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Pericardites Pericárdio O pericárdio visceral é uma membrana serosa separada do pericárdio parietal (saco fibroso), por um ultrafiltrado do plasma. Funções do Pericárdio Impede a dilatação súbita das câmaras cardíacas durante exercício e quando há hipervolemia; Facilita o enchimento atrial durante a sístole ventricular; Restringe a posição anatômica do coração; Minimiza o atrito entre o coração e as estruturas circundantes; Impede o deslocamento do coração e o dobramento dos grandes vasos; Impede a disseminação de infecções a partir de pulmões e cavidades pleurais para o coração. Pericardites DEFINIÇÃO: Inflamação do pericárdio, podendo envolver as duas membranas que o constituem ou cada uma em separado; Quase sempre faz parte de uma doença generalizada ou se configura como complicação de outra doença; Pode representar a única lesão cardíaca, ou estar acompanhada de lesão do endocárdio e/ou do miocárdio. Classificação Clínica I. Pericardite aguda (< 6 semanas) II. Pericardite subaguda (6 semanas a 6 meses) III. Pericardite crônica (> 6 meses) – Dç constrictiva Classificação Etiológica I. Pericardite infecciosa Viral por enterovirus, virus da hepatite B, EBV, varicela; Piogênica; TB; Fúngica – Candida, histoplasmose, paracoccidioidomicose; Outras por parasitas, protozoários, sífilis II. Pericardite não-infecciosa IAM; Uremia; Neoplasia Tumores 1o. benignos ou malignos, mesotelioma Tumores metastáticos (Ca de pulmão, mama, linfoma e leucemia); Mixedema; Trauma; Pós-irradiação; Idiopática. III. Hipersensibilidade ou auto-imunidade Febre reumática; LES; Artrite reumatóide; Indução por fármacos como isoniazida, procainamida, fenitoína, anticoagulantes entre outros; Pós-lesão cardíaca (pós-infarto do miocárdio) Pericardite aguda DEFINIÇÃO: Lesão inflamatória do pericárdio sem aumento significativo do líquido pericárdico. Epidemiologia Incidência de inflamação pericárdica é de 2-6 % em séries de necrópsia; A pericardite é diagnosticada clinicamente em somente uma a cada 1000 admissões hospitalares (inaparente); A pericardite é mais comum em homens e adultos; Diagnóstico Quadro clínico SINAIS CARDINAIS: Dor torácica Mais comum nas pericardites infecciosas e nas supostamente relacionadas a hipersensibilidade ou auto-imunidade. Retroesternal e precordial esquerda com irradiação para as costas. Frequentemente é pleurítica Também pode ser contínua e constritiva com irradiação para um braço ou ambos (simula IAM) Ruído de atrito pericárdico Sinal físico mais importante de pericardite aguda; Agudo, irregular; Ouvido mais frequentemente durante a expiração com o pc. sentado; Pulso paradoxal: Indicio de tamponamento cardíaco consistindo num declínio inspiratório maior do que o normal (10 mmhg) na PAS. Outros sinais: Febre Dispnéia Diagnóstico Exames Complementares ECG Elevação do segmento S-T, de padrão côncavo (difere do padrão do IAM) e presente em todas as derivações, exceto aVr e V1; Ondas T geralmente para cima nas derivações com elevação de S-T; Após vários dias, os segmentos S-T voltam ao normal e só então as ondas T se invertem; Não há alterações no segmento QRS, exceto nos grandes derrames em que a voltagem do QRS está reduzida; Pode ocorrer extra-sistoles atriais e fibrilação atrial. R-X: Habitualmente normal; Apenas tem valor nas pericardites agudas complicadas com grande efusão pericárdica em que mostra aumento e mudanças na configuração da silhueta cardíaca; As efusões (derrames) pleurais nas pericardites são geralmente do lado esquerdo. Exames laboratoriais Leucocitose Aumento da VHS CK (creatinocinase) normal ou pouco elevada (epicardite) Pesquisa da etiologia Diagnóstico Pericardiocentese e biópsia pericárdica A pericardiocentese ou a biópsia diagnóstica é indicada para pacientes imunocomprometidos com pericardite aguda complicada e tamponamento cardíaco; Pericardiocentese e pericardiectomia terapêutica devem ser sempre acompanhadas de exame rigoroso do líquido ou tecido para pesquisa de infecção ou dç maligna oculta; Na ausência de tamponamento, a pericardiocentese apenas é indicada na suspeita de pericardite purulenta. Tratamento Repouso no leito; Pode-se utilizar AAS, indometacina (AINE) ou prednisona (corticóide); Não usar anticoagulantes; Antibióticos se necessários. Derrame (efusão) pericárdica Pode ser clinicamente silenciosa ou c/ sinais de tamponamento cardíaco caso haja aumento da pressão intrapericárdica c/ compressão cardíaca. Quadro Clínico História: Ausência de sintomas ou dor surda, cte, opressiva no peito Exame físico Bulhas hipofonéticas ou ausentes; Ruído de atrito pode desaparecer; Sinal de Ewart; Estertores (compressão do parênquima); Ausência de atrito pericárdico; Tamponamento cardíaco – Pulso paradoxal, sinais de IC. Exames Complementares R-X de tórax O aumento da silhueta cardíaca apenas ocorre com volumes acima de 250ml; Pode ocorrer silhueta cardíaca normal ou em forma de moringa; Efusões loculadas podem simular cisto ECG Alternância elétrica sugere derrame maciço e tamponamento cardíaco. Ecocardiografia Melhor técnica para o diagnóstico de derrame e também tamponamento. TC e RM Superiores a eco no diagnóstico de efusões loculadas e espessamento pericárdico Tratamento dos Derrames Pericárdicos Pc. deve ser observado quanto ao desenvolvimento de derrame; Caso haja derrame grande o pc. deve ser hospitalizado e observado quanto aos sinais de tamponamento; Caso surjam sinais de tamponamento realizar pericardiocentese Toracotomia para drenagem cirúrgica ou pericardiectomia podem ser necessários em tamponamentos recorrentes Pericardite Constrictiva DEFINIÇÃO: Distúrbio em que um pericárdio fibrótico, espessado e aderente restringe o enchimento diastólico do coração; Geralmente segue-se a cura de pericardite fibrinosa aguda, serofibrinosa ou derrame pericárdico crônico. Quadro Clínico Sinais de congestão venosa sistêmica Edema de MMII; Ascite; Spiders; Hepatomegalia; Pulso hepático; Pressão venosa jugular elevada; Esplenomegalia congestiva. Sinais de congestão venosa pulmonar (raros) Dispnéia de esforço; Tosse; Ortopnéia. Sinais de redução do DC Fadiga; Perda de peso; Fraqueza muscular. Outros sinais Pulso normal ou diminuído; Pulso paradoxal em 1/3 dos casos; Batimento pericárdico diastólico (som diastólico precoce); Desdobramento de B2; Bulhas hipofonéticas; Pode ocorrer angina (compressão coronária). Sinal de Kussmaul. Exames Complementares R-X de Tórax Área cardíaca aumentada; Calcificacões pericárdicas; Derrame pleural; AE aumentado. ECG Baixa voltagem do complexo QRS; Onda T isoelétrica ou invertida; 1/3 dos pcs. apresentam fibrilação atrial. Ecocardiografia Espessamento pericárdio; Aumento atrial; Dilatação da veia cava inferior e das veias hepáticas. TC e RM Mais acuradas que o eco para diagnosticar um pericárdio espessado. Tratamento Pericardiectomia (ressecção pericárdica) – tratamento definitivo; Restrição de sódio na dieta e os diuréticos são úteis durante o pré-operatório; A mortalidade operatória está entre 3 e 10%; O tratamento deve ser instituído cedo na evolução da dç.
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