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716-P06 2 1 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 4 ________________________________________________________________________________________________________________ O caso LACC # 716-P06 é a versão traduzida para português do caso # 714-428 da HBS. Este caso foi desenvolvido com base em fontes publicadas. O desenvolvimento deste caso foi financiado pela Harvard Business School (HBS), e não pela empresa. Os casos da HBS são desenvolvidos exclusivamente como base para discussão em sala de aula. A intenção dos casos não é servir como confirmação, fonte de dados primários ou exemplo de gestão eficaz ou ineficaz. Copyright 2004 President and Fellows of Harvard College. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de dados, usada em uma tabela de dados, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio - eletrônico, mecânico, fotocopiada, gravada, ou qualquer outra - sem a permissão da Harvard Business School. J U A N A L C Á C E R T A R U N K H A N N A C H R I S T I N E S N I V E L Y Ascensão e queda da Nokia Em 2012, a Nokia, empresa de tecnologia e telecomunicações com mais de 100 anos de atuação, com sede em Espoo, na Finlândia, era a maior fabricante de telefones móveis do mundo, posição que vinha mantendo desde 1998. Porém, em setembro de 2013, a Microsoft comprou a divisão de aparelhos móveis da Nokia por €5,4 bilhões. “Um triste fim para o que um dia foi o grande negócio de aparelhos móveis da Nokia”, comentou um analista.1 Por décadas, a Nokia liderou o setor de telecomunicações (telecom) de aparelhos móveis e rede. Quais foram os erros da Nokia ao longo dos anos? O que deveria a Nokia ter feito diferente? A Nokia evoluiu de fabricante de papel no século 19 para fabricante de produtos eletrônicos na década de 1980, antes de direcionar seus negócios para aparelhos de telefone móvel na década de 1990. A empresa reinventou-se com sucesso várias vezes, com flexibilidade para atender aos mercados em constante mudança e foco nas inovações de design e engenharia. Porém, no fim da década de 2000, a posição da Nokia como líder do mercado de dispositivos móveis foi ameaçada pela concorrência dos novos fabricantes asiáticos de produtos de baixo custo, e o lançamento em 2007 do iPhone da Apple estabeleceu uma categoria totalmente nova: a dos smartphones. Estas mudanças pressionaram a Nokia em todos os aspectos do mercado e, até 2011, a receita anual da empresa caíra consideravelmente (veja os dados financeiros no Anexo 1). Em 2012, a Nokia publicou perda operacional de €2,3 bilhões2 e perdeu a posição de fabricante líder para a Samsung, apesar de manter uma participação no mercado de 24%, em grande parte devido às vendas de aparelhos de baixo custo nos mercados emergentes. Nesse mesmo ano, o CEO Stephen Elop trocou o sistema operacional Symbian da Nokia pelo Windows Mobile, da Microsoft. Em 2013, a divisão de aparelhos móveis da Nokia estava à venda, e por um preço muito atraente. Alguns viram a venda para a Microsoft como uma coisa boa; um analista disse: “A Microsoft tinha que fazer isso. O futuro está nos dispositivos móveis, não nos PCs, e eles precisam aumentar seu foco e investir nos aparelhos móveis. Não tenho certeza de que dará certo, mas também não vejo outra saída.”3 Outros foram mais céticos: “Com essa transação, a Microsoft e a Nokia podem ter jogado a corda uma para a outra, gritado por ajuda e pulado de um penhasco juntas.”4 O começo da Nokia: 1865-década de 1970 A Nokia Ab, fundada em 1865 como uma madeireira perto da cidade de Nokia, na Finlândia, cresceu com o tempo e tornou-se uma grande fabricante de papel. Até à metade do século 20, a Nokia Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 2 tinha dado vários passos, indo além dos seus negócios de madeira e borracha. No fim da década de 1960, a empresa fundira-se com várias firmas finlandesas, incluindo um fabricante de pneus e de calçados de borracha, e um fabricante de cabos e materiais eletrônicos, que deu origem à Nokia Corporation. Essa nova organização tinha cinco divisões principais: borracha, cabos, silvicultura, eletrônicos e geração de energia. Bjorn Westerlund foi nomeado CEO. A Nokia produziu os primeiros telefones sem fio da Escandinávia para serviços do governo, como brigadas de incêndio, polícia e ferrovias, atendendo às solicitações das forças de defesa da Finlândia de produção de radiofones militares. Em 1971, a Nokia começou a vender radiofones analógicos para carros. E nesse mesmo ano, a Nokia também começou a desenvolver seus próprios computadores e lançou o computador MikroMikko. No início da década de 1970, a Nokia tinha 80% de participação do mercado de vendas de computadores na Finlândia.5 A década de 1970 testemunhou os primeiros passos da Nokia rumo ao domínio que exerceria na nova indústria das telecomunicações. A empresa fornecia a infraestrutura de rede, incluindo estação- base e conexão com a Salora, a principal produtora de rádio e televisão da Finlândia, para a fabricação de telefones para carro e estruturas de apoio da rede. A empresa criou a Telefenno Oy, um empreendimento conjunto com uma empresa de telecomunicações do governo, onde tinha 50% de participação, para o desenvolvimento e a comercialização de equipamentos para redes sem fio. Em todos esses anos, a Nokia teve relações delicadas com o governo finlandês.6 Na década de 1970, a Finlândia era governada pelo Partido Democrático Social de esquerda, que tinha controle sobre boa parte das indústrias de telecomunicações e aparelhos eletrônicos. Nokia sob o comando de Kairamo (1977-1988): a era de crescimento Kari Kairamo, engenheiro com conhecimento de processamento de texto sobre a indústria de papel, foi nomeado CEO em 1977. Em 1979, a Nokia entrou num empreendimento conjunto com a Salora, originando a empresa de radiofone Mobira Oy. A Mobira produziu os primeiros telefones para carro com base na rede Nordic Mobile Telephone (NMT) da Escandinávia, lançada em 1981 como a primeira rede celular internacional7; três anos depois, a Motorola lançou a rede Advanced Mobile Phone System (AMPS) nos Estados Unidos.8 No começo da década de 1980, ainda preocupada com a concorrência entre as empresas do governo, a Nokia pegou seus ganhos com infraestrutura de telecomunicações e fez uma série de aquisições durante toda a década (veja na Tabela A as principais aquisições e seus detalhes). Com isso, a Nokia tornou-se a maior empresa de equipamentos eletrônicos da Escandinávia. Em 1983, a Nokia investiu fora da Finlândia e fez sua primeira aquisição internacional, a empresa sueca de equipamentos eletrônicos Luxor Ab, aumentando assim as suas exportações de terminais de rede de telecomunicações sem fio de quatro países nórdicos em 1982 para mais de 20 países da Europa, América do Norte e Ásia em 1987.9 Em 1987, a Nokia publicou a receita de €4,6 bilhões, um aumento de 54% em relação a 1986, e renda líquida de €180 milhões, um aumento de 58%.10 Kairamo era frequentemente citado como a força motriz por trás da ascensão e transformação da Nokia de uma empresa de papel e borracha em uma organização de equipamentos eletrônicos e telecomunicações (redes e aparelhos móveis) de importância global. Ele acreditava que a Nokia tinha que se expandir para o mercado global para sobreviver. E realizou uma grande restruturação na organização da empresa e manteve os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de cerca de 4% das vendas líquidas durante quase toda a década.11 Descrito como líder carismático, mas ousado, apesar do seu comportamento inconstante— uma vez, Kairamo desafiou um líder sindical para uma corrida sem roupas em volta da sua casa para acabar com uma paralisação —, ele preparou Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 3 a Nokia para que se tornasse posteriormente uma empresa tecnológica multinacional com presença global.12 Ele valorizava velocidade e imediatismo, e não as formalidades e processos tradicionais, mudando os aspectos escandinavos mais convencionais da empresa finlandesa. Seu número dois, o Presidente da Nokia Simo Vuorilehto, era muitas vezes chamado de alter ego de Kairamo; os dois formaram uma forte equipe de liderança, em que Kairamo “tinha as ideias” e Vuorilehto “as implementava”.13 Tabela A Principais aquisições da Nokia na década de 1980 Ano Empresa Descrição 1981 Televa Fabricante de telecomunicações que pertencia ao governo finlandês. 1983 Salora Segundo maior fabricante de televisões na Escandinávia – a Nokia adquiriu 18% da empresa. 1983 Luxor Ab Empresa sueca de computador e equipamentos eletrônicos do governo. 1986 Sahkoliikkeiden Maior atacadista de produtos elétricos da Finlândia. 1987 Telefenno Empreendimento conjunto entre a Nokia e a empresa do governo Televa Oy, criado em 1978. A Nokia comprou a parte da Televa em 1987. 1987 Maillefer Fabricante francesa de cabos. 1987 Océanic Fabricante francesa de televisores e empresa de equipamentos eletrônicos 1987 Sonolar Empresa de equipamentos eletrônicos adquirida da sueca Electrolux 1987 Televisso Empresa de equipamentos eletrônicos adquirida da sueca Electrolux 1988 Ericsson Information Systems Divisão de computação da Ericsson Fonte: Pesquisa de casos, compilada de Dan Steinbock, Wireless Horizon: Strategy and Competition in the Worldwide Mobile Marketplace (New York: American Management Association, 2003); “Nokia Corp - Focus On Electronics,” http://ecommerce.hostip.info/pages/796/Nokia-Corp-FOCUS-ON-ELECTRONICS.html; “Nokia History,” August 30, 2005, http://english.cri.cn/855/2005/08/30/262@15519.htm; Martii Häikiö, Nokia: The Inside Story, (London, UK: Prentice Hall, 2002), acessado em novembro de 2013. Em 1987, a Nokia apresentou o primeiro telefone móvel desenvolvido para a rede analógica NMT da Escandinávia — o Mobira Cityman — e comercializou o aparelho a usuários de negócios pelo equivalente em 2013 a €4.500. O então Presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev foi fotografado fazendo uma ligação de Helsinki para Moscou com um Cityman em 1989 (veja Anexo 2). Nokia foi influente no estabelecimento da tecnologia de segunda geração (ou 2G), a rede digital europeia Global System for Mobile (GSM),a que substituiu os vários sistemas de rede analógicos incompatíveis entre si, permitindo o funcionamento dos telefones em toda a Europa. Em 1988, a Nokia era uma organização importante do mercado de aparelhos móveis analógicosb, com 13,4% do a O Comitê Europeu de Correios e Telégrafos realizou uma conferência de tecnologias sem fio em 1982, com o objetivo de padronizar a rede digital sem fio na Europa. Os países nórdicos e a Nokia promoveram o uso do padrão digital sem fio emergente 2G GSM na Europa, e em 1987, o comitê selecionou a tecnologia GSM como o novo padrão de toda a Europa. A implementação iniciou na Finlândia em 1991, com os equipamentos da rede instalados pela Nokia, pioneira na infraestrutura GSM. A tecnologia GSM proporcionou aos fabricantes da Europa economias de escala e a padronização também permitiu que a Nokia expandisse com mais facilidade nos mercados europeus desregulamentados. b A rede analógica, ou “primeira geração” (1G) da tecnologia sem fio, surgiu na década de 1980 na Europa e América do Norte, e fornecia serviço de voz e SMS (mensagens de texto) a usuários móveis. Os sistemas de redes fragmentados, incluindo AMPS (Advanced Mobile Phone System) nos Estados Unidos, TACS (Total Access Communications Systems) no Reino Unido, Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 4 mercado mundial, seguida pela fabricante americana Motorola (12,8%) e pela japonesa NEC (11,2%), e por vários outros fabricantes japoneses.14 A intensa atuação da Nokia não parou por ai; ao final da década de 1980, a economia finlandesa também estava em alta. Como os mercados estavam liberados, os bancos faziam mais empréstimos, e muitas empresas aproveitaram a oportunidade para crescer. Só em 1989, os salários aumentaram 10% e o desemprego caiu para 3%.15 Entre 1982 e 1987, o valor de mercado da Nokia aumentou mais que três vezes, de FIM 2,27 bilhões (€453 milhões) para FIM 8,029 bilhões (€1,5 bilhão), o maior aumento na Finlândia.16 As atividades das fusões e aquisições da Nokia aumentavam suas receitas de maneira consistente, adicionando valiosas patentes de circuitos impressos e conectores, fibra óptica e computadores digitais, entre outros produtos. Os investimentos em P&D também continuaram, foram €210 milhões, ou 7% das vendas líquidas do setor de eletrônicos, investidos em 1987,17 mais do que a média da indústria dos Estados Unidos de 5,4% das vendas líquidas investidas em P&D naquele momento.18 Contudo, alguns analistas começaram a achar que as aquisições da Nokia traziam um efeito adverso para a rentabilidade. “Parece que estão mordendo mais do que podem mastigar”, disse um observador da indústria.19 Vuorilehto defendeu as aquisições da Nokia bem antes da criação da União Europeia em 1992, pois a Nokia não queria ficar de fora da Europa: “Tínhamos que agir rapidamente. Não tínhamos opção, porque o mundo estava mudando com muita rapidez. Precisávamos dos recursos.”20 Mesmo assim, em novembro de 1988 a Nokia anunciou a redução de 39% em seus ganhos no oitavo mês para FIM 402 milhões (€77 milhões). A divisão de eletrônicos da Nokia, que representava 70% das vendas da empresa, estava com problemas. Internamente, Kairamo estava preocupado com uma crescente luta pelo poder entre ele e Vuorilehto, que, segundo algumas pessoas, estava “tramando para tirar a administração e tornar-se o novo líder [da Nokia]”.21,22 De repente, o futuro financeiro da Nokia parecia obscuro, com sua “compulsão por aquisições”, como disse um analista sobre as fusões e aquisições da Nokia, deixando-a sem recursos. Em 1988, a renda líquida caiu 23%, chegando a €199 milhões.23 Apesar disso, a administração da Nokia permaneceu confiante: “Eu acredito que tomamos a decisão certa”, disse Vuorilehto, “e [...] será bem-sucedida.”24 Nokia sob o comando de Vuorilehto: muitos desafios (1988-1992) Em dezembro de 1988, Kairamo, que sofria de depressão maníaca, suicidou-se. Vuorilehto foi nomeado presidente e CEO. Vuorilehto estava na Nokia desde quando a empresa fabricava papel, tendo iniciado como engenheiro e tinha pouca experiência com eletrônicos. Segundo algumas pessoas, ele não tinha as ambições de Kairamo de ver a Nokia com presença internacional.25 Ele mantinha o foco seletivo e estratégico em menos aquisições, com destaque para a fabricante de telefones móveis do Reino Unido Technophone.26 Alguns acreditavam que Vuorilehto tinha assumido na hora certa. Um analista comentou: “Kairamo era o visionário e Vuorilehto era aquele que fazia tudo dar certo, e nos próximos anos, com as várias aquisições da Nokia, Vuorilehto é a pessoa certa para o desafio atual.”27 Vuorilehto modernizoua administração e reestruturou a empresa em seis divisões de negócios: telecomunicações (rede), telefones móveis, dados, cabos & máquinas, indústrias básicas e eletrônicos. Mesmo assim, o desempenho insuficiente continuou e em 1989 um analista descreveu as projeções de curto prazo da Nokia como “medíocres”.28 Enquanto isso, a economia finlandesa estava “mais do que aquecida”, segundo o seu ministro das finanças.29 “A sistema NMT (Nordic Mobile Telephone) na Escandinávia, NTT (Nippon Telephone and Telegraph) no Japão, além de outros sistemas espalhados no mundo, eram incompatíveis entre si. Os aparelhos que usavam redes analógicas funcionavam somente numa localidade geográfica. Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 5 desregulamentação”, disse o ministro, “fez com que as empresas e a população fizessem empréstimos internos e externos, e não incentivou que economizassem.”30 As taxas de juros saltaram de 9% em 1988 para 15% em 1989.31 Em 1991, as vendas totais da Nokia caíram 31% em relação ao ano anterior.32 A divisão de eletrônicos teve uma grande queda, com vendas reduzidas de televisões coloridas. A divisão de cabos e máquinas também tinha problemas. Vários fatores contribuíram para o baixo desempenho da Nokia. O fim da União Soviética em 1991, que era uma grande exportadora de produtos da Finlândia, iniciou uma crise econômica no país,c 33 com o desemprego, que antes era menos de 10%, ultrapassando 20%.34 A moeda finlandesa teve uma grande desvalorização, outra dificuldade para as empresas e os municípios com empréstimos em moedas estrangeiras.35 Durante toda a década de 1980, a Nokia tinha feito financiamentos com base em títulos. Naquele momento, porém, com a economia incerta, os bancos finlandeses hesitavam em ajudar, deixando a Nokia totalmente dependente do seu próprio fluxo de caixa.36 Mesmo com a Finlândia exportando mais em 1993 devido à desvalorização da sua moeda, o consumo interno permaneceu baixo.37 Apesar dessas dificuldades, a divisão de telecomunicações da Nokia, que complementava a divisão de telefones móveis, estava passando por dificuldades.38 Ela fornecia a infraestrutura para redes sem fio quando começou a implementação da rede GSM na Europa e aumentou a demanda por infraestrutura. As vendas líquidas atingiram €323 milhões em 1991.39 A Nokia tinha uma vantagem em relação à concorrência porque o setor de infraestrutura de telecomunicações da Finlândia tinha sido desregulamentado antes que na maioria dos países da Europa.40 Na América do Norte, o padrão digital 2G CDMA, incompatível com os aparelhos GSM, desenvolvia-se lentamente. A tecnologia GSM era considerada superior, pois transferia mais dados e permitia enviar mensagens de texto por um custo baixo, serviço que não era oferecido nos aparelhos com a tecnologia CDMA. O telefone GSM tinha o cartão SIM, que podia ser removido pelo usuário e inserido em outro telefone, garantindo a facilidade de modernização. As operadoras também podiam rastrear a localização do cartão SIM (veja no Anexo 3 as datas de lançamento das tecnologias GSM e CDMA). Nos Estados Unidos e na Europa, os usuários compravam aparelhos por meio de suas empresas telefônicas, mas no fim da década de 1990s, muitas empresas telefônicas da Europa permitiam que os clientes comprassem o aparelho e o crédito de serviço de voz (e depois de dados) de outra empresa telefônica. Nokia sob o comando de Ollila (1992-2006): empresa de comunicação móvel Jorma Ollila foi nomeado presidente e CEO da Nokia em janeiro de 1992, quando Vuorilehto saiu do comando. Ollila, graduado pela Escola de Economia de Londres, começou sua carreira no Citibank e mudou para a Nokia em 1985. Como gerente de contas verificando a conta da empresa, Ollila expressou sua preocupação com a organização da Nokia, argumentando que “não estava de acordo com o novo ambiente competitivo e [...] que precisava de uma transformação completa. A concorrência dinâmica exigia capacidades organizacionais dinâmicas”.41 Logo depois, em 1985, Kairamo contratou Ollila como diretor de operações internacionais. Este se tornou diretor financeiro em 1990 e atuou como presidente da Nokia Mobile Phones em 1992 antes de se tornar o presidente e CEO.42 Ollila implementou “o jeito Nokia”, reforçando os valores centrais da empresa de satisfação do cliente, respeito pelo indivíduo, conquista e aprendizado contínuo.43 c A União Soviética representava 20% das exportações da Finlândia na década de 1980, mas apenas 3% no início da década de 1990. Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 6 Depois de um período de lucros em queda, Ollila reconsiderou o sistema de Vuorilehto de “adotar uma abordagem de volta ao básico”44 para a Nokia e realizou uma série de vendas de ativos importantes, desfazendo as divisões de dados, silvicultura e produtos químicos. E disse: “Numa situação de crescimento lento como essa que estamos tendo agora, você não pode cometer erros. É importante fazer as pequenas coisas da maneira certa — o rio de lucros é formado por vários córregos.”45 Sobre os seus primeiros dias como CEO, ele disse: “Estávamos Olli-Pekka [Kallasvuo, Diretor Financeiro da Nokia] e eu no escritório pensando no que poderíamos fazer. Tínhamos acionistas finlandeses e internacionais insatisfeitos.d A única coisa a fazer era começar a construir a base para um desempenho significativo das ações”.46 Com Ollila, a Nokia acabou com suas divisões de dados, silvicultura e produtos químicos, mantendo apenas quatro áreas principais: telefones móveis, eletrônicos, redes e cabos,47 e deixando telecomunicações (equipamentos de rede) e telefones móveis como focos principais da estratégia da empresa. “Essas são as duas áreas em que temos grandes possibilidades de crescer e fortalecer a nossa posição no mercado nos próximos anos”, ele previu.48 Ollila acreditava que era possível salvar a empresa apenas com enfoque nos telefones móveis49 e continuando a desenvolver os equipamentos de rede GSM para a Europa.50 Em 1992, a Nokia recebeu 25% dos pedidos de equipamentos de rede GSM da Europa.e,51 Especialistas do setor previram que a instalação das novas redes custaria mais de $75 bilhões entre 1992 e 1999,52 uma oportunidade de crescimento para os negócios de rede da Nokia. A empresa também controlava um terço das patentes essenciais aos padrões GSM,53 garantindo um fluxo de caixa contínuo no licenciamento de tecnologias. Pensando nas oportunidades em meio ao crescimento de mercado japonês de 70% em relação ao ano anterior, a Nokia assinou um acordo em 1992 com a operadora de rede móvel IDOf do Japão para o desenvolvimento de telefones usados em sua rede, e assim, foi o primeiro fabricante europeu a fazer negócios no Japão. Nokia Mobile Phones (divisão de telefones móveis da Nokia) Em 1992, a Nokia lançou o primeiro telefone digital de produção em massa, o Nokia 1011, para a tecnologia GSM.54 Os aparelhos GSM tinham preço de €1.335 (FIM 7.013). Embora fossem bem mais baratos que os aparelhos criados para os militares, que custavam mais de €12.507 (FIM 66.009), os aparelhos GSM eram muito mais caros que a média de€314 dos telefones móveis analógicos nos mercados competitivos.55 Mesmo com as vendas de aparelhos GSM aumentando, os aparelhos analógicos permaneciam mais populares no mundo todo. No fim de 1992, a Nokia era a maior produtora de telefones móveis na Europa e a segunda maior do mundo, atrás somente da Motorola (veja as descrições dos concorrentes no Anexo 4). A Nokia exportava telefones (a maioria deles ainda analógicos) para 70 países,56 expandindo sua presença na América Latina, Rússia, Austrália e Leste Europeu.57 Ollila previu que a taxa de penetração de aparelhos móveis nos países industrializados ultrapassaria 20% da população no ano 2000, isso quer dizer 250 milhões de assinantes e vendas globais acima de 40 milhões de unidades por ano.58 Enquanto isso, a Nokia agressivamente procurava por patentes para seus novos desenvolvimentos tecnológicos. Sua estratégia inicial era adquirir novos direitos de IP para defender seus negócios em crescimento59 (veja no Anexo 1 o número de novas patentes da Nokia no decorrer dos anos). d Em 1993, a Finlândia acabou com suas restrições sobre a participação estrangeira nas ações de empresas, e em agosto de 1993, a participação estrangeira ultrapassou 35% do capital acionário da Nokia, maior do que qualquer outra empresa finlandesa. e A Ericsson e a Siemens também foram contratadas por países europeus para o fornecimento de infraestrutura GSM. f Em 1992, o Japão tinha três operadoras de sistemas móveis: IDO, NTT e DDI. IDO era a que mais crescia, com 25% de participação no mercado. Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 7 A Nokia obteve rápido crescimento no mercado de telefones móveis nos anos seguintes, enquanto que os países da Ásia, Austrália e Nova Zelândia ainda estavam implementando as redes GSM. A Nokia identificou a Ásia como a região com o maior potencial de crescimento. A divisão de rede da Nokia negociou para instalar a infraestrutura GSM para 17 operadoras.60 Os telefones móveis tornaram-se item de consumo com a queda dos preços. A empresa investiu muito em anúncios nos mercados locais61 e adaptou recursos e preços para atender à demanda local. A inovação do produto, a flexibilidade e a resposta rápida da Nokia às diferenças no mercado permitiram a expansão global da Nokia.62 Segundo um analista, “a Nokia investiu em cada mercado vertical do ecossistema dos telefones móveis: fabricação, distribuição e P&D de design”.63 A Nokia produziu seus semicondutores internamente e desenvolveu seus próprios chips para radiofones.64 Ao contrário dos seus maiores concorrentes que mantinham múltiplas unidades de negócios, a Nokia tinha desfeito várias unidades que não eram centrais. “A Nokia estava totalmente concentrada nos telefones móveis; as outras empresas, em eletrônicos, aparelhos eletrodomésticos, etc.”,65 explicou o diretor da Nokia na Índia. A Ericsson e a Motorola também estavam integradas verticalmente neste momento, fornecendo a infraestrutura e os telefones,66 enquanto outros concorrentes de negócios diversificados consideravam os telefones móveis como produtos secundários. Em 1994, a Nokia representava 25% da capitalização de mercado da Bolsa de Valores de Helsinki, na Finlândia.67 Naquele ano, a Nokia mudou seu idioma oficial para inglês e tornou-se a primeira empresa finlandesa a operar na Bolsa de Valores de Nova York.68 (Veja a capitalização de mercado no decorrer dos anos no Anexo 5.) Alguns analistas estavam preocupados que a Nokia não conseguiria gerenciar seu crescimento. Um analista comentou: “Isso parece ser a maior ameaça para o Sr. Ollila.”69 A Nokia e o mercado consumidor em evolução Em 1994, a maior taxa de penetração dos telefones móveis era na Suécia, onde 13% da população tinha um telefone celular, seguida da Finlândia, com 10%, e dos Estados Unidos, com 6%.70 Com os preços dos aparelhos e serviços em queda e a cobertura da rede em expansão, as vendas dos aparelhos para uso pessoal aumentaram. O Nokia 2100 foi a primeira série de telefones digitais da empresa oferecidos nos Estados Unidos. O modelo 2120, da linha 2100, pesava menos que 200 gramas, e tinha menos que 2,50 cm de espessura e 12,7 cm de comprimento. Era o telefone mais leve e o menor do mundo em 1994,71 ao contrário dos primeiros modelos Cityman, que pesavam 794 gramas e tinham quase 18 cm de comprimento. O telefone de fácil utilização incluía uma tela LCD de 5 linhas, 99 espaços na memória de discagem rápida, teclado soft touch, ringtones (sons) selecionáveis que podiam ser personalizados e antena retrátil.72 O preço na loja sugerido em 1994 era menor que €703, mas eram vendidos por menos que isso quando adquiridos em um contrato de serviços com um representante autorizado.73 As portadoras americanas geralmente cobriam parte do custo dos telefones móveis e geravam receita com contratos de serviços,74 e por um longo tempo dificultaram a mudança para outra portadora e a portabilidade do número.g A Nokia tinha que negociar com as portadoras, como a AT&T ou Verizon, para que vendessem seus modelos. g Em 2003, a EU estipulou que todas as portadoras sem fio deveriam permitir a portabilidade do número e, logo depois, foi a Comissão Federal de Comunicações nos Estados Unidos, em 2004. Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 8 Enquanto a indústria de telefones móveis atraía novos consumidores além dos corporativos, os aparelhos ficavam cada vez menores e a distribuição se espalhava no mundo todo; com isso, a taxa de penetração dos celulares decolou (veja no Anexo 6 a taxa de penetração de celulares no decorrer dos anos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento). Juntas, a Nokia, a Ericsson e a Motorola controlavam 75% do mercado global de aparelhos móveis no fim de 1995.75 Para gerenciar seu crescimento, a Nokia tinha fábricas em Salo (Finlândia), Fort Worth (Texas), Bochum (Alemanha), Hong Kong (China) e Masan (Coreia do Sul), lugares que haviam decidido implementar a tecnologia sem fio CDMA. Mesmo dominando a produção de rede GSM, a Nokia encontrou uma forma de entrar no mercado de rede CDMA dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, embora em 1995 tivesse anunciado que estava desenvolvendo aparelhos de telefones (não a tecnologia de rede).76 A Nokia explicitamente começou a comercializar seus telefones móveis como acessórios de moda. Seus aparelhos eram finos e elegantes, com minimalismo e simplicidade associados ao design escandinavo. O Nokia 8110, lançado em 1996, apareceu no filme Matrix e seu design ganhou uma curva bem leve para acompanhar o rosto do usuário; além disso, tinha uma tampa deslizante para proteger o teclado. Os usuários começaram a pedir recursos e funções especiais,77 e assim surgiu o mercado de tampas coloridas e com estampas. Essas tampas, também chamadas de placas, estavam disponíveis para o Nokia 5110, lançado em 1998. Os telefones Nokia ofereciam uma série de ringtones também.78 A Nokia contratou jovens designers de escolas de arte para se manter atualizada com as tendências. Em 1998, a Nokia vendia produtos em 140 países, personalizando-os para atender à demanda local. Cada vez mais, a Nokia se comportava como uma empresa de produtos ao consumidor, lançando novos modelos anualmente e incentivando os usuáriosa personalizarem seus aparelhos.79 “As principais empresas com acesso à mesma tecnologia, precisam fornecer algo diferente, no visual e estilo”, explicou Arto Kiema, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Nokia em Salo80 (veja no Anexo 7 a evolução do design dos telefones móveis). Nokia no auge Em 1998, a Nokia tornou-se a principal fabricante de telefones móveis do mundo, com 23% do mercado e 163 milhões de unidades vendidas, ultrapassando a Motorola, com 20% de participação de mercado (veja no Anexo 8 as vendas líquidas por unidade de negócio e região). Os analistas culpavam a Motorola por não responder com rapidez suficiente à mudança das redes analógicas para digitais, e por se concentrar mais na tecnologia CDMA, utilizada por 12 milhões de pessoas no mundo inteiro, e não na GSM, que contava com 100 milhões de usuários em 1998.81 A Motorola também reagia lentamente à demanda por aparelhos mais modernos. A unidade de semicondutores da Motorola, responsável por mais de 20% das vendas globais da empresa, também tinha problemas.82 A Nokia também tinha outro benefício em relação à Motorola, observou um analista, que era sua logística imbatível.83 O Diretor Financeiro Kallasvuo disse: “Somos a única empresa do mundo a vender telefones que funcionam com todos os padrões principais para celulares. Fomos a primeira a segmentar nossa linha de produtos, a primeira a criar uma identidade da marca, a primeira a compreender que design era essencial neste negócio e a primeira a entender que poderíamos tirar proveito da eficiência da fabricação global em um negócio onde os custos de P&D são altos e só podem ser recuperados com volumes globais”84 (veja no Anexo 1 os valores que a Nokia investiu em P&D no decorrer dos anos). “O crescimento era muito mais rápido do que poderíamos imaginar”, lembrou Ollila. “Em 1992, projetamos que em 1999 o mercado de telefones móveis teria aproximadamente 40 milhões de unidades no mundo todo. Os analistas achavam que estávamos sendo muito otimistas. Estávamos todos errados. Em 1999, eram mais de 250 milhões de unidades.”85 Com capacidade de produção insuficiente, os concorrentes da Nokia começaram a terceirizar a fabricação, enquanto a Nokia Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 9 continuava produzindo seus aparelhos internamente. A Nokia protegia seus desenvolvimentos tecnológicos e os recursos dos telefones com o registro contínuo de patentes. O número total de patentes da Nokia saltou de 796 em 1998 para 1469 em 1999.86 O sucesso da Nokia atraiu investidores estrangeiros para a Finlândia, que sondavam outras empresas com potencial tecnológico. Em 1999, fornecedores de capital de risco investiram mais de €285 milhões em novas empresas finlandesas. O telefone celular tinha se tornado um símbolo nacional de orgulho para os finlandeses.87 Em 2000, a Nokia mantinha centros de P&D em 14 países da Europa, Ásia e América do Norte, mas mais da metade das suas atividades de P&D eram realizadas na Finlândia. A Nokia também mantinha unidades de produção em nove países, incluindo Hungria, China, Brasil e outros mercados emergentes. Os preços de varejo dos telefones GSM continuavam caindo. O Nokia 6160, o telefone mais popular da década de 1990, era vendido pelo preço médio de €834 em 1998. O Nokia 7110, de 1999, custava €464. Pesando cerca de 140 gramas, fino e elegante, o Nokia 7110 foi o primeiro telefone móvel a oferecer conexão com a internet. Em 2002, o Nokia 7650, que custava entre €185 e €411, foi o primeiro telefone Nokia com câmera (lançado dois anos após o primeiro telefone com câmera da Samsung)88 e vinha com 30 opções de ringtones.89 A Nokia mantinha custos baixos de produção e apresentou a margem de lucro de 23% em 2000, ultrapassando os 6% da Motorola.90 A Motorola estava perdendo dinheiro em seu negócio de equipamentos de rede e, segundo rumores, estaria tentando uma fusão ou um comprador para essa sua divisão.91 Os analistas também especularam que a empresa estaria vendendo sua divisão de semicondutores.92 Em outubro de 2002, o preço das ações da Motorola caiu 26%, chegando a $7,48, uma queda em 10 anos. Enquanto isso, sua participação no mercado de telefones móveis diminuiu para 17%, deixando a empresa vulnerável.93 O estilo dos telefones da Nokia continuava evoluindo, mas alguns analistas acharam que o estilo estava tendo mais importância que a usabilidade94 (veja no Anexo 9 imagens dos telefones Nokia). A Nokia continuava inovando; em 2003, lançou os primeiros modelos touch screen (visor sensível ao toque) (Nokia 6108 e 3108), equipados com uma “caneta” para a tela. O modelo Nokia 7280, lançado em 2004, tinha uma barra de rolagem no lugar do teclado.95 Em 2004, a maioria dos telefones Nokia pesava cerca de 110 gramas, metade do peso dos seus modelos mais leves de 1994 (200 gramas).96 Estratégia da Nokia para mercados emergentes No início da década de 2000, a Nokia mudou seu foco para os mercados emergentes. A empresa vendia telefones móveis em mais de 130 países, enquanto a Nokia Networks (antiga Nokia Telecommunications), a divisão de infraestrutura de rede, continuava como líder no fornecimento de soluções de rede GSM e também começava a fornecer serviços de gestão de rede e atendimento ao cliente para provedores de internet.97 A Nokia estimou que houvesse pelo menos 600 milhões de assinantes potenciais na Rússia, China e Índia.98 Em 2002, a Nokia dividiu geograficamente a sua unidade de telefones móveis em nove centros de negócio para atender a mercados específicos. Acreditando que divisões menores permitiam respostas mais rápidas nos mercados com diferenças significativas em termos de demanda por recursos e uso, a Nokia reorganizou-se em quatro divisões: telefones móveis, telefones multimídia, soluções corporativas e redes. Em 2002, a Nokia tinha mais de 40% de participação no mercado de telefones GSM e 5-7% do mercado de telefones CDMA.99 Naquele ano, 60% dos telefones móveis do mundo todo operavam com a rede GSM e 21% usavam a tecnologia CDMA. Os outros 19% usavam a rede PDC do Japão, redes analógicas e outras redes.100 Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 10 Em 2003, a Nokia lançou dois telefones móveis, Nokia 1100 e 2300, adaptados aos mercados emergentes, com recursos de voz e SMS e bateria duradoura, funções úteis em regiões com eletricidade incerta. Os dois modelos foram desenvolvidos pensando nos usuários pré-pagos.101 O modelo Nokia 1616, também desenvolvido para os mercados emergentes, tinha invólucro resistente, rádio AM/FM, bateria duradoura e múltiplas agendas para famílias que compartilhavam o telefone. Esse modelo custava $32 nos mercados emergentes;102 por outro lado, nos Estados Unidos, o preço médio de um telefone móvel no varejo ultrapassava $200 com o serviço da portadora. No entanto, as vendas diminuíram em 2004 e a participação da Nokia no mercado global caiu de 35% para 28,9%.103 Muitos acreditavam que isso acontecera porque a Nokia não produzia telefones “articulados” (ou flip phones), que eram muito populares na Ásia e América do Norte. Em 2004, a Motorola e a Samsung tinham, respectivamente, 43 e 63 modelos articulados em seus portfólios e a Nokia oferecia apenas dois modelos articulados.104 O modelo articulado Razr da Motorola de 2004 foi o mais vendido do mundo em apenas alguns anos e levantou a marca,que andava em baixa.105 A Nokia respondeu a essa concorrência reduzindo os preços de telefones específicos e eliminando outros modelos.106 Em 2005, as receitas anuais da Nokia ultrapassaram €29 bilhões. Dos 650 milhões de telefones móveis vendidos no mundo todo, 200 milhões eram da Nokia.107 As vendas foram boas na Europa Ocidental e na Ásia, compensando as vendas baixas nas Américas. A Nokia tinha 45% de participação nos mercados do Leste Europeu, Oriente Médio e África. Na Índia, a Nokia tinha 63% do mercado. Os modelos simples Nokia 2112 e Nokia 1100 eram muito populares na Ásia. A Nokia também buscava aumentar sua participação no mercado russo. Na América do Norte, porém, os telefones CDMA da Nokia tinham resultados ruins com as principais operadoras.108 Maior concorrência Em meados na década de 2000, o setor estava cada vez mais competitivo. Novos concorrentes da Ásia, incluindo a fabricante Samsung da Coreia do Sul, entraram em mercados europeus onde a Nokia dominava. A maior concorrência encurtou o ciclo de vida dos produtos para seis a nove meses, aumentando consideravelmente a pressão no design, fabricação e distribuição, para oferecer novos modelos com mais rapidez. Muitas operadoras da Europa e dos Estados Unidos mantinham um acordo com os fabricantes ou fornecedores de telefones asiáticos para o fornecimento de telefones por um preço menor. Como a fabricação estava sendo terceirizada, os fabricantes de projeto original (no inglês original design manufacturers, ou ODMs), cujos produtos eram vendidos com a marca de outras empresas, estavam localizados em grande número em Taiwan. Os ODMs ameaçaram comercializar sua produção de telefones e romper o modelo de mercado vertical de empresas como a Nokia.109 Surgiram também vários fabricantes chineses do mercado de telefones móveis. Mesmo com a Nokia e a Motorola ainda liderando o mercado na China, marcas como TCL, Huawei e ZTE rapidamente ganharam destaque. A TCL tornou-se a maior fabricante de telefones móveis da China em 2002 (e a 12ª maior no mundo) e alguns fabricantes chineses planejavam expandir para outras regiões, pois o mercado interno estava saturado. Apesar disso, empresas como a Nokia mantinham vantagem significativa nas economias de escala, porque os fornecedores chineses adquiriam chips, design e outros componentes importantes dos telefones de outros fabricantes.110 Também crescia uma rede de produtores de versões baratas do “mercado cinza”, que vendiam aparelhos que imitavam grandes marcas. Telefones ilegais com componentes de produtores para marcas famosas eram vendidos a preços baixos. Em 2005, até 50 milhões de versões baratas do mercado cinza foram enviadas da China.111 Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 11 Em meados da década de 2000, a Nokia procurava novas áreas de crescimento. Os países em desenvolvimento eram atraentes, pois continuava crescendo o número de assinantes na Índia, China, Rússia e América Latina. Estava ficando mais difícil competir nos países desenvolvidos com mercados saturados, pois os fabricantes de telefones móveis incentivavam os assinantes a modernizarem seus aparelhos atuais, fornecendo novos modelos com novos recursos atraentes e em ciclos curtos. Os telefones para uso comercial eram outro mercado potencial. Uma das primeiras empresas do mercado de smartphone, a Research in Motion (RIM), tinha incluído a função de e-mail em seu BlackBerry de 2003,112 que levou ao desenvolvimento de outras funções e o domínio da RIM no mercado corporativo. Em 2005, menos de 10% dos trabalhadores de escritórios tinham e-mail em seus telefones móveis. “Provavelmente, este é o maior mercado ainda não explorado pela Nokia”, disse Mary McDowell, chefe do grupo de soluções corporativas da Nokia.113 Embora líder do mercado global, os analistas reconheceram que a Nokia estava perdendo espaço, pois a concorrência vinha aumentando sua participação. A Samsung, por exemplo, tinha a terceira maior participação de mercado em 2002 e continuava crescendo. Kallasvuo, que havia mudado de diretor financeiro para presidente executivo e gerente geral da divisão de telefones móveis em 2004, disse: “Ser forte para os consumidores de baixa renda não impede de ser forte também para os consumidores de alta renda”.114 Um analista concordou: “A eficiência [da Nokia] dificultou para a concorrência no mercado de consumidores de baixa renda”.115 Mas o portfolio considerável de patentes da Nokia, com mais de 1.600 novos pedidos de patente em 2005, também ajudou a garantir o domínio da empresa. O diretor de direitos da propriedade intelectual da Nokia explicou: “Estamos agora em uma posição de sorte, pois nenhum fabricante de telefone móvel pode produzir telefones móveis sem usar várias das nossas patentes.”116 Tecnologia 3G e convergência A implementação da terceira geração (“3G”) da tecnologia sem fio — discutida por anos, mas que demorou a chegar – acelerou em 2005. As redes 3G foram gradualmente substituindo as redes GSM e CDMA. A maior largura de banda das redes 3G permitiu um uso maior da internet. A fabricante de chips Qualcomm dos Estados Unidos, que havia parado de fabricar telefones móveis, mas tinha patentes de chips, software e outras tecnologias que possibilitaram a rede 3G, incentivou a adoção da nova rede 3G nos Estados Unidos, a CDMA2000. A Qualcomm também controlava patentes importantes da rede emergente WCDMA, que foi a migração da GSM para rede 3G na Europa. Os sistemas WCDMA e CDMA2000 eram compatíveis, permitindo o uso dos telefones no mundo inteiro.117 A Samsung participou desde o início do desenvolvimento da tecnologia 3G, pois fornecia redes na China em 2002, e tinha assinado um contrato nesse mesmo ano para introduzir a rede 3G no Japão. A Nokia tinha 25% das patentes essenciais da rede WCDMA.118 Em 2005, a Nokia lançou dois telefones para rede 3G na Europa, mas a concorrente LG da Coreia do Sul foi inicialmente a líder no mercado de telefones 3G. A LG comprava chips da Ericsson e Qualcomm, ao contrário da Nokia, que os produzia internamente.119 “Ser o primeiro não necessariamente significa garantir uma porta para o céu”, comentou Ollila.120 Nokia sob o comando de Kallasvuo (2006-2010) Kallasvuo foi nomeado CEO em junho de 2006, quando Ollila decidiu sair depois de 14 anos como CEO. Kallasvuo, assim como Ollila, trabalhou por vários anos na empresa antes de chegar a essa função. Havia sido nomeado diretor assistente da área jurídica da Nokia em 1987 e foi para o departamento financeiro no ano seguinte. No fim da década de 1990, foi chefe das operações de Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 12 negócios da Nokia nos Estados Unidos, antes de comandar a divisão de telefones móveis, onde trabalhou com Ollila por vários anos. Em 2006, menos de um mês após tornar-se CEO, a Nokia e a Siemens fizeram um acordo para reunir suas operações de infraestrutura de rede como uma saída para a concorrência de baixo custo da Ásia. A Nokia Siemens Network, empreendimento conjunto que substituiu a Nokia Networks, esperava gerar uma receita estimada em €15,8 bilhões.121 “A indústria de telecomunicações está convergente e a Nokia Siemens Networks forte e independente estará idealmente posicionada para ajudar os clientes a reduzir custos e aumentar sua receita, além de gerenciar as dificuldades da tecnologia convergente”,disse Kallasvuo.122 Em junho de 2006, a Nokia parou de negociar com a Sanyo sobre um empreendimento conjunto para a fabricação de telefones CDMA, anunciando que deixaria de operar no mercado da rede CDMA, exceto nos Estados Unidos, onde ofereceria os telefones CDMA com a marca Nokia.123 O alto custo da fabricação dos telefones CDMA, devido aos baixos volumes de mercado, convenceu a Nokia de que esses telefones eram muito caros para os mercados emergentes. Kai Oistamo, então chefe da divisão de telefones móveis da Nokia, explicou: “Neste mercado fragmentado, é muito difícil fazer dinheiro com telefones móveis CDMA para consumidores de baixa renda”. Então, a Nokia centralizou sua produção em telefones móveis GSM e 3G WCDMA usados por mais de 70% dos assinantes móveis do mundo todo124 e distanciou-se do mercado dos Estados Unidos. Ascensão dos smartphones e lançamento do iPhone da Apple Em 2006, os fabricantes trabalhavam para atender à demanda crescente por smartphones. Os smartphones tinham sistemas operacionais similares ao do computador e usavam as redes 3G, oferecendo conexão com a internet e e-mail; além disso, tinham câmera, reproduziam música, ofereciam lista de contatos e, cada vez mais, aplicativos (apps) como mapas, jogos e outros recursos. Seu uso popularizou-se com os preços de alguns aparelhos abaixo de $200 nas ofertas das portadoras americanas. No mundo todo, mais de 80 milhões de smartphones foram vendidos em 2006, 8% do total de 990 milhões de telefones móveis vendidos nesse ano.125 Os smartphones Nokia, que usavam o sistema operacional Symbian, desenvolvido como um empreendimento conjunto que envolveu a Nokia, Ericsson, Motorola, Siemens e outras empresas, eram líderes no mercado, com 38 milhões de dispositivos comprados, controlando 48% do mercado, apesar das vendas fracas na América do Norte.126 Os aparelhos Motorola com sistema operacional Windows Mobile ajudaram no crescimento da empresa acima de 104%, com 4,9 milhões de telefones vendidos em 2006.127 A linha popular de smartphones BlackBerry da RIM vendeu mais de 6 milhões de unidades em 2006, mantendo-se com a segunda maior participação de mercado, com 7,5%.128 Em 2007, a Apple lançou o iPhone, com sistema operacional iOS da própria Apple, primeiro nos Estados Unidos, ficando disponível globalmente em 2008. Mais de 3 milhões de unidades foram vendidas em 2007, e as vendas aumentaram 245% em 2008, ultrapassando 11 milhões de unidades.129 Um executivo sênior da Apple estimou que o iPhone custara $150 milhões para ser desenvolvido.130 Inicialmente, seu preço era $600 e foi disponibilizado exclusivamente para os assinantes da empresa AT&T nos Estados Unidos. O iPhone incluía mais recursos similares ao do computador do que os outros smartphones, mas também oferecia “fator de forma frio”,131 segundo um analista do setor, referindo-se ao sucesso da Nokia ao transformar telefones em acessório da moda na década de 1990.132 Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 13 Nokia e o mercado dos Estados Unidos Em 2007, a Nokia permanecia líder dos mercados de rápido crescimento, incluindo China, Sudeste Asiático e Índia, mas seus telefones móveis não tinham presença marcante no mercado dos Estados Unidos após a eliminação da produção dos telefones CDMA. Na América do Norte, 160 milhões de telefones foram vendidos por ano, quase o mesmo que na China. O mercado ficara saturado e fragmentado; em 2007, a Nokia vendia um a cada 10 telefones nos Estados Unidos.133 Poucos modelos da Nokia eram oferecidos nas lojas da Verizon e AT&T, e nenhum na Sprint. Contudo, a T- Mobile, a quarta portadora do mercado, oferecia vários modelos. 134 Em 2007, a Nokia abriu um centro de pesquisa no Vale do Silício, o centro tecnológico com as sedes da Apple, Google e outras concorrentes. O centro de pesquisa, um dos sete espalhados pelo mundo, tinha até 70 pesquisadores e estagiários da Universidade de Stanford trabalhando em grades sem fio, interfaces do usuário para telefones sem fio e capacidades de rede.135 Bob Iannucci, chefe dos centros de pesquisa e localizado em Palo Alto, foi nomeado diretor de tecnologia da Nokia em 2007, o primeiro que não era finlandês. A Nokia declarou num texto à imprensa: “Com a convergência de mobilidade e internet, o Vale do Silício tornou-se muito mais importante para nós.”136 A participação da Nokia no mercado americano caiu de 33% em 2002 para 10% em 2007. Uma analista explicou: “Na Europa e Ásia, as pessoas compram o telefone móvel mais bacana e com mais recursos e depois escolhem uma rede para usar o telefone. Nos Estados Unidos, os consumidores compram o telefone que tiver na loja da portadora com um contrato de dois anos.”137 Um executivo da Nokia admitiu: “Nós nos demos mal achando que os Estados Unidos evoluiriam para o mercado global.”138 Kallasvuo percebeu que a Nokia precisava de uma nova estratégia nos Estados Unidos. Em 2007, a Nokia fez um acordo com a AT&T e lançou o Nokia 6555. A Nokia também contratou uma empresa asiática para desenvolver um telefone para a Verizon, que seria lançado em 2008. Esse telefone seria totalmente terceirizado, uma mudança para a Nokia, que historicamente tinha sua fábrica e montagem de telefones móveis.139 Por outro lado, a Motorola montava somente metade dos telefones que vendia.140 Em 2007, a Nokia começou a comprar chips para seus telefones da Texas Instruments, Broadcom, Infineon Technologies e STMicroelectronics. Em troca, a Nokia licenciava sua tecnologia de modem aos seus novos fornecedores.141 Mudança do setor para software Os sistemas operacionais dos smartphone tornaram-se tão importantes quanto o telefone em si, com o aumento na demanda dos clientes por novos recursos e aplicativos; então a escolha do sistema operacional se tornou um fator de peso na estratégia do fabricante. Um analista do setor comentou: “A inovação da Apple na interface do usuário dos seus telefones móveis deu início a muitos projetos entre os seus concorrentes.”142 Em 2007, o sistema operacional Symbian da Nokia era o mais usado do mundo, com 67% do mercado, seguido pela Microsoft, com 13%, e RIM, com 10%.143 Os produtores de telefones móveis reagiram a isso de formas diferentes. Em 2009, a Nokia tinha ajustado seu portfólio de patentes para ter mais de 70% de patentes relacionadas a software (de apenas 2% em 1999). O portfólio da Apple, 35% de software em 1999, aumentou para 54%, com um foco maior em circuitos, conectores, switches e relés e outras patentes de infraestrutura de rede. A Samsung manteve seu foco em memórias e circuitos híbridos (42% em 1999 e 2009) e aumentou as pesquisas de software (praticamente 0% em seu portfólio de 1999 para 6,5% em 2009). O setor consolidou sua transição de foco no telefone para foco em software com o lançamento do iPhone da Apple. A HTC de Taiwan, a Motorola e vários outros fabricantes desenvolveram seus Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 14 próprios smartphones, muitos dos quais usavam o sistema operacional Android de padrões abertos da empresa Google, enquanto a Nokia continuava com o seu Symbian. A Open Handset Alliance do Google foi um consórcio de 84 empresas formado para desenvolver padrões abertos para os dispositivos móveis. O Android era o software principal da aliança, deixando o software a cargo de cada fabricante. A HTC e a T-Mobileforam as primeiras a adotar o sistema operacional Android em seus telefones. Sony Ericsson, Vodafone, Garmin, Sprint, Motorola e Samsung juntaram-se também ao consórcio nos dois anos seguintes para incluir o Android em seus smartphones. As vendas de smartphones da RIM, HTC e Samsung aumentaram em 2008, enquanto as vendas da Nokia permaneciam inalteradas.144 Os smartphones tornaram-se parte de um ecossistema de dispositivos do consumidor. O iPhone, por exemplo, podia ser sincronizado com a biblioteca de músicas iTunes do usuário, permitindo que o dispositivo móvel reproduzisse músicas. A ascensão das redes sociais, os novos aplicativos, recursos móveis adicionais como reprodução de vídeo e áudio, além de outras complementações, permitiram aos smartphones muito mais do que chamadas ou envio de e-mail e mensagens de texto. Os usuários dos mercados desenvolvidos geralmente trocavam seus telefones a cada 18 meses,145 e os fabricantes gastavam um valor estimado de $30 milhões com o desenvolvimento de um novo modelo de smartphone.146 Resposta da Nokia Em agosto de 2007, a Nokia lançou sua loja online Ovi para vender músicas, jogos e mapas para telefones com o sistema operacional Symbian da Nokia, como parte de uma mudança para um foco mais direcionado aos serviços.147 A Nokia também estava desenvolvendo o MeeGo, um outro sistema operacional com mais recursos de computador para dispositivos móveis. Em outubro de 2007, a Nokia pagou $8,1 bilhões (€5,7 bilhões) pelo Navteq, o banco de dados de mapas digitais que criou os mapas digitais usados pelo Yahoo, Google, Garmin e outras empresas. Um analista estimou que a receita da Nokia com mapas e músicas nos telefones móveis chegaria a $2 bilhões.148 Kallasvuo disse: “O setor em geral está passando por transformação; está mudando de setor do dispositivo móvel para setor de experiência e estamos fazendo um esforço consciente de longo prazo para capitalizar com isso.”149 A pressão aumentava conforme os telefones iOS e Android viam subir sua participação no mercado de smartphones. Para competir com o sistema operacional Android de padrões abertos da empresa Google, a Nokia anunciou em 2008 que iria comprar todas as ações do sistema Symbian de seus parceiros e que faria dele um empreendimento sem fins lucrativos, a Symbian Foundation, para fazer do Symbian uma plataforma aberta, sem royalties. “Isso nos fornece uma oportunidade de inovar com rapidez usando uma plataforma maior, unida e mais aceita”,150 disse Kai Oistamo, chefe da divisão de dispositivos móveis da Nokia, à Reuters. “Permite também o fornecimento mais rápido de novos produtos. Estou convencido de que venderemos mais produtos.”151 A Nokia continuava com seu foco nas vendas de telefones mais inferiores (telefones que tinham acesso à internet, mas que não tinham todas as capacidades dos smartphones) nos mercados emergentes, onde lucrava com altos volumes de produção e custo baixo. Os concorrentes, sem a escala da Nokia, tinham dificuldades para atingir os consumidores de baixa renda. A Nokia continuava com aumento de vendas na China e Índia, embora seu forte nas vendas estivesse no Oriente Médio e na África, com aumento de 52%.152 Em 2008, a Nokia criou uma nova unidade de negócios com base em serviços de internet e software, separada da unidade principal de dispositivos móveis. Essa nova divisão enfatizava duas áreas principais: telefones móveis e serviços.153 Em 2008, com o lançamento da loja de aplicativos da Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 15 Apple, do iPhone 3G e do primeiro dispositivo com Android da empresa Google, a Nokia lançou vários smartphones com estilo “barra de chocolate”. No ano seguinte, foram lançados o Motorola com Android 2.0 e os modelos iPhone 3G. Embora alguns analistas achassem que a Nokia estava no caminho certo com seus novos dispositivos móveis, um deles disse: “Se não lançar um dispositivo competitivo, a Nokia continuará com queda na sua participação de mercado de smartphone”154 (veja no Anexo 10 a participação de mercado da Nokia por região, 2007-2010). Apesar dessas preocupações, a Nokia manteve-se em primeiro em 2009, com 34%; seguida da Samsung e LG, ambas da Coreia do Sul, com 18% e 9%, respectivamente; e da chinesa ZTE, com 5%. A Motorola não ficou entre as cinco primeiras em 2009.155 A plataforma em chamas de Stephen Elop (2010-2013) Em setembro de 2010, Stephen Elop foi nomeado o novo CEO para substituir Kallasvuo, que permaneceu na diretoria da Nokia Siemens Networks. Os acionistas não estavam satisfeitos porque a Nokia não tinha conseguido lançar um produto que pudesse competir com o iPhone. Elop, primeiro CEO da Nokia que não era finlandês (canadense), tinha sido antes presidente da divisão de negócios da Microsoft.156 O website da Nokia explicava: “A estratégia central é sólida e a Nokia continuará a se fortalecer por meio de uma transformação substancial.”157 A diretoria acreditava que a Nokia se beneficiaria da experiência de Elop na Microsoft, enquanto a Nokia mudava de empresa de hardware para empresa de software. Embora a Nokia controlasse 40,3% do mercado global em junho de 2010158 (e 8,1% do mercado dos Estados Unidos),159 as margens de lucro tinham caído. A Apple dominava o mercado de consumidores de renda superior, enquanto os telefones que operavam com Android eram mais usados pelos consumidores de renda média e inferior. Enquanto a Nokia concentrava suas vendas de telefones inferiores, mas com boa margem de lucro na Ásia, os smartphones com Android aumentaram sua participação, que era menor que 10%, para 23% em 2010.160 Elop reconheceu as dificuldades da Nokia e, em uma mensagem à equipe, comparou a empresa à história de um homem numa plataforma de petróleo em chamas no meio do Mar do Norte, incentivando que todos pulassem antes que fosse tarde demais. Depois de pular na água gelada e ser resgatado, o homem observou que ele não teria pulado na água em circunstâncias normais e que a plataforma em chamas tinha causado uma “mudança radical em seu comportamento”.161 A mensagem de Elop dizia: Eu aprendi que estamos numa plataforma em chamas. E temos várias fontes de ignição que alimentam o fogo ao nosso redor […]. Por que caímos enquanto o mundo ao nosso redor evoluía? […] Em partes, por causa da nossa atitude dentro da Nokia. Despejamos gasolina na nossa própria plataforma em chamas. Acredito que faltou responsabilidade e liderança para alinhar e guiar a empresa nesses momentos de mudança. […] Não temos fornecido inovação com a rapidez suficiente. […] A plataforma em chamas […] fez com que o homem mudasse seu comportamento e desse um passo de bravura e ousadia, sem saber como seria o futuro. Ele teve a chance de contar sua história. Agora, temos uma grande oportunidade de fazer o mesmo.162 Um novo sistema operacional A empresa precisava de uma mudança de direção e Elop descartou o sistema operacional Symbian, explicando que aquele era “um ambiente cada vez mais difícil para o desenvolvimento”.163 Especialistas do setor calcularam investimentos em P&D associados ao desenvolvimento de um novo sistema operacional de $100-$200 milhões, além das despesas de manutenção do ecossistema.164 Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 716-P06 Ascensão e Queda da Nokia 16 Muitos críticos acreditavam que o Symbian era parcialmente culpado pelos problemas dos smartphonesda Nokia. O sistema era considerado desajeitado e os desenvolvedores optaram por não criarem aplicativos para ele.165 Muitos analistas do setor preferiam a loja de aplicativos da Apple ou do Android do Google e não a loja Ovi da Nokia.166 A loja de aplicativos da Apple tinha mais de 300.000 aplicativos em 2010, a loja Android Marketplace cresceu seis vezes em 2010 e oferecia 130.000 aplicativos.167 A Ovi tinha 30.000 aplicativos, enquanto o Windows Phone da RIM e da Microsoft tinham 16.000 e 6.500 aplicativos, respectivamente.168 Elop decidiu abandonar o Symbian e substituí-lo pelo software Windows Phone 7 da Microsoft. O suporte ao Symbian era terceirizado, realizado pela Accenture, que manteria o sistema operacional em 400 milhões de telefones em 2016.169 Houve rumores de que Elop também contatara o Google para discutir o uso do Android,170 mas, como ele explicou em um discurso aos funcionários: “Não parecia certo. Nós seríamos mais uma empresa a fornecer o Android. Essa não é a Nokia! Precisamos lutar!”171 As participações da Nokia caíram 14% no dia do anúncio do sistema Windows.172 Esperava- se que a transição para Windows levasse um ano, o que deixaria a Nokia vulnerável aos concorrentes. Em maio de 2011, Elop anunciou que as vendas e os lucros do segundo trimestre ficariam “muito” abaixo das expectativas, devido à pressão contínua dos preços na Ásia e a erros da administração, com grande estoque de smartphones não vendidos nas prateleiras da China.173 Além da concorrência do Android, os dispositivos móveis CDMA que a Nokia não produzia mais estavam tendo um aumento no mercado da China. E explicou: “Existe uma situação aqui [na China], onde não só os dispositivos com Symbian, mas também os outros dispositivos móveis, estão sob pressão da concorrência.”174 Em baixa pela primeira vez em 13 anos, o preço das ações da Nokia caiu para $6,70, uma redução de 19%. Em junho de 2011, a participação da Nokia no mercado de smartphones de 49% em 2007, antes do lançamento do iPhone, tinha caído para 25%.175 De 2007 a 2011, seu valor de mercado total tinha diminuído 75%. No verão de 2011, antes do lançamento do Windows Phone, a Nokia realizou seu maior investimento até o momento para restabelecer sua presença nos Estados Unidos, um mercado importante da Microsoft. Elop decidiu vender por meio das portadoras tradicionais sem fio, que iriam subsidiar o preço de varejo dos telefones. A Nokia substituiu todos os smartphones que operavam com Symbian da América do Norte pelo sistema Windows Phone.176 Em 2012, a Nokia mudou suas operações nos Estados Unidos de White Plains, Nova York, para Sunnyvale, na Califórnia. A Nokia esperava que o novo escritório no Vale do Silício atraísse desenvolvedores de software para a região, que já tinha a Apple, o Google e o website de rede social Facebook.177 Elop anunciou que a Nokia oficialmente sairia do mercado japonês em julho de 2011. A empresa havia interrompido o fornecimento de telefones para as portadoras japonesas em 2008, mas continuava operando nas lojas, com sua linha de dispositivos móveis Vertu para os consumidores mais abastados, que custavam entre ¥600,000 (€ 5.142) e ¥20 milhões (€ 171.420). A linha Vertu tinha dificuldades na concorrência com os smartphones nesse mercado.178 Enquanto isso, a China superou os Estados Unidos como o maior mercado de smartphones do mundo em 2012. Os fabricantes chineses Huawei, ZTE e Lenovo usavam o sistema operacional Android e estavam entre os cinco maiores fabricantes de smartphone do mundo (atrás da Samsung e Apple), com sucesso específico entre os consumidores de renda inferior. O custo dos materiais para smartphones mais simples diminuiu, ficando abaixo de 400 yuan (€50); aparelhos completos eram vendidos por 2.000 yuan (€250) ou menos. A empresa chinesa Xiaomi, fundada em abril de 2010, atraiu imediatamente um grande número de fãs entusiasmados e se tornou uma empresa de internet móvel, não uma fabricante, com seus telefones Xiaomi com MIUI (versão Android para China) e rede social Miliao. O sucesso da Xiaomi era com base na propaganda boca a boca, e não usava anúncios online ou na Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia 716-P06 17 televisão, e vendia seus problemas somente na plataforma online. Em 2012, as vendas dos telefones Xiaomi foram de 719 milhões de unidades.179 Venda para a Microsoft Com as dificuldades que enfrentava, a Nokia anunciou uma série de demissões em 2012 que se estenderam até 2013. Mais de 1.000 pessoas foram demitidas na sede de Salo, na Finlândia, um dos últimos centros de fabricação de telefones celulares da Europa Ocidental. Em fevereiro de 2012, 2.300 pessoas foram demitidas na Hungria e 700 no México, com a mudança da fábrica para a China e Índia. Essas demissões foram causadas pela perda de €1 bilhão no quarto trimestre de 2011.180 Depois de outra perda de €1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2012, a Nokia anunciou em junho de 2012 que iria dispensar outras 10.000 pessoas até o fim de 2013 como parte de uma restruturação.181 Em 2012, Ollila renunciou da sua função de diretor do conselho.182 Em setembro de 2013, a Microsoft comprou a divisão de aparelhos móveis da Nokia e obteve acesso às patentes da Nokia pelo período de dez anos por €5,44 bilhões ($7,2 bilhões). A transação teve como base a parceria formada em 2011, quando a Nokia concordou em usar o sistema operacional da Microsoft em seus smartphones e ajudou a Microsoft na integração vertical com a associação a um fabricante de hardware.183 A Nokia esperava que a transação fortalecesse sua posição financeira e fornecesse uma base para investimentos futuros e continuidade dos negócios. Com o anúncio da transação, o preço das ações da Nokia aumentou 40%.184 As ações da Microsoft caíram 5% e cada ação passou a valer $32.185 Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 7 1 6 -P 0 6 - 1 8 - A n e x o 1 D ad o s fi n an ce ir o s se le ci o n ad o s d a N o k ia e i n d ic ad o re s d e cr es ci m en to , 1 98 9- 20 12 1 9 8 9 1 9 9 4 1 9 9 9 2 0 0 4 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 R e c e it a t o ta l (€ m ) € 4 .7 2 0 € 5 .1 7 7 € 1 8 .7 7 7 € 2 9 .2 6 7 € 5 0 .7 1 0 € 4 0 .9 8 4 € 4 2 .4 6 6 € 3 8 .6 5 9 € 3 0 .1 7 6 R e s u lt a d o o p e ra c io n a l (€ m ) 1 7 8 6 1 7 3 .9 0 8 4 .3 0 4 6 .2 0 4 2 .4 0 8 2 .3 0 8 9 8 0 (6 4 4 ) % d a s v e n d a s l íq u id a s 3 ,6 % 1 1 ,1 % 1 9 ,7 % 1 4 ,7 % 1 2 ,2 % 5 ,8 % 5 ,4 % 6 ,6 % - R e n d a l íq u id a ( € m ) (5 6 ,5 ) 6 7 5 ,7 2 .5 7 7 ,0 0 3 .1 9 2 ,0 0 3 .9 8 8 ,0 0 8 9 1 1 .8 5 0 ,0 0 (1 .1 6 4 ,0 0 ) (3 .1 0 6 ,0 0 ) C a ix a d e Op e ra ç õ e s ( € m ) - 4 3 6 3 .1 0 2 4 .3 4 3 ,0 0 3 .1 9 7 ,0 0 3 .2 4 7 ,0 0 4 .7 7 4 ,0 0 1 .1 3 7 ,0 0 (3 5 4 ) C a ix a d e I n v e s ti m e n to s ( € m ) - -2 6 6 (1 .3 5 9 ) (3 2 9 ) (2 .9 0 5 ,0 0 ) (2 .1 4 8 ,0 0 ) (2 .4 2 1 ,0 0 ) 1 .4 9 9 ,0 0 5 6 2 C a ix a d e F in a n c ia m e n to s ( € m ) - 2 1 8 (5 7 4 ) -4 .3 1 8 -1 .5 4 5 (6 9 6 ) (9 1 1 ) (1 .0 9 9 ) (4 6 5 ) M u d a n ç a l íq u id a n o c a ix a ( € m ) - 3 8 8 1 .2 6 8 (3 2 7 ) (1 .3 0 2 ) 3 7 8 1 .6 6 6 1 .6 4 4 (2 8 4 ) A ti v o s t o ta is ( € m ) 4 .5 3 5 4 .7 7 7 1 4 .2 7 9 2 2 .6 6 9 3 9 .5 8 2 3 5 .7 3 8 3 9 .1 2 3 3 6 .2 0 5 2 9 .9 4 9 P a s s iv o s t o ta is ( € m ) 3 .7 9 7 2 .5 5 2 6 .7 7 9 8 .2 7 0 2 3 .0 7 2 2 0 .9 8 9 2 2 .8 9 2 2 2 .2 8 9 2 0 .5 0 2 C a p it a l to ta l (€ m ) 7 3 8 2 .2 2 5 7 .5 0 0 1 4 .3 9 9 1 6 .5 1 0 1 4 .7 4 9 1 6 .2 3 1 1 3 .9 1 6 9 .4 4 7 P a s s iv o s e c a p it a l to ta is ( € m ) 4 .5 3 5 4 .7 7 7 1 4 .2 7 9 2 2 .6 6 9 3 9 .5 8 2 3 5 .7 3 8 3 9 .1 2 3 3 6 .2 0 5 2 9 .9 4 9 In v e s ti m e n to s e m P & D ( € m ); 2 4 6 3 5 5 1 .7 5 5 3 .7 3 3 5 .9 6 8 5 .9 0 9 5 .8 6 3 5 .5 8 4 4 .7 8 2 % d a s v e n d a s l íq u id a s 5 ,1 % 6 ,4 % 8 ,8 % 1 2 ,9 % 1 1 ,8 % 1 4 ,4 % 1 3 ,3 % 1 4 ,4 % 1 5 ,8 % D e s p e s a s c o m v e n d a s e c o m e rc ia liz a ç ã o ( € m ) - - 1 .2 2 0 2 .5 5 2 4 .3 8 0 3 .9 3 3 3 .8 7 7 3 .7 6 9 3 .2 0 5 % d a s v e n d a s l íq u id a s - - 6 ,2 % 8 ,7 % 8 ,6 % 9 ,6 % 9 ,1 % 9 ,7 % 1 0 ,6 % M é d ia d e f u n c io n á ri o s 4 1 .3 0 0 2 8 .0 0 0 5 5 .2 6 0 5 5 .5 0 5 1 2 1 .7 2 3 1 2 3 .5 5 3 1 3 2 .4 2 7 1 3 0 .0 5 0 9 7 .7 9 8 R e n d a o p e ra c io n a l/ fu n c io n á ri o ( € ) 4 .3 0 5 2 2 .0 3 0 7 0 .7 2 0 7 7 .5 4 2 5 0 .9 6 8 1 9 .4 8 9 1 7 .4 2 8 7 .5 3 5 (6 .5 8 5 ) L u c ro s p o r a ç ã o ( € ) - 0 ,9 2 2 ,2 4 0 ,7 0 1 ,0 5 0 ,2 4 0 ,5 0 (0 ,3 1 ) (0 ,8 4 ) Ín d ic e p re ç o /l u c ro - 1 5 ,9 8 0 ,4 1 6 ,6 1 0 ,3 7 3 7 ,1 7 1 5 ,4 8 n m n m R a n k in g e n tr e a s m a rc a s N /A N /A N /A 8 ª 5 ª 5 ª 8 ª 1 4 ª 1 9 ª N ú m e ro d e p a te n te s n o v a s 5 1 1 8 8 1 .4 6 9 1 .9 9 5 1 .3 8 5 1 .0 6 1 7 4 6 5 8 5 6 0 5 M e m b ro s f in la n d e s e s n a d ir e to ri a 1 0 0 % 1 0 0 % 7 7 % 6 3 % 6 0 % 5 4 % 4 4 % 4 5 % 2 9 % P IB f in la n d ê s p e r c a p it a ( € ) 2 1 .4 0 0 1 6 .7 0 0 2 3 .7 0 0 2 9 .1 0 0 3 4 .9 0 0 3 2 .2 9 9 3 3 .3 0 0 3 5 .0 0 0 3 5 .6 0 0 % d o P IB f in la n d ê s 0 ,5 % 0 ,7 5 % 4 ,0 % 3 ,0 % 2 ,6 % 1 ,6 % 1 ,0 % 0 ,5 % - P re ç o m é d io d e v e n d a – t o d o s o s t e le fo n e s (t o d o s o s f a b ri c a n te s ) (€ ) 2 .7 9 2 3 0 6 1 8 7 1 1 0 8 0 6 5 6 2 6 2 6 0 F o n te : P es q u is a d e ca so s, c o m p il ad a d e re la tó ri o s an u ai s C ap it al I Q e N o k ia , 19 94 -2 01 2 ; F in la n d G D P P er C ap it a, h tt p :/ / co u n tr y ec o n o m y .c o m / g d p / fi n la n d ; Jy rk i A li -Y rk k ö , “ N o k ia a n d F in la n d i n a S ea o f C h a n g e, ” T h e R es ea rc h I n st it u te o f th e F in n is h E co n o m y , 2 0 1 0 , h tt p :/ / w w w .e tl a .f i/ w p -c o n te n t/ u p lo a d s/ 2 0 1 2 / 0 9 / B 2 4 4 .p d f; “ E x p er ts A n al y se D ee p I m p ac t o f N o k ia D ec li n e, ” H el si n g in S an o m at , h tt p :/ / w w w .h s. fi / en g li sh / ar ti cl e/ E x p er ts + an al y se + d ee p + im p ac t+ o f+ N o k ia + d ec li n e/ 13 29 10 43 18 68 9; L u k e T . S z y m cz a k , “ N o k ia C o rp ., ” P ru d en ti a l S ec u ri ti es , S ep te m b er 1 6, 1 99 6, v ia T h o m so n O N E ; “ N o k ia ,” I n d ig o E q u it y R e se a rc h , A p ri l 2 0 , 2 0 1 2 , v ia T h o m so n O N E , ac es sa d o e m n o v em b ro d e 20 13 . Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Roberto Sena Filho, Estacio de Sa University until June 2015. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Ascensão e Queda da Nokia
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