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ARTICULAÇÃO ENTRE OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO COMUM E DO PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO UTILIZANDO O PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO
 JULIANA PEROSSO BORGES
RESUMO: O tema escolhido para este artigo objetiva demonstrar a importância do trabalho pedagógico desenvolvido entre o professor da Educação Especial e o do ensino comum para uma boa concretização do processo de inclusão escolar. Estudos demonstram que existem obstáculos de diversas ordens, tais como a falta de compatibilidade de horário entre esses dois grupos de docentes, o número elevado de alunos para o Atendimento Educacional Especializado, a inadequada formação profissional, a pouca inserção no projeto politico pedagógico da escola, dentre outros. Portanto, faz-se fundamental que sejam criadas, nas escolas, condições propícias à prática da articulação entre esses dois grupos de docentes, para que o trabalho pedagógico seja desenvolvido como parte da gestão escolar e da relação com a família.
 PALAVRAS-CHAVE: Articulação. Professor da Educação Especial. Professor do ensino comum.
1 Introdução
Esta pesquisa objetiva apontar a importância da articulação do professor de AEE e o professor da educação comum, visando desenvolver um trabalho conjunto e interdisciplinar para que seus objetivos específicos de ensino sejam alcançados. A finalidade do trabalho de cada professor é diferente, ao professor da sala de aula comum é atribuído o ensino das áreas do conhecimento, enquanto ao professor do Atendimento Educacional Especializado cabe complementar/suplementar a formação do aluno com conhecimentos e recursos específicos que eliminem as barreiras que impedem ou limitam sua participação com autonomia e independência nas turmas do ensino comum.
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É necessário valorizar que a inclusão significa uma transformação da escola em um espaço de trocas para respostas criativas surgirem no ato de ensinar e aprender mais significativo e de qualidade para todos em suas diferenças
 Considerando a hipótese construída para a realização desta pesquisa percebemos que o atendimento educacional especializado é ofertado dentro da escola regular, ele deve ser parte integrante das discussões coletivas. Isso significa dizer que os estudantes e os profissionais das salas de recursos, por serem da escola, devem participar do processo de construção do projeto político pedagógico (PPP). Se o AEE for concebido distanciado das reflexões do coletivo, ele corre o risco de ser constituído apenas como um apêndice do processo educativo. O documento alicerça o trabalho pedagógico enquanto processo de criação contínua e, portanto, nunca é pronto e acabado. Não é um agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas, nem deve ser formulado para ser arquivado como prova de tarefa burocrática pronta e acabada para ser encaminhado às autoridades educacionais. Muito menos é tarefa específica do pedagogo, do coordenador pedagógico ou do diretor.
Verificamos, portanto que O PPP traduz a “alma da escola”, a essência do trabalho pedagógico a ser realizado. Suas considerações serão incorporadas ao regimento da unidade e aos Planos de Estudo. Esses documentos, posteriormente, irão determinar o modo de funcionamento e os conhecimentos escolares a serem trabalhados no dia a dia para que a escola caminhe em direção aos objetivos definidos, colaborativamente, pela comunidade escolar.
O embasamento teórico para a realização desta pesquisa foram os estudos e os pressupostos teóricos de Soares, Carvalho e Barkley, e alguns outros autores. Além disso, foi realizada a pesquisa em diferentes sites sobre o tema em questão, com a leitura de artigos e demais matérias pertinentes a este trabalho.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1. A organização do trabalho pedagógico entre o professor de Aee e o professor da sala comum
 Para que a inclusão escolar ocorra, é necessário que a escola comum ofereça aos alunos condições favoráveis, realizando, para tanto, modificações na sua estrutura, principalmente no que diz respeito ao oferecimento dos serviços da Educação Especial na escola e na classe comum. Essa articulação ganha mais importância na medida em que, na concepção inclusiva, os alunos estão juntos na mesma sala de aula, permitindo que a articulação entre os docentes ocorra em todos os níveis e etapas do ensino.
 Quando se coloca o que pode ser feito significa recriar o modelo educacional existente e o transformá-lo em algo novo. A escola inclusiva é a que propicia a todos os alunos a apropriação do conhecimento escolar. Para garantir que todos aprendam é preciso pensar na relação aprendizagem e currículo que perpassa as discussões a respeito da relação entre a escola comum e a educação especial, e pode trazer contribuições importantes para garantir novas práticas que tenham como base o trabalho colaborativo, de gestores, professores.
 O currículo deve representar todas essas pessoas, por isso a importância de um diálogo verdadeiro e franco sobre nossas ideias e ideais sobre educação, um encontro entre pares que se respeitam mutuamente para construir um currículo que seja um instrumento de apoio para a inclusão colocada pela legislação, pela política nacional e que precisa ser vivenciada plenamente no espaço escolar. Como pensar um currículo diferenciado e comum a todos? O currículo é uma construção social, histórica e cultural que surge nas e das ações pedagógicas, para isso é necessário conhecermos profundamente a realidade, refletir sobre o que é essencial ensinar e aprender. 
Hoje o que podemos observar é a oferta de currículos diferenciados na mesma sala de aula. Essa é a resposta mais fácil e não comprometida com a constituição de uma escola inclusiva, pois não questiona o que existe e cria currículos paralelos, reforçando a ideia de diferença igual desvantagem e incompetência localizada ainda no sujeito. Um currículo inclusivo é aquele que garante a todos os alunos acesso a ações pedagógicas comum com níveis diversificados e que propicie o desenvolvimento pleno de todos. Um exemplo disso é o oferecimento de mais de um tipo de atividade em sala de aula, onde os alunos possam escolher o que mais se ajusta ao seu estilo de aprendizagem, pois sabemos que cada um de nossos alunos aprende de forma diferenciada. 
Faz-se necessário a superação do discurso de que os alunos com diagnóstico de deficiência são apenas dos profissionais da Educação Especial e da necessidade de um conhecimento sobrenatural para desenvolver um trabalho para todos. Ambos os profissionais precisam sair da sua zona de conforto para juntos poderem se autocriarem e recriar saberes e fazeres pedagógicos. 
Inicialmente pode se começar o movimento com um projeto em uma proposta de transformar a sala de aula num laboratório de experimentos para práticas inclusivas, em um diálogo contínuo da Educação Especial com o Ensino comum, com trocas de saberes e experiências vividas, com história de sucesso e de erros cometidos e refletidos, para que essas práticas possam um dia não mais precisar ser denominadas de inclusivas, mas que elas sejam práticas de uma escola que respeite a pluralidade, a condição de ser humano, e comemore todos os dias as diferenças, constituindo-se em um espaço de acolhimento da alteridade.
Outro aspecto que vale a pena ressaltar está relacionado ao fato de que a função da sala de AEE é complementar e suplementar a formação do aluno com Necessidades Educativas Especiais , portanto, imprescindível uma articulação com o currículo da sala de aula comum, cabendo, então, uma reflexão sobre a relação entre o ensino desta e o Atendimento Educacional Especializado prestado pela Educação Especial. Nessa perspectiva, a construção do conhecimento do aluno especial, enquanto tal é responsabilidade da sala de aula comum e deve ser articulado conjuntamente ao AEE, porem, as professoras do AEE encontram grande dificuldade em relação o seu isolamento e a batalha diária que travam com gestores e professores da sala de aula comum, e sendo assim dificultam a consecução do objetivo da sala.
Destacamos também que o AtendimentoEducacional Especializado não tem um caráter de reforço e não é substitutivo da sala de aula comum, portanto, a atribuição do professor do AEE é trabalhar apenas a necessidade específica do aluno, promovendo os métodos e recursos necessários no contexto pedagógico. A relação do currículo entre ambas as salas é assegurada pela flexibilização deste e por recursos e metodologias, de forma que o professor do AEE possa elaborar suportes e estratégias que propiciem ao aluno superar sua dificuldade em assimilar, acompanhar e se desenvolver no currículo escolar, estendendo essas adaptações à sala de aula comum.
Hoje o que podemos observar é a oferta de currículos diferenciados na mesma sala de aula. Essa é a resposta mais fácil e não comprometida com a constituição de uma escola inclusiva, pois não questiona o que existe e cria currículos paralelos, reforçando a ideia de diferença igual desvantagem e incompetência localizada ainda no sujeito. Um currículo inclusivo é aquele que garante a todos os alunos acesso a ações pedagógicas comum com níveis diversificados e que propicie o desenvolvimento pleno de todos.
 Acredita-se que boas práticas pedagógicas sejam apropriadas a todos os alunos, sabe-se que em alguns momentos e contextos, os alunos com diagnóstico de deficiência precisaram de flexibilizações mais significativas e de atendimentos mais específicos, porém um currículo que tenha como princípio a diferença deverá considerar todas essas situações e vivências (ALMEIDA, 2011).
. Ambos os profissionais precisam sair da sua zona de conforto para juntos poderem se autocriarem e recriarem saberes e fazeres pedagógicos. Inicialmente pode se começar o movimento com um projeto em uma proposta de transformar a sala de aula num laboratório de experimentos para práticas inclusivas, em um diálogo contínuo da Educação Especial com o Ensino Regular, com trocas de saberes e experiências vividas, com história de sucesso e de erros cometidos e refletidos, para que essas práticas possam um dia não mais precisar ser denominadas de inclusivas, mas que elas sejam práticas de uma escola que respeite a pluralidade, a condição de ser humano, e comemore todos os dias as diferenças, constituindo-se em um espaço de acolhimento da alteridade. 
Nesses casos, a responsabilidade pelo planejamento pedagógico é tanto do professor de sala quanto do docente da sala de recursos multifuncionais, os dois devem contar com o apoio da coordenação pedagógica.
1.1 O projeto político-pedagógico
Quando avaliamos o Projeto Político Pedagógico notamos que além de ser o eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida na instituição de ensino, proporciona a busca da identidade da escola, tendo por finalidade o comprometimento na construção de uma sociedade mais humana e democrática, vendo o homem como ser social e sujeito da educação. 
Destacamos também que o planejamento é um modo de ordenar a ação tendo em vista os fins desejados, e por base conhecimentos que deem suporte ao objetivo, à ação; é um ato coletivo, não só devido a nossa constituição social, como seres humanos, mas, de que o ato escolar de ensinar e aprender são coletivos. A parceria depende da entrega a um objetivo ou tarefa que seja assumida por todos. A sociedade moderna, através de suas inúmeras conquistas tecnológica, criou sistemas cada vez mais integrados em nível mundial, ao mesmo tempo mais complexos e diversificados. Frente a essa realidade urge a necessidade de se repensar o papel do conhecimento e da escola numa sociedade que sofre, em seu dia-a-dia, rápidas e profundas transformações.
Pelos estudos apresentados no meio cientifico, numa sociedade que exige interação, cooperação e trabalho em equipe, a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que precisa organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos. Nessa perspectiva, é fundamental que ela assuma suas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas superiores tomem essa iniciativa, mas que lhe deem as condições necessárias para levá-la adiante. Para tanto é necessário que se fortaleçam as relações entre escola e sistema de ensino. 
Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamos para adiante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente”. ( VEIGA, 2005)
Além disso, o projeto exige profunda reflexão sobre as finalidades da escola, assim como a explicitação de seu papel social e a clara definição de caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo. 
A construção/ reformulação/ avaliação do Projeto Político-Pedagógico necessita de uma ação conjunta entre os professores da educação comum e do professor do atendimento educacional especializado, durante o início do ano letivo, após as férias de julho e no encerramento do ano letivo que estes momentos são pensados e previstos pelas escolas. É importante entendermos o Projeto Político Pedagógico como um instrumento norteador das ações educacionais, constantemente redimensionado em função das necessidades e dificuldades que surgem no bojo das relações que se travam no cotidiano escolar. Precisa, pois, ser dinâmico e flexível, ajustando-se ao tempo, ao espaço e às pessoas que constituem o ambiente escolar. 
Na perspectiva do Direito, defende-se que a educação especial contribua para a perspectiva de fortalecimento e qualificação do processo de educação inclusiva, pois se sabe que a tendência atual é que as ações educativas da educação especial se movimentem de forma a promover condições aos estudantes com deficiência à escolaridade, eliminando barreiras, favorecendo e qualificando a permanência nas salas de aula comuns. Uma dessas iniciativas é o atendimento educacional especializado (AEE). Previsto pela Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, o AEE é uma forma de garantir que o educando com deficiência tenha acesso a um conjunto de apoios e de recursos que minimizem as dificuldades enfrentadas com base em sua deficiência.
De acordo com a Política nacional, o atendimento pode ser ofertado tanto na própria rede regular de ensino, atendendo o estudante no contraturno, ou ser realizado pelas instituições especializadas, porém nunca numa perspectiva de substituição ou reforço ao ensino regular. Nesse último caso, o papel das instituições é o de oferecer aos alunos com deficiência conhecimentos que não são próprios dos currículos da base nacional comum. Afinal, o processo de escolaridade compete às escolas. Quando o atendimento educacional especializado é ofertado dentro da escola regular, ele deve ser parte integrante das discussões coletivas. Isso significa dizer que os estudantes e os profissionais das salas de recursos multifuncionais (SRMs), por serem da escola, devem participar do processo de construção do projeto político pedagógico (PPP). Se o AEE for concebido distanciado das reflexões do coletivo, ele corre o risco de ser constituído apenas como um apêndice do processo educativo. Nesse sentido, ainda há muito que problematizar sobre a transversalidade da educação especial na perspectiva da educação inclusiva quando se entende que o desafio maior se encontra frente à necessidade de construção de uma cultura educacional inclusiva, na qual todos os sujeitos possam participar proativamente do processo educativo para que ele avance. O atendimento educacional especializado como parte do PPP das escolas precisa ser debatido coletivamente, pois se sabe que a estrutura social, política e econômica dificulta o avanço do processo educativo na perspectiva de cumprir sua finalidade.
Enfrentam dificuldades para garantir a plena participação social e pedagógica dos educandos com deficiência, busca-se destacar o que foi proposto pelo decreto Nº 6.571 Site externo, de 17 de Setembro de 2008, que indica a obrigatoriedade de investimentos das políticas públicas na implantação de serviços que se direcionem a atender as necessidadesdos profissionais da educação que atuarão junto ao estudante com deficiência declarando que: Art 2º: São objetivos do atendimento educacional especializado:
I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular […]
II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem […]
Ao entender que o AEE enquanto serviço da educação especial tem como objetivo suplementar as necessidades advindas das demandas das deficiências defronta-se com a expectativa de que esse possa vir a garantir ações que potencializem os recursos dos educandos para que possa usufruir da escola regular acessando seu direito à educação. Na perspectiva de ações que visem mudanças significativas junto ao processo educacional inclusivo, o atendimento educacional especializado é só mais uma das ações que precisam ser desencadeadas pelas políticas públicas quando se aponta a necessidade e a importância de investimentos no processo de formação de seus professores, de modo a potencializar as reflexões que se direcionem objetivando a construção de uma cultura educacional inclusiva cabendo afirmar que os professores do AEE precisam se integrar pedagogicamente ao coletivo das escolas.
Sendo assim, o político e o pedagógico são indissociáveis, de maneira que o projeto político pedagógico deve ser considerado um processo constante de discussão e reflexão dos problemas vivenciados pela comunidade escolar, além de possibilitar a busca de alternativas para efetivar a sua real intenção.
3 CONCLUSÃO
 o atendimento educacional especializado não é um serviço formatado e idealizado, pronto a ser aplicado, mas implica em uma concepção com base no processo de participação e colaboração recíproca entre todos os envolvidos, pois, nessa perspectiva, pode vir a contribuir para a construção da cultura educacional inclusiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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 http://psicopedagogiaclinica.com.br/crianca_tdah.htm
KAIPPERT, A. C. M., DEPOLI, MUSSEL A M. A., F. M. E.. Hiperatividade. Monografia realizada, do curso de Pedagogia com habilitação em Pré-escolar e matérias Pedagógicas do 2º grau da Faculdade de Educação, da Universidade Católica de Petrópolis, sob a orientação do Professor José Luiz de Paiva Bello. Petrópolis, 2003.
 OLIVEIRA, M. F. P., Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: O Auxílio da Escola Para Seu Diagnóstico. Trabalho de conclusão de curso para Licenciatura em Biologia do Consórcio Setentrional de Educação a Distância, Universidade de Brasília/Universidade Estadual de Goiás. 2011
 Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas; 1993.
RIZZO, G. Educação Pré-escolar. 3 ed. Rio de Janeiro. Francisco Alves. 1985.

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