenia e reduzir a morbidade em pacientes submetidos à 
quimioterapia intensiva para câncer.
O sargramostim estimula a mielopoiese em alguns pacientes com neutro-
penia cíclica, com mielodisplasia, com anemia aplástica ou com neurotrope-
nia associada à Aids. Sua administração é feita por injeção subcutânea ou 
por infusão intravenosa lenta, em doses de 125 a 500 µg/m2/dia. Os níveis 
plasmáticos de GM-CSF aumentamrapidamente após injeção subcutânea e 
declinam com meia-vida de 2 a 3 horas. Quando for administrado por via in-
travenosa, as infusões devem ser mantidas em 3 a 6 horas (HILAL-DANDAN; 
BRUNTON, 2015).
O filgrastim é utilizado rotineiramente em pacientes submetidos à coleta de 
células-tronco do sangue periférico (CTSP) para transplante de células-tronco. 
Sua administração é feita por injeção subcutânea ou por infusão intravenosa 
durante, pelo menos, 30 minutos, em doses de 1 a 20 µg/kg/dia
9Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
Fatores de crescimento trombopoiéticos
O fármaco é administrado na dose de 25 a 50 µg/kg/dia por via subcutânea, 
com meia-vida de 7 horas. A oprelvecina é utilizada em pacientes submetidos 
à quimioterapia para neoplasias malignas não mieloides que apresentaram 
trombocitopenia grave.
A trombopoietina é uma glicoproteína produzida pelo fígado, pelas células 
do estroma medular e por muitos outros órgãos. É o principal regulador da 
produção plaquetária. 
Existem duas formas de trombopoietina recombinante para uso clínico:
 � Fator de crescimento de desenvolvimento dos magacariócitos humanos recom-
binantes (rHuMGDF) modificado de forma covalente com polietilenoglicol para 
aumentar a meia-vida na circulação.
 � Trombopoietina humana recombinante (rHuTPO).
Fármacos para anemias
Anemias nutricionais são causadas por deficiências de substâncias como ferro, 
ácido fólico e vitamina B12, que são necessárias para eritropoiese normal; no 
entanto, indíviduos com anemias de base genética, como a anemia falciforme, 
são beneficiados com tratamento farmacológico com hidroxiureia, além da 
suplementação nutricional. 
A anemia pode ser corrigida, ao menos por um tempo, pela transfusão sanguínea 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). A suplementação com ferro elementar corrige 
a deficiência. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda uma 
ingestão de 150 mg/dia de ferro elementar oral, dividido em duas ou três doses diárias 
para pacientes anêmicos por deficiência de ferro.
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos10
O resultado primário da deficiência de ácido fólico é a anemia megalo-
blástica (eritrócitos de grande tamanho), que é causada pela diminuição da 
síntese de purinas e de pirimidinas. Esse fenômeno leva à incapacidade do 
tecido eritropoiético de produzir DNA e de proliferar. 
As deficiências de vitamina B12 podem resultar em baixa oferta na dieta 
ou má absorção da vitamina em razão da insuficiência das células parietais 
gástricas em produzir fator intrínseco (como na anemia perniciosa) ou a perda 
da atividade do receptor necessário para a captação intestinal da vitamina. 
A administração dessa vitamina pode ser feita por via oral, intramuscular ou 
subcutânea profunda, em casos de anemia perniciosa.
Entre os fármacos utilizados para o tratamento de anemia falciforme estão:
 � Hidroxiureia — diminui a frequência e a gravidade das crises dolorosas de 
anemia falciforme durante o curso da doença e também é usada para o trata-
mento da leucemia mieloide crônica e da policitemia vera.e a pentoxifilina.
 � Pentoxifilina — aumenta deformabilidade dos eritrócitos e diminui a 
viscosidade do sangue; está disponível em comprimidos de liberação 
prolongada e é tomada 3 vezes ao dia com alimentos.
Veja na Figura 2 a estrutura química do ácido fólico e dos fármacos análogos.
Figura 2. Estrutura química do ácido fólico e fármacos análogos. 
Fonte: Hilal-Dandan e Brunton (2015, p. 1093).
11Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
Fármacos para sistema de coagulação
Os anticoagulantes orais são antagonistas da vitamina K. Os fatores de co-
agulação II, VII, IX e X, bem como as proteínas anticoagulantes C e S são 
sintetizados, em grande parte, no fígado e são biologicamente inativos, a não 
ser que 9-13 dos resíduos de glutamato aminoterminais sejam carboxilados, 
levando ao surgimento dos resíduos de gama-carboxiglutâmico (Gla) de ligação 
de Ca2+ (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Essa reação da proteína precursora descarboxi exige a presença de CO2, 
O2 e vitamina K reduzida, e é catalisada pela y-glutamil carboxilase. A car-
boxilação está diretamente acoplada à oxidação da vitamina K a seu epóxido 
correspondente. A vitamina K reduzida deve ser regenerada a partir do epóxido 
para carboxilação e síntese de proteínas biologicamente competentes. A enzima 
que cataliza esse processo, a vitamina K epóxido redutase (VKOR), é inibida 
por doses terapêuticas de varfarina.
Na Figura 3, estão apresentados o ciclo da vitamina K e o mecanismo de 
ação da varfarina.
Figura 3. Ciclo da vitamina K e mecanismo de ação da varfarina.
Fonte: Hilal-Dandan e Brunton (2015, p. 861).
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos12
Entre os anticoagulantes de uso há a heparina e seus derivados (HBPMs e 
fondaparinux) que não têm atividade intrínseca, pois ligam-se à antitrombina e 
aceleram a taxa na qual ela inibe várias proteases da coagulação. A antitrobina 
é sintetizada no fígado e circula no plasma em uma concentração próxima de 
2,6 µM (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
A heparina, as HBPMs e o fondaparinux agem como catalisadores, pois após 
se unirem à antitrombina e promoverem a formação de complexos covalentes 
entre antitrombina e proteases-alvo, eles se dissociam do complexo e então 
catalisam outras moléculas antitrombinas.
A heparina em altas doses pode interferir na agregação plaquetária, prolo-
gando o tempo de sangramento. Esse fármaco e seus derivados são indicados 
no tratamento inicial da trombose venosa e da embolia pulmonar, em razão 
de seu rápido início de ação.
Veja na Figura 4 a estrutura química da heparina e sua ligação com a 
antitrombina.
Ainda existem os agentes fibrinolíticos representados pelo plasminogê-
nio, a2-antiplasmina e ativador do plasminogênio tecidual. O objetivo dessa 
classe de fármacos é aumentar a fibrinólise e, com isso, aumentar o tempo 
de coagulação do sangue.
Os inibidores da fibrinólise são representados pelo ácido aminicaproico e 
pelo ácido tranexâmico, revertendo estados de fibrinólise excessiva; porém, 
têm como principal problema que os trombos formados durante o tratamento 
com o fármaco não sofrem lise. Existem também os fármacos antiplaquetários 
representados pelo ácido acetilsalicílico, pelo dipiridamol, pela ticlodipina, 
pelos clopidogrel e pelo prasugrel. 
Interações e incompatibilidades 
medicamentosas
O Quadro 2 apresenta um resumo dos fármacos utilizados no tratamento da 
anemia e suas interações e incompatibilidades medicamentosas, bem como 
as variáveis de monitoramento em cada situação.
Com relação aos fármacos para o sistema de coagulação, qualquer subs-
tância ou condição é potencialmente perigosa quando altera a captação ou 
o metabolismo do anticoagulante oral ou da vitamina K, bem como quando 
interfere na síntese, na função ou na depuração de qualquer fator ou célula 
envolvidos na hemostasia ou na fibrinólise (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 
2015).
13Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
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Agentes sanguíneos e hematopoiéticos14
Medicação
Efeitos 
adversos
Interações 
farmacológicas
Variáveis 
de monito-
ramento
Tratamento da anemia
 � Cianoco-
balamina/
B12
 � Dor no local 
da injeção
 � Artralgia
 � Tonturas
 � Cefaleia
 � Nasofaringite
 � Anafilaxia
 � Inibidores da 
bomba de 
prótons – po-
dem diminuir 
absorção
 � Vitamina B12
 � Folato
 � Ferro
 � Eritropoietina/
α--epoetina
 � Edema
 � Prurido
 � Náusea/
êmese
 � Hipertensão
 � AVE
 � Trombose
 � α-Darbepoetina 
– duplicação 
do tratamento 
pode levar 
ao aumento 
dos efeitos 
adversos
 � Hemo-
globina e 
hematócrito
 � Ferritina 
sérica
 � Pressão 
arterial� α-Darbepoetina � Edema
 � Dispneia
 � Hipertensão
 � AVE
 � Trombose
 � α-Epoetina – 
duplicação do 
tratamento 
pode levar 
a aumentar 
os efeitos 
adversos
 � Hemo-
globina e 
hematócrito
 � Ferritina 
sérica
 � Pressão 
arterial
 � Ácido fólico � Gosto ruim 
da boca
 � Náusea
 � Confusão
 � Irritabilidade
 � Colestiramina – 
pode interferir 
na absorção
 � Hemograma 
completo
 � Folato sérico
 � Ferro � Prurido
 � Náusea, 
êmese, 
diarreia
 � Cefaleia
 � Anafilaxia
 � Deferroxamina 
– quela o ferro
 � Dimercaprol – 
quela o ferro
 � Hemograma, 
hematócrito
 � Ferro sérico
 � Capacidade 
de ligação 
do ferro total 
(CLFT)
 � Transferrina
 � Contagem de 
reticulócitos
Quadro 2. Fármacos para o tratamento de anemia e interações medicamentosas
(Continua)
15Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
Fonte: Adaptado de Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 428).
Quadro 2. Fármacos para o tratamento de anemia e interações medicamentosas
Medicação
Efeitos 
adversos
Interações 
farmacológicas
Variáveis 
de monito-
ramento
Tratamento da anemia falciforme
 � Hidroxiureia � Mielossu-
pressão
 � Úlceras de 
pele
 � Leucemia 
secundária
 � Medicação HIV 
– hidroxiureia 
pode diminuir 
a contagem 
CD4
 � Salicilatos – 
aumentam 
o risco de 
sangramento
 � Probenecida – 
aumenta ácido 
úrico
 � Hemograma 
completo
 � Pentoxifilina � Náusea, 
êmese
 � Trombocito-
penia
 � Icterícia
 � Anafilaxia
 � Cetorolaco 
(contrain-
dicado) 
– aumenta 
o risco de 
sangramento
 � Ginkgo biloba 
– aumenta 
o efeito 
antiplaquetário
 � Hemograma 
completo
(Continuação)
Existem alguns fatores, interações e incompatibilidades que provocam redução no 
efeito dos anticoagulantes orais que são:
 � Redução da absorção do fármaco em consequência da ligação à colestiramina no 
trato gastrintestinal.
 � Aumento do volume de distribuição e meia-vida curta em consequência de hipo-
proteinemia, como na síndrome nefrótica.
Agentes sanguíneos e hematopoiéticos16
Todas essas interações, com frequência, aumentam o risco de hemorragia 
em pacientes que utilizam anticoagulantes orais.
HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. L. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman 
& Gilman. 2. ed. Porto Alegre: AMGH; Artmed, 2016. 1216 p.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2018. 416 p.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 680 p.
Leituras recomendadas
BARREIRO, E. J.; FRAGA, C. A. M. Química medicinal: as bases moleculares da ação dos 
fármacos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 608 p.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH; 
Artmed, 2017. 1216 p. (Série Lange).
TOY, E. C. et al. Casos clínicos em farmacologia. 3. ed. Porto Alegre: AMGH; Artmed, 2016. 
468 p. (Série Lange).
 � Aumento da depuração metabólica do fármaco em decorrência da indução de 
enzimas hepáticas, particularmente a CYP2C9, por barbitúricos, carbamazepina 
ou rifampicina.
 � Ingestão de grandes quantidades de alimentos ou suplementos ricos em vitamina K.
 � Aumento dos níveis dos fatores da coagulação durante a gravidez.
17Agentes sanguíneos e hematopoiéticos
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