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A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO COMO MEDIDA DESPENALIZADORA NO CRIME DE DESCAMINHO Edivanira Vidal Medeiros 1 Rui Machado Junior 2 Resumo: O presente artigo traz resultados de um estudo bibliográfico referente a extinção da punibilidade pelo pagamento como medida despenalizadora nos crimes de descaminho, sendo uma medida que o Estado dispõe para viabilizar o ressarcimentos aos cofres públicos, visto que os prejuízos decorrentes desses ilícitos reduzem a arrecadação tributária. Assim, o estado criou normas que visam isentar a punição penal aos infratores desses ilícitos, a exemplo o crime de descaminho previsto no Art. 334 do Código Penal(CP), esse benefício de extinção da punibilidade é previsto em lei, evoluindo historicamente buscando trazer melhores resultados quanto a guarda do bem jurídico tutelado. Deste modo, temos a Lei 4.729/65 (sonegação fiscal), lei 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária), lei nº 9.430/96 (legislação tributária federal), a lei 10.684/03 (altera a legislação tributária, e dispõe sobre parcelamento de débitos), lei nº 13.008/2014 que dá nova redação ao art. 334 do Decreto-Lei nº 2.848/40 - CP, que estabelece um marco limite para o pagamento do débito, o recebimento da denúncia, e posteriormente admitindo o pagamento do débito a qualquer momento. O objetivo desse estudo é abordar as possibilidades da extinção da punibilidade pelo pagamento integral, trazendo a possibilidade da extinção da punibilidade no crime de descaminho, inclusive o pagamento feito após o recebimento da denúncia. Cabe ressaltar que, tais resultados foram importantes e contribuiram no entendimento do pagamento como medida despenalizadora no crime de descaminho, alcançando, assim, a finalidade de ressarcir os cofres públicos. Palavras chave: Crimes tributários, medida despenalizadora, descaminho. Abstract: This article presents the results of a bibliographic study referring to the extinction of the punishment for payment as a decriminalizing measure in misconduct crimes, being measure that the State has to make possible the reimbursement to the public coffers, since the damages resulting from these illicits reduce the tax collection. . Thus, the state has created rules that aim to exempt the criminal punishment of offenders of these offenses, such as the misdemeanor crime provided for in Article 334 Penal Code (CP), this benefit of extinction of punishment is provided by law, historically evolving to bring best results regarding the custody of the protected legal property. Thus, we have Law 4,729 / 65 (tax evasion), Law 8,137 / 90 (crimes against the tax order), Law 9,430 / 96 (federal tax law), Law 10,684 / 03 (amending tax law, and providing debt installment payment), Law 13.008 /14 that rewrite art. 334 Decree-Law 2,848 / 40 - CP, which establishes limit mark for the payment the debt, the receipt of the complaint, and subsequently admitting the payment of the debt at any time. The aim of this study is to address the possibilities of extinction of punishment for full payment, bringing the possibility of extinction punishment the crime of misleading, including payment made after receipt of the complaint. It is noteworthy that such results were important and contributed to the understanding of payment as a decriminalizing measure in the crime of misconduct, thus achieving the purpose of compensating the public coffers. Keywords: Crimes, decentralizing measure, misleading 1 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Estácio, Licenciada em Educação Física pelo IFRR, Bacharel em Educação Física pelo Claretiano, Especialista em Ergonomia, Psicopedagogia em Gestão: Orientação e Supervisão Escolar. e-mail: e_vanimedes@hotmail.com 2 Professor Orientador: Rui Machado Junior. Professor Direito Financeiro e Tributário do curso de Graduação do Centro Universitário Estácio da Amazônia – Especialista em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG – Mestrando em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania pela UERR – Escrivão de Polícia Federal. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.430-1996?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.008-2014?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.008-2014?OpenDocument mailto:e_vanimedes@hotmail.com - 2 - 1 INTRODUÇÃO Os estudos sobre a aplicação da medida despenalizadora através do pagamento no crime de descaminho, visam reduzir os danos causados ao Estado por meio dos tributos nos quais deixam de entrar nos cofre públicos. Esses tributos surgem a partir de um fato gerador, ou ainda de uma atividade específica relativa ao contribuinte. Assim, o Código Tributário Nacional Brasileiro(CTN), no artigo 3º, conceitua tributo como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, ou seja, é uma obrigação que o estado impõe, a pessoas físicas e jurídicas, objetivando o recolhimento de valores para o Estado formar a sua receita. A temática desse estudo refere-se as possibilidades nas quais o Estado busca para proteger a arrecadação do tributo de modo a não comprometer sua receita, uma vez que esta receita garante o bom funcionamento do Estado e protege o disposto na Constituição Federal referente aos direitos individuais que favorecem diretamente a vida do indivíduo, assim como os coletivos. Justifica-se este estudo pela necessidade de esclarecer o que vem a ser as medidas despenalizadoras nos crimes tributários, a sua aplicabilidade e eficiência, na extinção da punibilidade, a partir dessas informações, responder ao seguinte questionamento: Como as medidas despenalizadoras podem ser aplicadas no crime de descaminho? Deste modo, o objetivo geral deste estudo é verificar a possibilidade da aplicabilidade das medidas despenalizadoras nos crimes tributários e os objetivos específicos são: identificar quais são essas medidas despenalizadoras; apontar as possibilidades de extinção do tributo pelo pagamento; e enfatizar a importância dessas medidas para a proteção tributária do Estado. Para melhor entendimento da leitura, este artigo divide-se em cinco partes. Na primeira, encontra-se a fundamentação teórica quanto os crimes contra a ordem pública tributária; na segunda, traz os aspectos quanto as medidas despenalizadoras; a terceira enfocará na extinção da punibilidade pelo pagamento, a evolução histórica das leis de que tratam dos crimes tributários, já na quarta parte trata do crime de descaminho e a última parte refere-se as considerações finais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Contribuinte https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Tribut%C3%A1rio_Nacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Moeda https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei - 3 - 2 PERCURSO METODOLÓGICO A metodologia adotada para este estudo, foi a pesquisa bibliográficas, segundo Diehl (2004) “a escolha do método se dará pela natureza do problema”, considerando os objetivos esperados com o desenvolvimento desse artigo, a pesquisa bibliográfica é a mais favorável, uma vez que traz conteúdos já existentes sobre o assunto, incluindo a consulta em Leis e pressuposto sobre a arrecadação tributária, de modo a desenvolver e acrescentar informações sobre o tema abordado. A pesquisa bibliográfica é então feita com o intuito de levantar um conhecimento disponível sobre teorias, a fim de analisar, produzir ou explicar um objeto sendo investigado. A pesquisa bibliográfica visa então analisar as principais teorias de um tema, e pode ser realizada com diferentes finalidades. (CHIARA, KAIMEN, et al.,2008). A partir do estudo bibliográfico, pode-se chegar ao resultado esperado com a pesquisa, traçandoum comparativo, entre o objetivo de estudo, sua evolução e atual situação em que esta. 3 DENVOLVIMENTO 3.1 Crimes contra a ordem pública tributária A lei 8.137/90 define os crimes contra a ordem pública tributária, econômica e contra as relações de consumo, classificados como crimes materiais, visto que resultado é a efetiva supressão ou redução do tributo devido. Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. - 4 - Conforme os entendimentos de Cezar Roberto Bitencourt, com uma visão patrimonialista, nos crimes conta a ordem pública tributária, “o objeto jurídico tutelado vem a ser o patrimônio da Fazenda Pública, mais especificamente o erário público”, arrecadação e a receita tributária, a proteção ao patrimônio público, busca garantir a administração pública e suas relações sociais e econômicas. Segundo José Alves Paulino a definição de crimes tributários se dá a partir do momento em que Lei nº 8.137/90 define como crimes contra a ordem tributária. Aquelas condutas ou crimes que afrontam o chamado “sistema” de órgãos e instituições preservadores da “ordem tributária”, coletivamente, dos direitos e deveres dos contribuintes, e não a infração tributária cometida por contribuinte que, em tese, teria deixado de recolher ou pagar tributo devido à Fazenda Nacional (PAULINO, 1999, p.2) No crime de ordem tributária, o sujeito ativo é o contribuinte, uma vez que este esta diretamente ligado ao fator gerador do tributo, e o Estado é o sujeito passivo em sentido amplo, incluindo todas as unidades federativas. 3.2 Definição de medidas despenalizadoras Medidas despenalizadoras são meios que o estado busca para não punir o acusado por cometer um ato ilícito, protegendo a liberdade deste indivíduo, e buscando a celeridade na recuperação dos tributos, a exemplo de medidas despenalizadoras, mais especificamente em crimes tributários, tem a transação penal e a suspensão condicional do processo que são formas de acordos entre o Ministério Público e o possível infrator, a suspensão da pretensão punitiva do Estado pelo parcelamento e ainda a extinção da punibilidade através do pagamento do valor integral do débito tributário devido. Conforme define Luiz Flávio Gomes, medidas despenalizadoras são: Medidas despenalizadoras são aquelas que afastam a pena, logo incidem na punibilidade. A Lei nº 9.099/95, que regulamentou os Juizados Especiais no âmbito estadual, dispõe sobre algumas medidas despenalizadoras para as infrações penais de menor potencial ofensivo, quais sejam: a) composição civil (reparação de dano e consequente extinção da punibilidade) b) transação penal c) suspensão condicional do processo d) exigência de representação para a lesão leve e culposa.( GOMES, 2019) https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103291/lei-de-crimes-contra-a-ordem-tribut%C3%A1ria-lei-8137-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95 - 5 - De acordo com Danillo Vilar. Não é por outra razão que, atualmente, tem sido travada intensa discussão acerca da legitimidade e eficácia do sistema punitivo vigente, notadamente pelo baixo índice de prevenção, em que o presídio é considerado uma escola do crime, de forma que o papel desempenhado pela sanção tem se revelado, constantemente, inverso ao proposto (PEREIRA,2019). A transação penal é um exemplo de medida despenalizadora, prevista na lei 9.099/1995 e que pode ser aplicada em crimes de menor potencial ofensivo, buscando a não instauração do processo, no qual é proposto um acordo entre o suposto autor e o Ministério Público, nesses casos é extinta a punibilidade, se for cumprido o acordo conforme previsto. Ainda como medida despenalizadora há a suspensão condicional do processo, ou sursis processual, que é uma medida despenalizadora cabível, também em crimes de menor potencial ofensivo, nas qual a pena máxima não ultrapasse um ano. Esta medida é aplicada após iniciada o processo, e está prevista na Lei 9.099/95, no art. 89: Art 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta lei, o ministério público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena. A suspensão condicional do processo ocorre quando o Ministério Público, apresenta uma proposta de acordo para ser apresentada ao réu após o seu recebimento. Para aqueles que interpretam o art. 399 do Código do Processo Penal (CPP) como norma que autoriza o contraditório antes mesmo da instauração do processo, a aceitação da proposta poderia anteceder o referido ato. A Suspensão Condicional do Processo por ser uma medida despenalizadora que não gera o reconhecimento de culpa nem antecedentes criminais. Através da lei 10.684 de 30 de maio de 2003, incrementando a política que incentiva a busca pela regularidade fiscal, assim como a arrecadação de tributos, especificamente no art. 9 da referida lei, foi instituído o parcelamento especial, o qual beneficia o contribuinte por parcelar a dívida devida, e ao estado por recuperar seus impostos, benefício possível mesmo após o recebimento da denúncia, como disposto em seu texto: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641518/artigo-399-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 - 6 - Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – (CP), durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. § 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. O direito tributário, possui como sanção típica, a multa, logo, uma vez que o contribuinte paga o valor do tributo devido, o Estado é ressarcido, tendo a finalidade a que se destina o tributo, e impedido o dano a Fazenda Pública. 3.3 A extinção da punibilidade através do pagamento integral do débito nos crimes tributários Existem divergências quanto a extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo devido considerando o momento do pagamento, uma vez que o pagamento isenta o autor da punibilidade, este infrator poderia não mais pensar nas consequências do ato ilícito, uma vez que bastaria pagar o valor devido para esta isenta da pena, por outro lado a legislação tributáriaé falha e o pagamento como medida despenalizadora viria ao encontro dos interesses financeiros do Estado. Diante dessa possibilidade surgiram leis que possibilitam a extinção da punibilidade pelo pagamento A Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, conforme o Art. 2º, extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nesta lei quando o agente promover o recolhimento do tributo devido, antes de ter início, na esfera administrativa, a ação fiscal própria”. Entretanto, como era previsto em lei a extinção da punibilidade somente antes do recebimento da denúncia, o recolhimento do tributo devido, não se tornava eficiente. Assim como a Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, em seu Art 14, “Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos nos Arts, 1º a 3º quando o agente promover o pagamento de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia”. - 7 - Posteriormente revogado pela Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991, uma vez que também não estava atingindo a finalidade pretendida pelo estado. O posicionamento do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), conforme trechos extraídos de acórdãos. “O pagamento integral pago em única vez é regulado pelo artigo 9º parágrafo 2º da Lei 10.684 de 2003. Conforme excerto do Recurso Ordinário Em Habeas Corpus 117.173 – DF de relatoria do Ministro Luiz Fux julgado em 18/02/2014, também reconhece a possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamento nos termos da Lei 10.684/03:[...] O pagamento integral do crédito tributário constitui causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do artigo 9º, § 2º, da Lei 10.684/03. Precedentes: HC 84.965, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 11.04.12; HC 93.351, Segunda Turma, Relator o Ministro Eros Grau, DJe de 1º.07.09; HC 89.794, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 10.08.07 [...]. Complementa o Ministro Dias Toffoli ao julgar o Habeas Corpus 116.828 São Paulo em 13 de agosto de 2013, que o pagamento do tributo devido a qualquer tempo, resulta na extinção da punibilidade. O pagamento integral de débito – devidamente comprovado nos autos - empreendido pelo paciente em momento anterior ao trânsito em julgado da condenação que lhe foi imposta é causa de extinção de sua punibilidade, conforme opção político-criminal do legislador pátrio. Precedente. Entendimento pessoal externado por ocasião do julgamento, em 9/5/13, da AP nº 516/DF-ED pelo Tribunal Pleno, no sentido de que a Lei nº 12.382/11, que regrou a extinção da punibilidade dos crimes tributários nas situações de parcelamento do débito tributário, não afetou o disposto no § 2º do art. 9º da Lei 10.684/03, o qual prevê a extinção da punibilidade em razão do pagamento do débito, a qualquer tempo. O Superior Tribunal de Justiça, conforme constam nas jurisprudências, alterou seu entendimento referente a extinção da punibilidade pelo pagamento do débito tributário observando a Lei 10.684/2003, passando a admitir a extinção da punibilidade pelo pagamento do débito mesmo depois do recebimento da denúncia. 3.4 O crime de descaminho O crime de descaminho, que está previsto no artigo 334º do Código Penal Brasileiro, refere-se a um ato ilícito que é a fraude que busca evitar o pagamento devido de impostos, http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.383-1991?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.383-1991?OpenDocument https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027059/lei-12382-11 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10597241/artigo-334-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 - 8 - referentes a entrada ou saída de mercadoria , nas quais são permitidas no Brasil, mediante pagamento dos devidos tributos. O crime de descaminho se consuma quando ocorre a fraude, se desviando do fisco, e não realizando o pagamento do imposto, a fraude também ocorre pela qualidade e quantidade do produto. Por ser crime comum, tem como sujeito ativo qualquer pessoa, e sujeito passivo o Estado, é consumado no momento da entrada ou saída da mercadoria. Conforme o Código Penal Brasileiro o artigo 334º, que trata do crime de descaminho tem a seguinte redação: Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. O crime de descaminho alcança o sujeito que iluda no todo ou em parte o pagamento imposto devido. A ação penal é pública incondicionada, conforme a súmula 151 do STJ, ação penal é competência da Justiça Federal “a competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens.” 4 ANÁLISE E RESULTADOS Através da análise dos conteúdos mencionados, pode-se chegar aos objetivos esperados, citando as medidas despenalizadoras que são, a transação penal, a suspensão condicional do processo, sendo estas acordos propostos pelo Ministério Público para o http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10597241/artigo-334-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 - 9 - possível infrator, a suspensão da pretensão punitiva do Estado pelo parcelamento e a extinção da punibilidade através do pagamento do valor integral devido. Com a possibilidade da extinção da punibilidade pelo Estado após o pagamento, pode se garantir a proteção ao erário, logo, enfatiza a importância da aplicação dessa medida para a proteção tributária do Estado. 5 CONSIDERAÇÕES Através desteartigo foi possível conhecer as possibilidades nas quais são aplicadas as medidas despenalizadoras, enfatizando-o a nos crimes de descaminhos, tendo em vista aprimorar os conhecimentos relacionados a crimes tributários, de modo a entender o objetivo final do pagamento do tributo devido, ou seja, proteger a receita tributária do Estado. Por meio do conteúdo apresentado foi possível concluir que a aplicação das medidas despenalizadoras nos crimes de descaminhos visam priorizar o pagamento do tributo devido, sendo a aplicação da punição um fator menos relevante, uma vez que o Estado através da arrecadação do tributo, busca garantir a manutenção de uma sociedade equilibrada e organizada. É através da arrecadação dos tributos que o Estado mantem a sua receita, e vai financiar o Estado, mantendo o bom funcionamento da máquina pública, através da realização de benfeitorias de uso comum para a sociedade. A aplicação das medidas despenalizadoras são consideradas eficientes no crime de descaminho, uma vez que beneficia a arrecadação tributária do Estado e favorece a manutenção da economia. É importante citar que a extinção da punibilidade não se caracteriza com um fator que possibilita a prática do descaminho, mas sim busca conscientizar o possível infrator, sendo o pagamento uma forma de punição. Considerando que o crime de descaminho é um crime de natureza tributária, no qual a sua prática vai de encontro aos interesses da Fazenda Pública, o qual, é arrecadar tributos para formar sua receita, considerando que, uma vez o tributo não foi recolhido, o descaminho reduz a arrecadação, logo, com o pagamento do tributo devido, extingue-se a punibilidade no crime de descaminho. - 10 - Dessa forma, as alterações na lei e a jurisprudência, levam ao entendimento que é mais eficiente ao Estado recolher o tributo a qualquer tempo, sendo anterior ou posterior ao recebimento da denúncia, do que apenas punir o indivíduo no crime de descaminho. Sendo assim, é admissível o pagamento do tributo em qualquer momento, extinguindo a punibilidade do estado para com o infrator, considerando para tanto o crime de descaminho. REFERÊNCIAS BITENCOURT, Cezar Roberto. Crimes Contra a Ordem Tributária. E-Book. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 22. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF. Senado Federal. 1988 BRASIL. Decreto lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940.Código penal. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm> Acesso em: 26 setembro de 2019. BRASIL. Jurisprudência_24974578. Dispõe sobre a sonegação fiscal e o trancamento da ação penal. Disponível em:<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24974578/recurso- ordinario-em-habeas-corpus-rhc-117173-df-stf/inteiro-teor-113784767>. Acesso em: 27 setembro de 2019. BRASIL. Lei 5.172/66. Código Tributário Nacional-CTN. Vade Mecum. 6ª edição. JUSPODIVM, 2019. BRASIL. Lei 4.729 de 14 de julho de 1965. Define o crime de sonegação fiscal e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950- 1969/L4729.htm> Acesso em: 24 setembro de 2019. BRASIL. Lei 8.137 de 27 de dezembro de 1990. Dispõe sobre os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm> Acesso em: 27 agosto de 2019. BRASIL. Lei 10.684 de 30 de maio de 2003. Dispõe sobre legislação tributária ,parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.684.htm> Acesso em: 22 setembro de 2019. BRASIL. Lei 13.800 de 26 de junho de 2014. Dispõe sobre a nova redação ao art. 334 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal e acrescenta-lhe o art. 334- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24974578/recurso-ordinario-em-habeas-corpus-rhc-117173-df-stf/inteiro-teor-113784767 https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24974578/recurso-ordinario-em-habeas-corpus-rhc-117173-df-stf/inteiro-teor-113784767 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.684.htm - 11 - A. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato2011- 2014/2014/Lei/L13008.htm> Acesso em: 17 setembro de 2019. BRASIL. Súmula 151 do STJ – Dispõe sobre A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho. Disponível em <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/831547/sumula-151-do-stj. Acesso em: 17 setembro de 2019. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 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