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artigo A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO COMO MEDIDA DESPENALIZADORA NO CRIME DE DESCAMINHO

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A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO COMO MEDIDA 
DESPENALIZADORA NO CRIME DE DESCAMINHO 
Edivanira Vidal Medeiros 1 
Rui Machado Junior 2 
 
Resumo: O presente artigo traz resultados de um estudo bibliográfico referente a extinção da punibilidade 
pelo pagamento como medida despenalizadora nos crimes de descaminho, sendo uma medida que o Estado 
dispõe para viabilizar o ressarcimentos aos cofres públicos, visto que os prejuízos decorrentes desses ilícitos 
reduzem a arrecadação tributária. Assim, o estado criou normas que visam isentar a punição penal aos 
infratores desses ilícitos, a exemplo o crime de descaminho previsto no Art. 334 do Código Penal(CP), esse 
benefício de extinção da punibilidade é previsto em lei, evoluindo historicamente buscando trazer melhores 
resultados quanto a guarda do bem jurídico tutelado. Deste modo, temos a Lei 4.729/65 (sonegação fiscal), lei 
8.137/90 (crimes contra a ordem tributária), lei nº 9.430/96 (legislação tributária federal), a lei 10.684/03 (altera 
a legislação tributária, e dispõe sobre parcelamento de débitos), lei nº 13.008/2014 que dá nova redação ao art. 
334 do Decreto-Lei nº 2.848/40 - CP, que estabelece um marco limite para o pagamento do débito, o 
recebimento da denúncia, e posteriormente admitindo o pagamento do débito a qualquer momento. O 
objetivo desse estudo é abordar as possibilidades da extinção da punibilidade pelo pagamento integral, trazendo 
a possibilidade da extinção da punibilidade no crime de descaminho, inclusive o pagamento feito após o 
recebimento da denúncia. Cabe ressaltar que, tais resultados foram importantes e contribuiram no 
entendimento do pagamento como medida despenalizadora no crime de descaminho, alcançando, assim, a 
finalidade de ressarcir os cofres públicos. 
Palavras chave: Crimes tributários, medida despenalizadora, descaminho. 
 
Abstract: This article presents the results of a bibliographic study referring to the extinction of the 
punishment for payment as a decriminalizing measure in misconduct crimes, being measure that the State has 
to make possible the reimbursement to the public coffers, since the damages resulting from these illicits reduce 
the tax collection. . Thus, the state has created rules that aim to exempt the criminal punishment of offenders 
of these offenses, such as the misdemeanor crime provided for in Article 334 Penal Code (CP), this benefit of 
extinction of punishment is provided by law, historically evolving to bring best results regarding the custody 
of the protected legal property. Thus, we have Law 4,729 / 65 (tax evasion), Law 8,137 / 90 (crimes against 
the tax order), Law 9,430 / 96 (federal tax law), Law 10,684 / 03 (amending tax law, and providing debt 
installment payment), Law 13.008 /14 that rewrite art. 334 Decree-Law 2,848 / 40 - CP, which establishes 
limit mark for the payment the debt, the receipt of the complaint, and subsequently admitting the payment of 
the debt at any time. The aim of this study is to address the possibilities of extinction of punishment for full 
payment, bringing the possibility of extinction punishment the crime of misleading, including payment made 
after receipt of the complaint. It is noteworthy that such results were important and contributed to the 
understanding of payment as a decriminalizing measure in the crime of misconduct, thus achieving the purpose 
of compensating the public coffers. 
Keywords: Crimes, decentralizing measure, misleading 
 
1 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Estácio, Licenciada em Educação Física pelo IFRR, Bacharel em 
Educação Física pelo Claretiano, Especialista em Ergonomia, Psicopedagogia em Gestão: Orientação e Supervisão 
Escolar. e-mail: e_vanimedes@hotmail.com 
2 Professor Orientador: Rui Machado Junior. Professor Direito Financeiro e Tributário do curso de Graduação do Centro 
Universitário Estácio da Amazônia – Especialista em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG – 
Mestrando em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania pela UERR – Escrivão de Polícia Federal. 
 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.430-1996?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.008-2014?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.008-2014?OpenDocument
mailto:e_vanimedes@hotmail.com
 
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1 INTRODUÇÃO 
Os estudos sobre a aplicação da medida despenalizadora através do pagamento no 
crime de descaminho, visam reduzir os danos causados ao Estado por meio dos tributos nos 
quais deixam de entrar nos cofre públicos. Esses tributos surgem a partir de um fato gerador, 
ou ainda de uma atividade específica relativa ao contribuinte. 
Assim, o Código Tributário Nacional Brasileiro(CTN), no artigo 3º, conceitua tributo 
como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, 
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada, ou seja, é uma obrigação que o estado impõe, a pessoas 
físicas e jurídicas, objetivando o recolhimento de valores para o Estado formar a sua receita. 
A temática desse estudo refere-se as possibilidades nas quais o Estado busca para 
proteger a arrecadação do tributo de modo a não comprometer sua receita, uma vez que esta 
receita garante o bom funcionamento do Estado e protege o disposto na Constituição Federal 
referente aos direitos individuais que favorecem diretamente a vida do indivíduo, assim como 
os coletivos. 
Justifica-se este estudo pela necessidade de esclarecer o que vem a ser as medidas 
despenalizadoras nos crimes tributários, a sua aplicabilidade e eficiência, na extinção da 
punibilidade, a partir dessas informações, responder ao seguinte questionamento: Como as 
medidas despenalizadoras podem ser aplicadas no crime de descaminho? 
Deste modo, o objetivo geral deste estudo é verificar a possibilidade da aplicabilidade 
das medidas despenalizadoras nos crimes tributários e os objetivos específicos são: identificar 
quais são essas medidas despenalizadoras; apontar as possibilidades de extinção do tributo pelo 
pagamento; e enfatizar a importância dessas medidas para a proteção tributária do Estado. 
Para melhor entendimento da leitura, este artigo divide-se em cinco partes. Na 
primeira, encontra-se a fundamentação teórica quanto os crimes contra a ordem pública 
tributária; na segunda, traz os aspectos quanto as medidas despenalizadoras; a terceira enfocará 
na extinção da punibilidade pelo pagamento, a evolução histórica das leis de que tratam dos 
crimes tributários, já na quarta parte trata do crime de descaminho e a última parte refere-se as 
considerações finais. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Contribuinte
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Tribut%C3%A1rio_Nacional
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moeda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei
 
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2 PERCURSO METODOLÓGICO 
A metodologia adotada para este estudo, foi a pesquisa bibliográficas, segundo 
Diehl (2004) “a escolha do método se dará pela natureza do problema”, considerando os 
objetivos esperados com o desenvolvimento desse artigo, a pesquisa bibliográfica é a mais 
favorável, uma vez que traz conteúdos já existentes sobre o assunto, incluindo a consulta em 
Leis e pressuposto sobre a arrecadação tributária, de modo a desenvolver e acrescentar 
informações sobre o tema abordado. 
 
A pesquisa bibliográfica é então feita com o intuito de levantar um 
conhecimento disponível sobre teorias, a fim de analisar, produzir ou explicar 
um objeto sendo investigado. A pesquisa bibliográfica visa então analisar as 
principais teorias de um tema, e pode ser realizada com diferentes finalidades. 
(CHIARA, KAIMEN, et al.,2008). 
 
A partir do estudo bibliográfico, pode-se chegar ao resultado esperado com a pesquisa, 
traçandoum comparativo, entre o objetivo de estudo, sua evolução e atual situação em que esta. 
3 DENVOLVIMENTO 
3.1 Crimes contra a ordem pública tributária 
A lei 8.137/90 define os crimes contra a ordem pública tributária, econômica e contra 
as relações de consumo, classificados como crimes materiais, visto que resultado é a efetiva 
supressão ou redução do tributo devido. 
 
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, 
ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes 
condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades 
fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, 
ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido 
pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de 
venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - 
elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva 
saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, 
nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou 
prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com 
a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
 
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Conforme os entendimentos de Cezar Roberto Bitencourt, com uma visão 
patrimonialista, nos crimes conta a ordem pública tributária, “o objeto jurídico tutelado vem 
a ser o patrimônio da Fazenda Pública, mais especificamente o erário público”, arrecadação 
e a receita tributária, a proteção ao patrimônio público, busca garantir a administração pública 
e suas relações sociais e econômicas. 
Segundo José Alves Paulino a definição de crimes tributários se dá a partir do 
momento em que Lei nº 8.137/90 define como crimes contra a ordem tributária. 
 
Aquelas condutas ou crimes que afrontam o chamado “sistema” de órgãos e 
instituições preservadores da “ordem tributária”, coletivamente, dos direitos 
e deveres dos contribuintes, e não a infração tributária cometida por 
contribuinte que, em tese, teria deixado de recolher ou pagar tributo devido 
à Fazenda Nacional (PAULINO, 1999, p.2) 
 
No crime de ordem tributária, o sujeito ativo é o contribuinte, uma vez que este esta 
diretamente ligado ao fator gerador do tributo, e o Estado é o sujeito passivo em sentido amplo, 
incluindo todas as unidades federativas. 
 
3.2 Definição de medidas despenalizadoras 
Medidas despenalizadoras são meios que o estado busca para não punir o acusado 
por cometer um ato ilícito, protegendo a liberdade deste indivíduo, e buscando a celeridade 
na recuperação dos tributos, a exemplo de medidas despenalizadoras, mais especificamente 
em crimes tributários, tem a transação penal e a suspensão condicional do processo que são 
formas de acordos entre o Ministério Público e o possível infrator, a suspensão da pretensão 
punitiva do Estado pelo parcelamento e ainda a extinção da punibilidade através do 
pagamento do valor integral do débito tributário devido. 
 
Conforme define Luiz Flávio Gomes, medidas despenalizadoras são: 
Medidas despenalizadoras são aquelas que afastam a pena, logo incidem na 
punibilidade. A Lei nº 9.099/95, que regulamentou os Juizados Especiais no 
âmbito estadual, dispõe sobre algumas medidas despenalizadoras para as 
infrações penais de menor potencial ofensivo, quais sejam: a) composição 
civil (reparação de dano e consequente extinção da punibilidade) b) 
transação penal c) suspensão condicional do processo d) exigência de 
representação para a lesão leve e culposa.( GOMES, 2019) 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103291/lei-de-crimes-contra-a-ordem-tribut%C3%A1ria-lei-8137-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
 
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De acordo com Danillo Vilar. 
Não é por outra razão que, atualmente, tem sido travada intensa discussão 
acerca da legitimidade e eficácia do sistema punitivo vigente, notadamente 
pelo baixo índice de prevenção, em que o presídio é considerado uma escola 
do crime, de forma que o papel desempenhado pela sanção tem se revelado, 
constantemente, inverso ao proposto (PEREIRA,2019). 
 
A transação penal é um exemplo de medida despenalizadora, prevista na 
lei 9.099/1995 e que pode ser aplicada em crimes de menor potencial ofensivo, buscando a 
não instauração do processo, no qual é proposto um acordo entre o suposto autor e o 
Ministério Público, nesses casos é extinta a punibilidade, se for cumprido o acordo conforme 
previsto. 
Ainda como medida despenalizadora há a suspensão condicional do processo, 
ou sursis processual, que é uma medida despenalizadora cabível, também em crimes de menor 
potencial ofensivo, nas qual a pena máxima não ultrapasse um ano. Esta medida é aplicada após 
iniciada o processo, e está prevista na Lei 9.099/95, no art. 89: 
Art 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 
um ano, abrangidas ou não por esta lei, o ministério público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a 
suspensão condicional da pena. 
A suspensão condicional do processo ocorre quando o Ministério Público, apresenta 
uma proposta de acordo para ser apresentada ao réu após o seu recebimento. Para aqueles que 
interpretam o art. 399 do Código do Processo Penal (CPP) como norma que autoriza o 
contraditório antes mesmo da instauração do processo, a aceitação da proposta poderia 
anteceder o referido ato. A Suspensão Condicional do Processo por ser uma medida 
despenalizadora que não gera o reconhecimento de culpa nem antecedentes criminais. 
Através da lei 10.684 de 30 de maio de 2003, incrementando a política que incentiva 
a busca pela regularidade fiscal, assim como a arrecadação de tributos, especificamente no art. 
9 da referida lei, foi instituído o parcelamento especial, o qual beneficia o contribuinte por 
parcelar a dívida devida, e ao estado por recuperar seus impostos, benefício possível mesmo 
após o recebimento da denúncia, como disposto em seu texto: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641518/artigo-399-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
 
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Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes 
previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos 
arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – (CP), 
durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos 
aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. 
§ 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da 
pretensão punitiva. 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a 
pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos 
débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
 
 
O direito tributário, possui como sanção típica, a multa, logo, uma vez que o 
contribuinte paga o valor do tributo devido, o Estado é ressarcido, tendo a finalidade a que se 
destina o tributo, e impedido o dano a Fazenda Pública. 
 
3.3 A extinção da punibilidade através do pagamento integral do débito nos crimes 
tributários 
 
Existem divergências quanto a extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo 
devido considerando o momento do pagamento, uma vez que o pagamento isenta o autor da 
punibilidade, este infrator poderia não mais pensar nas consequências do ato ilícito, uma vez 
que bastaria pagar o valor devido para esta isenta da pena, por outro lado a legislação tributáriaé falha e o pagamento como medida despenalizadora viria ao encontro dos interesses 
financeiros do Estado. Diante dessa possibilidade surgiram leis que possibilitam a extinção 
da punibilidade pelo pagamento 
A Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, conforme o Art. 2º, extingue-se a punibilidade 
dos crimes previstos nesta lei quando o agente promover o recolhimento do tributo devido, 
antes de ter início, na esfera administrativa, a ação fiscal própria”. Entretanto, como era 
previsto em lei a extinção da punibilidade somente antes do recebimento da denúncia, o 
recolhimento do tributo devido, não se tornava eficiente. 
Assim como a Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, em seu Art 14, “Extingue-se a 
punibilidade dos crimes definidos nos Arts, 1º a 3º quando o agente promover o pagamento 
de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia”. 
 
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Posteriormente revogado pela Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991, uma vez que também 
não estava atingindo a finalidade pretendida pelo estado. 
O posicionamento do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), conforme trechos 
extraídos de acórdãos. 
“O pagamento integral pago em única vez é regulado pelo 
artigo 9º parágrafo 2º da Lei 10.684 de 2003. Conforme excerto do Recurso 
Ordinário Em Habeas Corpus 117.173 – DF de relatoria do Ministro Luiz 
Fux julgado em 18/02/2014, também reconhece a possibilidade da extinção 
da punibilidade pelo pagamento nos termos da Lei 10.684/03:[...] O 
pagamento integral do crédito tributário constitui causa de extinção da 
punibilidade do agente, nos termos do artigo 9º, § 2º, da Lei 10.684/03. 
Precedentes: HC 84.965, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar 
Mendes, DJe de 11.04.12; HC 93.351, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Eros Grau, DJe de 1º.07.09; HC 89.794, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Gilmar Mendes, DJ de 10.08.07 [...]. 
 
Complementa o Ministro Dias Toffoli ao julgar o Habeas Corpus 116.828 São Paulo 
em 13 de agosto de 2013, que o pagamento do tributo devido a qualquer tempo, resulta na 
extinção da punibilidade. 
 
O pagamento integral de débito – devidamente comprovado nos autos - 
empreendido pelo paciente em momento anterior ao trânsito em julgado da 
condenação que lhe foi imposta é causa de extinção de sua punibilidade, 
conforme opção político-criminal do legislador pátrio. Precedente. 
Entendimento pessoal externado por ocasião do julgamento, em 9/5/13, da 
AP nº 516/DF-ED pelo Tribunal Pleno, no sentido de que a Lei nº 12.382/11, 
que regrou a extinção da punibilidade dos crimes tributários nas situações 
de parcelamento do débito tributário, não afetou o disposto no § 2º do 
art. 9º da Lei 10.684/03, o qual prevê a extinção da punibilidade em razão 
do pagamento do débito, a qualquer tempo. 
 
O Superior Tribunal de Justiça, conforme constam nas jurisprudências, alterou seu 
entendimento referente a extinção da punibilidade pelo pagamento do débito tributário 
observando a Lei 10.684/2003, passando a admitir a extinção da punibilidade pelo pagamento 
do débito mesmo depois do recebimento da denúncia. 
 
3.4 O crime de descaminho 
O crime de descaminho, que está previsto no artigo 334º do Código Penal Brasileiro, 
refere-se a um ato ilícito que é a fraude que busca evitar o pagamento devido de impostos, 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.383-1991?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.383-1991?OpenDocument
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027059/lei-12382-11
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007345/par%C3%A1grafo-2-artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11007404/artigo-9-da-lei-n-10684-de-30-de-maio-de-2003
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98607/lei-10684-03
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10597241/artigo-334-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
- 8 - 
 
referentes a entrada ou saída de mercadoria , nas quais são permitidas no Brasil, mediante 
pagamento dos devidos tributos. 
O crime de descaminho se consuma quando ocorre a fraude, se desviando do fisco, 
e não realizando o pagamento do imposto, a fraude também ocorre pela qualidade e 
quantidade do produto. Por ser crime comum, tem como sujeito ativo qualquer pessoa, e 
sujeito passivo o Estado, é consumado no momento da entrada ou saída da mercadoria. 
Conforme o Código Penal Brasileiro o artigo 334º, que trata do crime de descaminho tem a 
seguinte redação: 
 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido 
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 
13.008, de 26.6.2014) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1o Incorre na 
mesma pena quem I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos 
em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe 
à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou 
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território 
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe 
ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de 
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2o 
Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma 
de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o 
exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho 
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
 
O crime de descaminho alcança o sujeito que iluda no todo ou em parte o pagamento 
imposto devido. A ação penal é pública incondicionada, conforme a súmula 151 do STJ, ação 
penal é competência da Justiça Federal “a competência para o processo e julgamento por 
crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da 
apreensão dos bens.” 
 
4 ANÁLISE E RESULTADOS 
Através da análise dos conteúdos mencionados, pode-se chegar aos objetivos 
esperados, citando as medidas despenalizadoras que são, a transação penal, a suspensão 
condicional do processo, sendo estas acordos propostos pelo Ministério Público para o 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10597241/artigo-334-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
 
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possível infrator, a suspensão da pretensão punitiva do Estado pelo parcelamento e a extinção 
da punibilidade através do pagamento do valor integral devido. 
Com a possibilidade da extinção da punibilidade pelo Estado após o pagamento, pode 
se garantir a proteção ao erário, logo, enfatiza a importância da aplicação dessa medida para a 
proteção tributária do Estado. 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES 
Através desteartigo foi possível conhecer as possibilidades nas quais são aplicadas as 
medidas despenalizadoras, enfatizando-o a nos crimes de descaminhos, tendo em vista 
aprimorar os conhecimentos relacionados a crimes tributários, de modo a entender o objetivo 
final do pagamento do tributo devido, ou seja, proteger a receita tributária do Estado. 
Por meio do conteúdo apresentado foi possível concluir que a aplicação das medidas 
despenalizadoras nos crimes de descaminhos visam priorizar o pagamento do tributo devido, 
sendo a aplicação da punição um fator menos relevante, uma vez que o Estado através da 
arrecadação do tributo, busca garantir a manutenção de uma sociedade equilibrada e organizada. 
É através da arrecadação dos tributos que o Estado mantem a sua receita, e vai financiar 
o Estado, mantendo o bom funcionamento da máquina pública, através da realização de 
benfeitorias de uso comum para a sociedade. 
A aplicação das medidas despenalizadoras são consideradas eficientes no crime de 
descaminho, uma vez que beneficia a arrecadação tributária do Estado e favorece a manutenção 
da economia. É importante citar que a extinção da punibilidade não se caracteriza com um fator 
que possibilita a prática do descaminho, mas sim busca conscientizar o possível infrator, sendo 
o pagamento uma forma de punição. 
Considerando que o crime de descaminho é um crime de natureza tributária, no qual a 
sua prática vai de encontro aos interesses da Fazenda Pública, o qual, é arrecadar tributos para 
formar sua receita, considerando que, uma vez o tributo não foi recolhido, o descaminho reduz 
a arrecadação, logo, com o pagamento do tributo devido, extingue-se a punibilidade no crime 
de descaminho. 
 
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Dessa forma, as alterações na lei e a jurisprudência, levam ao entendimento que é mais 
eficiente ao Estado recolher o tributo a qualquer tempo, sendo anterior ou posterior ao 
recebimento da denúncia, do que apenas punir o indivíduo no crime de descaminho. Sendo 
assim, é admissível o pagamento do tributo em qualquer momento, extinguindo a punibilidade 
do estado para com o infrator, considerando para tanto o crime de descaminho. 
 
REFERÊNCIAS 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Crimes Contra a Ordem Tributária. E-Book. São Paulo: 
Saraiva, 2013, p. 22. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. 
DF. Senado Federal. 1988 
 
BRASIL. Decreto lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940.Código penal. Disponível em:< 
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setembro de 2019. 
 
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