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Semiologia Pediátrica Diarreia Aguda: A diarreia aguda é qualquer quadro com até 14 dias de duração (contínuos ou intermitentes). Observação: com mais de 14 dias é denominada subaguda, e é determinada como crônica quando excede 30 dias ou 2 ou mais episódios curtos dentro de um período de 2 meses. A diarreia aguda pode ser acompanhada ou não de vômitos; apresentando 3 ou mais evacuações diárias de fezes líquidas ou mais frequente que o habitual. Trata-se de um sintoma de infecção gastrointestinal, causada por bactéria, vírus ou parasitas. Geralmente dissemina-se através de água e alimentos contaminados, contato inter-pessoal/utensílios e hábitos ruins de higiene. Observação: a diarreia grave está relacionada com a quantidade de perda hídrica, sendo ameaçadoras da vida. Existem alguns fatores de risco para o quadro de diarreia aguda: - desmame precoce, principalmente antes dos 6 meses de vida e com alimentação complementar (a IgA é uma barreira intestinal que previbe gastroenterites) - desnutrição (perda de microvilosidades intestinais – achatamento) - menores de 5 anos (maior fator de risco, como portadores das gastroenterites mais ameaçadoras) - lactentes (menos de 6 meses ou menores de 8kg) - imunodeficientes · Epidemiologia: Mais de 1,5bi de episódios/ano, sendo que a gastroenterite aguda é responsável por 1,5-2,5 milhões de mortes/ano em menores de 5 anos (inaceitavelmente alto) Observação: a quantidade de óbito teve uma redução importante nas décadas de 80 e 90, devido a campanhas baseadas no uso da hidratação oral – soro caseiro; além da melhoria do saneamento básico e higiene. Os países de primeiro mundo (USA) é responsável por 1,5 milhões de casos/ano, tendo 200.000 hospitalizações e 300 mortes/ano. Esses dados se devem à melhora de condições culturais de educação em saúde, saneamento básico adequado e diagnóstico mais precoce. · Agentes etiológicos: O principal vírus atualmente é o Rotavírus, porém, com a vacinação entre 2-4 meses para diminuir a gravidade e quantidade de hospitalizações. Observação: não se faz vacinação contra rota depois de 5 meses. Com a vacina, outros vírus estão ganhando espaço/ascendência: calicivírus, astrovírus e adenovírus. Além disso, tem-se as bactérias (Campylobacter, Salmonella, Chigella) e parasitas (Giardia, Entamoeba). O agente é identificado em somente 20% dos casos, sendo os vírus a principal causa identificável – o principal em todo mundo é o rotavírus (responde cerca de 33% de todas as internações, além de ser responsável por 600 a 800.000 mortes/ano em menores de 5 anos) Observação: a epidemiologia pode mudar com o uso da vacina Observação: em 2005 houve um surto em Petrópolis de norovírus. · Apresentação clínica: O quadro de diarreia aguda pode cursar com febre, vomito, cólica abdominal e desidratação. Geralmente tem-se uma febre alta e vômitos intensos em casos virais e bacterianos, porém não são patognomônicos - a diarreia acompanhada de urgência e tenesmo apresenta relação com um processo inflamatório ou invasivo de cólon - adiarreia liquida e sem sangue apresenta-se como disfunção do intestino delgado na maioria dos casos - na presença de sangue ou pus - disenteria – sugere processo invasivo ou inflamatório do colón Observação: muco pode estar presente em ambas situações. A maioria dos casos resolve-se em 5-7 dias; em casos de duração de mais de 14 dias, podem ter causas não infecciosas (intolerância à lactose e desnutrição) ou infecciosas (Yersinia, Adenovirus, Giardia). As indicações de avaliação médica são: - menores de 6 meses ou peso menor de 8kg - prematuridade, doenças crônicas ou doença em curso - febre 38,5 em menores de 3 meses ou 39 entre 3 e 36 meses - sangue visível nas fezes - vômitos persistentes - presença de sinais de desidratação - alteração de sensório – baixo débito e má perfusão cerebral - não aceitação de TRO (4 episódios em 1h) – opta-se no plano B, procedimento de sonda nasogástrica (de acordo com o MS, porém, não é efetivado na prática – via parenteral) · Diagnóstico: - clínico: diarreia, vômitos, dor abdominal e desidratação - laboratório: coprocultura (1 a 2 amostras) em casos de diarreia com muco ou pus, pacientes com necessidade de hospitalização ou em circunstancias especiais (epidemias em creche, viagem ao exterior). O EAF (elementos anormais nas fezes) é mais utilizado em diarreias crônicas, com pesquisa de leucócitos fetais. Observação: o hemograma nesses casos é inespecífico O EPF é principalmente em diarreias crônicas – exame parasitológicos de fezes em casos de diarreia não sanguinolenta persistente. Observação: pode-se realizar detecção de antígeno viral em pesquisa de rotavirus; sorologia em casos de Salmonella. · Abordagem terapêutica: Plano A: Tratamento domiciliar - baseia-se no controle da desidratação mínima ou sem desidratação, fazendo reposição das perdas em menores de 10kg com 60-120ml de SRO a cada episódio de diarreia/vômito, em maiores de 10kg com 120-240ml de SRO a cada episódio de diarreia/vômito; e permanecer o aleitamento materno e retornar a dieta normal para a idade. O tratamento com TRO evita cerca de 1 milhão de óbitos/ano Plano B: Terapia de reidratação oral no serviço de saúde - baseia-se no controle da desidratação que não é grave – de leve a moderada. A terapêutica de reidratação consiste em 50-100ml/kg de peso de 3-4 horas. Observação: caso essa criança apresente episódios de diarreia e vômito durante o período de terapêutica de reidratação, opta-se também pelo Plano A. E se por algum motivo, o caso piore, opta-se pelo Plano C. Faz-se reposição das perdas em menores de 10kg com 60-120ml de SRO a cada episódio de diarreia/vômito, em maiores de 10kg com 120-240mg/kg de SRO a cada episódio de diarreia/vômito; permanecer o aleitamento materno e retornar a dieta normal para a idade. Plano C: Terapia de reidratação parietal - baseia-se no controle da desidratação grave. A terapêutica de reidratação consiste na etapa de Ringer Lactato ou SF 20ml/kg em 20-30 minutos. Caso a criança melhore a perfusão ou sensório, retorno da diurese (clara e abundante) ou DU menor que 1020 – interrupção da expansão volêmica, retornando à reidratação de acordo com o Plano A. A manutenção e a reposição de perdas dependem da taxa hídrica diária + perdas. Permanecer o aleitamento materno e retornar a dieta normal para a idade. Observação: há suspensão de aleitamento materno e dieta normal caso a criança esteja chocada. Sete passos par o tratamento da criança com diarreia e desidratação: 1. SRO deve ser utilizado pra reidratação 2. Reidratação deve ser realizada rapidamente, isto é, 3 a 4 horas 3. Recomendar dieta apropriada para a idade 4. Continuar o aleitamento materno 5. Não há necessidade de diluir o leite utilizado 6. Leites especiais não são normalmente necessários 7. Testes laboratoriais ou medicações desnecessárias não devem ser realizadas · Prevenção: - EDUCAÇÃO - melhores condições de higiene - melhores condições de saneamento básico - vacinação para Rotavírus a eficácia da vacina contra GEA por rotavírus e contra hospitalização associada ao vírus (comum em 85% dos casos) Observação: eficácia atinge 100% quando se trata de GEA grave por Rotavírus. Rayane Araujo Cavadas
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