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Nocoes Juridicas e Bioetica

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Noções Jurídicas e Bioética
Elaboração
Veríssimo Nascimento Ramos dos Santos 
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO, FONTES E RAMOS DO DIREITO ............................................................................... 9
CAPÍTULO 2
NOÇÕES DE LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA ................................................................... 20
CAPÍTULO 3
NOÇÕES DE PROCESSO JUDICIAL ......................................................................................... 28
UNIDADE II
FONOAUDIOLOGIA FORENSE .............................................................................................................. 35
CAPÍTULO 1
NOÇÕES DE PERÍCIA ............................................................................................................. 35
CAPÍTULO 2
NOÇÕES PROCEDIMENTAIS PARA A ATUAÇÃO EM PERÍCIA ..................................................... 39
CAPÍTULO 3
FONOAUDIOLOGIA E PERÍCIA ................................................................................................ 46
UNIDADE III
INTRODUÇÃO À ÉTICA E BIOÉTICA ....................................................................................................... 49
CAPÍTULO 1
NOÇÕES SOBRE ÉTICA ........................................................................................................... 49
CAPÍTULO 2
ÉTICA E PRÁTICA PROFISSIONAL .............................................................................................. 54
CAPÍTULO 3
CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA ................................................................................. 61
PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 70
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao 
profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução 
científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O presente estudo visa contemplar noções jurídicas gerais importantes aos profissionais 
das mais diversas áreas, que porventura venham a trabalhar em processos judiciais ou 
extrajudiciais.
Inicialmente, traçamos os mais relevantes aspectos da Introdução ao estudo do Direito, 
explorando o seu conceito enquanto ciência, suas fontes e seus principais ramos.
Desta forma, o profissional poderá refletir para o Direito enquanto um sistema, dotado 
de múltiplas fontes, mas que convergem com o intuito de se alcançar o bem comum e 
manter a ordem jurídica.
Além das noções introdutórias, passamos a compreender o processo judicial e seus 
procedimentos ordinários no âmbito penal e civil. 
Posteriormente, trabalhamos importantes conceitos e definições introdutórias do 
Direito do Trabalho, destacado segmento jurídico, cujas ferramentas são utilizadas no 
dia a dia de trabalho de diversos profissionais.
A segunda unidade voltou-se para o estudo da perícia e de seus procedimentos jurídico-
processuais. Ao tratar do tema, buscamos fazer aproximações da perícia na área da 
saúde, em especial na área de Fonoaudiologia, trazendo informações aos profissionais 
do segmento que desejam atuar no ramo forense.
Por fim, na última unidade, propusemos uma análise sobre ética e bioética. Verificamos 
que tais conceitos devem ter campo de estudo e reflexão, inclusive aos profissionais da 
área de saúde e área pericial.
Objetivos
 » Obter bases teóricas sobre a ciência do Direito.
 » Compreender noções de processo judicial.
 » Estudar os principais aspectos jurídicos da perícia nos processos cíveis, 
penais e trabalhistas.
 » Refletir sobre ética profissional, moral e bioética.
9
UNIDADE I
VISÃO GERAL 
DO DIREITO: 
CONCEITOS 
BÁSICOS
CAPÍTULO 1
Conceito, fontes e ramos do Direito
“O Direito é um poder passivo ou pacificado pelo Estado e é sinónimo de poder, 
pois sem esta participação e legitimação democrática, só resta à violência,a 
descrença e a barbárie”. 
Hannah Arendt.
“Mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste 
instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém 
a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido 
para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que 
da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não 
a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica 
judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos 
da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, 
mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, 
uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo do ético, 
uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como 
indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, 
sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, 
uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, 
uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o 
respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste”. (José Saramago).
10
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Conceito de Direito
Para adentrarmos o ramo da ciência jurídica, devemos inicialmente analisar os 
principais conceitos de Direito vigentes.
Cabe esclarecer que não há um conceito unívoco do Direito. Porém, juristas, filósofos e 
cientistas sociais buscam trazer definições que tentam compreender o Direito e todos 
os seus fenômenos, seu objeto e seus reflexos perante a sociedade. 
Lyra Filho (1982), alerta que lei é a palavra mais frequentemente associada a Direito, 
inclusive na língua inglesa, em que law designa as duas coisas. Entretanto, em várias 
outras línguas, Direito e lei são indicados por termos distintos, a exemplo de: lus e lex 
(latim), Derecho e léy (espanhol), Diritto e legge (italiano), Droit e loí (francês), Recht 
e gesetz (alemão), Pravo e zakon (russo), Jog e tõrveny (húngaro) e assim por diante. 
Para melhor entender o Direito e suas nuances, leia o livro:
O que é Direito? De Toberto Lyra Filho.
Informações adicionais: FILHO, Roberto Lyra. O Que é Direito. 11. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1982.
Entretanto, o conceito de Direito ultrapassa a simples noção de lei, tendo em vista que 
existem outros aspectos que abrangem sua concepção.
Dentre os conceitos consagrados pelos juristas pátrios, está o do professor Miguel Reale, 
que trabalha a Teoria Tridimensional do Direito. Na visão do autor, o Direito apresenta 
múltiplas formas e em função de múltiplos campos de interesse. 
Segundo ele, o Direito é uma “ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na busca 
do bem comum”. Explica o autor que, o Direito estabelece relações de exigibilidade, com 
o objetivo de realizar uma convivência ordenada, isto é, uma composição harmônica do 
bem de cada um com o bem de todos. (REALE, 2004)
Ao analisar os sentidos da palavra Direito, Reale demonstra que eles correspondem a 
basicamente três aspectos básicos: um aspecto normativo (o Direito como ordenamento 
e a sua respectiva ciência), um aspecto fático (o Direito como fato, ou em sua efetividade 
social e histórica) e um aspecto axiológico (o Direito como valor de Justiça). Nesse 
sentido, fatos, valores e normas se implicam e se exigem reciprocamente.
11
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Figura 1. Valor, Fato e Norma. 
Valor
Fato Norma
Fonte: Autor.
Para Vicente Ráo (1997), o Direito é tido como um sistema social fundado na natureza 
humana que, estabelece na relação entre os homens uma proporção de reciprocidade 
nos poderes e deveres que lhes atribui, regula as condições existenciais e evolucionais 
dos indivíduos e dos grupos sociais e, em consequência, da sociedade, por meio de 
normas coercitivamente impostas pelo poder público. 
Na visão de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, a Ciência do Direito tem por objeto central 
o próprio ser humano que, pelo seu comportamento, entra em conflito, cria normas 
para solucioná-lo, decide-o, renega suas decisões etc. Já a norma, diz respeito a uma 
proposição (proposição jurídica), mas uma proposição de natureza prática, isto é, uma 
orientação para a ação humana, sendo, portanto, uma regra, conforme a qual devemos 
nos guiar. (FERRAZ JUNIOR, 1980).
Fontes do direito
Para José Cretella Júnior (2005), fonte significa “o vocábulo que designa concretamente 
o lugar onde brota alguma coisa, como fontes d’agua ou nascente, a expressão fontes do 
direto significa o lugar de onde provem a norma jurídica, donde nascem regras jurídicas 
ainda não existentes na sociedade humana, retornar a fonte do direito é buscar a origem 
de seus enunciados”.
Na ótica de Miguel Reale (2004), as fontes do Direito são os fatos jurídicos de que 
resultam normas, não sendo objetivamente a origem da norma, mas o canal no qual 
ela se torna relevante. Segundo ele, as fontes do Direito seriam os modos de formação e 
revelação das normas jurídicas, isto é, o ponto de partida para a busca da norma.
Vejamos, portanto, as principais fontes do Direito: 
12
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Leis
As leis são tidas como as principais fontes do Direito. A Lei em sentido amplo traz a 
ideia de uma regra que institucionaliza a entrada de uma norma no sistema, dentro do 
qual ela será reconhecida como legal ou lei no sentido estrito.
Observação: É preciso evitar ainda a confusão entre lei e norma. A norma é uma 
prescrição. A lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro 
do ordenamento. Desta forma, a lei é fonte do direito, isto é, o revestimento estrutural 
da norma que lhe dá a condição de norma jurídica. As normas, por exemplo, podem ter 
cunho moral jurídico ou de trato social.
Conforme Ferraz Júnior (2003), a legislação é fonte de inúmeras normas que requerem 
procedimentos regulados por outras normas que, por sua vez, são também produto 
de atos competentes. Neste âmbito, a primeira competência é estabelecida conforme 
normas primeiras, quais sejam, as normas constitucionais.
A Constituição é a lei fundamental de um país, que contém normas respeitantes à 
organização básica do Estado, ao reconhecimento e à garantia dos direitos fundamentais 
do ser humano e do cidadão, às formas, aos limites e às competências do exercício do 
Poder Público (legislar, julgar, governar).
A Constituição de 1988 é a atual carta magna da República Federativa do Brasil. Foi a 
sétima constituição da história do país, sendo promulgada no dia 5 de outubro de 1988. 
É conhecida como constituição cidadã, em razão da intensa participação na elaboração 
do texto e é considerada até hoje uma das mais avançadas e democráticas do planeta, 
na seara dos direitos e garantias individuais do cidadão.
Figura 2. Constituição de 1988.
Fonte: <www.petiçãopublica.com.br>.
13
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Assim, reza o preâmbulo do texto constitucional:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia 
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado 
a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, 
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem 
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Ainda no texto constitucional, estão presentes as demais espécies legislativas, esculpidas 
pelo art. 59, que diz:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
III – leis ordinárias;IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias;
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Todos os atos ali presentes são infraconstitucionais, com exceção das emendas, tendo 
em vista que após serem promulgadas se incorporam ao texto constitucional e possuirão 
o mesmo status da constituição.
Hans Kelsen (1998), importante jurista e filósofo austríaco, organizou uma estrutura 
normativa escalonada, pois acreditava que a norma que regula a produção é a norma 
superior e a norma produzida segundo as determinações daquela é a norma inferior. 
Segundo ele, a ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no 
mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de 
diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas.
14
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Figura 3. Nesse âmbito, podemos visualizar as espécies normativas por meio de uma pirâmide hierárquica, que 
no processo legislativo brasileiro representaria a seguinte ilustração.
Leis complementares
Leis ordinárias
Leis delegadas
Medidas Provisórias
Decretos Legislativos
Resoluções 
CF
Emendas Constitucionais
Atos Infralegais:
Portarias
Decretos
Regulamentos
Fonte: Autor.
Por sua vez, os atos infralegais são as normas inferiores às normas infraconstitucionais/
legais. Representam um comando geral do Poder Executivo visando à correta aplicação 
da lei, detalhando o que diz a norma infraconstitucional. São exemplos os decretos, 
regulamentos, portarias etc.
Costumes
Os costumes também representam importante fonte do Direito. Difere da lei, pois esta é 
certa e determinada, além de ser revestida de segurança e certeza. Já o costume não tem 
origem certa, nem se localiza ou é suscetível de localizar-se de maneira determinada. 
Isto porque, geralmente não sabemos de onde veio determinado hábito ou uso social 
que, aos poucos, se converte em uso jurídico. (REALE, 2004)
Segundo Tercio Sampaio Ferraz Júnior (2003): 
O costume é uma forma típica de fonte do direito nos quadros da 
chamada dominação tradicional no sentido de Weber. Baseia-se, nesses 
termos, na crença e na tradição, sob a qual está o argumento de que algo 
deve ser feito, e deve sê-lo porque sempre o foi. A autoridade do costume 
repousa, pois, nessa força conferida ao tempo e ao uso contínuo como 
reveladores de normas, as normas consuetudinárias. Aqui, também, 
temos que distinguir entre costume como regra estrutural e norma 
costumeira como elemento do sistema do ordenamento.
O costume enquanto fonte do direito é considerado uma norma aceita como obrigatória 
pela consciência social, sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Na ótica de 
15
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Rizzato Nunes (2002), “o costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao 
setor da realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e em 
especial pelo poder judiciário”.
Silvio Venosa (2014) explica que, em que pese à prevalência da lei no nosso sistema, o 
costume desempenha papel importante, principalmente porque a lei não tem condições 
de predeterminar todas as condutas e todos os fenômenos. O autor explica que o uso 
reiterado de uma conduta ou atividade ganha status de costume. Transforma-se, 
portanto, em costume quando a prática reiterada torna-se obrigatória na consciência 
social. Isso indica que nem todo uso é costume, posto que este nasça da consciência 
coletiva, de um grupo social mais ou menos amplo. Tem por característica a amplitude, 
isto é, que seja largamente disseminada no meio social. 
O Código Civil brasileiro de 2002 faz várias referências aos usos, que se colocam na 
base dos costumes. Essa legislação também indica a utilização do costume como fonte 
subsidiária de interpretação em vários dispositivos (arts. 569, II, 596, 599, 615, 965, I, 
1.297, § 1o). O costume pode servir como um instrumento precioso para o preenchimento 
de lacunas no Direito escrito, ou seja, quando a lei não oferece resposta.
Exemplo da utilização de costumes como fonte na legislação brasileira: 
CC/2002: Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza 
do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante 
prévio aviso, pode resolver o contrato.
Os costumes possuem maior aplicação em determinados ramos do Direito, tais como o 
Direito Comercial e o Direito Internacional. 
Jurisprudência
Ainda no âmbito das fontes do direito, cabe analisarmos a jurisprudência, dada a sua 
importância para o ramo jurídico. 
Miguel Reale (2004) nos ensina que a palavra “jurisprudência”, em sentido estrito, traz 
a noção de “revelação do direito que se processa através do exercício da jurisdição, em 
virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais”. No âmbito do Poder 
Judiciário, os juízes são chamados a aplicar o Direito aos casos concretos, a dirimir 
conflitos que surgem entre indivíduos e grupos. Para aplicar o Direito, o juiz deve, 
evidentemente, realizar um trabalho prévio de interpretação das normas jurídicas, que 
nem sempre são suscetíveis de uma única apreensão intelectual, já que a fundamentação 
de cada caso concreto poderá variar.
16
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Para o autor, esta é a razão pela qual o Direito jurisprudencial não se forma mediante 
a uma ou três sentenças, mas exige uma série de julgados que guardem, entre si, uma 
linha essencial de continuidade e coerência. Desta forma, para que se possa falar em 
jurisprudência de um Tribunal, é necessário certo número de decisões que coincidam 
quanto à substância das questões objeto de seu pronunciamento, isto é, uma quantidade 
significativa de decisões com o mesmo ponto de vista.
O jurista observa, ainda, que a Jurisprudência muitas vezes inova a matéria jurídica, 
estabelecendo normas que não se contém estritamente na lei, mas resultam de 
uma construção obtida graças à conexão de dispositivos, até então considerados 
separadamente, ou, ao contrário, mediante a separação de preceitos por largo tempo 
unidos entre si. 
Princípios gerais do direito
Os princípios são tidos com são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, 
como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também 
por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos 
pelas necessidades da pesquisa e da práxis (REALE, 2004)
Os princípios gerais do direito eram utilizados apenas como técnica de integração das 
lacunas. Para Dworkin (1978), os princípios são todos aqueles padrões morais e políticos 
a que as decisões jurídicas recorrem para decidir os casos que não são suficientemente 
solucionados pelas regras do direito positivo (a exemplo das leis). 
Simioni (2012) esclarece que os princípios são muito diferentes das regras em vários 
aspectos. Explica que: “Princípios não estabelecem as condições prévias de sua 
aplicação, tal como fazem as regras. E por isso os princípios não são questões de tudo 
ou nada. O seu cumprimento não é uma questão de correção, mas de adequação, de 
coerência. Os princípios não são válidos ou inválidos, mas, sim, questões de peso, de 
importância, questões de fundamento, de justificação adequada. Para Dworkin (1978), 
os princípios enunciam razões que conduzem a interpretação e a argumentação jurídica 
para certa direção”.
No entanto, para Norberto Bobbio (1993), os princípios gerais de direito são, de fato, 
normas fundamentais ou generalíssimas do sistema. 
Na definição de Robert Alexy (1997), os princípios são normas que ordenam que algo 
seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades reais e jurídicas 
existentes, na forma de mandados de otimização. Já as regras ou são cumpridas ou não.
17
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Independentemente de consenso por parte da doutrina, os princípios são diretrizes 
que norteiam todo o sistema jurídico, sendo observados tanto para preenchimento de 
lacunas do direito,quanto sopesados no conflito entre normas, quando o intérprete 
aplica o direito com base na equidade, justiça, boa-fé, dentre outros. 
Doutrina
A doutrina é outra importante fonte do direito, bastante utilizada pelos profissionais 
que operam neste ramo. Segundo Maria Helena Diniz (2011), a doutrina é o resultado 
de uma atividade científica dos juristas, portanto, uma forma de expressão jurídica. 
Ferraz (2003) salienta que posições doutrinárias dominantes (doutrina dominante) não 
chegam, no sistema romanístico, a serem fontes do direito. Entretanto, sua autoridade 
como base de orientação para a interpretação do direito, é irrecusável.
Ainda acerca da doutrina, Reale (2004) assevera que não se trata de fonte do Direito, 
mas nem por isso deixa de ser uma das molas propulsoras, e mais racional das forças 
diretoras, do ordenamento jurídico. 
Dentre as funções da doutrina, Franklin (2015) destaca três:
 » Caráter Criador
A doutrina é responsável por acompanhar as transformações sociais que 
ocorrem no dia a dia da vida, que afetam diretamente o direito. Na medida 
em que a sociedade evolui, o Direito deve seguir o mesmo ritmo de evolução. 
Nesse sentido, a Ciência Jurídica deve suprir as antigas ideias por novas e 
modernas, sendo a doutrina responsável por essa transformação. 
 » Papel Prático da Doutrina
Outra importante função da doutrina consiste em sistematizar o direito, 
levando em consideração a grande quantidade de leis, processos, ou novas 
normas que o Direito compreende em seu conteúdo. Faz-se necessário, 
portanto, um grande estudo doutrinário para sistematizar, e dessa forma 
melhorar a interpretação jurídica do objeto tratado.
 » Atividade Crítica
A doutrina deve, ainda, apresentar a qualidade de crítica. Os autores devem 
avaliar as doutrinas já existentes, buscar uma análise das obras e procurar 
18
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
defeitos, para que, desse modo, ocorra o conflito de ideias para se chegar a 
uma concepção realística da sociedade.
Analogia
Alguns autores indicam a analogia enquanto fonte do direito, outros apenas como um 
método de integração de normas.
Na analogia, existe a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a 
ausência de normas que regulem o caso concreto.
Sabe-se que a lei nunca é suficiente para regular todos os fenômenos que podem ocorrer 
na vida em sociedade. Neste momento, então, revela-se o papel da analogia no sistema 
jurídico. Não o de fonte formal do Direito, mas de método de integração das normas no 
caso concreto. 
Assim é o entendimento do professor César Fiuza:
Alguns juristas incluem dentre as fontes do Direito a analogia. Reputo 
equivocada essa opinião. Ora, analogia é método, seja de interpretação, 
seja de integração do Direito. Momentos há em que a lei não regulamenta 
determinado instituto, como é o caso do contrato de fidúcia. Teremos, 
então, lacuna na lei. Como resolver questão envolvendo fidúcia se não 
há lei regulando a matéria? Usa-se processo analógico, aplicando-se 
normas que, por analogia, possam enquadrar-se ao caso. Com base 
nisso, vários juristas dizem ser a analogia fonte de Direito. Na verdade, a 
fonte, no caso, não foi a analogia, mas sim a própria Lei, que se integrou 
ao fato concreto por processo analógico. (FIUZA, 2004)
Ramos do direito
Desde o Direito Romano existe uma classificação básica entre os ramos do Direito 
em Direito Público e Direito Privado. Passamos agora, a saber, um pouco sobre as 
características de cada ramo e as subáreas do direito que fazem parte de cada ramo. 
Direito Público
Este ramo do Direito é voltado para as relações públicas, isto é, entre o Estado e seus 
administrados. 
19
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Direito Privado
Já o Direito Privado tem por base as relações entre os particulares.
Para melhor visualizarmos os ramos do direito, bem como as suas subáreas divididas 
por disciplinas jurídicas, observem a seguinte ilustração:
Figura 4. Direito Público – Direito Privado.
Direito 
Constitucional
Direito 
Administrativo
Direito Penal
Direito Tributário
Direito Financeiro
Direito Público Direito Privado
Direito Civil
Direito Comercial
Direito Trabalhista
Fonte: Autor.
Neste capítulo vimos que:
 » O Direito é classificado como uma “ordenação bilateral atributiva das 
relações sociais, na busca do bem comum”.
 » As principais fontes do Direito são: as leis, a jurisprudência, a doutrina, 
os costumes, a analogia, os princípios gerais do direito.
 » Os principais ramos do Direito se dividem em: Direito Público e Direito 
Privado.
20
CAPÍTULO 2
Noções de legislação social e 
trabalhista
“Todo o Homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, 
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a 
dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de 
proteção social”.
Declaração Universal dos Direitos do Homem. 
A criação da CLT
Dia 1o de maio de 2013 a Consolidação das Leis do Trabalho completaram 
70 anos. A CLT foi criada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e 
sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo. 
A Consolidação foi assinada pelo então presidente no Estádio de São Januário 
(Club de Regatas Vasco da Gama), que estava lotado para comemorar o feito. Dois 
anos antes, em 1941, Getúlio havia assinado a criação da Justiça do Trabalho, no 
mesmo local e mesmo dia do ano.
A Consolidação unificou toda a legislação trabalhista então existente no Brasil e 
foi um marco por inserir, de forma definitiva, os direitos trabalhistas na legislação 
brasileira. Seu objetivo principal é regulamentar as relações individuais e coletivas 
do trabalho, nela previstas. Ela surgiu como uma necessidade constitucional, 
após a criação da Justiça do Trabalho.
Em janeiro de 1942, o presidente Getúlio Vargas e o ministro do trabalho, 
Alexandre Marcondes Filho, trocaram as primeiras ideias sobre a necessidade 
de fazer uma consolidação das leis do trabalho. A intenção inicial foi criar a 
“Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência Social”.
Foram convidados para fazer parte da empreitada os juristas José de Segadas 
Viana, Oscar Saraiva, Luís Augusto Rego Monteiro, Dorval Lacerda Marcondes 
e Arnaldo Lopes Süssekind. Na primeira reunião ficou definido que a comissão 
seria dividida em Trabalho e Previdência, e que seriam criadas duas consolidações 
diferentes.
21
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Entre as fontes materiais da CLT, podem ser citadas três. Em primeiro lugar, as 
conclusões do 1o Congresso Brasileiro de Direito Social, realizado em maio de 
1941, em São Paulo, para festejar o cinquentenário da Encíclica Rerum Novarum, 
organizado pelo professor Cesarino Júnior e pelo advogado e professor Rui de 
Azevedo Sodré. A segunda fora às convenções internacionais do trabalho. A 
terceira, a própria Encíclica Rerum Novarum (em português, “Das Coisas Novas”), 
o documento pontifício escrito pelo Papa Leão XIII a 15 de Maio de 1891, como 
uma carta aberta a todos os bispos sobre as condições das classes trabalhadoras.
Os pareceres dos consultores jurídicos Oliveira Viana e Oscar Saraiva, aprovados 
pelo ministro do Trabalho, também foram importantes. O código foi ainda 
fortemente inspirada na Carta del Lavoro, do governo de Benito Mussolini, na 
Itália.
Em novembro de 1942, foi apresentado o anteprojeto da CLT, publicado 
posteriormente no Diário Oficial, para receber sugestões. Após estudar o projeto, 
Getúlio Vargas deu-o aos coautores, nomeando-os para examinar as sugestões e 
redigir o projeto final, assinado em 1o de maio de 1943.
Dois fatores tornaram a CLT um código de vanguarda para a época em que foi 
instituída: a ebulição dos movimentos sindicais dos operários na cidade de São 
Paulo, inspirados pelos imigrantes anarquistas vindos da Itália, e o fato do Brasil 
ser, à época,um país predominantemente agrário. De acordo com especialistas, 
o código foi visionário, ao antecipar a urbanização do país. 
Fonte: <www.tst.jus.br>
Noções de direito do trabalho
Após realizarmos a primeira análise acerca das noções jurídicas gerais e mais relevantes, 
passamos a explorar uma importante faceta do mundo jurídico, que é o Direito do 
Trabalho.
É uma matéria de extrema importância para todos os profissionais das mais diversas 
áreas, levando em consideração que muitos possuem relação empregatícia, tanto como 
empregado quanto empregador. Os direitos trabalhistas são essenciais para a garantia 
da dignidade do trabalhador no dia a dia do seu labor, o que contribui, portanto, para 
uma sociedade mais justa e equânime.
Para o autor trabalhista Maurício Goldinho Delgado (2008), o Direito do Trabalho tem 
por sua categoria fundamental a relação empregatícia e possui duas subcategorias: 
22
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
o Direito Individual do Trabalho, que consiste no complexo de princípios, regras e 
institutos jurídicos que regulam as relações laborais entre empregados e empregadores, 
no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de trabalho, além 
de outras relações laborais normativamente especificadas; e o Direito Coletivo do 
Trabalho, que pode ser definido como o complexo de princípios, regras e institutos 
jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e empregadores, além de 
outros grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação coletiva, 
realizada autonomamente ou mediante as respectivas associações (ex.: sindicatos). 
Princípios do direito do trabalho
Os princípios gerais do direito, já trabalhados no capítulo anterior, são importantes 
diretrizes para todos os ramos do direito, inclusive para o Direito do Trabalho. Entretanto, 
nesta seção, nos propomos a analisar os princípios específicos que regulam as relações 
trabalhistas e que são mais explorados pela doutrina pátria. Na visão de Vieira (2010) e 
Delgado (2008), assim são definidos alguns princípios do Direito obreiro:
Princípio do “in dubio pro operario” 
Este princípio reflete a orientação do Direito do Trabalho de que, cabe ao juiz, quando 
se deparar com a pluriexistência de sentidos da norma, interpretar a norma em favor 
da parte mais fraca na relação jurídica trabalhista, isto é, o empregado. Isto se dá 
em razão da hipossuficiência do trabalhador, que geralmente detêm menos recursos 
quando comparado ao aparato de uma grande empresa, por exemplo, no âmbito de um 
processo trabalhista. 
Princípio da norma mais favorável
Esta diretriz indica que, na existência de duas ou mais normas versando sobre o mesmo 
assunto, deve-se aplicar a que melhor servir para o empregado. Da mesma forma, isto se 
dá levando em conta sua posição hipossuficiente na relação de emprego. O princípio da 
proteção do trabalhador resulta das normas imperativas, e, portanto, de ordem pública, 
que caracterizam a intervenção básica do Estado nas relações de trabalho, objetivando 
opor obstáculos à autonomia da vontade.
23
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Princípio da irrenunciabilidade das garantias legais 
do trabalhador
Este princípio reflete o comando constitucional inserido no art. 5o, XXXVI, direito este 
já alcançado pelo trabalhador pela Carta Magna. Consiste em assegurar uma série de 
garantias absorvidas com seu trabalho. Dessa forma, para a ordem justrabalhista não é 
valida a renúncia ou transação de direitos que importe em prejuízo ao trabalhador. Por 
trás do princípio, está a tentativa de equilibrar a relação socioeconômica de emprego.
Princípio da primazia da realidade
Informa tal princípio que a realidade de fato (fática, presenciada somente em virtude 
dos fatos da vida real) deve ter prioridade em relação às cláusulas pactuadas entre 
seus signatários. Isto porque, pode ocorrer das partes compactuem de uma forma e a 
prática demonstrar outra realidade. Ou seja, o princípio se comunica com o princípio 
da verdade real. O Direito do Trabalho deve pesquisar, preferencialmente, a prática 
concreta efetivada ao longo da prestação de serviços. 
Princípio da irredutibilidade salarial
Estabelece este princípio que a prestação dada em contrapartida aos trabalhos 
empreendidos pelo empregado não pode ser reduzido ao bel prazer do empregador, não 
podendo este, por exemplo, fazer descontos aleatórios. Uma vez que se trata de caráter 
alimentar, o salário deve ser preservado a fim de atender as necessidades essenciais 
do ser humano. Ressalte-se que, é possível flexibilizar este comando, quando houver 
descontos somente em virtude de lei, a exemplo do art. 462 da CLT ou ainda em leis de 
natureza privatista como acordo ou convenção coletivos (art. 7o, VI, da CF/1988). 
Vejamos, portanto, o disposto no artigo 462 da CLT:
Art. 462 – Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos 
salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, 
de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
Princípio da continuidade da relação de emprego 
Este princípio objetiva a segurança do empregado mesmo havendo mudança estrutural 
ou funcional no seu ambiente de trabalho. Isto indica que, mesmo que exista mudanças 
significativas no aspecto de propriedade ou de alteração da estrutura jurídica da 
empresa não pode haver afetação quanto ao contrato de trabalho já estabelecido. Este 
24
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
preceito fora resguardado no art. 5o, XXXVI, da CF/1988, bem como na Consolidação 
das Leis do Trabalho nos arts. 10 e 448. 
Princípio da nulidade da alteração contratual 
prejudicial ao empregado
O presente princípio trata da inalterabilidade contratual lesiva. Reza que é nula, sem 
gerar efeitos jurídicos, qualquer disposição contratual sem a prévia concordância das 
partes envolvidas no certame, sendo que a alteração in pejus (para piorar) não gera 
efeitos de órbita jurídica, pois produz danos diretos e indiretos ao empregado. Desta 
forma, qualquer mudança contratual que piore a relação de emprego, com escopo de 
prejudicar o empregado, não produz efeitos jurídicos e é vedada pelo ordenamento 
jurídico trabalhista. Tal princípio encontra-se disposto na letra do art. 468 da CLT.
Acerca dos princípios do Direito Coletivo do Trabalho saiba mais em: Princípios 
do Direito do Coletivo do Trabalho, por Amauri Mascaro Nascimento. Disponível 
em: <http://www.tst.jus.br/documents/1295387/1334373/3.+Princ%C3%ADpio
s+do+Direito+Coletivo+do+Trabalho>
Fontes do direito do trabalho
Dentre as principais fontes do Direito do Trabalho está a Constituição Federal de 1988 
e a Consolidação das Leis Trabalhistas (Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943). 
Além da CLT, existem algumas legislações esparsas que também norteiam a ordem 
justrabalhista brasileira, dentre elas:
 » Lei no 605/1949 – Repouso Semanal Remunerado.
 » Lei no 2.757/1956 – Porteiros, Zeladores.
 » Lei no 2.959/1956 – Contrato por Obra ou Serviço Certo.
 » Lei no 3.030/1956 – Desconto por Fornecimento de Alimentação.
 » Lei no 3.207/1957 – Empregados Vendedores, Viajantes ou Pracistas.
 » Lei no 3.857/1960 – Músicos.
 » Lei no 4.090/1962 – Gratificação de Natal.
 » Decreto no 1.232/1962 – Aeroviários.
 » Lei no 4.749/1965 – 13o Salário.
25
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
 » Lei no 4.860/1965 – Regime de Trabalho nos Portos Organizados.
 » Lei no 4.886/1965 – Representantes Comerciais Autônomos.
 » Lei no4.950-A/1966 – Remuneração de Profissionais em Engenharia, 
Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária.
 » Lei no 5.859/1972 – Empregado Doméstico.
 » Lei no 5.889/1973 – Trabalho Rural.
 » Lei no 6.019/1974 –Trabalho Temporário Urbano.
 » Lei no 6.494/1977 – Estagiários.
 » Lei no 6.533/1978 – Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões.
 » Lei no 6.615/1978 – Radialistas.
 » Lei no 6.919/1981 – FGTS de Diretores.
 » Lei no 6.932/1981 – Médicos Residentes.» Lei no 7.183/1984 – Aeronautas.
 » Lei no 7.210/1984 – Trabalho e Serviços do Preso.
 » Lei no 7.418/1985 – Vale-Transporte.
 » Lei no 7.644/1987 – Mãe Social.
 » Lei no 8.036/1990 – Lei do FGTS.
 » Lei no 8.906/1994 – Advogados.
 » Lei no 9.601/1998 – Banco de Horas e Contrato por Prazo Determinado.
 » Lei no 9.719/1998 – Trabalho Portuário.
 » Lei no 10.101/2000 – Participação dos Trabalhadores nos Lucros ou 
Resultados.
 » Lei no 10.607/2002 – Declara Feriados Nacionais.
 » Lei no 10.748/2003 – Programa Primeiro Emprego – PNPE.
 » Lei no 10.820/2003 – Desconto de Prestações em Folha de Pagamento .
26
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Contrato e relação de trabalho
Contrato de trabalho
Segundo a CLT, o contrato individual de trabalho é o negócio jurídico em que uma 
pessoa física se obriga a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e 
sob dependência desta, durante um período determinado ou indeterminado de tempo, 
mediante o pagamento de uma remuneração de forma voluntária.
Características
Desta forma, podemos verificar as seguintes características da relação empregatícia, 
definidos por Delgado (2008):
Trabalho por pessoa física
A prestação de serviços que o Direito do Trabalho leva em consideração é aquela 
pactuada entre pessoa física, isto é, a figura do trabalhador há de ser, sempre, uma 
pessoa natural. 
Pessoalidade
Esta característica indica a impossibilidade do empregado poder substituir-se por outra 
pessoa. Difere da anterior porque o trabalho pode ser prestado por pessoa física, mas 
não quer dizer que será prestado com pessoalidade. 
Não eventualidade
Para que exista a relação empregatícia é necessário que o trabalho prestado tenha caráter 
de permanência, ainda que por um curto período determinado, não se classificando 
como um trabalho eventual ou esporádico. 
Onerosidade
A onerosidade é essencial na relação empregatícia, tendo em vista que se trata de 
uma relação de fundo econômico. O contrato de trabalho é um contrato bilateral, 
sinalagmático e oneroso, que envolve prestações e contraprestações recíprocas entre as 
partes, economicamente mensuráveis.
27
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Subordinação
A subordinação consiste na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela 
qual o empregado compromete-se a acolher o poder de direção empresarial no modo 
de realização da sua prestação de serviços. Ocorre, portanto, uma limitação da sua 
autonomia da vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção da 
atividade que desempenhará. 
Sujeitos da relação empregatícia
Empregador
Segundo a CLT, empregador é a pessoa física ou jurídica que, assumindo os riscos 
da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços, 
equiparando-se ao profissional liberal, à instituição de beneficência, às associações 
recreativas e outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como 
empregados.
Empregado 
O empregado, na letra do art. 3 da CLT, é a pessoa física que prestar serviços de natureza 
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Trabalhamos neste capítulo os seguintes aspectos:
 » O Direito do Trabalho tem por sua categoria fundamental a relação 
empregatícia e possui duas subcategorias: o Direito Individual do 
Trabalho e o Direito Coletivo do Trabalho.
 » Dentre os Princípios do Direito do Trabalho estão: o Princípio do “in 
dubio pro operario”; o Princípio da norma mais favorável; o Princípio 
da irrenunciabilidade das garantias legais do trabalhador; o Princípio 
da primazia da realidade; o Princípio da irredutibilidade salarial; o 
Princípio da continuidade da relação de emprego e o Princípio da 
nulidade da alteração contratual prejudicial ao empregado.
 » As características da relação de emprego são: trabalho por pessoa 
física, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação.
 » Os sujeitos da relação empregatícia são: empregador e empregado.
28
CAPÍTULO 3
Noções de processo judicial
A ideia de acesso à justiça não mais se limita ao mero acesso aos tribunais. Nas 
palavras lapidares de Kasuo Watanabe, não se trata apenas de possibilitar o 
acesso à justiça enquanto instituição estatal, e sim de viabilizar o acesso à ordem 
jurídica justa. E, segundo o mesmo autor, são dados elementares desse direito: o 
direito à informação; o direito à adequação entre a ordem jurídica e a realidade 
sócio econômica do país; o direito de acesso à uma justiça adequadamente 
organizada e formada por juízes inseridos na realidade social e comprometidos 
com o objetivo de realização da ordem jurídica justa; o direito a pré-ordenação 
dos instrumentos processuais capazes de promover a objetiva tutela dos direitos; 
o direito à remoção dos obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à 
justiça com tais características. (ADA PELLEGRINI GRINOVER)
Noções processualísticas genéricas
Após conhecermos um pouco mais sobre algumas diretrizes jurídicas gerais e termos 
contato com a legislação social e trabalhista brasileira, passaremos a analisar algumas 
definições processuais, afim de que o leitor tenha conhecimento de como funciona o 
andamento das normas e princípios estudados no âmbito jurisdicional do Estado, isto 
é, como funciona o processo dentro do direito brasileiro.
O Direito processual se divide em dois grandes ramos: o Direito Processual Civil e o 
Direito Processual Penal. Além deste, também se destaca o Direito Processual do 
Trabalho, dada a sua importância nas últimas décadas. Para Freitas Câmara (2006), 
esta divisão é feita para fins meramente didáticos e para fins de facilitação da atividade 
legislativa. 
Segundo Tourinho Filho (2008), a divisão leva em consideração o seu conteúdo e o 
seu objeto, posto que se a lide for de natureza extrapenal, a regulamentação normativa 
será do Direito Processual Civil. Já, se tratar de causas penais, será tarefa do Direito 
Processual Penal. 
O Direito processual está estruturado em três conceitos fundamentais, quais sejam a 
Jurisdição, a Ação e o Processo, que na visão de Câmara (2006) são assim definidos: 
29
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Jurisdição
A jurisdição é a função do Estado de atuar a vontade concreta do direito objetivo, seja 
afirmando-a, seja realizando-a praticamente, seja assegurando a efetividade de sua 
afirmação ou de sua realização prática. A função jurisdicional possui três características: 
a inércia, a substitutividade e a natureza declaratória. Existem ainda, dois tipos de 
jurisdição: penal (natureza punitiva) e civil (natureza civil, comercial, administrativa, 
trabalhista, constitucional, tributária etc.).
Ação 
A ação é uma posição jurídica capaz de permitir a qualquer pessoa a prática de atos 
tendentes a provocar o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional, existindo ainda 
que inexista o direito material afirmado. Em linhas gerais, trata-se do poder de exercer 
posições jurídicas ativas no processo jurisdicional, preparando o exercício, pelo Estado, 
da função jurisdicional. 
Processo
O processo é tido como o procedimento em contraditório animado pela relação jurídico 
processual. No processo jurisdicional há uma relação jurídica de Direito Público, 
estabelecida entre as partes (autor e réu) e o Estado-juiz, em que este exerce o poder, 
em posição de equidistância em relação às partes (imparcialidade). 
Visto isso, passamos agora a explorar algumas noções específicas do Processo Civil e 
posteriormente do Processo Penal. 
Processo Civil
Sujeitos do processo
Os sujeitos do processo são: o Estado-juiz e o Juiz, as partes, os auxiliares da justiça e 
o advogado. Veremos cada um deles individualmente, a partir das definições presentes 
no Código de Processo Civil:
Juiz
O juiz dirigirá o processo conforme as disposições do CPC, competindo-lhe assegurar 
às partes igualdade de tratamento; velar pela rápida solução do litígio; prevenirou 
30
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; bem como, tentar, a qualquer 
tempo, conciliar as partes.
Dada a importância de sua função, a Constituição Federal reservou aos juízes as seguintes 
garantias: vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de 
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a 
que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em 
julgado; inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público; irredutibilidade de 
vencimentos; assim como a irredutibilidade de subsídio.
Dos auxiliares da justiça 
O juiz conta com os auxiliares do juízo para o cumprimento de seu ofício. São eles: o 
escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
Nesse âmbito, verifica-se a importância da figura do perito no processo civil, tendo em 
vista que quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz 
será assistido por perito (art. 145 CPC).
Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente 
inscritos no órgão de classe competente. Estes comprovarão sua especialidade na 
matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que 
estiverem inscritos.
O CPC dispõe ainda que, nas localidades que não houver profissionais qualificados que 
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre 
escolha do juiz.
O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que Ihe assina a lei, empregando 
toda a sua diligência. Pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo, 
apresentando a escusa dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do 
impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la. 
A legislação determina ainda que o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações 
inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) 
anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
Além do perito, o art. 421, I, do CPC, permite que as partes nomeiem um assistente 
técnico para atuar no processo, que também deve ser um profissional detentor de 
conhecimentos técnicos para diligenciar durante a perícia, garantindo que ocorra 
com imparcialidade na defesa das partes, apresentando, inclusive, um parecer sobre o 
procedimento. 
31
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Partes
As partes são aqueles que pleiteiam e em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional 
do Estado, mas conhecidos como autor (polo ativo) e réu (polo passivo).
Advogado
Dispõe o art. 36 do CPC que a parte será representada em juízo por advogado legalmente 
habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver 
habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou 
impedimento dos que houver. 
O advogado possui o direito de examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, 
autos de qualquer processo; requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer 
processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo 
prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por determinação do juiz. 
Objeto do processo
O objeto do processo, na visão de Câmara (2006) é a pretensão processual, ou seja, é 
a exigência do demandante no sentido de obter um atuar ou um fazer, ou com mais 
precisão, a intenção manifestada pelo demandante de obtenção de um provimento 
capaz de lhe assegurar tutela jurisdicional.
Processo Penal
Sujeitos do processo
Os sujeitos do processo são: o Estado-juiz e o Juiz, as partes processuais, os auxiliares da 
justiça, o acusador e o ofendido. Vejamos suas características de acordo com o Código 
de Processo Penal.
Juiz
Segundo o art. 251 do CPP, ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter 
a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
É disposto ainda que o juiz não possa exercer jurisdição no processo em que:
a. Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em 
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou 
32
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da 
justiça ou perito.
b. Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido 
como testemunha.
c. Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato 
ou de direito, sobre a questão.
d. Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha 
reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito.
Ressalte-se que os juízes que atuam na área penal possuem as mesmas garantias do 
magistrado civilista.
Dos auxiliares da justiça 
Dentre os funcionários da justiça estão o perito e o intérprete. 
Na prática penal, existem dois peritos: um oficial do órgão e outro nomeado pelo 
magistrado, de sua confiança, que não faz parte dos quadros públicos. 
No âmbito do processo penal o perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à 
disciplina judiciária. Ainda fora determinado pela lei penal que as partes não intervirão 
na nomeação do perito.
O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa 
de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Incorrerá na mesma multa o 
perito que, sem justa causa, provada imediatamente:
a. Deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade.
b. Não comparecer no dia e local designados para o exame.
c. Não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos 
estabelecidos.
Ainda dispõe a lei que no caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a 
autoridade poderá determinar a sua condução.
33
VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS │ UNIDADE I
Na leitura do art. 279, podemos verificar que: 
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I – os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. 
I e IV do art. 69 do Código Penal;
II– os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado 
anteriormente sobre o objeto da perícia;
III – os analfabetos e os menores de 21 anos.
Partes Processuais
As partes do processo penal são a parte acusadora e a parte acusada. Ordinariamente 
o Ministério Público possui a legitimidade ativa, posto que a parte legítima é o Estado. 
Porém, extraordinariamente, como nos crimes de alçada privada poderá a parte legítima 
ser o ofendido ou quem o represente. 
Acusador
Em regra, como já exposto acima, o papel do acusador é exercido pelo Ministério 
Público. Ao MP cabe promover, privativamente, a ação penal pública e fiscalizar a 
execução da lei. 
O ofendido poderá ser acusador nas hipóteses de ação penal privada.
Ainda, no âmbito da ação penal popular, prevista na Lei no 1.079/1950 e na Constituição 
Federal (art. 52, I e II), qualquer cidadão poderá ser acusador no âmbito dos crimes de 
responsabilidade.
Ofendido
O ofendido, ou vítima, é o sujeito passivo da infração penal, ou seja, o titular do direito 
lesado ou posto em perigo pelo crime (TOURINHO FILHO, 2008).
Finalidade do processo
Na visão de Tourinho Filho (2008), a finalidade do processo penal é assegurar a 
paz social, por meio da realizabilidade da pretensão punitiva derivada de um delito, 
utilizando a garantia jurisdicional, tornando realidade o Direito Penal. 
34
UNIDADE I │ VISÃO GERAL DO DIREITO: CONCEITOS BÁSICOS
Deste capítulo podemos absorver que:
 » O Direito processual se divide em dois grandes ramos: o Direito 
Processual Civil e o Direito Processual Penal.
 » O Direito processual está estruturado em três conceitos fundamentais, 
quais sejam a Jurisdição, a Ação e o Processo.
 » Os sujeitos do processo civil são: o Estado-juiz e o Juiz, as partes, os 
auxiliares da justiçae o advogado.
 » Os sujeitos do processo penal são: o Estado-juiz e o Juiz, as partes 
processuais, os auxiliares da justiça, o acusador e o ofendido. 
O caso dos exploradores de cavernas
Em Newgarth, 4299, cinco membros de uma sociedade espeleológica entram 
em uma caverna e acabam soterrados. As vítimas conseguem entrar em contato 
com as equipes de resgate que estão do lado de fora da caverna por meio de 
um rádio. Depois de vinte dias são informados de que o resgate irá demorar e 
podem morrer de fome. Um dos exploradores, Whetmore, convence os outros 
de que um deve ser sacrificado para servir de comida aos outros e propõe um 
sorteio para escolher o sacrificado. Whetmore resolve não participar desse 
sorteio, e seus amigos se sentem traídos por ele, porém, consentem em sacrificar 
alguém e o sorteado acaba sendo Whetmore aquele que deu a ideia. Depois que 
são resgatados, os quatro sobreviventes vão a julgamento por homicídio. O juiz 
Foster afirma que os exploradores estavam fora da sociedade, convivendo em 
uma realidade diferente e que por isso não estariam sujeitos às leis de Newgarth. 
O juiz Keen sustenta que as leis devem ser aplicadas a qualquer custo, afirmando 
que os exploradores cometeram homicídio e, portanto devem ser condenados. 
(Adaptado de <http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Caso_dos_Exploradores_de_Caverna>).
Com qual dos juízes em você concorda?
Aponte os fundamentos para a sua decisão, com base nas suas percepções 
jurídicas iniciais, bem como de acordo com sua vivência social.
35
UNIDADE IIFONOAUDIOLOGIA 
FORENSE
CAPÍTULO 1
Noções de perícia
Palestrantes explicam o trabalho do 
fonoaudiólogo perito
A sala cheia de profissionais e estudantes refletiu bem o interesse que o tema 
da perícia fonoaudiológica desperta nos congressistas. Desde o ano passado, 
quando foi abordado nas mesas do Sistema de Conselhos Federal e Regionais 
de Fonoaudiologia pela primeira vez, o assunto suscita dúvidas de profissionais 
e estudantes que estão ansiosos por informações.
A mesa trouxe dois fonoaudiólogos que atuam na área: Jovani Steffani, professor 
da Universidade do Peste de Santa Catarina, e Mariene Hidaka, docente da 
Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Ambos relataram como é 
desenvolvido o trabalho do perito e do assistente técnico.
Jovani Steffani explicou sobre as bases legais que permitem a atuação do 
fonoaudiólogo na área e fez uma leve crítica aos profissionais. “Temos respaldo 
da Constituição para desenvolver a atividade. Não há o que discutir quanto a 
nossa competência para realizar perícia. Não se deixem enganar pelo que dizem. 
O fonoaudiólogo só não ocupa esse espaço por causa do mau hábito de acreditar 
em tudo que nos falam, sem depois ir buscar informações oficiais”, diz.
A integrante do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), Nise Cardoso, que 
mediou a mesa de debates, foi mais enfática. “O grande inimigo da Fonoaudiologia 
é o próprio fonoaudiólogo. Muitos não assumem a responsabilidade de seus 
atos, não atuam com autonomia e a autoridade técnica que o saber e a lei lhes 
conferem. Exemplo disso é o mito do diagnóstico nosológico, cujas patologias 
estão descritas na Classificação Internacional de Doenças e são largamente 
utilizadas por fonoaudiólogos no âmbito de sua atuação”, avalia.
36
UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Perfil, mercado e ética
O profissional que pretender ingressar nessa área deve ter capacidade de 
raciocínio espacial e lógico, conhecimento técnico e de leis trabalhistas, 
concentração, controle emocional e ética. De acordo com os palestrantes, as 
maiores solicitações de perícia estão nas áreas de Voz e Audição, por conta dos 
processos trabalhistas. No entanto, há demandas não atendidas em Motricidade 
Orofacial e Linguagem.
A perícia é a forma de o especialista demonstrar, por meio de laudo, a verdade 
dos fatos contestados. Para isso, a ética profissional é imprescindível. “O 
fonoaudiólogo precisa ser imparcial em seus laudos técnicos, ser idôneo, seja ele 
perito ou assistente técnico. Deve colocar seus conhecimentos a favor da justiça 
para que o magistrado dê a sentença da forma mais justa possível”, esclarece 
Mariene Hidaka, fonoaudióloga perita.
A professora da PUC-Campinas diz que a área está carente de profissionais. 
Ela disse que já soube de casos em que um ortopedista foi indicado para fazer 
perícia em um caso em que seria o fonoaudiólogo o profissional habilitado para 
exercer a atividade.
Como é o trabalho?
Há as funções de perito e de assistente técnico. O perito é indicado por um 
juiz para esclarecer as provas técnicas fornecidas por ambas às partes de um 
processo judicial: reclamante e reclamado. O advogado de cada uma dessas 
partes pode indicar um assistente técnico, que, dependendo do caso, pode ser 
também outro fonoaudiólogo.
O perito é quem faz laudo pericial, que contem as impressões resultantes 
das investigações. O assistente técnico terá a função de levantar informações 
específicas do cliente – reclamante ou reclamado – e encaminhá-las ao perito, 
que vai analisar todas as provas.
O trabalho dos assistentes técnicos continua. Eles vão acompanhar, durante todo 
o processo, o trabalho do perito para se certificarem da isenção e idoneidade da 
avaliação. No entanto, o juiz é livre para tomar qualquer posição, independente 
do teor da perícia.
POR COORDENAÇÃO CFFA FONOAUDIOLOGIA
Disponível em:<http://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/2012/11/palestrantes-
explicam-o-trabalho-do-fonoaudiologo-perito/>
37
FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Perícia no processo judicial
Segundo Tourinho Filho (2008) entende-se por perícia o exame procedido por pessoa 
que tenha determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos 
acerca de fatos, condições pessoais ou mesmo de circunstancias relevantes para o desate 
da questão, a fim de comprová-los.
Áreas de atuação do profissional pericial
O campo da perícia e da Fonoaudiologia Forense tem tido grande expansão na área 
de atuação dos fonoaudiólogos. Nesse sentido, os estudantes desta graduação já 
vislumbram esta área como potencial espaço no mercado de trabalho.
Assim como relata Gorski (2013), a Fonoaudiologia é a ciência da saúde responsável pela 
promoção, diagnóstico, orientação, tratamento, monitoramento e aperfeiçoamento de 
questões relacionadas à comunicação humana, tais como audição periférica e central, 
função vestibular, linguagem oral e escrita, articulação da fala, voz, fluência, deglutição 
e sistema miofuncional orofacial e cervical. 
Trata-se de uma ciência ainda nova se comparada a outras profissões da saúde, mas 
com uma possibilidade de atuação bem ampla. Está presente em diversos segmentos 
sociais, inclusive na justiça. 
Gorski (2013) explica que, “o Fonoaudiólogo é um profissional que está apto a realizar 
perícia que se relaciona ao seu campo de conhecimento, direito este não apenas 
assegurados pelo CPC, como também pelo Código de Ética do Profissional Fonoaudiólogo 
que prevê em seu art. 25: “Qualquer Fonoaudiólogo, no exercício de sua profissão, pode 
ser nomeado perito para esclarecer a Justiça em assuntos de sua competência”. E não 
obstante o Conselho Federal de Fonoaudiologia editou a Resolução no 214/1998 que 
delibera: “É permitido ao Fonoaudiólogo atuar judicial ou extrajudicialmente como 
perito em assuntos de sua competência”.
Relatam ainda, os autores, que pesquisas demonstram que o mercado de atuação 
pericial e áreas afins ampliam-se significantemente a cada dia, mas ainda se observam 
poucas incursões da Fonoaudiologia Brasileira no campo da perícia. Percebe-se que se 
trata de uma área nova que, na realidade, ainda é pouco difundida e explorada pelos 
fonoaudiólogos.
O Fonoaudiólogo forense atua nas situações em que a perícia depende de conhecimentos 
técnicos que envolvam a comunicação humana em todos os seus aspectos, em ações 
cíveis, criminais e trabalhistas, bem como durante o curso deinvestigações policiais 
e ministeriais, podendo ser nomeado perito oficial, perito judicial, perito ad doc ou 
assistente técnico.
38
UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Este profissional pode realizar os seguintes exames: 
 » Identificação Biométrica de Falante – Perícia de Voz, Fala e Linguagem.
 » Identificação Biométrica da Escrita – Grafotecnia.
 » Análise de Conteúdo de Áudio e Vídeo. 
 » Análise do Perfil Comunicativo do Falante.
 » Biometria Facial. 
 » Transcrição e Textualização de Áudios. 
 » Verificação de Edição em Arquivos Audiovisuais. 
 » Análise de Linguagem Criptografada.
 » Exames Ocupacionais e lides trabalhistas (MARIA, 2013).
Ressalte-se que o profissional em fonoaudiologia pode trabalhar no processo 
judicial tanto como perito oficial ou como assistente, na forma do art. 421, I do 
Código de Processo Civil, porém existem diferenças entre eles. A prova pericial 
é produzida pelo perito nomeado pelo juiz. Já o assistente atua quando indicado 
pelas partes e consequentemente defende seus interesses.
Segundo o perito Márcio Opliger Pinto, o exame pericial que mais abarca os conhecimentos 
da Fonoaudiologia é a Verificação de Locutor, em que se busca determinar a autoria da 
fala registrada em alguma mídia. Esse exame é realizado a partir da comparação da 
fala de um suspeito, usualmente gravado em um procedimento chamado de Coleta de 
Padrão de Voz, com a fala presente em uma gravação objeto do Inquérito (fase policial) 
ou do Processo (fase judicial). (PINTO, 2012)
Observamos neste capítulo que:
 » Perícia é o exame procedido por pessoa que tenha determinados 
conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos acerca de 
fatos, condições pessoais ou mesmo de circunstâncias relevantes para 
o desate da questão, a fim de comprová-los. 
 » O Fonoaudiólogo forense atua nas situações em que a perícia depende 
de conhecimentos técnicos que envolvam a comunicação humana 
em todos os seus aspectos, em ações cíveis, criminais e trabalhistas, 
bem como durante o curso de investigações policiais e ministeriais, 
podendo ser nomeado perito oficial, perito judicial, perito ad doc ou 
assistente técnico. 
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CAPÍTULO 2
Noções procedimentais para a 
atuação em perícia
A prova é um recurso por meio do qual se constrói a convicção do juiz no 
tocante a ocorrência dos fatos. Isto é, toda forma de entendimento empregado 
pelo indivíduo com o objetivo de se evidenciar a veracidade de uma alegação. 
A função fundamental da prova pericial é a de transformar os fatos técnico-
científicos referentes à certa alegação em certeza jurídica.
(DENISE B).
Procedimento da perícia no âmbito judicial 
Neste tópico, iremos analisar as principais nuances legislativas e doutrinárias que 
norteiam a perícia em três grandes campos de aplicação para o profissional que deseja 
atuar nesta seara, quais sejam: no processo criminal, no processo civil e no processo 
trabalhista. 
Perícia no Processo Penal 
No âmbito processual penal a autoridade policial, na fase de inquérito, possui o dever 
jurídico de determinar, se for o caso, a realização de exames periciais (art. 6o, VII, 
CPP). Já a autoridade judiciária, na seara do processo judicial, não possui este dever, 
possuindo a liberdade de determinar que se procedam a exames periciais ou não. 
As partes poderão requerer exames periciais e a autoridade deverá indeferir o pedido 
caso verifique a desnecessidade do exame para o esclarecimento da verdade. 
Conforme Tourinho Filho (2008), no Brasil vigora o princípio liberatório quanto ao juiz 
ficar vinculado à perícia para seu julgamento. A realização da perícia fica a critério do 
magistrado e, quanto à sua avaliação, o Juiz não fica adstrito ao laudo, podendo aceitá-
lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
Na última reforma do Código de Processo Penal, algumas modificações foram feitas, 
no sentido de assegurar às partes maior possibilidade de exercer o contraditório (dizer 
em contrário), em relação à prova produzida pelo expert, seja por intermédio de 
40
UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
questionamentos em audiência ou por escrito, seja diante da possibilidade de nomeação 
de assistentes técnicos. (MENDONÇA, 2008).
O Código de Processo Penal diferencia três profissionais que poderão atuar na perícia:
 » Perito oficial.
 » Perito não oficial (nomeado pelo Juiz).
 » Assistente técnico.
Para Dias (2010), o perito criminalístico possui inúmeras atribuições, entretanto, 
pode-se dizer que este exerce a função principal de fornecedor de dados instrutórios 
de natureza material destinados à descoberta da verdade, se dedicando à apuração de 
fatos supostamente considerados delitivos, isto é, examinando situações fáticas que 
tem minimamente aparência criminosa. 
Explica ainda o autor que, na redação anterior do art. 159 do Código de Processo Penal 
Brasileiro preconizava que a perícia deveria ser realizada por dois peritos oficiais, do 
qual na falta destes, por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior 
e com habilitação técnica relacionada à natureza do exame pericial necessário.
Entretanto, com o advento da Lei no 11.690/2008, proporcionou-se uma nova redação 
ao caput do mencionado artigo, passando a exigir apenas um perito oficial e que este 
portasse diploma superior. Por outro lado, em se tratando de uma perícia complexa 
a ser realizada, em decorrência de abranger mais de uma área de conhecimento 
especializado, o magistrado poderá nomear mais de um perito oficial, e a parte possui a 
faculdade de indicar mais de um assistente técnico, na forma do art. 159, parágrafos 1o 
e 7o, do Código de Processo Penal Brasileiro.
Outra novidade diz respeito ao assistente técnico acima mencionado. A Lei no 11.690/2008 
disponibilizou as partes, ao Ministério Público, ao querelante, ao assistente de acusação, e, 
também ao acusado a prerrogativa de elaborarem quesitos e indicarem assistente técnico, 
que passará a atuar a partir de sua admissão pelo juiz, e, somente após a conclusão dos 
exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, com intimação das partes. 
A função do assistente é a de auxiliar a parte e também convencer o magistrado, 
levando em consideração que este não é vinculado ao laudo do perito oficial. Deve o 
assistente criticar a solução do perito, quando necessário, prestigiando a ampla defesa 
e o contraditório. Ressalta-se que como o assistente é uma pessoa de confiança das 
partes, não se aplicam as causas de suspeição e impedimento dos magistrados.
41
FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Os peritos não oficiais deverão prestar seu compromisso de fielmente desenvolver 
suas atribuições, por meio de um juramento. Para o perito oficial esta obrigação não é 
necessária, posto que quando foi empossado em seu cargo já assumiu seu compromisso, 
quando do ato de sua posse.
Os peritos elaborarão o laudo pericial, que descreverão minuciosamente o que 
examinarem e responderão aos quesitos formulados.
Dias (2010) ressalta que todas as provas devem ser submetidas ao contraditório, 
devendo também ser produzidas diante do juiz, na instrução. Porém, em algumas 
ocasiões se faz necessária a imediata produção da prova pericial, antes do encerramento 
da fase de investigação, a fim de comprovar-se cabalmente a materialidade do delito e 
identificação de sua autoria. Desta forma, quando da realização das provas de natureza 
cautelar não será possível à participação da defesa, sob o risco de ser inviabilizada a 
persecução penal.
Nesse sentido, quando da produção da prova pericial, o contraditório só poderá ser 
realizado em juízo, passada a primeira fase persecutória, limitando-se ao exame acerca 
da idoneidade do profissional responsável pela perícia, e, também, das conclusões 
alcançadas, quando já perecido o material periciado. Em consequência disso, o objeto 
da prova, na maioria das vezes, será a qualidade técnica do laudo, e, especialmente, 
o cumprimento das normas legais a ele pertinentes, por exemplo, a exigência de 
motivação,de coerência, de atualidade e idoneidade dos métodos, dentre outros.
Outra novidade, trazida na lição de Mendonça (2008), diz respeito à possibilidade de as 
partes, durante o curso do processo judicial e após a elaboração da perícia, requererem 
a oitiva do perito em audiência, caracterizando uma expansão da ampla defesa no 
processo penal. 
Desta forma, para fazer valer o seu direito de ouvir o perito, a parte interessada nos 
esclarecimentos deve enviar as perguntas ao juiz na forma de quesitos, com o intuito 
de permitir que o perito possa se preparar adequadamente para esclarecer as questões. 
A intimação deve ser feita em um prazo de 10 (dez) dias da audiência de instrução, 
que as questões já deverão ser recebidas. As partes, portanto, devem envia-las com 
a antecedência mínima necessária, sob pena de não estar obrigado a prestar os 
esclarecimentos. 
Além da oitiva do perito, as partes ainda podem apresentar quesitos complementares 
para que sejam respondidos pelo perito em laudo complementar, a fim de esclarecer a 
prova pericial que já fora produzida. 
42
UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
Na forma do art. 159, parágrafo 6o do CPP, o material pericial analisado será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, desde que, possa ser conservado de maneira 
correta e mantida sob a responsabilidade do órgão oficial, afim de que os assistentes 
tenham acesso a ele, podendo, dessa forma, elaborar os pareceres pertinentes.
Observação 1: O analfabeto não pode ser perito em razão do disposto no art. 279,III do 
CPP.
Observação 2: As partes não podem indicar o perito no Direito Penal, na ótica do art. 
276 do CPP, somente podendo ser indicado pela Autoridade Judiciária. 
Sobre a perícia em processo penal, adquira mais conhecimentos em:
Da Prova Perícial, por Rogério Tadeu Romano. Disponível em: <https://www.jfrn.
jus.br/institucional/biblioteca/doutrina/doutrina245_DaProvaPericial.pdf>
Perícia no Processo Civil
No procedimento civil ordinário, o requerimento de prova pericial será em regra 
realizado na fase postulatória, isto é, na petição inicial ou na resposta do réu. Entretanto, 
eventualmente poderá ocorrer no curso do processo, caso seja necessário. (MARINONI, 
2007)
Sendo a produção de prova pericial deferida, será nomeado o perito e será fixado prazo 
para a entrega do laudo. 
O CPC determina, ainda, os casos de indeferimento da perícia, no parágrafo único do 
art. 420, a seguir transcrito: 
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
I – a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II –for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III – a verificação for impraticável.
Assim ocorrerá o procedimento, para os casos de deferimento da perícia:
 » O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo 
menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.
 » Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 
(dez) dias, depois de intimadas as partes da apresentação do laudo.
43
FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
 » Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de 
documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de 
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. 
O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a 
exame, ao diretor do estabelecimento.
 » A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, 
requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, 
formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. O perito e 
o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos 
quando intimados cinco dias antes da audiência.
 » O juiz poderá determinar de ofício ou a requerimento da parte, a realização 
de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente 
esclarecida. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que 
recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão 
dos resultados a que esta conduziu.
Ainda conforme Marinoni (2007), a perícia só tem início com a intimação prévia das 
partes e da dará e do local em que os trabalhos serão iniciados (art. 431-A CPC) Este 
dispositivo objetiva permitir a adequada participação das partes e de seus assistentes 
técnicos no desenvolvimento da prova pericial. 
Para a realização da perícia, o perito e o assistente podem socorrer-se de todos os meios 
de coleta de dados necessários, sendo possível, e inclusive, recomendável, que todos 
esses elementos constem no laudo pericial. 
Segundo nos ensina Marinoni (2007), a produção de prova pericial pode ser 
absolutamente informal quando a natureza do fato o permitir, podendo consistir apenas 
na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes técnicos a respeito do que foi avaliado 
ou examinado informalmente. 
Vale ressaltar que, a perícia judicial pode ser demandada nas instâncias federal e 
estadual. Na federal, a perícia visa à produção de prova para auxiliar na resolução de 
conflitos entre a União ou suas entidades vinculadas e os cidadãos e demais entidades 
privadas. (MORAIS, 2000).
Perícia no Processo do Trabalho
Na lição de Amauri Mascaro Nascimento (2009), as perícias mais frequentes no 
processo trabalhista versam sobre insalubridade, periculosidade, comissões, diferenças 
44
UNIDADE II │ FONOAUDIOLOGIA FORENSE
salariais, composição de salário básico acrescido de acessórios, verbas rescisórias e 
horas extraordinárias. 
Quanto ao procedimento da perícia, o processo trabalhista acompanha as normas do 
processo civil.
No entanto, cabe destacar que, nos termos do art. 195 da CLT, a perícia é obrigatória 
quando for arguida em juízo insalubridade ou periculosidade.
Assim, dispõe o § 2o do referido dispositivo legal:
Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, 
seja por Sindicato, em favor de grupo de associados, o juiz designará 
perito habilitado na forma deste artigo e, onde hão houver, requisitará 
perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.
Segundo Schiavi (2015), a perícia no processo do trabalho pode ser realizada tanto 
na fase de conhecimento como de execução. Na fase de conhecimento são típicas as 
perícias de insalubridade, periculosidade, médica, grafotécnica e contábil. Já na fase de 
execução, são comuns as perícias contábeis e de arbitramento.
Relata o autor que também no procedimento trabalhista, na elaboração do laudo pericial, 
o perito ouvirá os depoimentos de informantes, de paradigmas ou mesmo de terceiros, 
assim como se valerá de quaisquer outras fontes de informação, solicitando documentos 
que estejam em poder da parte ou mesmo em repartições publicas, instruindo o seu 
laudo, nos dizeres do art. 429 do CPC, com plantas, desenhos, fotografias ou outras 
peças. 
Quando presentado o laudo pericial, o magistrado do trabalho determinará a intimação 
das partes para tomar conhecimento do mesmo, no prazo de cinco dias e, querendo, 
impugná-lo.
O autor ressalta ainda que a delimitação do agente insalubre ou perigoso na petição 
inicial não deverá ser considerada pelo perito na apuração das condições de trabalho 
verificadas in loco, uma vez que se constatada a existência de outros elementos que são 
adversos à saúde do trabalhador, quando da vistoria técnica, os mesmos deverão ser 
levantados e apreciados na elaboração do laudo pericial.
Este entendimento se consubstancia no fato de que o autor não tem conhecimentos 
técnicos suficientes para dizer qual é o elemento que lhe faz mal à saúde, dado que só o 
perito terá condições de informar ao juízo, levando em consideração seus conhecimentos 
técnicos. 
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FONOAUDIOLOGIA FORENSE │ UNIDADE II
Ainda na lição de Schiavi (2015), nesta situação o juiz trabalhista poderá reconhecer 
condição insalubre ou periculosa, por exemplo, se for constatado no local de trabalho 
que há agente nocivo diverso do apontado na inicial, não configurando julgamento 
extra petita (fora

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