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Jurisdição
É a função de Poder do Estado que, quando provocado diante de conflitos em casos concretos, faz valer a autoridade do ordenamento, com justiça, assegurando os resultados práticos nele preconizados.
A jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade. Como poder, é manifestação do poder estatal, como função, expressa o encargo que os órgãos têm de promover a pacificação dos conflitos interindividuais mediante o direito justo e através do processo, como atividade, é o complexo dos atos do juiz no processo.
Caracteres Essenciais 
► Segundo Chiovenda, duas são as características essenciais para identificar a jurisdição: caráter substitutivo e o escopo jurídico.
● Caráter substitutivo: uma das características essenciais da jurisdição é exatamente o fato de que o juiz se substitui às partes na solução do conflito, sendo a autoridade das partes substituída pela autoridade do Estado através do juiz, que é a pessoa física que exerce a atividade do Estado quanto à jurisdição. O juiz, portanto, atuará em coisa de terceiro; atua em realiena. O caráter substitutivo, portanto, tem essa ideia da autoridade do juiz substituindo a autoridade das partes e, também, abrange a ideia da substituição da justiça privada pela justiça pública devido ao monopólio estatal da justiça. As implicações da heteronomia estão implícitas nesse caráter substitutivo, visto que o juiz atua como terceiro e agindo de modo imparcial.
● Escopo jurídico: o Estado visa garantir que as normas de direito substancial contidas no ordenamento jurídico sejam efetivas e conduzam os resultados enunciados, ou seja, agir para fazer valer a lei em situações concretas. Quando o juiz reconhece o direito e dá tutela ao autor ou quando não o reconhece e nega a tutela, está fazendo valer a autoridade do ordenamento.
► Segundo Carnelutti, o que caracteriza o ato do Estado como jurisdicional é, essencialmente, a presença da lide a ser resolvida; um conflito de interesses caracterizados por uma pretensão insatisfeita. O escopo do processo, seria então, a justa composição da lide, ou seja, o estabelecimento da norma de direito material que disciplina o caso, dando razão à uma das partes. 
OBS: é discutida se a presença da lide é definida para marcar a presença da jurisdição, visto que na chamada jurisdição voluntária não há lide a ser resolvida.
► Enrico Allorio, no entanto, diz que a característica da jurisdição reside na definitividade, ou seja, só o ato jurisdicional tem a vocação para tornar-se imutável, não podendo ser revistos ou modificados, já os atos administrativos e legislativos são possíveis de mutação. Entretanto, nem todo ato jurisdicional se torna definitivo, imutável. A Constituição brasileira estabelece que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos de uma sentença judicial ou arbitral. Temos a coisa julgada formal, que é a imutabilidade da decisão, da sentença ou do acórdão, naquele processo determinado, e temos a coisa julgada material, que é a definitividade quanto ao mérito, ou seja, em relação a qualquer processo.
► Outra característica importante decorre da inércia, pois os órgãos jurisdicionais são, por sua própria índole, inertes, visto que o exercício espontâneo da atividade não seria prudente, devendo o juiz atuar quando provocado e de forma imparcial, já que se ele fosse tomar a iniciativa do processo se ligaria psicologicamente, sendo difícil, portanto, agir imparcialmente.
► Outro ponto importante a ressaltar diz respeito ao CRITÉRIO ORGÂNICO, que afirma se um ato é do Poder Judiciário, esse ato é jurisdicional. Se um ato é do Poder Legislativo, esse ato é legislativo. Se um ato é do Poder Executivo, esse ato é administrativo. Acontece que cada Poder não pratica apenas atos específicos, podendo, portanto, o Poder Judiciário praticar ato administrativo, pois administra seu orçamento, e também praticar atos legislativos. Portanto, esse critério é IMPRESTÁVEL para identificarmos com segurança a natureza dos atos do Estado.
Princípios Inerentes
● Investidura: corresponde à ideia de que a jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz. A jurisdição é um monopólio do Estado e este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-la através de pessoas físicas que sejam seus órgãos ou agentes: os juízes. A investidura é um dos elementos do princípio do juiz natural.
● Juiz natural: assegura que ninguém pode ser privado do julgamento por juiz independente e imparcial indicado pelas normas constitucionais. Volta-se contra o tribunal de exceção, aquele criado após a ocorrência do fato para julgar determinada pessoa. Tem como objetivo garantir ao cidadão um órgão jurisdicional idôneo. Para isso, depende de três elementos: imparcialidade com independência, investidura segundo normas pré-estabelecidas e competência em concreto.
● Aderência ao território: todo órgão jurisdicional (juiz ou tribunal) tem a sua jurisdição limitada, a sua autoridade limitada a uma base territorial determinada; os magistrados têm autoridade apenas nos limites territoriais estabelecidos. Em virtude desse princípio, todo e qualquer ato de interesse para um processo que deva ser praticado fora dos limites territoriais do juiz que exerce a jurisdição, depende da cooperação do juiz do lugar. Então, o juiz pode mandar uma carta precatória (se for para um juiz dentro do território nacional) ou uma carta rogatória (se for cooperação de um juiz estrangeiro).
● Indelegabilidade: é vedado delegar suas funções a outro órgão, pois cada magistrado, exercendo a função jurisdicional, não faz em nome próprio, mas sim em nome do Estado. É importante ressaltar que quando o juiz solicita a carta precatória ou rogatória não está delegando a sua função, mas sim pedindo cooperação do outro juiz.
OBS: há a exceção da carta de ordem, onde é permitido que dentro do poder judiciário exista a delegação de um órgão superior para um órgão inferior, quanto à solicitação de ato de instrução, mas não em relação à competência decisória.
● Inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos jurisdicionais impõe-se por si mesma, independente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem os resultados do processo. A situação das partes perante o Estado-juiz é de sujeição, que independe de sua vontade e consiste na impossibilidade de evitar que sobre elas e sobre seus direitos se exerça a autoridade estatal.
● Inafastabilidade: garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode afastar do cidadão a possibilidade de buscar a prestação jurisdicional do Estado. E o acesso à justiça assegurada quanto ao acesso ao Judiciário. Desse princípio, deriva o da inescusabilidade, onde o juiz não pode se negar a julgar mesmo que não exista uma lei expressa, que haja uma lacuna. Ele deverá julgar usando a analogia, os costumes ou os princípios gerais.
● Indeclinabilidade ou inescusabilidade: não se pode afastar que o cidadão possa buscar o Poder Judiciário, e nenhum juiz pode se abster de julgar. É uma consequência da inafastabilidade da jurisdição. O legislador não tem a capacidade de imaginar todas situações concretas que possa ocorrer para ele prever na lei. Vai haver situações que não vai ter situação expressa para aquele caso concreto. O juiz então irá decidir por analogia, costumes e ou princípios gerais do direito.
● Inércia: só pode atuar quando for provocado. Ora é vista como uma característica essencial à jurisdição e ora como um princípio inerente à jurisdição.

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