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DA IMPUTABILIDADE PENAL

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DA IMPUTABILIDADE PENAL 
 
 
 
Como vimos no estudo sobre o crime, aprendemos que é um fato típico, ilícito e culpável. Vimos sobre 
o fato típico, ilicitude e culpabilidade. Dentro da culpabilidade nós vimos seus elementos: IMPUTABILIDADE + 
POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE + EXIGÊNCIA DE CONDUTA 
 
DIVERSA. O IMPOTEX. Estudamos estes dois últimos e agora vamos ver Imputabilidade. 
 
 
Conceito: Imputabilidade é a capacidade de imputação, ou seja, a possibilidade de se atribuir a alguém a 
responsabilidade pela prática de uma infração Penal. 
Após definirmos o que é imputabilidade, o Código Penal enumera as hipóteses de inimputabilidade 
(distúrbios mentais, menoridade e embriaguez). Para isso, define alguns critérios: 
• Biológico – este critério leva em conta apenas o desenvolvimento mental do agente (doença mental ou 
idade), independente se, ao tempo da conduta, tinha capacidade de entendimento e determinação. 
• Psicológico – Considera apenas se o agente, ao tempo da conduta, tinha a capacidade de entendimento 
e autodeterminação, não importando sua condição mental ou idade. 
• Biopsicológico – Consideramos inimputável aquele que, em razão de sua condição mental (por doença 
mental, ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado), ao tempo da conduta, era 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. EM REGRA É O ADOTADO PELO CP, SALVO AGUMAS HIPÓTESES COMO VEREMOS. 
 
Grupos de indivíduos: 
 
• Imputável – A pessoa a quem pode ser imputada a conduta criminosa. Tem condições de responder 
por seus atos. 
• Semi-imputável- responde “mais ou menos”. Responde, porém com uma redução de pena. 
• Inimputável – A pessoa a quem não pode ser imputada a conduta. Aquele que não pode ser 
responsabilizado por suas condutas. 
Ex.: loucos de todo gênero, pessoas com doença mental, menor de idade etc. 
 
 
1.1.1 Artigo 27 do CP 
 
 
No artigo 27 do CP não temos o semi-imputável. Somente o imputável e o inimputável. Por 
 
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, respondendo pela legislação especial. 
 
Se o menor de 18 anos é inimputável, quem é o imputável? O maior de 18 anos. A menoridade se dá 
até o último instante da véspera do dia do aniversário, não importando a hora do nascimento. A partir do 
primeiro instante do dia do aniversário de 18 anos, o agente se torna maior de 18. Por este motivo, não há um 
meio termo, o semi-imputável. O artigo 27 do CP adotou o critério biológico. Somente observa a característica 
biológica, qual seja, a idade. 
 
1.1.2 Artigo 26 do CP 
 
Este artigo trata de problemas de natureza mental. Aqui o critério é biopsicológico (problema de saúde + 
ausência de capacidade de compreensão). Nós temos os três grupos de pessoas: 
• Inimputável. Artigo 26, caput do CP. Três requisitos para que o agente seja inimputável: 
No momento da ação ou omissão (conduta), este indivíduo (+) era inteiramente incapaz (zero capacidade) 
de: entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, (+) em razão de: 
doença mental; desenvolvimento mental incompleto ou desenvolvimento mental retardado. 
A consequência para o inimputável é a não responsabilização, o agente é isento de pena. Sofre a chamada 
absolvição imprópria. Artigo 386, VI CPP. Será o agente submetido a uma medida de segurança, é um 
tratamento, internação. 
Observação: O menor de idade, menor de 18 anos, não responde, mas sofre medida do Estatuto da criança 
e do adolescente – ECA. 
 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
... 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 
28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; 
 
 
• Semi-imputável - Artigo 26, parágrafo único do CP. O semi-imputável terá uma diminuição de pena de 
1 a 2/3. 
No momento da ação ou omissão (conduta), este indivíduo (+) não era inteiramente capaz (possuía 
alguma capacidade) de: entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este 
entendimento, (+) em razão de: perturbação da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
desenvolvimento mental retardado. 
 
ATENÇÃO: A medida de segurança acontece para o inimputável do artigo 26 do CP. Os inimputáveis dos 
artigos 27 e 28 do CP não sofrem medida de segurança. 
 
Medida de segurança é um tratamento. Podem ser aplicadas ao agente a medida de segurança e a pena 
para puni-lo? Não. 
 
Sistemas da medida de segurança 
➢ Sistema do duplo binário ou duplo trilho – NÃO é o adotado! Permitia a aplicação da pena e a medida 
de segurança (tratamento + prisão). 
➢ Sistema vicariante ou de substituição - é o adotado pelo CP. A pessoa sofre a pena OU a medida de 
segurança. 
 
Hipóteses de aplicação/cabimento da medida de segurança: 
• Inimputável: Artigo 26, caput do CP + artigo 97 do CP; 
 
Imposição da medida de segurança para inimputável 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto 
como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
 
• Semi-imputável: Artigo 26, parágrafo único do CP. Se no caso concreto, excepcionalmente, o juiz 
entender que o agente não está bem e não cabe a redução da pena, aplicará a medida de segurança 
como se o agente fosse inimputável. Artigo 98 do CP; 
 
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial 
tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento 
ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 
4º. 
 
 
• Superveniência de doença mental: O agente não era inimputável nem semi-imputável, era imputável, 
porém torna-se, durante o cumprimento da pena, doente. Artigo 41 do CP. 
 
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
 
Espécies de medida de segurança: 
 
 
• Internação- tem a restrição da liberdade. É uma medida de segurança com restrição de liberdade. O 
agente vai para o manicômio judiciário. 
 
• Tratamento ambulatorial- Sem restrição de liberdade. É uma medida de segurança em que o agente 
continua em contato social, mas possuí datas restritivas, sofrendo um tratamento. 
 
Artigo 97 do CP. As penas podem ser de: 
 
• Reclusão – crime praticado com pena de reclusão, o agente tem que sofrer a internação. Ex. Artigo 121 
do CP tem pena de reclusão, ou seja, somente pode o agente sofrer medida de segurança de internação, 
se preenchidos os requisitos. 
 
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
 
 
CP. 
• Detenção – pode o agente sofrer internação ou tratamento ambulatorial. Ex. Artigo 319 do 
 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa 
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Observação: Entendimento doutrinário: O mais importante para a recuperação de pessoas com doenças 
mentais é o contato com a família (critério clínico, médico), sendo assim, deixa- se a internação para os casos 
mais graves. 
 
 
Prazo da medida de segurança 
 
 
Conforme a lei, há prazo mínimo de 1 a 3 anos e o prazo máximo é indeterminado, tendo em vista que é 
um tratamento. STF defende o máximo de 30 anos. 
 
1.1.3 Artigo 28 do CP 
Imputável. Quem responde? Não excluem a imputabilidade penal: 
• Quem pratica o crime baseado com emoção ou paixão (artigo 65, III “c” do CP); o que pode ocorrer é a 
redução da pena. Artigos 61, 62 (agravantes genéricas situações que sempre vão piorar a pena), 65 e 
66 do CP(atenuantes genéricas situações que sempre atenuam apena). 
• Embriaguez voluntária ou culposa pelo álcool ou substancia com efeitos análogos. É 
voluntária porque o agente age de acordo com a sua própria vontade. 
Três tipos de embriaguez: 
➢ Embriaguez voluntária em sentido estrito (embriaguez voluntária): É aquela em que o agente bebe 
 
para ficar bêbado; 
➢ Embriaguez voluntária culposa (culposa): O agente bebe por motivos diversos e acaba ficando bêbado. 
Não havia intenção de ficar bêbado, mas acabou ficando bêbado. 
➢ Embriaguez voluntária pré-ordenada (pré-ordenada): O agente bebe para a prática do crime, para se 
encorajar, sentir-se capaz a praticar a conduta, o crime. Esta é uma hipótese de agravante genérica. 
Artigo 61, II, alínea “L” do CP. 
 
 
Observação: A embriaguez não é somente pelo álcool, podendo ser também substancia de efeitos análogos, 
drogas ilícitas. 
 
Teoria da actio libera in causa/ teoria da ação livre na causa. Quando o agente se coloca a beber ou 
utilizar a substância sabia o que estava fazendo. Se no início, o agente tinha condições de saber o que fazia, 
responderá por sua conduta criminosa. Alguns autores entendem que é uma exceção a teoria da atividade 
(momento da ação ou omissão). 
Artigo 28, §§1º e 2º do CP. Situações ainda de embriaguez, mas que isentam ou atenuam a 
pena. 
• Inimputável - Artigo 28§1º do CP. Será isento de pena. No momento da conduta criminosa há a avaliação 
do agente. No momento da conduta o agente (+) era inteiramente incapaz, ou seja, não tinha nenhuma 
capacidade, zero capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
este entendimento (+) em razão de embriaguez involuntária completa, decorrente de caso fortuito 
(acidente) ou de força maior (ação humana). 
• Semi-imputável - Artigo 28§2º do CP. Terá uma diminuição de pena de 1 a 2/3. Nomomento da conduta 
criminosa há a avaliação do agente. No momento da conduta o agente (+) não era plenamente capaz, 
ou seja, tinha alguma capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com este entendimento (+) em razão de embriaguez involuntária incompleta, parcial, decorrente de 
caso fortuito (acidente) ou de força maior (ação humana). 
 
Observação: Doutrina: Embriaguez patológica. Se retirou totalmente a capacidade, o agenteé isento de pena 
(inimputável); se retirou parcialmente a capacidade é diminuição de pena (semi- imputável). 
 
QUESTÕES 
 
 
01- Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre 
imputabilidade penal, quanto ao agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
A) O agente é isento da pena 
B) O agente terá a pena reduzida de um a dois terços 
C) O agente terá a pena reduzida à metade 
D) O agente terá a pena reduzida em um sexto 
E) O agente terá a pena aumentada de um a dois terços 
 
02- Considere que determinado sujeito, portador de desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação 
tinha plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se 
de acordo com esse entendimento – o que fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em 
consonância com o texto legal do art. 26 do CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua 
A) inimputabilidade. 
B) imputabilidade. 
C) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança. 
D) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída. 
E) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe medida de segurança. 
 
03- Julgue o item a seguir, com base no que dispõe o Código Penal. 
Será excluída a imputabilidade penal do indivíduo que tenha praticado crime no momento de emoção, 
por se considerar que ele não estava inteiramente capaz de entender o caráter ilícito da ação. Certo OU 
Errado 
 
04- De acordo com as disposições do Código Penal (CP) brasileiro acerca da imputabilidade penal, é CORRETO 
afirmar que: 
A) Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente responsáveis somente nas hipóteses de crimes hediondos. 
B) O agente que age impelido por emoção ou por paixão é penalmente inimputável. 
C) É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária ou culposa, não possuía, ao tempo da ação ou da 
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
 
entendimento. 
D) A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou 
por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
05- Analise as seguintes hipóteses. 
 
1) Agente que pratica o crime sob o estado de emoção ou paixão. 
 
2) Agente que pratica o crime sob o estado de embriaguez culposa. 
 
3) Agente que pratica o crime sob o estado de embriaguez fortuita completa. 
 
4) Agente que, por desenvolvimento mental incompleto, era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato. 
 
São causas que conduzem à inimputabilidade penal as descritas nos itens: 
A) 1 e 2. 
B) 1 e 3. 
C) 2 e 4. 
D) 2 e 3. 
E) 3 e 4. 
 
06- Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da exclusão de ilicitude e da 
imputabilidade penal, julgue o item que se segue. 
 
O CP adota o sistema vicariante, que impede a aplicação cumulada de pena e medida de segurança a agente 
semi-imputável e exige do juiz a decisão, no momento de prolatar sua sentença, entre a aplicação de uma pena 
com redução de um a dois terços ou a aplicação de medida de segurança, de acordo com o que for mais 
adequado ao caso concreto. Certo Errado 
 
07- Critério adotado pela lei brasileira para avaliar a imputabilidade penal do agente é o: 
A) psicológico puro. 
B) psicopatológico. 
C) biológico 
D) biopsicossocial. 
E) biopsicológico. 
 
08- Os menores de dezoito anos que já tenham se casado ou constituído negócio próprio são considerados 
penalmente 
A) inimputáveis. 
B) semi-imputáveis. 
C) responsáveis. 
D) capazes. 
 
09- Assinale a alternativa correta. 
A) Em matéria de imputabilidade penal, adota o Código Penal brasileiro exclusivamente o sistema ou 
critério biológico. 
B) Em matéria de imputabilidade penal, adota o Código Penal brasileiro em certas hipóteses o sistema ou 
critério psicológico. 
 
C) Em matéria de imputabilidade penal, adota o Código Penal brasileiro exclusivamente o sistema ou 
critério psicológico. 
D) Em matéria de imputabilidade penal, adota o Código Penal brasileiro, salvo exceção, o sistema ou critério 
biopsicológico. 
 
10- Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens 
seguintes. 
Considere que um indivíduo penalmente capaz, em total estado de embriaguez, decorrente de caso 
fortuito, atropele um pedestre, causando-lhe a morte. Nessa situação, a embriaguez não excluía 
imputabilidade penal do agente. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
 
GABARITO 
1- A 
2- A 
3- ERRADO 
4- D 
5- E 
6- CERTO 
7- E 
8- A 
 
9- D 
10- ERRADO

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