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A RELAÇÃO EU-TU NO ENCONTRO TERAPÊUTICO

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8 A RELAÇÃO EU-TU NO ENCONTRO TERAPÊUTICO 
Marta Tolaini Rosmaninho 
A relação estabelecida entre cliente e psicoterapeutas, ou estagiários em formação, apresenta características únicas. Martin Buber é um dos filósofos que nos ajuda a refletir sobre ela. 
Buber nasceu em Viena em 8 de fevereiro de 1878. Em 1896, com dezoito anos, estudou Filosofia e História da Arte na Universidade de Viena. Viena, nessa época, era uma cidade aberta a todos os tipos de influências do mundo cultural e intelectual. Buber era um membro ativo na comunidade universitária. Em uma ocasião, segundo von Zuben, ao expor o seu trabalho, afirmou: "Nós não queremos a revolução, nós somos a revolução", querendo dizer com isso que ele tinha uma postura própria diferente da que predominava na época. Ele faleceu em 13 de junho de 1965. 
Buber é considerado um dos primeiros filósofos do chamado pensamento existencial. Seu interesse voltou-se à relação, ao modo como as pessoas se relacionam. Por esse motivo, seu pensamento é considerado relevante para os psicólogos, assim como para outros profissionais das ciências humanas, principalmente para aqueles que se preocupam com o sentido da existência humana, em todas as suas manifestações. 
Para von Zuben: 
A nosso ver, a atualidade de Martin Buber se fundamenta num duplo aspecto: primeiramente no vigor com que suas reflexões tornam possíveis novas reflexões. Embora pertencentes ao passado, elas "provocam" a ponto de exercer fascínio sobre aqueles que com elas se deparam; em segundo lugar, no comprometimento deste pensamento com a realidade concreta, com a experiência vivida. Pensamento e reflexão assinaram um pacto indestrutível com a práxis, com a situação concreta da existência. Martin Buber representa um dos exemplos do verdadeiro vínculo de responsabilidade entre reflexão e ação, entre práxis e logos. Para ele a experiência existencial de presença ao mundo ilumina as reflexões.
As reflexões de Buber continuam, até hoje, a provocar filósofos e psicólogos. Elas apontam para a necessidade de se considerar a experiência concreta de cada pessoa. Como experiência concreta, ele entende a experiência vivida, anterior a possíveis análises e explicações que possam ser realizadas tomando-as como ponto de partida. 
Seu pensamento aborda o vínculo existente entre reflexão e ação, entre a práxis e o logos, ou seja, entre a prática e o conhecimento. Para Buber existem duas formas básicas de o homem se relacionar: uma ele chamou de Eu-Isso, e outra de Eu-Tu. São modos do homem se relacionar e se colocar diante do outro e do mundo. 
Na relação Eu-Isso, o homem se coloca diante do mundo como algo objetivo e, nessa atitude, ele se torna capaz de conhecer e habitar o mundo. Já na relação Eu-Tu, o homem se coloca em relação a um outro, que pode ser uma outra pessoa, uma obra artística ou literária, ou, ainda, uma situação vivenciada. A relação Eu-Tu é marcada pelo impacto da presença do outro, é um encontro no qual o homem é atravessado pela potência e pela força da vivência do outro. Esse modo de encontro foge às apreensões usuais e se recusa a ser sistematizado ou esquematizado. As concepções de Buber podem contribuir para a formação dos psicólogos, já que o atendimento clínico tem como alicerce o encontro entre o terapeuta e o seu cliente. 
No entanto, o que é deixar-se afetar pelo cliente? Ou melhor, pela relação? Algumas orientações enfatizam a necessidade do terapeuta se colocar de modo humano, acolhedor; outros focalizam principalmente a interpretação do que o cliente traz. Mas, se pretendemos fazer uma clínica pautada no cuidado, sem perder de vista a vida vivida pelo cliente, temos que ir além de esquemas preestabelecidos e temos que nos arriscar na imprevisibilidade que o encontro terapêutico exige. Fazendo uma analogia, é o esforço de se colocar diante de uma paisagem, olhando-a sem reduzi-la à sua geografia. Ou seja, diante de um pôr do sol, sermos tocados pela paisagem, pelas múltiplas cores que tingem o céu nesse momento mágico e irrepetível. Esse é o instante vivido na atitude Eu-Tu. Em um momento posterior podemos analisar e compreender o pôr do sol pelas condições atmosféricas e pela geografia do local. Esse momento é caracterizado pela atitude Eu-Isso. 
Para ilustrar essas situações no âmbito da psicologia recorrerei a um caso clínico, supervisionado por mim, numa clínica-escola universitária. A estagiária era uma moça jovem, alta, de longos cabelos loiros lisos, conseguidos por meio de luzes e escova, muito alegre e comunicativa. Sua cliente era uma senhora idosa, dona de casa, mãe de três rapazes, com uma limitação física que lhe acarretava dificuldades em se locomover. Era muito religiosa e considerada o "braço direito" de um padre. As sessões foram marcadas por relatos de indignação pelo modo como uma de suas noras se vestia. Contava episódios de fúria frequentes, nos quais ela rasgava as roupas da nora que residia com ela. Falava que tinha ciúmes das outras fiéis que procuravam se dedicar à igreja. Disse que tinha a chave de uma sala da igreja, na qual diversas atividades eram realizadas, que era ela quem abria e fechava o local, e que a confiança do padre nela era inegável. Durante os primeiros meses do atendimento, os assuntos relatados foram esses, ditos em um tom de arrogância, de superioridade, como se ela fosse dona do saber. Ela parecia não se abrir às colocações da sua estagiária-terapeuta, evitando aprofundar-se em suas próprias questões. No início do semestre seguinte, a cliente chegou como de costume, irritadiça e, diante dos cabelos longos e bem tratados da sua estagiária-terapeuta, falou: "O dinheiro que você gasta para manter seus cabelos é mais do que eu ganho por mês". A estagiária, diante dessa colocação, sentiu-se agredida e reagiu respondendo: "Você não me conhece e eu não gosto que fale assim comigo e imagino que as outras pessoas que você trata com essa agressividade também não gostem. De fato, fui arrumar meu cabelo, mas trabalho o dia inteiro, estudo à noite e tudo o que consigo é com o meu próprio esforço. Trabalho inclusive nos finais de semana." Quando a aluna contou esse acontecimento em supervisão, como sua supervisora, fiquei um pouco estarrecida (espantada, surpresa) ao ouvir como ela havia reagido à colocação da cliente. Mas a aluna me disse que a cliente havia recebido bem a sua colocação e tinha ficado em silêncio, pensativa. Começamos, então, a nos aprofundar nas nuances daquele encontro específico, e eu precisei confiar que aquele modo da estagiária se colocar na sessão, embora não fosse o meu, era uma maneira possível. Ela era a terapeuta e tinha condições de avaliar o seu agir. Combinamos que ela ficaria atenta nos próximos atendimentos, principalmente às emoções que o encontro com a cliente despertava nela. Desse modo, buscaríamos uma intervenção que fosse terapêutica para a cliente e não, apenas, confortante para a aluna. Esta é uma questão fundamental: quando agimos como terapeutas, devemos agir em favor do processo e não apenas do cliente ou do terapeuta. Na sessão seguinte, a cliente começou a pedir que a estagiária-terapeuta a acompanhasse até a porta do banheiro, para segurar a sua bengala e para garantir que ninguém entraria enquanto ela estivesse lá. Esse ritual continuou até o fim do atendimento. Na supervisão, compreendemos que essa solicitação da cliente era a forma dela pedir cuidado e de se colocar em uma relação de "dependência" e não de dona da verdade, como costumava fazer em sua vida e nas sessões de terapia. Um mês e meio antes do término dos atendimentos, a cliente revelou um segredo muito íntimo, guardado há mais de 20 anos, motivo de muito sofrimento, e solicitou à aluna que não anotasse o fato em seus escritos. Por isso, não compartilharei o segredo, para garantir o sigilo solicitado e, portanto, o contrato feito e a ética profissional. Posso dizer, no entanto, que a revelação do segredo evidenciou a confiança que se construiu durante os atendimentos entre a cliente e a estagiária. O segredo envolvia uma "violação"das regras que a cliente defendia e pelas quais ela vivia, mostrava que ela não era tão maravilhosa como gostava de ser vista e colocava em questão o seu papel de justiceira. A estagiária, diante do segredo, acolheu a cliente, sem confrontá-la com a incoerência entre a sua atitude e o que ela havia lhe contado, o que possibilitou um aprofundamento nas angústias e no sentimento de culpa que ela carregava, dando início a um processo de aceitação de si mesma. Na supervisão, compreendemos que o padrão da cliente de se mostrar dona da verdade e extremamente correta em todos os seus atos e julgamentos evidenciava uma possibilidade restrita do seu modo de ser, e ela, com o atendimento, pode aproximar-se de forma mais ampla de sua condição humana, ver-se e aceitar-se como alguém que erra e que tem limitações. A estagiária-terapeuta colocou-se na sessão de modo genuíno e possibilitou que a cliente se visse diante da presença de um outro real, que se coloca na relação de modo ativo, genuíno. Esse encontro possibilitou que ela vivesse, no microcosmo do setting terapêutico, o que poderia ocorrer em outros espaços de sua vida. Após a revelação do segredo para a estagiária-terapeuta, a cliente pediu uma orientação, queria saber se ela deveria ou não revelá-lo à sua família. A estagiária, na sessão, ficou sem saber como agir e devolveu a pergunta para a cliente. Em supervisão, conversamos longamente sobre os efeitos da revelação. Surpreendentemente, na sessão seguinte, a cliente disse que já havia encontrado uma forma de apaziguar a sua inquietação sem ter que expor o segredo para seus familiares. Ela pode, também, reconhecer a grande ajuda do processo terapêutico. No último encontro, a cliente trouxe dois presentes para a estagiária-terapeuta: uma escultura de médico (disse que não havia encontrado uma escultura de psicólogo) e um chaveiro da Helio Kitty. Ao dar os presentes, ela falou: "Um é pela sua formatura e o outro é pela pessoa que você é." O gesto final da cliente reafirma o processo vivido. Ilustra como ela saiu de um modo de se relacionar predominantemente marcado pelas atitudes Eu-Isso, na qual ela estava distante da outra e a via com lentes marcadas por regras e preconceitos, para uma atitude Eu-Tu, na qual pode deixar-se atingir pela colocação da terapeuta e vê-la como uma pessoa na qual podia confiar. Esse caso permite refletir sobre algumas questões. 
Na relação Eu-Isso estabelecemos uma relação utilitária com o mundo à nossa volta. Esse modo estava presente no status que a cliente se atribuía por ter a chave de um espaço da igreja, o que considerava como uma prova de sua superioridade em relação às demais fiéis, mesmo que intimamente ela soubesse que tinha "falhas". 
Muitas vezes, encontro alunos que veem seu cliente como um Isso. Isso que ele utilizará para a sua formação. Um Isso que não pode se ausentar, ou desistir do tratamento, pois o aluno precisa passar pela experiência de estágio. Às vezes, o modo do estagiário relacionar-se com o cliente como um Isso se mostra de forma mais sutil. Por exemplo, quando a queixa do cliente é o desemprego, e o aluno-estagiário começa a buscar um emprego para o seu cliente, afastando-se da concepção de atendimento psicológico e se aproximando de um atendimento assistencialista, querendo resolver um problema externo. Cada terapeuta deve se perguntar: qual a motivação, qual o sentido do atendimento psicológico? 
Ao ouvir um cliente dizer que está sofrendo com a falta de emprego e não sabe como encontrar um, a postura do terapeuta pode favorecer o aprofundamento dessa condição em que o cliente se encontra e ajudá-lo a encontrar em si a resposta. E, certamente, cada cliente terá a sua própria resposta. Nesse sentido, não há gabarito para as questões que surgem no consultório de Psicologia. Não há um protocolo que diga, quando o cliente disser isso, faça aquilo. O que podemos oferecer é um encontro que favoreça o desvelar das possibilidades daquela pessoa específica, e isso pode ser facilitado por meio da relação Eu-Tu. No encontro Eu-Tu não agimos em favor do cliente ou do terapeuta, mas em favor do processo terapêutico que favorece o reconhecimento de si mesmo e a explicitação de um modo próprio de ser. Os caminhos para esse reconhecimento são específicos de cada díade cliente-terapeuta, e eles não se repetem. Embora cada psicólogo tenha o seu jeito próprio de ser terapeuta, esse jeito é modulado pelo encontro com cada cliente distinto. No encontro terapêutico, o cliente pode, por exemplo, "se dar conta" de que gosta de estar desempregado, de que prefere buscar outras opções a um emprego, ou de que se lembra de um local ou de uma pessoa que poderá ter uma vaga disponível. Para isso, cliente e terapeuta precisam de um tempo de gestação e, muitas vezes, o aluno quer "mostrar serviço", mostrar que a terapia "deu certo" e, para tanto, relaciona-se com o cliente como um Isso. 
Para Buber: 
O principal pressuposto para uma conversação genuína é que cada um veja seu parceiro como este homem, como precisamente este homem é. Eu tomo conhecimento íntimo dele, tomo conhecimento íntimo do fato que ele é outro, essencialmente outro do que eu e essencialmente outro do que eu de uma maneira determinada, única, que lhe é própria. E ao homem que assim percebi, posso então dirigir minha palavra com toda a seriedade, a ele precisamente enquanto tal. [...] Tomar conhecimento íntimo de uma coisa ou de um ser significa, em geral, experiencial como uma totalidade e, contudo, ao mesmo tempo, sem abstrações que o reduzam, experiencial em toda a sua concretude. [...] Mas um tal conhecimento íntimo é impossível se o outro, enquanto outro, é para mim o objeto destacado de minha contemplação ou mesmo observação, pois a estas últimas esta totalidade e este centro não se dão a conhecer: o conhecimento íntimo só se torna possível quando me coloco de uma forma elementar em relação com o outro, portanto quando ele se torna presença para mim. É por isso que designo a tomada de conhecimento íntimo neste sentido especial como o tornar-se presente da pessoa.' 
Esse trecho de Buber evidencia a atitude da relação Eu-Tu que pode ser recuperada para nortear o encontro terapêutico sempre que o psicólogo se surpreende na relação Eu-Isso. 
Outras vezes, o estagiário-terapeuta preocupa-se apenas com os conhecimentos teóricos que adquiriu e, a cada sessão, procura "achar o que dizer", o que interpretar, e, assim, perde o contato com o cliente e "sai" da relação. Quando pensa ter encontrado uma boa explicação teórica, ele dá uma "lição" ao cliente sobre o modo "como ele é", o modo como se comporta, e não o ajuda no reconhecimento de si mesmo. O processo terapêutico auxilia o cliente a se reconhecer e não apenas a se entender. O entendimento é meramente intelectual, o reconhecimento envolve afetos e emoções. Para que o cliente seja afetado pela descoberta de si mesmo, ela não pode vir pronta por intermédio de outro, mesmo que o outro seja o terapeuta. Nesse sentido, a colocação da estagiária-terapeuta no caso relatado foi vivida, pela cliente, não como um ataque, mas como um limite que possibilitou uma nova forma dela se enxergar. A possibilidade de ver alguém se colocando de modo coerente e autêntico ofereceu, mesmo se involuntariamente, uma nova versão para aquilo que a cliente vivia, o que permitiu que ela se abrisse a novos significados e revisse alguns acontecimentos de sua vida por outro prisma, trazendo alívio para o seu sofrimento. 
Muitas das nossas ações como terapeutas são compreendidas apenas posteriormente, mas é preciso, sempre, estar presente na sessão, aberta para o outro e para si mesmo, para, depois, poder recuperar o que aconteceu e dar contorno à experiência vivida em cada sessão. O respeito, o cuidado e a ética se concretizam no modo de cada terapeuta relacionar-se com o seu cliente. 
Referências Bibliográficas 
Buber, M. Do diálogo e do dialógico. Tradução de Marta Ekstein de Souza Queiroz e Regina Weinberg. São Paulo: Perspectiva, 2007. 
Von Zuben, N. A. "Introdução" In: Buber,M. Eu e Tu. 5. ed. Tradução de Newton Aquiles Von Zuben. São Paulo: Centauro Editora, 1974.