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Prof. Vinícius Albuquerque História: Novos Temas e Possibilidades UNIDADE I Proposta do estudo disciplinar: ampliar o repertório e a capacidade crítica dos professores e alunos; apresentar possibilidades de trabalho em sala de aula para além de temáticas tradicionais; discutir temas contemporâneos e pertinentes a toda a sociedade e aos mais diversos grupos que dela participam; sinalizar a existência de múltiplas abordagens de assuntos em História sem abandonar noções de historicidade, construção histórica e memória. Novos temas nas aulas de História No percurso/processo de aprendizagem nos deparamos com diversas especificidades que devem ser trabalhadas de maneira reflexiva pelos professores. Para anos iniciais do Ensino Fundamental, por exemplo, deve existir a preocupação com fontes históricas, relações com o passado, direitos humanos e diversidade étnico-cultural, além de história da infância no Brasil. Novos temas nas aulas de História – Considerações gerais O professor pode lançar mão de práticas como a construção de conhecimentos significativos, com charges, estudos sobre HQs, monumentos, artes, literatura, narrativas históricas na internet e mesmo os videogames. ONHB – experiências extremamente sofisticadas e ricas desenvolvidas na Unicamp e que em 2019 entram em sua 11ª edição. Em nosso horizonte não se deve situar apenas o conteúdo estabelecido para o ensino e que, em algumas instituições pode parecer que abrange desde a pré-história até o século XXI. A atividade é mais complexa do que transmitir/transferir/impor/falar de algum assunto. Deve-se pensar em finalidades tais como a formação cidadã. Novos temas nas aulas de História – Considerações gerais Conferência de Lucien Febvre – As responsabilidades da história (1). In.: Revista de História – Vol. IV, ano III. N° 10 Abril-Junho 1952. “A história se encontra hoje diante de responsabilidades temíveis, mas também exaltantes. Sem dúvida porque jamais, em seu ser e em suas mudanças, deixou ela de depender de condições sociais concretas. “A história é filha de seu tempo”. Sua inquietação é, pois, a própria inquietação que pesa sobre nossos corações e nossos espíritos. E se seus métodos, seus programas, suas respostas mais precisas e mais seguras ontem, se seus conceitos falham todos a um tempo, é ao peso de nossas reflexões, de nosso trabalho e, mais ainda, de nossas experiências vividas.” “A história é filha de seu tempo”. Lucien Febvre Novos temas nas aulas de História – Considerações gerais Formato das atividades desse estudo disciplinar: apresentação de temas variados; apresentação dos temas específicos com autores e textos; divisão dos conteúdos/temáticas em Unidade I e Unidade II; leitura dos textos e propostas de problematização. Novos temas nas aulas de História São temas gerais, que podem compor as discussões em História: Biografias, gênero e corpo; Direitos humanos; Cultura, alimentação; História regional; Meio ambiente, ciência e tecnologia; História integrada. Novos temas nas aulas de História Livro de referência: Novos Temas nas Aulas de História, de Carla Bassanezi Pinsky (org.) - Ed. Contexto. São Paulo. 2015 Como professores, devemos ficar atentos para os textos de Selva Guimarães e Circe Bitencourt com reflexões essenciais sobre práticas pedagógicas e a didática em História. Podemos trabalhar com: projetos de trabalho; pesquisa e produção de conhecimentos; construção de identidades; diferentes fontes e linguagens, tais como: cinema, canções, literatura, documentos, imprensa, como jornais e revistas, fontes orais, fontes iconográficas, tecnologias digitais de comunicação e informação, além de museus e cultura material. Novos temas nas aulas de História Unidade I Gênero e História Social: Carla Bassanezi Pinsky. Estudos de Gênero e História Social. Direitos Humanos e Cidadania: Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner. Ensino de História: passados vivos e educação em questões sensíveis. Novos temas nas aulas de História – Temas e Textos – Unidade I Unidade II Meio Ambiente e Ensino de História: Gilmar Arruda. Consciência histórica, ensino de história e a educação ambiental. História do tempo presente: Flávia Eloisa Caimi e Letícia Mistura. Apropriações do tempo presente no livro didático de história: o caso das Jornadas de Junho de 2013. Novos temas nas aulas de História – Temas e Textos – Unidade II Sugestões de temas e iniciativas de professores e pesquisadores em atividade por todo o país: revistas eletrônicas com a temática de história e educação: SCIELO; História & Ensino. Londrina; História Hoje – Revista de História e Ensino. Anpuh; 2º Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História; Revista Trilhas da História. Três Lagoas; GT Ensino de História e Educação – ANPUH. Bibliografia especializada sobre: Ensino de História, Fundamentos e Métodos, Possibilidades de Ensino e Pesquisa, História e Cidadania e Novos Temas. Novos temas nas aulas de História – Sugestões de Pesquisas Quando utilizamos a ideia de que a “A história é filha de seu tempo”, de Lucien Febvre, precisamos considerar que: a) As aulas de história devem abranger sempre toda a História da humanidade. b) Essa afirmação datada não se aplica à atualidade. c) Isso é um exagero, pois a busca da verdade desmente essa compreensão. d) Demandas novas surgem nas aulas de história justamente porque os tempos se modificam constantemente. e) É exagerado considerar que a história deve também tratar do tempo presente. Interatividade Quando utilizamos a ideia de que a “A história é filha de seu tempo”, de Lucien Febvre, precisamos considerar que: a) As aulas de história devem abranger sempre toda a História da humanidade. b) Essa afirmação datada não se aplica à atualidade. c) Isso é um exagero, pois a busca da verdade desmente essa compreensão. d) Demandas novas surgem nas aulas de história justamente porque os tempos se modificam constantemente. e) É exagerado considerar que a história deve também tratar do tempo presente. Resposta Unidade I Gênero e História Social: Carla Bassanezi Pinsky. Estudos de Gênero e História Social. Revista Estudos Feministas. VOL. 17 N. 1 (January - April 2009) https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104- 026X2009000100009/10988 Direitos Humanos e Cidadania: Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner. Ensino de História: passados vivos e educação em questões sensíveis in Revista História Hoje, v. 7, no. 13, p. 14-33 – 2018. https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/427/258 Novos temas nas aulas de História – Temas e Textos – Unidade I Texto 1 Gênero e História Social: Carla Bassanezi Pinsky. Estudos de Gênero e História Social. Solicitação de leitura atenta e sem preconceitos e pressupostos irremovíveis quanto ao tema e nome da revista. Perceber que a própria autora trabalha com a seguinte questão: “os Estudos de Gênero podem colaborar com a História Social?”; cuidado para não simplificar o tema e simplesmente concluir que se trata de “ideologia de gênero”. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Alerta para o baixo número de trabalhos sobre a questão: 1) importância do olhar preocupado com gênero para uma compreensão mais acurada do social sob uma perspectiva histórica; 2) análise das abordagens teórico-metodológicas atentas à construção social das diferenças sexuais que dialogam com trabalhos de História; a) destacar as possibilidades de ação humana na história; b) enfrentar questões gerais da disciplina histórica, adotando uma perspectiva que leva gênero em conta; 3) exposição de como o debate em torno dessas abordagens colabora para as atividades de pesquisa e a reflexão teórica. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social História das Mulheres é um tema bastante diversificado em termos de assuntos, métodos e qualidade intelectual. Característica comum aos trabalhos: a atenção às mulheres do passado e o reconhecimento de que a condição feminina é constituída histórica e socialmente; reescrever a História levando as mulheres em consideração; biografias de mulheres e as evidências da participação feminina nos acontecimentos históricos e na vida pública. [...] Passou a ser valorizada a “dimensão política da vida privada”, local privilegiado, mas não único, da female agency. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Mulheres contempladas em “biografias coletivas” de diversos grupos sociais. Estabelecer relações entre as experiências femininas e as vivências de classe e/ou étnicas e entre as classes e/ou os grupos étnicos. Alguns trabalhos apresentaram as mulheres atuando na história da mesma forma que os homens. Outros revelaram possibilidades diferenciadas das experiências femininas. Qual o efeito do “olhar sobre as mulheres” na prática historiográfica? Não basta acrescentar as mulheres aos livros de História [...], é preciso repensar o próprio saber histórico e privilegiar abordagens analíticas Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Relembrar as conquistas da História das Mulheres e as primeiras tentativas de incorporar os Estudos de Gênero à disciplina histórica. Expressão na década de 1970: questionamentos feministas e mudanças na historiografia, com os temas família, sexualidade, representações, cotidiano e grupos “excluídos”. Avanços da Nouvelle Histoire, Social History, Cultural History e dos Estudos de População. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social A tendência do enfoque exclusivo sobre as mulheres acabou dando lugar ao estudo das relações entre os sexos (o pressuposto: as mulheres são definidas também em relação aos homens e vice-versa). A própria experiência masculina passou a ser estudada para além de categorias pretensamente neutras, como classe e etnicidade. Para Catherine Hall e Leonore Davidoff, por exemplo, “sexo e classe operam sempre juntos e a consciência de classe também adota sempre uma forma sexuada, ainda que a articulação de ambos nunca seja perfeita”. A distinção entre homem e mulher é um fato sempre presente; determina a experiência, influi na conduta e estrutura expectativas. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Preocupação com gênero: o termo sexo foi questionado por remeter ao biológico e a palavra gênero passou a ser utilizada para enfatizar os aspectos culturais relacionados às diferenças sexuais. Gênero remete à cultura, aponta para a construção social das diferenças sexuais, diz respeito às classificações sociais de masculino e de feminino. Uma das propostas da História preocupadas com gênero é entender a importância, os significados e a atuação das relações e representações de gênero no passado, suas mudanças e permanências dentro dos processos históricos e suas influências nesses mesmos processos. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Tomado como categoria (um modo de perceber e analisar relações sociais e significados), gênero: pode ser empregado como uma forma de afirmar os componentes culturais e sociais das identidades, dos conceitos e das relações baseadas nas percepções das diferenças sexuais. A categoria de gênero remete à ideia de que as concepções de masculino e de feminino possuem historicidade. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social Assim, os significados de “ser homem”, “ser mulher” ou de identidades e papéis [relacionados de algum modo a concepções que fazem referência a sexo] como “mãe”, “boa esposa”, “moça de família”, “chefe da casa” são entendidos, na perspectiva de gênero, como situações produzidas, reproduzidas e/ou transformadas ao longo do tempo. A vantagem da categoria de gênero é justamente permitir, e mais, exigir que o estudo e a análise sejam feitos sem definições preestabelecidas com relação aos significados ligados às diferenças sexuais. As definições devem ser buscadas em cada contexto. Novos temas nas aulas de História – Gênero e História Social A problematização acerca do uso da ideia de gênero nas aulas de História é importante para: a) Reforçar os papéis biológicos de cada grupo. b) Abandonar a ideia de que existem diferenças nas sociedades. c) Questionar concepções aparentemente cristalizadas e fixas sobre o que é relevante para os diversos grupos humanos. d) Comprovar o papel absolutamente preponderante dos homens na História. e) Reafirmar a inviabilidade de qualquer explicação fundamentada na História Social. Interatividade A problematização acerca do uso da ideia de gênero nas aulas de História é importante para: a) Reforçar os papéis biológicos de cada grupo. b) Abandonar a ideia de que existem diferenças nas sociedades. c) Questionar concepções aparentemente cristalizadas e fixas sobre o que é relevante para os diversos grupos humanos. d) Comprovar o papel absolutamente preponderante dos homens na História. e) Reafirmar a inviabilidade de qualquer explicação fundamentada na História Social. Resposta A questão central a ser respondida pelos pesquisadores parte do “como”: como, em situações concretas e específicas, as diferenças sexuais são invocadas e perpassam a construção das relações sociais? O objeto da investigação não precisa ser necessariamente a categoria empírica “mulher” (ou “homem”), pode ser o significado atribuído a objetos e atitudes. Em minha opinião, esses temas são os que melhor simbolizam a novidade e o alcance de voo da categoria de gênero, pois não falam direta e imediatamente de homens e mulheres concretos, e sim de concepções de masculino e feminino presentes e atuantes no processo histórico. Gênero e investigações importantes Marco nos Estudos de Gênero em 1986, “Gender: A Useful Category of Historical Analysis”, de Joan Scott, problematizava gênero em termos de categoria de análise como uma forma de fazer com que os trabalhos preocupados com as diferenças sexuais passassem das descrições para as explicações (inquietação compartilhada por vários outros autores) e, finalmente, para a elaboração de teorias. A definição de gênero que Scott apresenta nesse texto parte de duas proposições: a) gênero é um elemento constitutivo das relações sociais, baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; b) gênero é um modo primário de significar relações de poder. Gênero e investigações importantes Para Scott, a definição de gênero envolve quatro elementos, que podem operar em conjunto: a) símbolos que evocam múltiplas representações (por exemplo, Eva e Maria, inocência e corrupção, virtude e desonra); b) conceitos normativos que evidenciam as interpretações e os significados dos símbolos (doutrinas religiosas, regras sociais, científicas, políticas) e que remetem a afirmações dominantes, dependentes da rejeição ou repressão de possibilidades alternativas; c) política, instituições e organização social, noções e referências que devem ser incluídas nas análises, pois gênero é construído tanto no parentesco quanto na economia e na política; d) identidade subjetiva. As origens do debate sobre gênero Gênero é tanto produto das relações de poder quanto parte da construção dessas próprias relações. Como as instituições incorporaram gênero? Por que as mulheres permaneceram por tanto tempo invisíveis no conhecimento histórico? O sujeito da ciência e a objetividade científica são engendered (pautados por gênero)? Quais são os efeitos sociais da associação entre Estado totalitário e masculinidade, regimes autoritários e controle da sexualidade feminina? Scott pergunta:se as significações de gênero e as de poder se constroem mutuamente, como ocorrem as mudanças? Gênero como produto e parte das relações Referindo-se à parceria entre História Social e História das Mulheres (e fazendo uma espécie de autocrítica), Scott diria: os historiadores sociais (eu entre eles) documentaram os efeitos da industrialização sobre as mulheres, um grupo cuja identidade comum nós pressupomos. Questionávamos menos frequentemente naquela época sobre a variabilidade histórica do próprio termo “mulheres”, como ele se alterou, como no decorrer da industrialização, por exemplo, a designação mulheres “trabalhadoras” como uma categoria separada de “trabalhadores” criou novas percepções sociais do que significava ser uma mulher. História Social e História das Mulheres Entretanto, “reduziu a ação humana, colocando-a em função de forças econômicas e fez do gênero um de seus inúmeros subprodutos”, e não algo que pudesse ser estudado em si mesmo. A História Social defende que a diferença de gênero pode ser entendida dentro de seu quadro explicativo (econômico). A ideia adotada pela História Social, de que categorias de identidade refletem uma experiência objetiva (e que, portanto, determinações objetivas e efeitos subjetivos constituem esferas separadas) conduz a explicações que servem mais para confirmar do que para modificar visões preestabelecidas sobre as mulheres. História Social e História das Mulheres Os significados são disputados localmente dentro de campos de força discursivos que se sobrepõem, influenciam e competem uns com os outros. Aparecem como verdades, exercendo uma função legitimadora de poder. Política é, portanto, o processo pelo qual jogos de poder e conhecimento constituem identidade e experiência, e estas, por sua vez, são fenômenos organizados discursivamente em contextos e configurações particulares. A História e as disputas de significados À luz do pós-estruturalismo, Scott afirma que “igualdade” e “diferença”, na verdade, não designam termos opostos, e sim interdependentes (“igualdade não é a eliminação da diferença e a diferença não obsta a igualdade”). O termo “diferença” pode ser usado positivamente – enfatizando a desigualdade escondida em um termo aparentemente neutro, pois, por exemplo, o termo “trabalhador” pode não dar conta das especificidades das experiências femininas – ou negativamente – justificando um tratamento desigual. A natureza da comparação deve ser explicitada, e não posta como algo inerente às categorias de “homem” e “mulher”, cuja oposição generalizada acaba por obscurecer as diferenças entre as mulheres, as semelhanças entre homens e mulheres e as distintas experiências históricas. Interdependência entre igualdade e diferença Scott afirma que a desconstrução é o método mais indicado para criticar, reverter e deslocar as oposições binárias, revelando, com isso, o seu funcionamento, expondo os termos reprimidos e desafiando o status natural da dicotomia dos pares. Thompson explica a proeminência das mulheres nos motins, em parte por seu papel destacado na economia (que lhes dava autoridade para administrar a vida diária e autoconfiança para reivindicar em protestos públicos). Mas afirma: “é tolice supor que a reciprocidade e o respeito entre trabalhadores homens e mulheres nas comunidades dissolvessem as diferenças sexuais”. Por outro lado, as evidências contestam os estereótipos da submissão feminina, timidez ou confinamento das mulheres ao mundo privado da casa”. História e desconstrução de oposições binárias Para Tilly, o método preconizado por Scott coloca em questão “a existência de um mundo real e a possibilidade de descrevê-lo e explicá-lo”. Criticar os que afirmam a possibilidade de se resgatarem os fatos históricos “brutos”, “tal como aconteceram”, não é o mesmo que negar que eles tenham existido. Historiadores sociais atuais não têm mais a pretensão de chegar à “verdade” do passado. Com as ferramentas da História Social pode-se estudar as representações dos sujeitos e as relações de gênero a partir dos documentos, depoimentos e indícios variados produzidos e deixados pelas próprias pessoas das quais eles falam (como diários, cartas, testemunhos, textos publicados em qualquer mídia). A História e suas diferentes interpretações As acusações de que a História Social reduz as ações humanas em função das forças econômicas não têm sentido diante das inúmeras pesquisas nessa área baseadas no pressuposto de que a história não é o fruto de leis impessoais acima dos indivíduos, mas o resultado (ainda que frequentemente incontrolável e enviesado) das ações humanas. Em termos práticos, na História Social, dissolvem-se as oposições do tipo “realidade versus consciência”, “determinação versus agency”. Sobre as críticas à História Social Thompson enfrenta o problema da articulação entre ação humana e determinações históricas ao falar sobre o termo experiência: Os homens e mulheres [...] retornam como sujeitos dentro desse termo – não como sujeitos autônomos, “indivíduos livres”, mas como pessoas que experimentam suas situações e relações produtivas determinadas como necessidades e interesses e como antagonismos e em seguida “tratam” essa experiência em sua consciência e sua cultura [...] das maneiras mais complexas (sim, “relativamente autônomas”) e, em seguida, agem, por sua vez, sobre sua situação determinada. [...] a experiência é um termo médio entre o ser social e a consciência social, é a experiência que dá cor à cultura, aos valores, ao pensamento. Thompson e a Experiência Considerando importante incorporar os estudos sobre o gênero em História, devemos observar que: a) As polêmicas devem ser evitadas em sala de aula. b) Tratar de gênero, na atualidade, não traz questionamentos ou discussões relevantes. c) A pequena produção sobre o tema reforça a necessidade de pesquisar temas diversos e mais importantes para a sociedade. d) A ideia de gênero deve ser apartada das relações sociais de poder. e) Gênero é tanto produto das relações de poder quanto parte da construção dessas próprias relações. Interatividade Considerando importante incorporar os estudos sobre o gênero em História, devemos observar que: a) As polêmicas devem ser evitadas em sala de aula. b) Tratar de gênero, na atualidade, não traz questionamentos ou discussões relevantes. c) A pequena produção sobre o tema reforça a necessidade de pesquisar temas diversos e mais importantes para a sociedade. d) A ideia de gênero deve ser apartada das relações sociais de poder. e) Gênero é tanto produto das relações de poder quanto parte da construção dessas próprias relações. Resposta Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner. Ensino de História: passados vivos e educação em questões sensíveis. Buscamos escapar do senso comum sobre direitos humanos e cidadania, pois no resumo os autores ressaltam que “Este artigo aborda temas socialmente controversos e sensíveis no âmbito do ensino de história. As questões socialmente vivas se constituem na contemporaneidade em objetos privilegiados dos currículos de história, em função, por um lado, das demandas sociais de grupos identitários e, de outro, dos movimentos que buscam interferir na liberdade de ensinar e no direito de aprender, direitos assegurados na Constituição Federal de 1988. O artigo quer construir a categoria de passado vivo como elemento central na [...] conexão da prática docente em história com o campo da educação em direitos humanos. Tema 2 – Direitos Humanos e cidadania Estabelecer conexões com outros campos de pesquisa e ensino e com estratégias diversas de aprendizagem. A problematização de temas canônicos no ensino de história na ótica das representações culturais contemporâneas foi objeto de Pereira (2017a) ao pensar as apropriaçõesdo medievo nos dias atuais. Problematizar as consequências, para as práticas docentes de história, dos numerosos documentos oficiais regulatórios que nos últimos anos têm sido produzidos pelo Governo Federal foi propósito da análise em Pereira e Rodrigues (2017), tomando como objeto a Base Nacional Comum Curricular. Estratégias de produtividade do ensino de história Abordar as questões de gênero e sexualidade – objeto de acentuado pânico moral nos dias atuais quando de sua abordagem em sala de aula. Seffner (2016), escola como espaço público e o professor como um adulto de referência, não necessariamente em sintonia com as demandas oriundas das famílias e das religiões. Seffner (2017a), ao lidar com o delicado tema da liberdade de ensinar e do direito de aprender nas aulas de história. Seffner (2017b), analisar as demandas e organização cotidiana dos alunos e alunas que ocuparam as escolas públicas do Rio Grande do Sul no ano de 2016. Abordagem de termo questões contemporâneas Questões socialmente vivas se constituem em objetos privilegiados em função das demandas sociais de grupos identitários e, por outro, pelos constantes ataques por que passam professores que se dedicam a dar atenção ao passado vivo. Em sintonia com a trajetória apresentada de modo resumido e com os desafios do tempo presente, este artigo pretende construir o conceito de passado vivo como elemento central na constituição de currículos de história na América Latina na contemporaneidade. Objetivamos trabalhar com o conceito de residualidades, no sentido de pensar um currículo de história voltado aos temas sensíveis e às questões socialmente vivas. Questões socialmente vivas Trata-se de pensar a temporalidade histórica nas salas de aula, a partir dos conceitos de residualidade e remanescência, dando-lhe os contornos éticos e políticos que possam permitir pensar os passados vivos e sensíveis e colocá-los na forma de conteúdo da aula de História. Na esteira dessa discussão, pretendemos desenvolver o conceito de passado vivo – Foucault e Hayden White. Aspecto ético: ato de ensinar faz um recorte no passado, e este se dá em função das demandas do presente (Jenkins, 2001). Processo de construção de si mesmo como sujeito de um olhar, como subjetividade marcada por se permitir realizar uma determinada interpretação do passado e, ao mesmo tempo, do seu lugar no presente. Narrativas em História, residualidades e remanescências Colocar os alunos diante de algo que desperte indignação frente à injustiça e a violação dos direitos humanos, a aproximação atende a um conjunto de dispositivos legais que, a partir da Constituição Federal de 1988, indicaram essa obrigatoriedade. Da legislação: a promulgação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (Brasil, 2006) e das Diretrizes Nacionais da Educação em Direitos Humanos (Brasil, 2013). Mas há uma extensa legislação nos níveis estadual e municipal que indica essa obrigatoriedade. Em particular, os estados constituíram Comitês Estaduais de Educação em Direitos Humanos (CEEDH) a partir da instalação dos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos. A História e aproximações com Direitos Humanos A transversalidade, a vivência e a globalidade, orientando a construção de ações pedagógicas da educação em direitos humanos que podem tanto se alocar em uma disciplina específica, como fazer parte de projetos colaborativos interdisciplinares; e a sustentabilidade socioambiental, percebida como garantia de futuro para a sociedade e para o planeta. Ensino de história que busca dar conta da educação em temas sensíveis e o faz orientado pelos princípios da educação em direitos humanos. Como historiadores, assumimos que não se pode falar de uma natureza humana anterior à história e à cultura, que se poderia localizar, identificar e definir por si mesma, para dali extrair direitos, deveres e contornos humanos que valeriam desde sempre e para sempre. Transversalidade, vivência e globalidade Passado vivo: residualidade e remanescência Pensar um currículo de história para escola básica sem levar em consideração os temas desestruturantes e sensíveis é continuar a pensar um currículo eurocêntrico, cronológico, dominante, branco, heterossexual e racista. Consiste numa submissão da aula de História a um passado morto e objetificado. Supor um passado vivo implica pensar duas urgências que se apresentam hoje ao ensino de história: as questões sensíveis e a diferença. As questões sensíveis nos deslocam e nos colocam no lugar de alguém que aborda o presente ao mesmo tempo que pensa o passado. História – passado vivo: residualidade e remanescência Quando estudamos um passado que não se relaciona com o nosso presente, de nenhum modo estamos estudando alguma coisa absolutamente apartada da vida de cada um de nós. Significa olhar para um passado distante do nosso presente, do ponto de vista da relação de pertencimento que temos com ele, e sentirmos um estranhamento, de tal forma que este nos permita abrirmo-nos a uma experiência alheia, nova, inusitada, que nos desloca do presente e nos leva ao futuro. Esse outro elemento, que não é do pertencimento, mas sim do estranhamento, também é frutífero para o ensino de história e para a vida, porque nos leva a pensar o passado. O passado em relação ao presente Duas urgências: 1) se, por um lado, compreendemos que precisamos organizar um currículo ou mesmo uma aula de história que dê conta dos temas desestruturantes da vida dos jovens e da sociedade brasileira nos tempos atuais – que lhes permita compreender o que é o presente e como se orientar nele, construir uma identidade, criar referenciais; 2) por outro lado, é necessário para a aprendizagem histórica outro salto, que é pensar a diferença na forma da alteridade. “Aprendo sobre mim mesmo na relação com o outro, mas, sobretudo, aprendo com o outro a experiência que nunca tive”. História para os Direitos Humanos: urgências A História nos ensina que não há nada que possa ser universal; nada que possa se colocar como uma narrativa que abranja todas as outras narrativas. O tempo cronológico não é outra coisa senão uma criação – e uma criação perversa; tributária de uma espécie de colonialidade do tempo (QUIJANO, 2005), a nossa experiência temporal e as nossas relações com o passado têm sido construídas a partir da colonialidade. A experiência temporal do povo Guarani é absolutamente incomensurável se partirmos dessa temporalidade europeia e eurocentrada. A História adversária de universalizações A aprendizagem de um tema sensível só pode ter sentido se for uma aprendizagem da experiência (BONDÍA, 2002). A aprendizagem não é vista como um mero acúmulo de qualquer coisa, nem de conceitos, nem de informações. Implica uma transformação subjetiva. A abordagem do genocídio indígena no Brasil pode permitir apenas dizer que ele existiu e discutir as causas desses processos, dar-lhes datas, informações, fazer levantamentos de documentos e assim por diante. História: aprendizagem e experiência A aprendizagem implica transformação de si. O que se precisa pensar é justamente a ideia de que aprender sobre o genocídio indígena no Brasil não pode ser algo que o professor simplesmente exponha em aula, como “matéria dada”. Há que se ter acontecimento nessa aula: que alguém chore, que alguém se espante, que alguém ache um absurdo, que alguém diga “professor, o senhor não tem o direito de nos mostrar isso que está nos mostrando! O senhor não tem o direito, é muito forte, é muito pesado!”. Uma aula de história provoca sensações, muito mais que simplesmente ensina causas, efeitos e consequências. A questão que se coloca é que uma aula de história provoca sensações. Aprendizagem e transformações – acontecimentos em aula Questões sensíveis e a diferença. O paradoxo temporal que pensa presente e passado de uma só vez, e uma aprendizagem da experiência que deixa de apartar sensibilidade e inteligência, corpo e alma, conhecimento e ética. Um passado vivo, que se prende ao presente como residualidade ou como remanescência, constituindo o ser do paradoxo temporal. As aulas de história se põem a tomar como conteúdo de ensino e aprendizagem as residualidades do passado que não passam, que se estendem ao presente e que habitam a memória, constituindo experiências. A preferência pela teoria das residualidades e das remanescências e não pela ideia de permanência diz respeito ao fato de que a noção de permanência parece se relacionar com algo fixo, inalterável. Duas urgências: questões sensíveis e a diferença O passado nunca passou exatamente, ele está vivo e atuante no presente e isso se manifesta de modos muito diversos e ajuda a produzir quem somos no presente. A produção dos temas sensíveis é fruto de uma relação entre passado e presente, entre o programa de história e as marcas das culturas juvenis e do contemporâneo. Sensibilidade do professor: o bom professor de história é alguém que mergulha no passado com os pés bem firmes no presente, e esse presente inclui compreender a atualidade dos alunos. Terceiro elemento: assumir que os temas sensíveis são atravessados por fortes divergências de opinião e aceitar isso como constitutivo da aula de história, que busca mais debate do que propriamente a produção de consensos ou verdades. Residualidades e o passado que nunca passa As questões socialmente vivas se constituem na contemporaneidade em objetos privilegiados dos currículos de história, pois: a) Demonstram aos alunos a inteligência dos docentes. b) Trazem demandas sociais de grupos identitários e de movimentos sociais. c) Comprovam como os materiais didáticos são atuais e trazem a verdade histórica. d) Algumas escolas de vanguarda já utilizam o conceito. e) Essas questões têm usos sociais muito restritos e específicos. Interatividade As questões socialmente vivas se constituem na contemporaneidade em objetos privilegiados dos currículos de história, pois: a) Demonstram aos alunos a inteligência dos docentes. b) Trazem demandas sociais de grupos identitários e de movimentos sociais. c) Comprovam como os materiais didáticos são atuais e trazem a verdade histórica. d) Algumas escolas de vanguarda já utilizam o conceito. e) Essas questões têm usos sociais muito restritos e específicos. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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