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Emergência psiquiátricas · O que consideramos emergências psiquiátricas? A emergência psiquiátrica ocorre em momentos agudos nos diversos quadros psiquiátricos em ambiente hospitalar ou externo. Nesses casos trataremos a emergência (a condição) e não o diagnóstico. Trataremos basicamente essas duas condições: · Agitação psicomotora · Risco de suicídio · Nas UBS atenderemos na média 40-50% de crises na área psiquiátrica. · Em um pronto socorro de qualquer município, de cada 100 pacientes, 17 chegam com pensamento suicida e comportamento impulsivo “Qualquer situação de natureza psiquiátrica em que existe um risco significativo (de morte ou injúria grave) para o paciente ou para os outros, necessitando de uma intervenção terapêutica imediata. “ · Vamos ter que conter a situação; temos que falar com autoridade, não pode fechar a porta, tem que tirar objetos de risco de cima da mesa EMERGÊNCIA: situação de risco grave – intervenções imediatas e inadiáveis (minutos a horas). Exemplos: violência, tentativa de suicídio... URGÊNCIA: situação de um risco menor – intervenções a curto prazo (dias ou semanas). Exemplos: comportamento bizarro, quadros de ansiedade... ELETIVAS: a rapidez da intervenção não é critério essencialmente importante: ansiedade leve, distúrbios de relação interpessoal... Quais são as características diferenciadoras da emergência psiquiátrica: · Fácies de desespero · Choro incontido · Descarrilhamento de ideias · Verbalização com cunho violento · Premeditação/promessa de agressão · Intimidação ao profissional ou á outrem · Agressividade recente ou da HDA · Inquietação · Silêncio absoluto “repentino” · Tentativa de homicídio · Psicose puerperal · Auto agressividade e automutilação Muitas vezes uma intervenção verbal é o suficiente em relação a isso. As equipes devem ser treinadas para saber o que dizer, qual atitude tomar. Nos CAPS toda a equipe, incluindo por exemplo as cozinheiras, são treinadas para saber o que fazer, é um treinamento constante. São realizados treinamentos de contenção inclusive, devemos saber como imobilizar sem machucar o paciente, teremos que ter uma equipe preparada. · Geralmente o nosso papel como médico vai incluir as intervenções farmacológicas principalmente Grupos de risco: · Adultos jovens, abaixo dos 40 anos; · Mulheres; · Pacientes solitários; · Minorias e pessoas com baixa condição socioeconômica; Quadros mais comuns: · Agitação psicomotora · Ansiedade e pânico; · Ameaças ou comportamentos suicidas ou agressão; Principais emergências psiquiátricas: · Transtornos psicóticos · Transtornos do humor · Transtornos da ansiedade (pânico) · Dependência química · Quadros demenciais · Retardo mental · Transtornos alimentares · Simulação 1. Agitação: pessoas com fala desconexa, agitada, inquieta, verbalização de agressividade, fácies de agressividade, comportamento agressivo, fora da realidade, ouvindo vozes; 2. Ideação/planejamento de suicídio 3. Crises de pânico: chegam no PS e temos que ter uma intervenção imediata de medicação São as 3 principais condições psiquiátricas que chegam ao pronto socorro Situações Específicas Mais Comuns · Paciente Deprimido Grave · Tentativa de Suicídio · Paciente Psicótico · Paciente Violento · Paciente Ansioso Ambiente e fatores de risco · Arrumação do set da emergência · Arrumação do set da sala de atendimento · Objetos soltos (até uma caneta se torna uma arma) · Desatenção da equipe (não sair gritando para conter o paciente por exemplo) · Prontificação do material p/ sos. 9onde esta a seringa, a mediação, saber como prepara a mediação) Analisando o paciente · Impressão do paciente · Fala · Olhar · Gestos Regra geral: Sinais ou sintomas psiquiátricos podem ser a primeira manifestação de: · Problemas clínicos · Problemas neurológicos · Uso ou abstinência de substâncias · Transtornos psiquiátricos *Não pode ameaçar o paciente (como falar que vai amarrar se ele não parar) *Em emergência usa-se antipsicóticos típicos, que causam sedação e contenção sem agir no SNC, considerando que não sabemos a causa, por isso não podemos rebaixar o paciente. Principais medicamentos Nome Nome comercial Mecanismo de ação Clorpromazina AMPLICTIL Antipsicótico que bloqueia os impulsos gerados pela dopamina nas sinapses. Tem efeitos antieméticos, anticolinérgicos, hipotensor, sedativo e efeito extrapiramidal fraco ou médio Prometazina FENERGAN A prometazina é um anti-histamínico H1 pertencente ao grupo das fenotiazinas, com atividade antialérgica, antiemética, sedante para indução do sono e pode interagir com receptor de sódio Haloperidol HALDOL O haloperidol é um fármaco neuroléptico. Pode ser utilizado também para evitar enjoos e vômitos, para o controle de agitação, agressividade, estados maníacos, psicose esteroidea e para tratar a distúrbio de Gilles La Tourette *Clorpromazina, prometazina (usa-se para não impregnar) e haloperidol: injetável, intramuscular, cada substancia em uma seringa individualizada é o famoso “sossega leão”, são as medicações mais seguras para emergência *Quadros de pânico: Diazepam que é oque tem em pronto socorro, na urgência você dá Diazepam, no primeiro momento oral, se isso não for possível fazer injetável, intramuscular e em ultimo caso EV (mas assim é difícil porque tem que conter esse paciente a todo momento para aplicar) *A Frangofilia pode ocorrer nos episódios de euforia do Transtorno Afetivo Bipolar, no caso de oligofrênicos, na agitação catatônica e em estados demenciais, senis e pré-senis Impulso ao estraçalhamento de roupas, vestes, travesseiros, colchões, móveis, etc., numa expressão de hostilidade ativa e incontida ao mundo material. Situações especiais Pacientes agressivos: · Não enfrentem: fale com firmeza · Avaliem e coletem informações com familiares. · Solicitem o auxílio dos seguranças sempre que necessário. Tratamento farmacológico para pacientes agitados, agressivos e psicóticos · ANTIPSICOTICOS: Ainda é a mais segura droga à disposição, com baixo comprometimento das funções cardíacas e respiratórias Paciente depressivos · Investigação ativa do entrevistador · Comportamentos suicidas: Ideação suicida, tentativa de suicídio, desejo de morrer x desejo de chamar atenção, suicídio Fatores relevantes: Intenção, letalidade e conhecimentos sobre métodos. · Fatores de risco: desesperança, história de tentativas anteriores, história familiar Equipe: · Postura do profissional · Sincronia da equipe de emergência · Abordagem ao paciente · Imobilização do paciente e contenção mecânica e química · Linguagem da emergência em emergências psiquiátricas (não precisa falar certas coisas na frente do paciente, não pode ser aquela pessoa que vai apavorar) “O treinamento, coordenação e empenho da equipe tem importância fundamental para o atendimento eficaz e com riscos mínimos para o paciente e à equipe da emergência” Tipos de intervenção: · Contenção verbal · Contenção mecânica · Contenção química O paciente tem o direito de receber o tratamento menos restritivo e invasivo possível, apropriado a necessidades de segurança da equipe, suas e de terceiros. Principais objetivos de um atendimento de emergência *Quando falamos em emergências, quem atenderá principalmente será o clínico, e o objetivo, independente do que apareça é salvar vidas. Por isso a sequência de avaliação é a mesma, avaliamos sinais vitais, aparelho respiratório e exame físico conforme a condição do paciente, sem deixar de ter em mente o foco em estabilização do paciente. 1. Estabilização do quadro · Abordagem + controle (verbal, medicamentoso, físico) · Simultaneamente: os demais processos do atendimento vão se desenrolando (história, exame do paciente) *Na emergência o foco não é dar diagnóstico, e sim estabilizar o quadro. Se chegou agitado/agressivo pensar se vai ter que ser medicação injetável, contenção mecânica, sincronia com a equipe. Existem pacientes que chegam agressivos e desafiadores, nesses casos não pode enfrentar, tem que sempre tentar amenizar, falar com firmeza para diminuir esses confrontose essa agitação. Primeiro tenta verbalmente, se ver que não funciona aí entra com a medicação (antipsicóticos para não rebaixar a respiração do paciente, pois não sabemos o que ingeriu, quais outras medicações ele toma, se tem outro problema neurológico). *O ideal é sedação leve, por meio de medicação IM durante uma contenção para poder aplicar a medicação; *Sedação leve: paciente acorda quando você chama ou provoca algum estímulo tátil, mesmo que sonolento ele responde *Simultaneamente temos que colher a história, se tem patologia psiquiátrica de base, se usa medicação continua, se fez uso de substância tóxica, drogas, álcool (ver se está com hálito etílico; as vezes não bebeu, mas é etilista crônico) *Avaliar o nível sociocultural, por que as vezes o paciente nem sabe o que toma, para poder descartar qualquer hipótese externa em relação aquele quadro *Em emergência trata-se a urgência, estabiliza o quadro, mesmo que o paciente chegue por exemplo: com sintomas bipolares, não podemos dar a medicação para a síndrome, não vamos dar um estabilizador do humor mesmo que tenha grande probabilidade de ser, iremos estabilizar o paciente sem rebaixar demais; *O histórico vai direcionar a sequência do tratamento 2. Hipóteses Diagnósticas: “IDÉIA” do que está acontecendo: · Quadro orgânico, · Psicótico, · De humor, · De ansiedade, · De personalidade (hipótese provisória) 3. Exclusão de causas orgânicas · Exames laboratoriais e de imagem · Indícios de causa orgânica: · história do paciente · exame físico · exame do estado mental (consciência, atenção, senso percepção, orientação e memória · ↓ Suspeita *A partir daqui iremos pensar: precisa de algum exame para complementar esse diagnóstico? *Realizam tomografias excessivamente e desnecessariamente em pacientes psiquiátricos. Uma tomografia em emergência só serve para excluir TCE, quedas e coisas do tipo *Deficiência de vitamina B12: pode causar encefalopatias, esquecimento, evoluir para demência. *Em psiquiatria o médico tem que ir até o mundo do paciente para trazer ele ao nosso mundo, tem que falar a linguagem do paciente Algumas características que indicam suspeita de organicidade: · 1) Início agudo · 2) Primeiro episódio · 3) Idade avançada · 4) Doença ou lesão orgânica atual · 5) Abuso significativo de substâncias · 6) Alucinações não auditivas · 7) Sintomas neurológicos · 8) Alterações estado mental sugestivas: estado de alerta, desorientação, alteração da memória, da atenção, concretismo 4. Encaminhamento: · Raramente o atendimento de emergência se encerra em si mesmo: · estabilização do quadro · controle dos riscos · sequência de tratamento *Raramente uma emergência psiquiátrica se encerra ali naquele momento Indicações de internação psiquiátrica · Risco de suicídio · Risco de agressão · Risco de homicídio · Autonegligência grave (pessoa que não consegue mais se cuidar/preservar) · Refratariedade e patologia de difícil controle em ambulatório · Troca de esquema terapêutico que exija cuidados ou coloque o paciente em situação de risco (piora dos sintomas ou efeitos adversos) · Paciente sem suporte familiar necessário para o tratamento ideal RESUMO · Objetivos de um atendimento de emergência psiquiátrica 2 Intervenção precoce: Evitar a progressão do comportamento agressivo · Agitação psicomotora agressão verbal agressão física · Manejo: controlar todo o ambiental, atitudinal, farmacológico, físico CASO 1: H, 17 anos, episódio inédito de delírios persecutórios, alucinações auditivas, agitação psicomotora e agressividade há 7 dias. Hip diagnóstica: Síndrome psicótica – esquizofrenia paranoide, uso de substâncias, medicações (não dá para fechar o quadro, em emergência não se dá diagnóstico) Conduta: Estabilização do paciente – AMPLICTIL, HALDOL E FENERGAM e em seguida encaminhar para o psiquiatra após descartar qualquer tipo de alteração clínica “Tratar não é trancar”
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