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Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira

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Universidade regional do noroeste do estado do rio grande do sUl – UnijUí 
vice-reitoria de gradUação – vrg 
coordenadoria de edUcação a distância – cead 
coleção educação a distância
série livro-texto
ijuí, rio grande do sul, Brasil
2014
vera lúcia trennepohl 
(organizadora)
formação e 
desenvolvimento da 
sociedade Brasileira
 2014, editora Unijuí
 rua do comércio, 1364
 98700-000 - ijuí - rs - Brasil 
 fone: (0__55) 3332-0217
 fax: (0__55) 3332-0216
 e-mail: editora@unijui.edu.br
 Http://www.editoraunijui.com.br
editor: gilmar antonio Bedin
editor-adjunto: joel corso
capa: elias ricardo schüssler
designer educacional: jociane dal molin Berbaum
responsabilidade editorial, gráfica e administrativa: 
editora Unijuí da Universidade regional do noroeste 
do estado do rio grande do sul (Unijuí; ijuí, rs, Brasil)
catalogação na Publicação: 
Biblioteca Universitária mario osorio marques – Unijuí
f724 formação e desenvolvimento da sociedade brasileira / organizadora vera lúcia trennepohl. 
– ijuí : ed. Unijuí, 2014. – 130 p. – (coleção educação a distância. série livro-texto). 
on-line
 isBn 978-85-419-0101-7
 1. Brasil - desenvolvimento. 2. sociedade brasileira - desenvolvimento. 3. sociedade 
brasileira - História. 4. sociedade brasileira - Política. 5. desenvolvimento industrial. i. 
trennepohl, vera lúcia (org.). ii. título. iii. série. 
 cdU : 338
 338(81)
3
Sumário
CONHECENDO OS PROFESSORES .................................................................................................................................................... 5
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................................................................... 9
UNIDADE 1 – O ESTUDO DA SOCIEDADE BRASILEIRA ............................................................................................................13
Seção 1.1 – Brasil: Que País é Este? ...............................................................................................................................................13
Seção 1.2 – A Complexidade da Sociedade Brasileira ............................................................................................................15
UNIDADE 2 – CARACTERÍSTICAS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO ............................................................................................23
Seção 2.1 – O Processo de Conquista e Delimitação do Território Brasileiro. .................................................................24
Seção 2.2 – As Características Naturais do Território Brasileiro............................................................................................29
Seção 2.3 – A Ocupação do Território e as Desigualdades Sociais e Regionais .............................................................36
Seção 2. 4 – Os Desafios ao Desenvolvimento ..........................................................................................................................41
UNIDADE 3 – A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO ................................................................................................................43
Seção 3.1 – A Contribuição dos Diversos Grupos Étnicos .....................................................................................................44
Seção 3.2 – Relações Étnico-Raciais ...............................................................................................................................................47
Seção 3.3 – Características Sociais .................................................................................................................................................50
Seção 3.4 – Indicadores Sociais: Educação, Desigualdade e Saúde. ..................................................................................51
3.4.1 – Educação .......................................................................................................................................................................52
3.4.2 – Desigualdade ...............................................................................................................................................................54
3.4.3 – A Saúde: o Papel do Sistema Único de Saúde – SUS .....................................................................................57
UNIDADE 4 – ESTRUTURA ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO .................................................................61
Seção 4.1 – A Formação e Desenvolvimento da Agropecuária Brasileira ........................................................................62
4.1.1 – A Constituição do Modelo Primário-Exportador ............................................................................................63
4.1.2 – Agricultura Familiar: Minifúndio, Trabalho Familiar e Policultura .............................................................65
4.1.3 – Modernização da Agricultura ................................................................................................................................67
Seção 4.2 – Formação e Desenvolvimento da Indústria Brasileira .....................................................................................70
4.2.1 – Getúlio Vargas e a Industrialização – 1930 a 1945 .........................................................................................73
4.2.2 – Industrialização Entre 1945 e 1964 ......................................................................................................................75
4.2.3 – O Contexto Econômico no Regime Militar .......................................................................................................78
Seção 4.3 – Formação e Desenvolvimento do Setor Terciário .............................................................................................81
Seção 4.4 – A Crise do Modelo e os Esforços pela Estabilização Econômica ..................................................................82
4.4.1 – Desafios e Dilemas do Século 21 ..........................................................................................................................84
Seção 4.5 – Globalização, Desafios e Perspectivas para o Século 21 .................................................................................92
UNIDADE 5 – ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA BRASILEIRA ........................................................................................ 101
Seção 5.1 – Formação do Estado Nacional, Sociedade Civil e Políticas Públicas ....................................................... 101
UNIDADE 6 – PROBLEMAS ATUAIS E DESAFIOS DO FUTURO ............................................................................................ 125
Seção 6.1 – Diagnóstico e perspectiva de desenvolvimento ............................................................................................ 125
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................... 127
5
Conhecendo os Professores
vera l. trennepohl
Iniciou em 1987 o curso de Estudos Sociais (Licenciatura Curta) na Unijuí. 
No decorrer do curso transferiu residência para o Nordeste, concluindo esta 
etapa de formação profissional na Universidade Estadual da Paraíba – Campina 
Grande – em 1990. Nesse mesmo ano ingressou no curso de História (Licencia-
tura Plena) na UEPB, concluindo o curso de História na Unijuí, em 1993. Em 1995 
iniciou o Mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí, concluindo em 1997 
com a dissertação intitulada “O Ensino de História em Questão: os caminhos de 
uma experiência”, publicada na ColeçãoTrabalhos Acadêmico-Científicos, Série 
Dissertações de Mestrado. Como professora da Unijuí iniciou suas atividades em 
1994, atuando em diversos cursos de Graduação da Universidade, especialmente 
nas disciplinas: Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira; História 
do Brasil; História Contemporânea, Civilizações Clássicas, dentre outras. Na dis-
ciplina Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira tem assumindo 
mais turmas, produzindo com os demais colegas este texto, como também o 
livro Agricultura Brasileira: Formação, Desenvolvimento e Perspectiva, produzido 
em conjunto com o professor Argemiro J. Brum.
dilson trennepohl
Possui formação de Técnico em Agropecuária pelo Instituto Municipal 
de Educação Assis Brasil – Imeab de Ijuí (1978), de tecnólogo em Administração 
Rural pela Unijuí (1981), de bacharel em Administração pela Unijuí (1987), de 
mestre em Economia, pela Universidade Federal da Paraíba, em Campina Grande 
(1991) e doutor em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz 
do Sul – Unisc (2010). É professor efetivo 40 horas do Departamento de Ciências 
Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação da Unijuí – Universi-
dade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – desde 1983. Tem 
experiência docente nas áreas de Desenvolvimento, Economia e Administração 
nos cursos de Graduação e Pós-Graduação e experiência em Gestão Universitária. 
Atuou como Pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (dois mandatos) e 
como vice-reitor de Administração da Unijuí e Diretor Executivo da Fidene (dois 
mandatos). Atualmente atua como docente-pesquisador nas áreas de Economia, 
Administração, desenvolvimento, finanças, mercado de capitais, agronegócios 
e planejamento. Integra o grupo de docentes responsável pelo componente 
curricular Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira.
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
6
joão afonso frantz
Graduação em Estudos Sociais – Licenciatura Curta – pela Unijuí (1988). 
Graduação em História – Licenciatura Plena – pela Unijuí (1990). Especialização 
em Pós Graduação Lato Sensu pela Unijuí (1997) e Mestrado em Educação nas 
Ciências pela Unijuí (2002). Atualmente professor do Departamento de Huma-
nidades e Educação/Unijuí – Universidade Regional do Noroeste do Estado do 
Rio Grande do Sul. Trabalhou também como professor da rede pública Estadual 
no Ensino Básico (1995-2000).
romualdo Kohler
Graduação em Administração de Empresas pela Universidade Regional do 
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1982), em Ciências Jurídicas e Sociais 
pela Universidade de Cruz Alta (1983), em Ciências Econômicas pela Universidade 
de Cruz Alta (1992), Especialização em Teoria Econômica e Desenvolvimento 
Regional pela Universidade de Cruz Alta (1991), Mestrado em Desenvolvimento 
Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2002) e Doutorado em Adminis-
tração pela Universidad Nacional de Misiones, Posadas, Argentina (2009). Desde 
1998 atua como professor na Universidade Regional do Noroeste do Estado do 
Rio Grande do Sul. Tem experiência nas áreas de Economia e Administração, com 
ênfase em Economia Regional e Urbana, Gestão da Economia Local e Consultoria 
Empresarial, investigando principalmente os seguintes temas: planejamento 
local/regional, contabilidade social, gestão da economia local e consultoria 
econômica empresarial.
fátima marlise marroni rosa lopes
Possui Graduação em Estudos Sociais pela Universidade Regional do 
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1978), Graduação em História pela 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas – PR (1986), Graduação em 
Sociologia – Bacharelado – pela Universidade Regional do Noroeste do Estado 
do Rio Grande do Sul (2011) Especialização lato-sensu pela Universidade Regio-
nal Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI. Mestrado em História pela 
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos – Estudos Históricos Latino-
Americanos. Área de Concentração: Ideias e Movimentos Sociais na América 
Latina (2002) e Doutorado em História pela Universidade do Vale do Rio dos 
Sinos – Unisinos – Estudos Históricos Latino– Americanos. Área de Concentra-
ção: Ideias e Movimentos Sociais na América Latina (2009). Foi professora da 
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus 
Frederico Westphalen, por um período de nove anos (1999 a 2008). É professora 
colaboradora da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande 
do Sul – Unijuí há 12 anos. Tem experiência na área de História, tendo atuado 
principalmente nos seguintes temas: História do Brasil, História da Educação, 
História do Direito, Sociedade, Política e Cultura, Realidade Brasileira, Formação 
e Desenvolvimento Brasileiro, Ciência Política e Teoria do Estado, Sociologia Ge-
ral, Sociologia da Educação, Sociologia Brasileira, Pesquisa Social, Antropologia, 
Filosofia e Metodologia da Pesquisa.
EaD
7
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
suimar joão Bressan
Possui Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria 
(1974) e Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (1979). Atualmente é secretário municipal de Planejamento da prefeitura de 
Ijuí e professor titular da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio 
Grande do Sul. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia 
do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: Sociologia, 
sociedade, cidadania, teoria sociológica, teoria do Estado e ciência política.
9
Apresentação
A disciplina Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira tem 
por objetivo possibilitar aos estudantes universitários o conhecimento sobre a 
realidade em que vivem, onde irão atuar como profissionais e a compreensão 
sobre a história de seu país e sua inserção mundial, capacitando-os para se 
posicionar e atuarem crítica e construtivamente no contexto socioeconômico e 
cultural. Este país apresenta enormes contradições, que se constituem em desa-
fios postos a todos e a cada um, particularmente para os estudantes do ensino 
superior. Integrante do rol das disciplinas da Formação Geral e Humanística da 
Unijuí, também contribui para o atendimento das Diretrizes Curriculares Nacio-
nais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e a qualificação dos estudantes 
nas dimensões exigidas pelo Enade, em relação a todos os cursos oferecidos 
pela universidade. 
O mundo do pós-guerra, a partir de meados do século 20, vive um pro-
cesso de aceleração histórica, com grande velocidade das transformações tec-
nológicas, econômicas, sociais e culturais, tanto no plano internacional quanto 
no âmbito de cada país, em especial no Brasil. Intensifica-se, por todos os meios, 
o debate sobre os problemas da humanidade e os rumos de desenvolvimento 
de cada país ou região. Um forte anseio de aprofundar o conhecimento da rea-
lidade, entender as mudanças e participar da construção do futuro perpassa a 
sociedade e contagia principalmente a juventude.
Como bem ressalta Argemiro Jacob Brum, nesse contexto, os estudantes 
universitários brasileiros reivindicaram, já na década de 50, a inclusão de uma 
disciplina que possibilitasse o estudo e a construção de uma visão mais ampla e 
um conhecimento mais aprofundado a respeito da sociedade e do seu país, no 
contexto da globalização, que será o “palco” concreto de suas futuras atuações 
como profissionais e como cidadãos.
Atendendo a essa demanda, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 
de Ijuí – Fafi – decidiu incluir no currículo de todos os seus cursos, a partir de 
1967, a disciplina de Cultura Brasileira, ministrada em dois semestres letivos (120 
horas-aula). Em 1972, por exigência legal, mas mantendo sua proposta original 
e a equipe básica de professores, a disciplina passou a ser ministrada com a 
denominação de Estudos de Problemas Brasileiros (EPB).
Em 2000 a Unijuí, ao rediscutir suas diretrizes de ensinoe substituir o Ciclo 
Básico pela Formação Geral e Humanística, manteve a proposta deste compo-
nente curricular sob a denominação de Formação e Desenvolvimento Brasileiro 
(FDB). No momento atual ocorre um esforço que busca aperfeiçoar a proposta, 
incorporando também experiências de outras disciplinas, especialmente da área 
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
10
da Sociologia, quando assume a denominação de Formação e Desenvolvimento 
da Sociedade Brasileira. Assim, incorporou e busca dar continuidade à trajetória 
e experiência desenvolvida até o momento.
A sociedade brasileira, cada vez mais integrada ao contexto mundial, 
complexificou-se ainda mais nas últimas décadas, desafiando pessoas, institui-
ções e profissionais, a pensar e assumir as responsabilidades da construção deste 
país. Os conteúdos abordados, a metodologia utilizada, as pesquisas e o amplo 
debate realizado em sala de aula contribuem para que os estudantes percebam 
a dinâmica da sociedade em que vivem e se situem como parte integrante de 
uma realidade, como sujeitos constituintes de um país. Estes são elementos que 
têm marcado fortemente o perfil da formação no âmbito da Fafi/Fidene/Unijuí e 
que se constitui, historicamente, num referencial dentro do cenário universitário 
brasileiro.
A disciplina Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira tem mui-
to a contribuir na formação do aluno com este diferencial, tendo como foco a 
formação geral, abrangente, do ser humano, do cidadão e do profissional. Uma 
sociedade pluralista e cada vez mais democrática requer maior conhecimento 
sobre a realidade do país (que país é este?), sobre a sociedade em que se vive e 
em que se pretende exercer a profissão, para poder fazer, de forma consciente e 
responsável, as escolhas mais adequadas em cada área e a cada momento. 
A reflexão e o debate no coletivo poderão contribuir para superar o senso 
comum ou mesmo as posturas preconceituosas e desenvolver a capacidade de 
estabelecer relações respeitosas e construtivas, percebendo-se como sujeito 
desse processo com direitos e responsabilidades. 
O Brasil é um país em construção, em que pessoas e profissionais deve-
rão desenvolver competências, que a partir de uma visão ampla da realidade 
sempre mutante, poderão assumir com consciência as suas responsabilidades, 
saber do local e global, contribuindo na construção de uma sociedade mais 
justa, valorizando a vida.
Na Resolução n. 1 de 17/06/2004, que estabelece as Diretrizes Curricu-
lares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, encontram-se as 
orientações para esse estudo, que tem como “objetivo a divulgação e produção 
de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem ci-
dadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de 
negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e 
valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira”. 
Estas questões poderão ser compreendidas em profundidade se estuda-
das no contexto da realidade atual em perspectiva histórica de uma sociedade 
complexa, heterogênea, com pouca experiência de democracia e transparência 
em suas relações. 
Esta disciplina contribui decisivamente para que os alunos dos diversos 
cursos da Unijuí tenham mais conhecimento e melhores condições para res-
ponder às questões de avaliação propostas pelo Enade, na medida em que este 
EaD
11
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
se propõe a “[...] avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos 
programáticos previstos nas diretrizes curriculares, às habilidades e competências 
para a atualização permanente e aos conhecimentos sobre a realidade brasileira, 
mundial e sobre outras áreas do conhecimento”.
As atividades são pensadas e desenvolvidas por uma equipe interdeparta-
mental e interdisciplinar. Essa equipe de docentes é responsável pela sustentação 
e eficácia de um trabalho compartilhado, realizando reuniões periódicas para 
planejamento, programação, estudo, troca de experiências, seleção e produção 
de material didático a ser usado em sala de aula, análise de conjuntura, avaliação 
de desempenho, organização de seminários, etc., no intuito de uma permanente 
atualização. Assim sendo, estão diretamente envolvidos nesse processo profes-
sores do DHE, do DACEC e do DCJS.
Atenciosamente,
Grupo de professores da disciplina Formação 
e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
13
o estUdo da sociedade Brasileira
vera l. trennepohl
oBjetivos desta Unidade
Tematizar o estudo da sociedade em que vivem os estudantes visando •	
à apropriação de conceitos e categorias de análise que lhes permitam 
entender a realidade brasileira em sua complexidade, posicionar-se 
criticamente e agir, projetando ações de intervenção no desenvolvi-
mento do Brasil.
as seçÕes desta Unidade
Seção 1.1 – Brasil: Que País é Este? 
Seção 1.2 – A Complexidade da Sociedade Brasileira 
O Brasil ainda é um país muito jovem, com uma sociedade em formação. 
Os cerca de 500 anos transcorridos desde o descobrimento oficial deste território 
pelos portugueses é um tempo relativamente curto para a vida de um país e a 
construção de uma sociedade. O resgate da história anterior a 1500 tem sido 
pouco frutífero em virtude da escassez de registros representativos e da falta de 
interesse dos “civilizadores” por considerar que os povos primitivos destas terras 
viviam em estágio cultural pouco relevante para seus interesses. 
seção 1.1 
Brasil: Que País é este?
Trata-se de um país grande e muito diversificado. A começar pela 
extensão de seu território, a diversidade de suas características naturais, a 
pluralidade de povos que integram a sua população e a heterogeneidade das 
circunstâncias que condicionaram sua inserção na sociedade brasileira é pos-
sível perceber a amplitude do rol de situações sociais, econômicas e culturais 
abrangidas. Considerando o tamanho absoluto, o Brasil figura entre os maiores 
países do mundo em diversos critérios de análise. A extensão territorial coloca 
Unidade 1
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
14
vários desafios em relação a sua organização e integração nacional, principal-
mente quanto à soberania. Quando o olhar se volta para a homogeneidade o 
país figura frequentemente entre os mais desiguais, mesmo tendo melhorado 
nas últimas décadas. Percebe-se uma dívida social que não será resolvida de 
uma hora para a outra.
Sua juventude, seu tamanho e sua diversidade contribuem decisiva-
mente para a configuração de uma dinâmica de transformação acelerada da 
sociedade brasileira. Em pouco tempo abrigou relações sociais pré-capitalistas 
(escravistas, semifeudais ou mercantis), desenvolveu relações de produção típicas 
da revolução industrial e passou o ter também características das sociedades 
pós-industriais. 
As instituições sociais e as organizações públicas e privadas ainda não 
estão consolidadas como em outros locais do planeta. Mesmo assim, esse início 
do século 21 está marcado por transformações rápidas e aceleradas, significando 
que devemos estar atentos às mudanças em curso para, diante delas, poder fazer 
as melhores escolhas. Lembrando que são essas pequenas ações que podem 
fazer a diferença num país em construção.
As características de seu processo de desenvolvimento têm raízes his-
tóricas profundas. Muitas delas remontam ao processo de descobrimento e 
ocupação do território, enquanto outras foram forjadas em períodos de exercício 
do poder por grupos ou segmentos sociais específicos que conseguiram instituir 
suas perspectivas de sociedade. 
No processo inicial o Brasil estava organizado numa lógica e segundo 
os interesses da Coroa Portuguesa, internamente ficou sob a influência das 
oligarquias agrárias e já na segunda metade do século 20 ficamos sob poder e 
organização dos militares. Só mais recentemente avançamos no processo de-
mocrático,em que políticas sociais de inclusão social, por exemplo, colocam-se 
como necessárias e importantes. 
Ressalta-se que em 2013 completamos 25 anos da promulgação da 
Constituição Brasileira e 28 anos da instituição da democracia. Mesmo tendo 
sérios problemas, a Constituição Cidadã trouxe várias conquistas para o povo 
brasileiro.
Ainda assim, existem inúmeras formas de articulação com sociedades de 
outros países e uma crescente participação do Brasil no debate e definição de 
questões relevantes ao desenvolvimento em escala mundial. Ao longo do tempo 
a relação internacional foi assumindo novas características. Nos primeiros quatro 
séculos estabeleceu relação com Portugal, atendendo à demanda desse país. Em 
âmbito interno, no período colonial, isso foi possibilitado devido à influência, 
participação e poder dos grandes proprietários e importantes comerciantes, que 
estavam ligados à exportação e importação. A economia brasileira funcionou 
predominantemente em função de interesses externos, produzindo o que tinha 
maior aceitação no exterior.
EaD
15
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
Após esses três primeiros séculos, percebe-se a superação da fase mer-
cantil, em que o comércio era a atividade mais rentável, ocasião em que ocorre 
o avanço industrial, puxado pela Inglaterra – que estava ávida por mercado para 
os seus produtos –, há mais tempo uma potência militar. O Brasil vinculou-se, de 
forma dependente, a essa nova potência e nessa posição manteve-se por cerca 
de um século, desde a Independência (1822) até a Primeira Guerra Mundial 
(1914-1918).
Após a Primeira Guerra Mundial, e com maior força depois da Segunda 
Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiram a liderança do mundo, levando 
o Brasil a se vincular à nova potência hegemônica. O primeiro empréstimo bus-
cado nos EUA ocorreu em 1922. O mundo pode ser dividido em antes e após 
a Segunda Guerra Mundial, quando se estabeleceu uma nova ordem mundial, 
marcado pela guerra fria. Esse confronto político-ideológico será marcado por 
uma corrida armamentista, mantendo, em razão disso, em funcionamento o 
complexo industrial, como também investiu-se na reconstrução da Europa (Plano 
Marshall) e no Japão (Plano Dodge).
Os EUA consolidam sua posição de única superpotência do mundo, com 
a derrocada da União Soviética e do socialismo de inspiração marxista, garan-
tindo sua hegemonia em todos os campos da sociedade moderna – política, 
econômica, militar, financeira, cultural, científica, tecnológica, de informação, etc. 
Nesses campos, a presença brasileira é modesta, com algumas mudanças nas 
primeira década do século. Não tem assumido postura de forma tão subalterna 
em relação aos demais países. 
Por essa razão, somos atingidos de forma positiva ou negativa pelos 
acontecimentos mundiais. O desafio do Brasil é investir em educação, garantindo, 
dessa forma, um maior desenvolvimento científico e tecnológico. 
seção 1.2 
a complexidade da sociedade Brasileira
Estes e outros aspectos caracterizam a complexidade da sociedade bra-
sileira e a importância de estudá-la em profundidade, o que requer grande 
e continuado esforço para sua efetivação. É preciso compreender o processo de 
formação e desenvolvimento das estruturas de produção da vida material, bem 
como das relações sociais, políticas e culturais decorrentes. 
Assim, torna-se possível identificar possibilidades e limites em relação às 
perspectivas de futuro que se apresentam e visualizar alternativas de ação ou 
de intervenção no processo em curso. Também é importante visualizar entre os 
segmentos que compõem a sociedade as bases em que definem seus interes-
ses ou objetivos e as possibilidades de articulação de forças para impulsionar o 
desenvolvimento em determinado sentido.
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
16
Todo esse esforço de leitura da realidade e de entendimento da di-
nâmica social em que está inserido é necessário para todos os brasileiros que 
desejam exercer sua cidadania. Esse conhecimento torna-se fundamental para 
os profissionais de todas as áreas do conhecimento, em especial os que tiveram 
acesso ao ensino superior, pois o exercício profissional se dará num contexto 
cada vez mais importante para a realização de seus objetivos e a efetividade de 
seus resultados. 
Mais que uma necessidade individual, o autoconhecimento é um desa-
fio de qualquer sociedade que pretenda construir uma identidade cultural e 
desenvolver uma consciência histórica que lhe permita decidir sobre os rumos 
que pretende seguir.
O grande desafio parece situar-se no campo metodológico. Como se deve 
proceder para conhecer melhor a sociedade em que se vive? Alguns apontamen-
tos certamente ajudam nesta perspectiva. Destaca-se que para compreender a 
sociedade em sua complexidade e dinamicidade torna-se necessário percebê-la 
em constante transformação, significando que não é uma questão de transmi-
tir um conjunto de informações, mas desenvolver a capacidade de pesquisa e 
análise de temáticas que estão desafiando a sociedade brasileira, dando-lhes 
algum sentido. Qual é a nossa leitura sobre o Brasil? É necessário qualificar ou 
não essa compreensão?
Inicialmente é preciso compreender a sociedade como algo vivo, em 
movimento, cuja dinâmica é indeterminada. A sociedade está em constante 
transformação e o desafio é compreendê-la nessa complexidade, que muda 
constantemente, de forma muito rápida. Assim, torna-se necessário fazer refle-
xões que construam entendimentos sobre as condições sociais, econômicas, 
políticas e culturais do nosso tempo histórico, como um contexto em constante 
transformação, fruto de uma construção histórica.
Na linha que nos coloca Thompson (1987, p. 58), “o conhecimento histórico 
ajuda-nos a conhecer quem somos, por que estamos aqui, que possibilidades 
humanas se manifestam, e tudo quanto saber sobre a lógica e as formas de 
processo social”. Vivemos num determinado lugar e num determinado tempo, 
que é fruto da construção de nossos antepassados. A realidade enfrentada pelos 
nossos pais era diferente das questões com as quais estamos nos debatendo no 
momento atual. É nos espaços formais de aprendizagem, portanto, que temos 
a oportunidade de conhecer e de dialogar sobre essa complexidade brasileira, 
no coletivo.
Uma melhor compreensão da sociedade brasileira pode ser buscada na sua 
economia política. Na perspectiva do que observa Marx (1983, p. 24), “o modo de 
produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política 
e intelectual em geral”. Diante disso, torna-se necessário a organização social, 
econômica, política e cultural.
EaD
17
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
Ao longo dos séculos ocorreram mudanças na sociedade brasileira, na 
qual várias leituras são possíveis. A definição pode variar, dependendo da visão 
de mundo do pesquisador, Mesmo assim, ela é composta, no caso do Brasil, pela 
diversidade cultural, processo ainda em andamento, como também composta 
por aspectos econômicos e políticos.
A economia atinge diretamente a vida das pessoas, das empresas e do 
país. Assim sendo, o Brasil possui uma estrutura de produção grande e complexa, 
que evolui e apresenta a cada momento novas exigências. Isso porque qual-
quer país precisa garantir os bens necessários para sua população. A estrutura 
econômica compreende: 1) o processo de produção, 2) de distribuição e 3) de 
consumo de bens e serviços.
A política assume um papel central no processo de organização e funcio-
namento da sociedade, não podendo ser confundida pura e simplesmente com 
política partidária. Para compreender a organização política brasileira torna-se 
necessário identificar algumas de suas principais características. Primeiro aspecto 
a ser considerado, também encontrado na Constituição Brasileira, diz respeito 
a sua constituição enquanto uma República Federativa, composta por vários 
Estados(26), Distrito federal (Brasília) e municípios (mais de 5 mil). Todos estão 
vinculados à União, tendo como responsabilidade também garantir a soberania 
do país. 
Constituído dessa forma, significa que o Estado não pode ser gerido por 
uma pessoa, mas por uma estrutura constituída pelos poderes Legislativo, Exe-
cutivo e Judiciário. Vale destacar que o poder Legislativo é organizado por um 
sistema bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, composto por senadores 
e deputados. Quem eles representam?
No aspecto político a sociedade brasileira tornou-se uma estrutura com-
plexa, lembrando que Estado é diferente de governo. O que entendemos por 
Estado e governo? Estado é mais estável e contribui para a organização geral 
do país. Por exemplo, as estradas são vias públicas, mas imaginem se não fosse: 
Como fazer para escoar a produção? Assim sendo, ele é enorme e constituído 
por diversas instituições como: o governo, as Forças Armadas, os órgãos policiais, 
as Assembleias Parlamentares, a Constituição, etc.
O Brasil é uma República. Ressaltando novamente que o poder não se 
encontra na mão de uma pessoa, requer também o envolvimento das pessoas, 
da sociedade brasileira. Elas assumem um papel central no processo de escolha 
e fiscalização dos seus representantes, num período democrático. Na Constitui-
ção vamos encontrar a legislação eleitoral, em que as eleições são diretas e com 
a possibilidade de dois turnos para presidente, governadores e prefeitos em 
municípios com mais de 200 mil eleitores.
O voto é obrigatório para brasileiros maiores de 18 anos e facultativo para 
maiores de 70 anos e jovens entre 16 e 18 anos. Os analfabetos e menores de 
18 anos não podem se candidatar. O que é ser analfabeto? Muito a refletir sobre 
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
18
esse questionamento! Assim, numa democracia, os membros do Executivo e do 
Legislativo são eleitos pela população brasileira, já os membros do Judiciário 
são nomeados.
A política possibilita, portanto, a organização das relações em sociedade. 
Assim sendo, as opções de um podem afetar a vida do outro, sabendo que temos 
direitos e deveres. No momento atual a política partidária está desacreditada, 
pois alguns representantes legislam segundo os seus interesses. 
Também é importante compreender o desenvolvimento enquanto 
processo histórico, resultante da interação de múltiplas condicionantes, repleto 
de conflitos e contradições, que se configuram em circunstâncias imprevisíveis. 
Esse tema entrou no debate após a Segunda Guerra Mundial, recebendo, num 
primeiro momento, maior atenção dos economistas. Nas décadas seguintes 
recebe também atenção de pesquisadores das demais áreas. 
Mesmo assim, percebe-se que os países desenvolvidos são os que mais 
agridem o meio ambiente, como também contribuem com o agravamento da 
exclusão social. Brum (2006, p. 22-23) chega a se referir a uma crise planetária, 
em que 
[...] o planeta Terra não terá possibilidade de fornecer em abundância todos 
os recursos naturais de que os seres humanos necessitam, se continuarem a 
viger por muito tempo ainda os padrões de produção, consumo e desperdício 
atualmente dominantes. Por outro lado, não há como realizar a aspiração de 
desenvolvimento para todos os povos e para a humanidade inteira, dentro 
de tais padrões, altamente agressivos contra a natureza. 
Mesmo assim, percebe-se um aprofundamento da consciência ecológica e 
da consciência social, em que são fundamentais as ações do Estado, pressionado 
e acompanhado pela sociedade. Essa construção está marcada pela busca de 
um desenvolvimento sustentável. 
O desenvolvimento sustentável rejeita o desenvolvimento predatório, que 
visa a resultados econômicos, sem compromisso com a realidade social e 
ambiental. Tem como fundamento o respeito ao homem e à natureza. Busca 
uma nova ética, comprometida com a humanidade toda e cada um de seus 
membros e com a natureza e o futuro. Esse novo padrão de desenvolvimento 
busca conciliar, nos quadros da democracia, a eficiência econômica, justiça 
social, equilíbrio ambiental. É um desafio para a humanidade e para a socieda-
de brasileira. É, provavelmente, a única saída para a humanidade neste novo 
século e novo milênio (Brum, 2006, p. 23). 
Nas últimas décadas várias conferências e encontros realizados demons-
tram certa preocupação com o desenvolvimento predatório que está ocorrendo, 
no Brasil, desde o seu descobrimento oficial. Mudanças são perceptíveis desde 
a Conferência Ecológica Internacional – a ECO 92 –, realizada no Rio de Janeiro 
em 1992. Ela contou com a participação de 179 países, como também Organi-
EaD
19
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
zações Não Governamentais (ONGs), resultando na Agenda 21. Outro evento 
a ser destacado foi a Rio+20,1 que refletiu a continuidade do desenvolvimento 
sustentável. Quais são as repercussões disso no Brasil?
O desenvolvimento nesta perspectiva requer um envolvimento do cole-
tivo, como defende Brum (2006, p. 24):
Um projeto de desenvolvimento é mais do que um problema técnico. Exige 
participação coletiva. Só se desenvolve o povo que estiver decidido a desen-
volver-se. De outra parte, só há desenvolvimento, centrado no ser humano. É 
ele o agente e o destinatário do desenvolvimento. O sujeito e o objeto. Sem 
o engajamento do povo num projeto nacional não haverá desenvolvimento. 
A responsabilidade coletiva é fundamental. Ela só se verifica em clima de 
confiança recíproca entre governo e povo.
Dessa forma, é necessário estudar a dinâmica de evolução e transforma-
ção da sociedade, no contexto em que ela está inserida, identificando e consi-
derando os distintos fenômenos que atuam no sentido de acelerar, retardar ou 
redirecionar os seus movimentos. Identificar as correlações de forças (internas 
ou externas) existentes e as alternativas que surgem ou são propostas em cada 
momento histórico.
Assim, para contribuir no estudo da sociedade brasileira são apresentados 
os principais elementos que a compõem e determinam suas especificidades. 
Questão essas que serão analisadas e retomadas nas próximas unidades.
Na Unidade 2 pretende-se problematizar conquista, formação e ocupação 
do território brasileiro. O Brasil foi “descoberto” no contexto das grandes nave-
gações européias, impulsionado pela busca de especiarias, o comércio, ou mais 
precisamente os lucros que ele poderia proporcionar. Os portugueses, como 
não encontraram muita riqueza, se demoraram em nosso país, para dar atenção 
à “nova” terra. A partir de 1530 percebem que tinha chegado o momento de 
defender a colônia dos interesses dos demais países da Europa.
Portugal não dispunha de muitos recursos para custear o processo de 
ocupação, passando a tarefa para a iniciativa privada. A partir dessa preocupação 
várias ações foram encaminhadas para garantir a posse da terra, questões estas 
que serão analisadas na próxima Unidade.
Na Unidade seguinte estaremos analisando o povo brasileiro, que resulta 
de um processo de miscigenação, em que pessoas receberam tratamento diferen-
ciado. O estudo da constituição desse povo contribuiu para percebamos alguns 
problemas e contradições, que são fruto de uma construção histórica. 
Estas questões nos darão mais elementos para compreendermos se é 
necessário, ou não, a elaboração de políticas públicas ou ações afirmativas, que 
busquem garantir uma maior qualidade de vida para as pessoas. Vale ressaltar que 
1 Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/03/Rio+20_Futuro_que_queremos_guia.pdf>. 
Acesso em: 16 dez. 2013.
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
20
uma das características do Brasil é a diversidade cultural. Essa rica diversidade se 
transfunde em identidade e brasilidade, em momentos de mobilizações sociais, 
por exemplo a campanha das “Diretas Já”.
Na Unidade 4 estaremos estudando a estrutura econômica brasileira na 
sua complexidade. O Brasil está organizadona perspectiva capitalista, marcado 
pela busca incessante pelo lucro. Ao analisar a sua consolidação e expansão 
percebemos que ora o Estado intervém mais, ora menos. Mesmo assim, a análi-
se de alguns indicadores econômicos nos ajudam para melhor entender o seu 
desempenho, em épocas diferentes, como o Produto Interno Bruto (PIB).
Sabemos também que para garantir o seu avanço necessitamos de recur-
sos, que ao longo do tempo contribuíram para o nosso endividamento externo, 
logo também, para o endividamento interno. Para tanto, torna-se necessário 
lançar um olhar sobre as escolhas realizadas ao longo do século 20, que atingi-
ram a vida das pessoas, das empresas, dos agricultores, dos industriais, em que 
alguns conseguiram acompanhar e outras nem tanto. Lembrando também que 
ao longo desse processo enfrentamos várias crises econômica, próprias de um 
sistema capitalista.
A organização social e política brasileira nesses mais de 500 anos passou 
por várias transformações. De forma sucinta pode ser analisada considerando 
três grandes fases. No período colonial foi dependente de Portugal, governado 
pelo rei português, que detinha o poder, apoiado por uma pequena elite interna. 
Após a Independência (1822) transformou-se em Império, sob o comando de um 
imperador (D. Pedro I e depois D. Pedro II). 
Já em 1889, com a Proclamação da República, novas perspectivas políticas 
são encaminhadas. Os mais de cem anos de República foram intercalados por 
períodos autoritários e outros democráticos, em que várias Constituições foram 
aprovadas, visando a respaldar as ações dos governantes, mas quando isso não 
era suficiente recorriam a Atos Institucionais, decretos, medidas provisórias. Essas 
questões serão problematizadas e retomadas na Unidade 5. 
Certamente, vários são os desafios do desenvolvimento brasileiro, que 
serão analisados na última unidade, quando será necessário retomar questões 
debatidas nas unidades anteriores, pois, de certa forma, em cada uma foram 
expostos alguns desafios, que podem contribuir para pensar um projeto para 
o Brasil. Que Brasil estou querendo? Onde buscar os recursos? De quem são as 
responsabilidades? 
Assim, é verdade que precisamos conquistar os benefícios da civilização 
material, frutos do desenvolvimento da ciência e da tecnologia modernas. Preci-
samos aumentar a renda per capita e a produção e consumo de bens e serviços, 
mas precisamos, também, garantir o acesso efetivo a esses bens e serviços a 
todos os membros da coletividade brasileira. Precisamos aprofundar e explicitar 
a nossa autenticidade histórica, nossa identidade nacional, as características de 
nosso povo, o ser brasileiro. 
Brum (2006, p. 31) recomenda o 
EaD
21
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
[...] exame retrospectivo, o ontem sempre poderia ter sido melhor. Mas o 
passado não se muda; só o futuro se constrói. O primeiro pode ser reinterpre-
tado à luz do presente e do projeto e desafios para o amanhã. A pluralidade 
desse contributo é fermento e riqueza – e pode ser ainda mais. A atitude mais 
adequada não é lamentar ou renegar o passado; conhecê-lo melhor, sim. 
Principalmente para assumir com mais consciência e determinação o que 
somos e construir o que podemos, devemos e desejamos ser.
Para avançar ainda mais no nosso entendimento sobre o Brasil vamos nas 
unidades seguintes retomar alguns aspectos da trajetória histórica do país, que 
contribuíram com a definição da realidade brasileira. Para pensar o Projeto de 
Desenvolvimento para o Brasil precisamos conhecer a realidade atual do país, 
como o seu processo histórico, considerando o que disso ainda é válido hoje. Ou 
mesmo, para não propormos o velho achando que é o novo.
síntese da Unidade 1
Nesta Unidade introdutória estudamos a te-
mática geral da disciplina com o objetivo de 
problematizar as questões relevantes sobre a 
Formação e o Desenvolvimento da Sociedade 
Brasileira. A realidade precisa ser apreendida em 
sua complexidade, considerando sua dinâmica 
histórica, suas contradições e a pluralidade de 
perspectivas. Apesar das dificuldades, o esforço 
de estudo e compreensão do contexto social, 
econômico, político e cultural em que estão inse-
ridos os estudantes brasileiros é compensador na 
perspectiva de formar profissionais qualificados 
e responsáveis. 
23
características do territÓrio Brasileiro
dilson trennepohl
oBjetivos desta Unidade
Estudar as principais características do território brasileiro e refletir •	
sobre as possibilidades e os limites que elas representam para o 
desenvolvimento da sociedade brasileira.
as seçÕes desta Unidade
Seção 2.1 – O Processo de Conquista E Delimitação do Território Brasileiro 
Seção 2.2 – As Características Naturais do Território Brasileiro 
Seção 2.3 – A Ocupação do Território e as Desigualdades Sociais e Regionais 
Um dos condicionantes fundamentais do desenvolvimento de uma so-
ciedade é o espaço que ela ocupa ou o território em que pode planejar e realizar 
suas ações. A maior parte das condições naturais, vantagens e desvantagens, 
potencialidades e limites, está associada às características do território de que 
se dispõe e das formas de sua ocupação ou utilização socioeconômica. 
O território brasileiro, a começar por sua vasta dimensão de 8,5 milhões 
de Km2, sua localização privilegiada, sua diversidade climática, vegetal, animal e 
mineral, até suas configurações socioeconômicas, representa enorme potencial 
de diferenciação do desenvolvimento nacional em comparação com os demais 
países do mundo. 
Grande parte das potencialidades permanece inexplorada, mas poderá 
ser incorporada à dinâmica social e econômica no futuro. Em contrapartida, sua 
utilização implica responsabilidade redobrada por se tratar de recursos escassos, 
inexistentes em outros locais do planeta, como é o caso da Amazônia.
Uma comparação superficial do Brasil com o Uruguai, com o Japão ou 
com a Rússia já seria suficiente para explicitar a importância de características 
como extensão, localização e diversidade do território nacional como condicio-
nantes das estratégias de desenvolvimento possíveis ou necessárias em cada 
Unidade 2
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
24
país. Assim sendo, o esforço de estudo sobre as características de um território 
riquíssimo como o brasileiro representa um desafio a ser realizado e aprofundado 
permanentemente.
seção 2.1 
o Processo de conquista 
e delimitação do território Brasileiro
A conformação territorial do Brasil é resultado de longo e complexo pro-
cesso de conquista, demarcação e ocupação realizado ao longo de cinco séculos 
de História. Refletir sobre essa trajetória é importante para recuperar elementos 
que possibilitem entender os caminhos trilhados, as possibilidades que persistem 
no presente e as alternativas disponíveis para o futuro.
Celso Furtado em sua obra clássica, Formação Econômica do Brasil, analisa o 
processo de ocupação das terras americanas no contexto da expansão comercial 
europeia da época. Inicialmente considerada de menor importância, a descoberta 
deste vasto continente tornou-se relevante com o transcorrer do tempo. 
O início da ocupação econômica do território brasileiro é em boa medida uma 
conseqüência da pressão política exercida sobre Portugal e Espanha pelas 
demais nações européias. Nestas últimas prevalecia o princípio de que espa-
nhóis e portugueses não tinham direito senão àquelas terras que houvessem 
efetivamente ocupado. Dessa forma, quando, por motivos religiosos, mas com 
apoio governamental, os franceses organizam sua primeira expedição para 
criar uma colônia de povoamento nas novas terras – aliás a primeira colônia de 
povoamento do continente –, é para a costa setentrional do Brasil que voltam 
as vistas. Os portugueses acompanhavam de perto esses movimentos e até 
pelo suborno atuaram na corte francesa para desviar as atenções do Brasil. 
Contudo tornava-se cada dia mais claro que se perderiamas terras americanas 
a menos que fosse realizado um esforço de monta para ocupá-las permanen-
temente. Esse esforço significava desviar recursos de empresas muito mais 
produtivas no Oriente. A miragem do ouro que existia no interior das terras 
do Brasil – à qual não era estranha a pressão crescente dos franceses – pesou 
seguramente na decisão tomada de realizar um esforço relativamente grande 
para conservar as terras americanas (Furtado, 1987, p. 6).
EaD
25
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
Figura 1 – Mapa sobre o processo de construção do território brasileiro
 
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://brasil500a-
nos.ibge.gov.br/>. Acesso em: jan. 2014.
Enquanto a Espanha optou por concentrar seus esforços em manter sob 
seus domínios os territórios em que encontraram maior disponibilidade de metais 
preciosos (ouro e prata) e ceder à pressão dos invasores em parte das terras que 
lhe cabiam pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal teve de adotar outra estratégia. 
O desafio de maior importância do primeiro século da história americana era de 
encontrar uma maneira de viabilizar a efetiva ocupação das terras de escassa ou 
nenhuma utilização econômica imediata.
Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização econômica das 
terras americanas que não fosse a fácil extração de metais preciosos. Somente 
assim seria possível cobrir os gastos de defesa dessas terras. (...) Das medidas 
políticas que então foram tomadas resultou o início da exploração agrícola das 
terras brasileiras, acontecimento de enorme importância na história americana. 
De simples empresa espoliativa e extrativa – idêntica à que na mesma época 
estava sendo empreendida na costa da África e nas Índias Orientais – a América 
passa a constituir parte integrante da economia reprodutiva européia, cuja 
técnica e capitais nela se aplicam para criar de forma permanente um fluxo 
de bens destinados ao mercado europeu (Furtado, 1987, p. 7)
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
26
No século 16 a exploração econômica dessas terras era considerada algo 
completamente inviável. Nenhum produto agrícola era objeto de comércio em 
grande escala na Europa e o principal deles – o trigo – dispunha de produção 
local. Os fretes eram caríssimos e somente os produtos manufaturados e as espe-
ciarias do Oriente podiam comportá-los, entretanto, premidos pela necessidade 
e beneficiados por circunstâncias favoráveis, os portugueses tiveram êxito em 
sua estratégia.
Um conjunto de fatores particularmente favoráveis tornou possível o êxito 
dessa primeira grande empresa colonial agrícola européia. Os portugue-
ses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a produção, em escala 
relativamente grande, nas ilhas do Atlântico, de uma das especiarias mais 
apreciadas no mercado europeu: o açúcar. Essa experiência resultou ser de 
enorme importância, pois, demais de permitir a solução dos problemas téc-
nicos relacionados com a produção do açúcar, fomentou o desenvolvimento 
em Portugal da indústria de equipamentos para os engenhos açucareiros. Se 
se têm em conta as dificuldades que se enfrentavam na época para conhecer 
qualquer técnica de produção e as proibições que havia para exportação de 
equipamentos, compreende-se facilmente que, sem o relativo avanço técnico 
de Portugal nesse setor, o êxito da empresa brasileira teria sido mais difícil ou 
mais remoto (Furtado, 1987, p. 9).
A experiência portuguesa nas ilhas do Atlântico foi importante também no 
campo comercial. Inicialmente o açúcar português entrou nos canais tradicionais 
controlados pelos comerciantes das cidades italianas, especialmente Veneza, mas 
muito cedo o governo português procurou outros parceiros comerciais para seu 
produto. A partir de 1550 a produção de açúcar passa a ser cada vez mais um 
empreendimento comum entre portugueses e flamengos (principalmente os 
holandeses). Os flamengos compravam o produto oriundo das colônias portu-
guesas, refinavam e comercializavam-no em toda a Europa. Especializados no 
comércio intraeuropeu, os holandeses eram nessa época os únicos que possuíam 
suficiente organização comercial para criar um mercado de grandes dimensões 
para um produto novo, como era o açúcar. Foi uma parceria decisiva para viabi-
lizar a expansão do mercado do açúcar, o que constitui um fator fundamental 
do êxito da colonização do Brasil (Furtado, 1987, p. 10).
A identificação de uma atividade econômica que poderia constituir a base 
econômica do processo de conquista e ocupação do território brasileiro era um 
primeiro passo importante, mas não suficiente. Surgiu o desafio de organizar o 
processo produtivo da cana e de extração do açúcar, bem como de seu trans-
porte para a Europa. 
A experiência técnica dos portugueses na fase produtiva e a capacidade 
comercial dos holandeses foram importantes para demonstrar o potencial de 
rentabilidade do negócio e atraíram os investimentos de poderosos grupos fi-
nanceiros privados interessados na expansão de seus negócios. Era necessário, 
porém, solucionar o problema da força de trabalho. Mais uma vez a parceria com 
os flamengos foi decisiva.
EaD
27
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
Parte substancial dos capitais requeridos pela empresa açucareira viera dos 
Países Baixos. Existem indícios abundantes de que os capitalistas holandeses 
não se limitaram a financiar a refinação e comercialização do produto. Tudo 
indica que capitais flamengos participaram no financiamento das instalações 
produtivas no Brasil bem como no da importação da mão-de-obra escrava 
(Furtado, 1987, p. 11).
O problema da mão de obra para o cultivo da cana e a operação dos 
engenhos foi algo de importância vital. As tentativas de recrutá-la localmente 
e contar com os indígenas foram majoritariamente frustradas. Transportá-la da 
Europa era inviável pois, considerando a escassez de oferta de mão de obra que 
prevalecia em Portugal, seria necessário um investimento enorme e o pagamen-
to de salários bem mais elevados para atrair interessados dessa região, o que 
tornaria antieconômica toda e qualquer empresa. A possibilidade de retribuir 
com terras o trabalho que os colonos realizassem durante algum tempo não 
era atrativa, pois as terras, amplamente disponíveis, praticamente não tinham 
valor econômico. 
Sem embargo, também neste caso uma circunstância veio facilitar enorme-
mente a solução do problema. Por essa época os portugueses eram já senhores 
de um completo conhecimento do mercado africano de escravos. As operações 
de guerra para captura de negros pagãos, iniciadas quase um século antes nos 
tempos de Dom Henrique, haviam evoluído num bem organizado e lucrativo 
escambo que abastecia certas regiões da Europa de mão-de-obra escrava. 
Mediante recursos suficientes, seria possível ampliar esse negócio e organizar 
a transferência para a nova colônia agrícola da mão-de-obra barata, sem a qual 
ela seria economicamente inviável (Furtado, 1987, p. 11-12).
A efetiva ocupação portuguesa do território brasileiro teve início com a 
criação do regime de capitanias hereditárias por D. João III, em 1532. Até então, a 
exploração restringia-se ao litoral, era esparsa e individual, a exemplo da donataria 
concedida pelo rei D. Manuel a Fernando de Noronha visando ao arrendamento 
do comércio de pau-brasil. Foi por meio desse sistema de capitanias que os pri-
meiros núcleos de ocupação e colonização foram estabelecidos, a exemplo de 
São Vicente, concedida a Martim Afonso de Sousa, em 1532, e de Pernambuco, 
outorgada a Duarte Coelho, em 1534.
Cada um dos problemas referidos – técnica de produção, criação de merca-
do, financiamento, mão-de-obra – pôde ser resolvido no tempo oportuno, 
independentemente da existência de um plano geral preestabelecido. O que 
importa ter em conta é que houve um conjunto de circunstâncias favoráveis 
sem o qual a empresa não teria conhecido o enorme êxito que alcançou.Não 
há dúvida que por trás de tudo estavam o desejo e o empenho do governo 
português de conservar a parte que lhe cabia das terras da América, das quais 
sempre se esperava que um dia sairia o ouro em grande escala. Sem embargo, 
esse desejo só poderia transformar-se em política atuante se encontrasse 
algo concreto em que se apoiar. Caso a defesa das novas terras houvesse 
permanecido por muito tempo como uma carga financeira para o pequeno 
reino, seria de esperar que tendesse a relaxar-se. O êxito da grande empresa 
EaD
Vera Lúcia Trennepohl (Organizadora)
28
agrícola do século XVI – única na época – constituiu, portanto, a razão de ser 
da continuidade da presença dos portugueses em uma grande extensão das 
terras americanas. No século seguinte, quando se modifica a relação de forças 
na Europa com o predomínio das nações excluídas da América pelo tratado 
de Tordesilhas, Portugal já havia avançado enormemente na ocupação efetiva 
da parte que lhe coubera (Furtado, 1987, p. 12).
A União Ibérica, que se estendeu de 1580 a 1640, cumpriu um importante 
papel na construção do território brasileiro ao se diluir as fronteiras estabelecidas 
pelo Tratado de Tordesilhas. Permitiu expandir os limites territoriais para o norte, 
com a conquista do Maranhão e para o sul, alcançando a região platina. Teve início 
nesse período a expansão territorial para o interior através da organização das 
primeiras expedições dos bandeirantes em São Paulo. Data de 1585 a primeira 
grande bandeira para captura e escravização de índios no sertão dos Carijós, 
luta que levaria à ocupação gradativa do interior do Brasil e ao alargamento da 
faixa litorânea ocupada pelos portugueses no início do século 16. São referências 
também deste processo a conquista do território da Paraíba em 1584, os violentos 
conflitos com os índios do norte da Bahia em 1589, as primeiras incursões dos 
bandeirantes para Goiás em 1592, Minas Gerais em 1596 e para a região do baixo 
Paraná em 1604 com o objetivo de obter força de trabalho escrava.
O quadro político-econômico dentro do qual nasceu e progrediu de forma 
surpreendente a empresa agrícola, em que assentou a colonização do Brasil, foi 
profundamente modificado pela absorção de Portugal na Espanha. A guerra que 
contra este último país promoveu a Holanda, durante esse período, repercutiu 
profundamente na colônia portuguesa da América. No começo do século XVII, 
os holandeses controlavam praticamente todo o comércio dos países europeus 
realizado por mar. Distribuir o açúcar pela Europa sem a cooperação dos comer-
ciantes holandeses evidentemente era impraticável. Por outro lado, estes de 
nenhuma maneira pretendiam renunciar à parte substancial que tinham nesse 
importante negócio, cujo êxito fora em boa parte obra sua. A luta pelo controle 
do açúcar torna-se, destarte, uma das razões de ser da guerra sem quartel que 
promovem os holandeses contra a Espanha. E um dos episódios dessa guerra 
foi a ocupação pelos batavos, durante um quarto de século, de grande parte 
da região produtora de açúcar no Brasil (Furtado, 1987, p. 17).
A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, no final do século 17, 
modificou radicalmente o processo de expansão territorial e a estratégia de 
ocupação dos espaços conquistados. O fluxo de portugueses intensificou-se e o 
movimento de interiorização de núcleos urbanos alcançou novos patamares. 
A necessidade crescente de mão de obra (escravos), animais de trabalho 
(mulas) e de gêneros alimentícios para o abastecimento da região das minas 
contribuiu para a expansão do Brasil em direção ao Rio Grande do Sul, fomen-
tando a apreensão de índios, a criação de gado de todo o tipo. O processo de 
expansão territorial, de conquista de novas áreas, está repleto de conflitos e atos 
de violência entre os povos nativos e os bandeirantes. Sua consolidação exige 
a expulsão, submissão ou eliminação dos primitivos e a concessão de títulos de 
posse ou propriedade aos conquistadores. 
EaD
29
Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
A expansão das fronteiras do território brasileiro foi sendo consagrada 
em diversos tratados, dentre os principais destacam-se:
a. O Tratado de Tordesilhas (1494) definiu as áreas de domínio do mundo ex-
traeuropeu.
b. O Tratado de Lisboa (1681) tratou da devolução da Colônia do Sacramento, 
ocupada pelos espanhóis no ano de sua fundação. O apoio da Inglaterra foi 
decisivo para Portugal conseguir essa vitória diplomática. A saída das forças 
espanholas só se dá efetivamente em 1683.
c. O primeiro Tratado de Utrecht entre Portugal e França (1713) estabeleceu as 
fronteiras portuguesas do norte do Brasil: o Rio Oiapoque foi reconhecido 
como limite natural entre a Guiana e a Capitania do Cabo do Norte.
d. O segundo Tratado de Utrecht entre Portugal e Espanha (1715) tratou da se-
gunda devolução da Colônia de Sacramento a Portugal.
e. O Tratado de Madri (1750) redefiniu as fronteiras entre as Américas Portugue-
sa e Espanhola, anulando o estabelecido no Tratado de Tordesilhas: Portugal 
garantia o controle da maior parte da Bacia Amazônica, enquanto que a Espa-
nha controlava a maior parte da Bacia do Prata. Nesse Tratado o princípio do 
usucapião (uti possidetis), que quer dizer a terra pertence a quem a ocupa, foi 
levado em consideração pela primeira vez.
f. O Tratado de Santo Ildefonso (1777) confirmou o Tratado de Madri e devolveu 
a Portugal a ilha de Santa Catarina, ficando com a Espanha a Colônia de Sacra-
mento e a região dos Sete Povos.
g. O Tratado de Badajós entre Portugal e Espanha (1801) incorporou definitiva-
mente os Sete Povos das Missões ao Brasil.
h. O Tratado de Petrópolis (1903), negociado pelo Barão do Rio Branco com a 
Bolívia, incorporou ao Brasil, como território, a região do Acre.
A forma predominante de garantir a ocupação do território foi a concessão 
de títulos de posse ou propriedade de grandes extensões de terras (capitanias 
hereditárias, sesmarias, etc.) aos responsáveis pela sua conquista. Apesar das 
características conflituosas do processo de conquista do território e da extensão 
dos limites de fronteira com diversos países, já não existem mais pendências ou 
disputas em relação à demarcação com os vizinhos. 
seção 2.2 
as características naturais do território Brasileiro
Localizado no continente americano, o território brasileiro ocupa a 
parte centro-oriental da América do Sul. Com uma área de 8.514.876,599 Km2, 
configura-se como o maior país do continente sul-americano e o quinto maior 
do mundo, superado somente por Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. 
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O território brasileiro possui uma forma triangular, com sua base voltada 
para o norte e os pontos extremos, praticamente equidistantes, medem 4.394,7 
km no sentido Norte-Sul e 4.319,4 km no sentido Leste-Oeste. Cerca de 90% de 
sua área territorial está situada na faixa entre as linhas do Equador e do trópico 
de Capricórnio, nas latitudes mais baixas do globo, o que lhe confere as carac-
terísticas de país tropical. 
Seus limites de fronteira totalizam 23.086 Km, dos quais 15.719 Km cor-
respondem à linha divisória em relação a dez países da América do Sul, pois 
apenas o Chile e o Equador não fazem fronteira com o Brasil. O outros 7.367 Km 
de extensão correspondem à costa brasileira banhada pelo Oceano Atlântico 
numa linha costeira sem acidentes geográficos de expressão. 
Em seu interior o território brasileiro apresenta grande diversidade de 
situações que podem ser visualizadas nos distintos biomas ou conjuntos de 
ecossistemas que funcionam de forma estável. Um bioma é caracterizado por 
um tipo principal de vegetação, apesar de existirem diversos tipos de vegetação 
num mesmo bioma. 
Os seres vivos de cada bioma interagem com as condições existentes na 
natureza, como temperatura, umidade, frequência e regularidade das chuvas, 
ventos, etc., adaptando-se e evoluindo com o meio. Os biomas brasileiros pos-suem grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade) e podem ser 
caracterizados como sendo Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa 
e Pantanal.
Figura 2 – Mapa com os principais biomas do Brasil
Fonte: Brasil. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Disponível em: 
<http://www.biomasdobrasil.com/>. Acesso em: jan. 2014.
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O Bioma Amazônia compreende uma área de 4 milhões de quilômetros 
quadrados, em que vivem aproximadamente 2 milhões de espécies animais e 
vegetais. Na floresta amazônica existem cerca de 200 espécies diferentes de ár-
vores por hectare e seu território corresponde a um terço das florestas tropicais 
do mundo. Tudo é superlativo nesse vasto espaço, que constitui a maior área 
selvagem tropical do planeta. A Amazônia ocupa a porção norte do Brasil e apesar 
de ser considerado um bioma único, é composta por diferentes paisagens. Uma 
classificação resumida permite dividir a floresta em três grandes categorias: áreas 
alagadas pelas águas pretas, os igapós; áreas que se inundam nas cheias com 
águas brancas, as várzeas e áreas constantemente livres de inundação, a mata de 
terra firme. Ela tem ainda enclaves de vegetações não florestais, como savanas, 
campinas e campinaranas. A Amazônia está envolvida na regulação climática 
de todo o planeta, seja por meio da retenção de carbono atmosférico, seja por 
meio da evapotranspiração e dispersão de chuvas para todo o continente sul-
americano. A floresta acompanha em grande medida os principais rios da Bacia 
do Amazonas, desde o sopé dos Andes até o Atlântico. O clima predominante 
é quente e úmido, com frequentes e volumosas chuvas que caem pelo menos 
130 dias por ano. Seu relevo é majoritariamente plano, com solo formado pelo 
sedimento trazido pelos rios. A despeito de seu valor mundial, a floresta sofre com 
o desmatamento e o conflito com a pecuária e agricultura. O grande desafio do 
desenvolvimento neste território é de aproveitar as potencialidades oferecidas 
pela natureza sem destruir seus complexos sistemas de reprodução e renovação 
das condições existentes (Disponível em: <http://www.biomasdobrasil.com/>. 
Acesso em: jan. 2014).
O Bioma Mata Atlântica constitui o ambiente em que o Brasil começou 
historicamente. Foi em sua porção baiana que a esquadra de Cabral aportou. 
Foi nela que o pau-brasil, árvore que dá nome ao país, foi explorado. Na zona 
da mata nordestina a cana-de-açúcar foi introduzida e na porção mineira desse 
mesmo bioma o ouro começou a ser extraído. Também foi no território da Mata 
Atlântica que o café foi plantado e desenvolveu todo seu potencial. A Mata 
Atlântica acompanha boa parte do litoral brasileiro, nas encostas da Serra do 
Mar. Já chegou a ter 1.200.000 km² de floresta de grande porte, mas que foram 
sendo reduzidos gradativamente e representam atualmente cerca de 7% da 
cobertura original. Sua distribuição original ocupava uma faixa contínua, desde 
o Rio Grande do Norte e Ceará, no Nordeste brasileiro, até o Rio Grande do Sul. 
A Mata Atlântica abriga perto de 200 espécies de aves endêmicas, 120 delas 
ameaçadas de extinção. Ela também tem papel fundamental na estabilização 
do relevo litorâneo, mantendo no lugar as encostas dos morros e prevenindo 
deslizamentos. Seu relevo é acidentado e o solo, raso, frequentemente ocorrendo 
o afloramento das rochas. Uma floresta tão exuberante é sustentada pela alta 
umidade trazida do oceano e deixada na Serra do Mar. Devido à grande variação 
de altitude e latitude, a Mata Atlântica expressa-se em diferentes formações e 
paisagens. A mais marcante é a Floresta Ombrófila Densa, uma luxuriante e 
biodiversa formação florística existente próxima ao mar. Mais para o interior 
do país, a floresta apresenta formações que perdem parcialmente as folhas, a 
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Mata Atlântica de Planalto. Em adição, nos Estados do sul do país (Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul) parte da Mata Atlântica assume a feição de Mata 
de Araucária. Charles Darwin escreveu após sua visita a esse bioma: “Aqui vi pela 
primeira vez uma floresta tropical em toda sua sublime grandiosidade – nada além 
da realidade pode dar idéia de quão maravilhosa e magnificente é essa cena.” O 
processo histórico de ocupação do território brasileiro fez com que grande parte 
das atividades humanas se desenvolvessem neste espaço. Setenta por cento da 
população brasileira concentram-se em cidades situadas numa faixa de até 200 
km da costa, especialmente as capitais dos Estados, e disputam espaço com os 
demais elementos desse bioma. O processo de intensa ocupação, que remonta 
aos principais ciclos econômicos, desafia as políticas públicas a gerar soluções 
de planejamento urbano e instituição de infraestruturas de transporte para mo-
bilidade das pessoas e abastecimento das grandes metrópoles, de saneamento 
básico e destinação de resíduos gerados, bem como de ordenamentos relativos 
à ocupação de terrenos menos propícios às edificações ou necessários à preser-
vação permanente de parcelas da Mata Atlântica (Disponível em: <http://www.
biomasdobrasil.com/>. Acesso em: jan. 2014).
O Bioma Cerrado, também conhecido como a savana brasileira, varia 
quanto a sua fisionomia em relação à cobertura arbórea, indo desde os campos 
limpos, nos quais só ocorrem gramíneas nativas, até o cerradão, formação predo-
minantemente arbórea e densa. O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, 
distribuindo-se por todo o Brasil central, com uma área original de 2 milhões 
de quilômetros quadrados, aproximadamente 20% do território do país. No 
Cerrado vive um grande número de espécies que só ocorrem ali, as chamadas 
espécies endêmicas. Os Cerrados ocupam áreas elevadas do Planalto Central 
Brasileiro, sobre solo ácido e rico em alumínio, considerado de pouca utilidade 
econômica até meados do século 20. Durante seis meses o Cerrado torna-se 
verdejante devido às frequentes chuvas que vão de outubro a abril, e nos meses 
restantes torna-se pronunciadamente seco, suscetível a queimadas. O Cerrado 
possui alta densidade de nascentes que alimentam ao norte a Bacia Amazônica, 
ao sul a Bacia Platina e a leste a Bacia do São Francisco. É preciso sensibilidade 
para se deixar encantar por essa paisagem brasileira tão diferente de biomas 
celebrados como a Amazônia ou Mata Atlântica, mas não menos importante. 
Devido a sua formação aberta, sua topografia propícia à mecanização, o Cerrado 
foi vorazmente incorporado ao processo de expansão do agronegócio brasileiro, 
tornando-se um grande fornecedor de soja, milho, algodão, cana, carne e leite 
para o mercado mundial. Conciliar o uso econômico com a conservação é um 
desafio notoriamente exposto no Cerrado. Essa ávida ocupação pela agricultura 
modernizada, altamente consumidora de fertilizantes e agrotóxicos, além das 
frequentes queimadas propositais e da existência de poucas áreas protegidas em 
reservas, fez com que grande parte da vegetação nativa fosse perdida, levando 
o Cerrado à lista de hotspots, uma das 25 regiões prioritárias para a conserva-
ção em todo o mundo. O sucesso econômico do agronegócio nesta fronteira 
agrícola estimulou a migração de enormes contingentes populacionais para a 
região e proporcionou o surgimento de inúmeros núcleos urbanos e a expansão 
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Formação e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
dos já existentes. Existem grandes demandas por infraestrutura de transporte 
e armazenagem de grãos ou por processamento dos insumos necessários ou 
das matérias-primas produzidas (Disponível em: <http://www.biomasdobrasil.
com/>. Acesso em: jan. 2014).
A Caatinga é o bioma mais árido do Brasil, palco de numerosas histórias 
peculiares, como a Revolta de Canudos e o cangaço. Esse bioma com aproxi-
madamente 840.000 km2, cobre cerca de 10% do território nacional e ocorre 
no interior do Nordeste brasileiro. Caatinga em tupi quer dizer “mata branca”, 
resultado da vegetação que perde a folhageme frequentemente é coberta 
com a poeira branca do solo argiloso e seco levada pelo vento. A Caatinga é 
o único bioma exclusivamente incluso em território nacional. Apesar do clima 
semiárido predominante na região, a paisagem da Caatinga é variada e abriga 
formações diversas. A vegetação da região é classificada como savana estépica 
e suas plantas desenvolveram adaptações únicas para enfrentar a aridez da re-
gião. As árvores decíduas perdem todas as folhas durante a seca e são comuns 
as cactáceas e bromélias. Cortada por dois grandes rios caudalosos e perenes 
(o Parnaíba e o São Francisco) e outros rios menores temporários, grande parte 
da água usada pelas pessoas que habitam a Caatinga vem de açudes. Isso é 
importante especialmente porque ali chove menos de 600 mm anuais, em geral 
nos meses iniciais do ano. Os solos pobres e pedregosos fazem da Caatinga um 
bioma frágil. A mineração tem resultado em destruição em ritmo tão acelerado 
quanto ao da Amazônia. Historicamente tem sido palco das mais variadas políticas 
públicas com objetivo de combater ou mitigar os efeitos da seca ou de atender 
aos habitantes do sertão nordestino, como é o caso das ações promovidas pela 
Sudene, por exemplo. Recentemente tornou-se foco de um dos maiores e mais 
polêmicos projetos de desenvolvimento regional e integração nacional, que é 
o Projeto de Transposição de parte das águas do Rio São Francisco para a região 
do semiárido com o objetivo de gerar soluções perenes e alternativas inovado-
ras para o desenvolvimento da população local (Disponível em: <http://www.
biomasdobrasil.com/>. Acesso em: jan. 2014).
O Bioma Pampa compreende grandes extensões de campos suavemente 
ondulados cobertos de capim verde, entremeadas por manchas de solo mais fértil 
que sustentam uma vegetação mais alta contendo principalmente espinilho e 
pés de erva-mate. Esse bioma com visual de estepe ocupa o extremo sul do país 
estendendo-se por mais de 170.000 km². Os Pampas, ou Campos Sulinos, estão 
adaptados ao clima mais frio do Brasil, com temperaturas eventuais abaixo de 
zero durante o inverno. Estima-se a existência de 3 mil espécies vegetais, das quais 
cerca de 400 seriam de gramíneas, com aptidão para alimentação de pecuária. 
No litoral, o banhado do Taim e as lagoas costeiras (como a Lagoa dos Patos) 
formam ambientes salobros, únicos no país. Esses banhados e lagoas abrigam 
espécies endêmicas e populações expressivas de aves aquáticas ou migratórias. 
A pecuária extensiva surgiu por circunstâncias históricas diretamente sobre os 
campos, ricos em gramíneas nativas. Posteriormente, o aperfeiçoamento da ati-
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vidade exigiu a introdução de novas práticas de manejo do gado, contribuindo 
para que capins de outros países fossem introduzidos para servir de alimento 
ao gado e ali se estabelecessem, competindo por espaço com a vegetação 
nativa. O uso agrícola, especialmente pelo binômio trigo-soja no planalto e das 
lavouras de arroz nas várzeas da depressão central do Rio Grande do Sul, reduziu 
consideravelmente a área ocupada por esse bioma e, nas manchas de vegetação 
arbórea foi a exploração da madeira a principal causa de degradação. As unidades 
de conservação, em número reduzido no bioma, são o reduto final da paisagem 
há décadas cantada pelo gaúcho da campanha em seu folclore. A existência de 
projetos de desenvolvimento de grande porte e impactos relevantes no bioma 
foi motivo de forte polêmica nos anos recentes, como é o caso dos projetos 
de reflorestamento para produção de celulose. (Disponível em: <http://www.
biomasdobrasil.com/>. Acesso em: jan. 2014).
No Bioma Pantanal é onde fica mais evidente que a água é a base para 
toda a vida. A maior área continental periodicamente alagável do planeta, com 
cerca de 140.000 km², estende-se pelo território nacional, mas também pela 
Bolívia e Paraguai. O Pantanal é um imenso reservatório de água, passagem 
obrigatória de grande parte do fluxo que percorre a Bacia do Prata. O lento ciclo 
das cheias e vazantes, conhecido como pulso de inundação, cria um variado 
mosaico de paisagens. Baías, assim denominadas as lagoas pantaneiras, são 
os elementos mais peculiares da região. Elas compõem a paisagem com rios 
tortuosos, campos alagáveis, matas ciliares, capões de matas, salinas e riachos 
da planície (corixos), os quais formam os diferentes hábitats pantaneiros. Toda 
essa variedade de ambientes dominada pela água sustenta uma diversificada 
fauna de peixes, aves e mamíferos. O Pantanal também é importante ponto 
de parada de espécies de aves migratórias, como marrecos e maçaricos. Todos 
os habitantes do Pantanal têm sua vida marcada pelo eterno ciclo das águas, 
desde o dourado, um peixe de escamas, até o ribeirinho. Cheia de outubro a 
abril e seca no restante do ano forma um ciclo previsível com alto potencial 
turístico. O Pantanal é cercado por uma série de serras, é isso que o torna um 
reservatório de água a temperaturas quentes, uma concentração de vida, no 
entanto toda essa água chega ao Pantanal depois de transitar desde nascentes 
por toda a sua volta, especialmente as localizadas no Cerrado. Se não houver 
cuidados em relação a essas nascentes situadas a quilômetros de distância, 
a contaminação das águas por fertilizantes, agrotóxicos, esgotos urbanos, 
resíduos industriais ou outras formas, colocará em risco todo o ecossistema 
do Pantanal (Disponível em: <http://www.biomasdobrasil.com/>. Acesso em: 
jan. 2014).
Existem ainda os Ambientes Costeiros. Esse conjunto de paisagens não 
recebe a designação de bioma por suas variadas características ecológicas, mas 
certamente merece atenção. Na faixa brasileira que acompanha os 8 mil qui-
lômetros de litoral existem diversas paisagens, compondo os assim chamados 
Ambientes Costeiros, com praias, costões rochosos, recifes de coral, falésias, 
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dunas, lagoas costeiras, estuários, manguezais e ilhas que compõem esses es-
paços. Comportam uma riquíssima biodiversidade que, por sua vez, influencia 
diretamente as atividades humanas, seja pela alimentação, potencial pesqueiro 
ou turismo, mas também com fortes repercussões na cultura e estilo de vida das 
populações humanas. Sobre as praias arenosas existe o jundu, uma vegetação 
de plantas rasteiras que sobrevive à alta salinidade vinda do mar. Na transição 
entre as praias e a Mata Atlântica situa-se a restinga e nos estuários dos rios o 
solo lamacento e inundado frequentemente sustenta os manguezais. Entrando 
no mar, ocorre uma explosão de vida dos recifes de coral, apenas comparável 
às grandes florestas tropicais. Cerca de 130 milhões de brasileiros que vivem na 
faixa litorânea, de forma permanente ou temporária, contribuem pressionando 
esses ecossistemas. A pesca descontrolada, com seus efeitos deletérios, também 
têm contribuído para a perda de biodiversidade no litoral brasileiro. A exploração 
excessiva dos recursos naturais ou a degradação ambiental na costa do Brasil têm 
mobilizado a sociedade para a preservação de espécies e ecossistemas costeiros, 
notadamente com a criação de programas de proteção e unidades de conserva-
ção. Sensíveis às belezas naturais dos ambientes costeiros, a população brasileira 
procura desfrutar do bem-estar proporcionado por um fim de tarde à beira-mar, 
uma emblemática manutenção de nosso vínculo primário com o mundo natural 
(Disponível em: <http://www.biomasdobrasil.com/>. Acesso em: jan. 2014).
Além deste manancial de biodiversidade, existem no território brasilei-
ro muitas fontes de minerais e recursos fósseis. Dentre os principais minérios 
encontrados pode-se citar, sobretudo, o minério de ferro (hematita), o estanho 
(cassiterita), o alumínio (bauxita), o manganês, o ouro, o nióbio, o titânio, o urânio, 
o sal, o calcário, a areia, o níquel, o chumbo, o cobre e o zinco.
O país destaca-se principalmente

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