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238549193-Apostila-Classificacao-Das-Maloclusoes-Curso-Capacitacao

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CLASSIFICAÇÕES DAS 
MALOCLUSÕES 
 
OCLUSÃO NORMAL 
 
 Gustavo Brandão 
 
 
 
 
 
 
 Curso de Especialização em Ortodontia 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO________________________________________________ 
 
Desde a antiguidade, dentes mal posicionados trazem certos problemas para 
alguns indivíduos e tentativas para corrigir estas desordens datam de pelo menos 
1000 anos a.C. Aparelhos ortodônticos primitivos e surpreedentemente bem 
elaborados, foram encontrados nas escavações gregas e etruscas. A medida que 
a odontologia se desenvolveu nos séculos XVIII e XIX, um grande número de 
dispositivos para a "regularização dos dentes" e sistemas de classificação foram 
descritos por vários autores e utilizados esporadicamente por dentistas da época.
 O que chamamos hoje de oclusão normal já tinha sido descrito no século 
XVIII por John Hunter.1 Carabelli, na metade do século XIX, foi provavelmente 
aquele que primeiro descreveu um sistema de classificação anormal no 
relacionamento entre as arcadas dentárias superior e inferior. O termo mordida 
topo a topo e overbite, são na realidade derivadas do sistema de classificação de 
Carabelli. O termo Ortodontia (Orthodonsie) foi originado por um francês chamado 
Lefoulon, aproximadamente na mesma época em que o interesse por estes 
problemas tornavam-se comuns. 
Após 1850 apareceram os primeiros tratados que descreveram a ortodontia 
de maneira sistemática, o mais notável destes é o de Norman Kingsley - Oral 
Deformities . Kingsley influenciou significativamente a odontologia americana 
durante a última metade do século XIX. Apesar das suas contribuições e de seus 
contemporâneos, a ênfase da Ortodontia permaneceu no alinhamento dos dentes 
e na correção das suas proporções faciais, prestando-se pouca atenção à oclusão 
dentária. 
Muitos sistemas de classificação das maloclusões têm sido empregados 
dentro da ortodontia, alguns simples, outros bastante complexos, porém, todos 
buscando encontrar regras que venham definir um grupo de acordo com suas 
características semelhantes, além de buscar estabelecer critérios para 
diferenciação destes grupos entre si. Moyers, acredita que a razão para essa 
busca constante de um método preciso para a classificação dos casos deve-se 
não apenas às falhas dos sistemas de classificação já apresentados, mas também 
ao seu emprego incorreto. 
O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO________________________________ 
Definição: 
 O sistema de classificação é definido como um grupo de casos clínicos de 
características similares, que facilitam seu manejo. Não é um sistema de 
diagnóstico, um método para determinar o prognóstico ou uma forma de definir o 
tratamento (Moyers, 1979). 
Finalidade: 
 Razões tradicionais 
 Facilidade de Referência 
 Propósito de Comparação 
 Facilidade de Comunicação pessoal 
Quando Classificar 
 Um dos erros mais comuns é o de tentar rotular cada caso isoladamente. 
Não devemos nos precipitar para categorizá-los. A classificação imediata pode 
prejudicar a decisão final. Devemos estudar cuidadosamente a maloclusão, 
descreve-la em detalhes e, então, se possível, classificá-la. 
 Iremos abordar neste material, as classificações que usualmente são 
eferenciadas na prática clínica atual. 
CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE_______________________________________ 
 A publicação da Classificação de Angle (1989) foi um importante degrau no 
desenvolvimento da ortodontia pois 
 Substituiu a maioria dos tipos de classificação 
 Incluiu a primeira definição clara e simples de oclusão normal na dentição 
natural 
 A classificação de ANGLE é baseada na relação antero-posterior dos 
maxilares. Para ANGLE o primeiro molar superior permanente era fixo e 
estava invariavelmente na posição correta. 
ANGLE, afirmava que a arcada superior sendo fixa, serviria como base para 
determinar se o arco inferior estava em posição antero-posterior correta, além 
disso, considerou que os primeiros molares superiores permanentes fariam com 
os primeiros molares inferiores permanentes a “Chave de Oclusão”. 
Chave de Oclusão: “Ponta de cúspide mésio-vestibular do primeiro molar 
superior permanente oclui no sulco vestibular do primeiro molar inferior 
permanente”. 
 
 ANGLE descreveu a oclusão normal como sendo a chave de oclusão dos 
molares com o restante dos dentes posicionados na linha de oclusão, linha na 
qual os dentes devem estar em harmonia com relação à forma e função 
descrevendo uma curva parabólica e variando dentro dos limites normais, de 
acordo com a raça e o tipo do indivíduo: 
 Angle agrupou as maloclusões semelhantes em 3 grupos. 
 CLASSE I 
 CLASSE II, 1ª. e 2ª. divisões e subdivisões. 
 CLASSE III 
 
CLASSE I (Neutroclusão) 
 São englobados aqueles casos em que relação mésio-distal entre os 
primeiros molares permanentes está correta, ou seja, é o tipo de maloclusão em 
que a chave de oclusão está correta, porém os arcos estão relativamente mais 
curtos e reduzidos em tamanho. 
 Na maloclusão de classe I temos que: 
 A maloclusão está restrita às mal-posições dos dentes 
 Existe harmonia entre as arcadas 
 Há desarmonia entre volume dentário e volume ósseo. 
 
 
 
Fonte: 
 
 
 
 
Classe II (Distoclusão) 
Maloclusão de Classe I 
 
 São aqueles casos em que a arcada inferior se encontra em relação distal 
com a arcada superior (distooclusão). A cúspide mésio-vestibular do primeiro 
molar superior oclui no espaço entre a cúspide vestibular do primeiro molar inferior 
e a face distal da cúspide vestibular do segundo pré-molar inferior. 
 
 
 
 De acordo com a posição dos incisivos a maloclusão de Classe II é dividida 
em: 
 
 Divisão 1: Uma de suas características marcantes é a protrusão dos 
incisivos superiores que apresentam uma inclinação Axial-labial. A forma da 
arcada se assemelha à um “V”. 
 Divisão 2: São aqueles casos de classe II em que os incisivos superiores 
estão com inclinação axial vertical ou lingual. O arco superior geralmente 
apresenta-se achatado na região anterior, devido a inclinação excessiva 
dos incisivos centrais superiores. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
 
Subdivisão: Quando os molares de um lado apresentam relações de classe I e o 
outro lado em relação de classe II. Recebe a denominação de subdivisões direita 
ou esquerda, conforme a chave de oclusão de classe II esteja do lado direito ou 
esquerdo respectivamente. 
 
Maloclusão de Classe II - Divisão 1 
Maloclusão de Classe II - Divisão 2 
Classe III (Mesioclusão) 
 
 São aqueles casos em que o primeiro molar inferior encontra-se em posição 
mesial na relação com o primeiro molar superior. A cúspide mésio vestibular do 
primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide distal do primeiro molar 
inferior e a cúspide mésio-vestibular do segundo molar inferior. Também neste 
caso é usada a subdivisão quando existe um lado em chave de oclusão. 
 
 
 
 
 
Fonte: 
 
Classe III Subdivisão: A relação mesial do molar ocorre somente de um lado. 
 
 
 
SISTEMA DE SIMON___________________________________________ 
 
 No sistema de Simon os arcos dentários são relacionados com três planos 
antropológicos, baseados em pontos craniométricos. Os pontos utilizados: 
 Plano Orbital 
 Plano Sagital médio 
 Plano de Frankfurt 
 
 
Fonte: 
 
 
Relações antero-posteriores: baseadas no plano Orbital. 
 
Maloclusão de Classe III 
 Protração: Quando a arcada dentária ou parte dela está loclaizada mais 
anteriormente do que o normal em relação ao plano orbital. 
 
 
 
 
 Protração 
Fonte: 
 
 
 Retração: Quando a arcada dentéria ou parte dela, está colocada mais 
posteriormente que o normal em relação ao plano orbital. 
 
 
 
 Retração 
Fonte: 
 
Relações Médio Laterais: baseadas no plano sagital médio 
 
 Contração: Quando a arcada dentária ou parte dela está mais próxima do 
plano sagital médio do que onormal. 
 Distração: Quando a arcada dentária ou parte dela está posicionada mais 
distanciada do plano sagital médio que o normal. 
 
 
 
Desvios do plano sagital médio 
Fonte: 
 
 
Relações Verticais: baseadas no plano de frankfurt 
 
 Atração: Quando a arcada dentária ou parte dela está mais próxima do 
plano de frankfut que o normal 
 Abstração: Quando a arcada dentária ou parte dela está mais distante do 
plano de frankfurt que o normal. 
 
 
Desvios no plano de frankfurt 
Fonte: 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE LISCHER_______________________________ 
 A nomeclatura de Lischer para descrever as más posições dentárias 
individuais é a mais usada. Envolve somente a adiçÃo do sufixo “versão” à palavra 
indicadora da direção para a qual o dente desvia-se da posição normal. 
 
a) Mesioversão  Mesial à posição normal 
b) Distoversão  Distal à posição normal 
c) Linguoversão  lingual a posição normal 
d) Lábio ou vestíbuloversão  em direção ao lábio ou bochecha 
e) Infraversão  aquém da linha de oclusão 
f) Supraversão  Além da linha de oclusão 
g) Axiversão  Inclinação axial incorreta 
h) Giroversão ou Torsiversão  Rotação sobre os seu longo eixo 
i) Transversão ou Transposição  Alteração da ordem normal dos dentes no 
arco. 
Os termos podem ser combinados quando o dente assume uma má posição 
que apresente mais de uma variação da direção normal. 
 
 
Fonte: 
 
O CONCEITO DE PADRÃO______________________________________ 
 
 O uso do termo padrão na ortodontia já mereceu discussão específica. 
Moyers e cols(1979) afirmam que o conceito de padrão tem tanta importância na 
compreensão do crescimento facial, que justifica a correta definição da palavra e 
sua quantificação, com objetivo de eliminar a confusão semântica em torno de seu 
uso, incluindo a ortodontia e o crescimento facial. Os autores chegam a definição 
própria: “Um padrão é um conjunto de regras limitantes, quantitativas ou 
geométricas, atuando para preservar a integração de partes sob condições 
variadas ou em épocas diferentes. As limitações podem apresentar qualquer uma 
das diversas expressões formais: Transformações coordenadas, práticas de 
compromisso, mecanismos cibernéticos e compensações de vários tipos. 
Sugerimos que os padrões morfogenéticos e de crescimento sejam considerados 
com a mesma conotação. 
 
 Baseado nesse contexto, Capelloza Filho(2004) estabelece um novo conceito 
na classiificação das maloclusões, considerando o padrão de crescimento como 
fator etiológico primário, ampliando a classificação das maloclusões para além da 
relação molar e da posição dos dentes. 
 
 Dessa forma sugere a junção dos fatores crescimento, relação sagital entre 
maxila e mandíbula, com objetivo de estabelecer um conceito de padrão definido 
geneticamente e podendo ser identificada através de normas para diagnóstico que 
incluem a análise facial, análise cefalométrica e análise de modelos. 
 Nessa linha, encontram definidos: O Padrão I, II, III, Face Curta e Face 
Longa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Padrão I: O Padrão I é identificado pela normalidade facial. A má oclusão, 
quando presente, é apenas dentária não associada a qualquer discrepância 
esquelética sagital ou vertical. 
 
 
 
 
 
Padrão II: O Padrão II apresenta convexidade facial aumentada, em 
conseqüência do excesso maxilar, mais raro, ou pela deficiência mandibular. 
Normalmente, observa-se uma maxila com boa expressão na face, enquanto o 
terço inferior está deficiente e com a linha queixo-pescoço curta. Apresenta, 
usualmente, um ângulo nasolabial bom, associado ao sulco mentolabial marcado 
pela eversão do lábio inferior. 
 
 
 
Padrão III: No Padrão III a convexidade facial apresenta-se reduzida, resultando 
em um perfil reto ou mais raramente côncavo devido à deficiência maxilar, ao 
prognatismo mandibular ou à associação de ambos. O terço médio da face tende 
a parecer deficiente, mesmo que esteja normal, pois o excesso mandibular 
desloca para anterior o tecido mole da maxila, mascarando a leitura da projeção 
zigomática. O terço inferior da face tende ao aumento, principalmente no 
prognatismo e a linha queixo-pescoço apresenta-se normal nos deficientes 
maxilares ou em excesso nos prognatas. O sulco mentolabial encontra-se aberto, 
devido à verticalização compensatória dos incisivos inferiores. As maloclusões do 
Padrão III são emientemente esquelético e nem sempre apresentam uma relação 
molar de classe III. 
 
 
 
 
Padrão Face Longa: O paciente Padrão Face Longa é caracterizado pelo 
excesso na altura facial, resultando em ausência de selamento labial, excesso de 
exposição de dentes no repouso e de gengiva no sorriso. A convexidade facial 
desses pacientes está aumentada, a expressão maxilar é deficiente e a linha 
queixo-pescoço curta. O paciente Padrão Face longa tem deficiência na 
expressão sagital da maxila e da mandíbula, que apresentam direção de 
crescimento predominantemente vertical. Portanto, será todo o indivíduo que 
apresentar excesso do terço inferior da face, que torne o selamento labial ou a 
relação labial normal ou impossível. 
 
 
 
Padrão Face Curta: O paciente Padrão Face Curta é identificado pela 
deficiência nas dimensões verticais, lábios comprimidos, maxila com expressão 
adequada e excesso da linha queixo-pescoço, devido à rotação anti-horária da 
mandíbula. A convexidade do perfil está, normalmente, reduzida e o paciente 
apresenta pouca exposição dos incisivos superiores no repouso e no sorriso. 
 
 
 
QUADRO DEMOSNTRATVO: 
Padrão – Tipologia Facial – Maloclusão 
CL II, CL I, CLIIICL II, CL I, CLIIIBRBRÁÁQUIQUI
DESEQUILIBRADODESEQUILIBRADO
CL II, CLIII, CLICL II, CLIII, CLIDDÓÓLICOLICO
DESEQUILIBRADODESEQUILIBRADO
CL III, CL I, CL IICL III, CL I, CL II
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICO
CL II, CL I, CL IIICL II, CL I, CL III
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICO
CL I, CL II, CL IIICL I, CL II, CL III
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICOPadrão I
Padrão II
Padrão III
Face Longa
Face Curta
CL II, CL I, CLIIICL II, CL I, CLIIIBRBRÁÁQUIQUI
DESEQUILIBRADODESEQUILIBRADO
CL II, CLIII, CLICL II, CLIII, CLIDDÓÓLICOLICO
DESEQUILIBRADODESEQUILIBRADO
CL III, CL I, CL IICL III, CL I, CL II
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICO
CL II, CL I, CL IIICL II, CL I, CL III
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICO
CL I, CL II, CL IIICL I, CL II, CL III
BRAQUI, MESO, DBRAQUI, MESO, DÓÓLICOLICOPadrão I
Padrão II
Padrão III
Face Longa
Face Curta
 
 
 
 
OCLUSÃO NORMAL______________________________________________ 
 
 A oclusão dental inegavelmente é o vasto capítulo da Odontologia, 
constituindo-se no alicerce sobre o qual se edifica a Ortodontia. Daí a necessidade 
de a estudarmos em todos os seus detalhes, variações e desenvolvimento. 
 Para diagnosticarmos as maloclusões, antes de tudo, precisamos ter uma 
visão mais completa possível da oclusão normal, quer na dentadura decídua, quer 
na permanente. Contudo, é necessário entender que na odontologia, e 
principalmente no estudo da oclusão o conceito de normalidade admite variações. 
Este fato nos leva a considerar que, embora o conceito de normal seja referido “ao 
mais freqüente, verifica-se que o desvio, mais ou menos amplo em torno da 
média, caracteriza a maior parte das oclusões estudadas. Portanto, é necessário 
que tracemos regras definidas para o estabelecimento de uma norma individual, 
em todas as etapas do desenvolvimento das dentições, abordando as 
características peculiares inerentes ao reconhecimento dos padrões de 
normalidade. 
 
DENTIÇÃO PERMANENTE e OCLUSÃO FUNCIONAL_____________ 
 A ortodontia está baseada no princípio da oclusão dentária normal, e tem 
como objetivos, ao final do tratamento, uma ótima saúde oral, estética facial 
agradável, boa função e estabilidade. 
 A oclusão normal na dentição permanente foi definida por Angle, em 1907, 
como sendo a oclusão caracterizada pelas relações normais dos planos inclinados 
dos dentes, baseado na relação molar, quando os maxilares estão ocluídos. Este 
mesmoaspecto oclusional estático foi aceito pela maioria dos ortodontista durante 
anos. STRANG, em 1943, considerou a oclusão normal como um complexo 
estrutural constituído pelos dentes e ossos maxilares, e caracterizado por uma 
relação normal dos planos inclinados dos dentes, que estão individualmente e 
coletivamente situados em harmonia arquitetônica com seus ossos basais e com a 
anatomia craniana, apresentando contatos proximais e posições axiais corretas, 
estando associados com o crescimento, desenvolvimento, localização e 
correlações normais de todos os tecidos e partes envolvidos. 
 ANDREWS, em 1972, publicou um artigo intitulado “As seis Chaves da 
Oclusão Normal”, no qual descreve as características comuns encontradas no 
estudo de 120 casos de oclusão normal que nunca haviam se submetido a 
tratamento ortodôntico. Este trabalho foi realizado porque contatou-se que os 
casos ortodônticos, até então, eram determinados subjetivamente, de acordo com 
os conceitos de cada ortodontista. As chaves da oclusão normal ficaram então 
determinadas pela: 
 I – Relação Inter-arcos 
 II – Angulação das Coroas 
 III – Inclinação das Coroas 
 IV – Ausência de Rotações 
 V – Contatos Interproximais Justos 
 VI – Curva de Spee. 
 
 Os resultados desta pesquisa passaram a ser consideradas como a meta 
“ideal” estática a ser obtida no final dos tratamento ortodônticos. 
 Estes conceitos estáticos e anatômicos por um bom tempo definiram a 
oclusão normal. ROTH (1976), realizou um trabalho para determinar se as seis 
chaves da Oclusão normal determinadas por Andrews, que definem o 
posicionamento dentário estático “ideal”, proporcionavam também uma oclusão 
funcionalmente ideal de acordo com os princípios gnatológicos vigentes. Os 
resultados demonstraram que quando as seis chaves são obtidas com a 
mandíbula em relação cêntrica, proporcionam uma oclusão também 
funcionalmente ideal. A partir de então estavam estabelecidos os definitivamente 
os critérios para a oclusão “ideal” estática e dinamicamente. 
 Os conceitos estáticos e anatômicos que por um bom tempo definiram a 
olcusão normal, cederam lugar a uma interpretação mais ampla e dinâmica, onde 
articulação temporomandibular, sistema muscular e função têm sido considerados. 
Uma oclusão normal significa algo mais que uma relação anatômica estática, haja 
vista que uma oclusão com uma aparência superficial de normalidade pode ser, de 
fato, anormal quando submetida a uma avaliação funcional. Nenhum fator sozinho 
deve ser considerado suficiente, mas todos devem ser analisados. 
 Uma oclusão funcionalmente equilibrada, estável, saudável e estéticamente 
atraente pode ser considerada normal, mesmo se pequenas alterações no 
posicionamento dentário estiverem presentes. A oclusão ideal pode ser 
considerada um conceito hipotético, sendo raramente encontrada na natureza, 
apesar disto, o ortodontista deve ter um padrão ideal como parâmetro para avaliar 
uma oclusão e até como um objetivo a ser alcançado com o tratamento. 
 A oclusão portanto não é uma relação de contatos estática, mas um 
sistema integrado por estruturas de suporte, articulação têmporo mandibular e um 
sistema neuromuscular. Um conceito prático de oclusão “funcional” ideal, que 
reconhece a relação existente na complexidade do sistema estomatognático, além 
de considerar os contatos dentais durante a mastigação e deglutição deveria servir 
de base para o diagnóstico e tratamento de todos os problemas ortodônticos. 
 No final da década de 70 surgiu o conceito de oclusão individual dinâmica. 
Este conceito se concentra na saúde e funcionamento do sistema mastigatório, e 
não numa configuração oclusal estática e específica. 
 Baseados nestas premissas, um resumo das condições oclusais funcionais 
pode ser estabelecido. As seguintes condições anatômicas e fisiológicas parecem 
ser as menos patogênicas para um grande número de pacientes por um período 
de tempo maior, assim, as seguintes condições parecem ser as mais desejáveis 
ao final do tratamento ortodôntico: 
 
1) Côndilos situados na posição ideal ou fisiológica, com coincidência de RC e 
MIH, ou seja, uma posição articular ortopedicamente estável ideal. Quando 
a boca se fecha, os côndilos estão na posição mais ântero-superior na 
fossa mandibular, apoiados nas vertentes posteriores das eminências 
articulares com os discos propriamente interpostos. Nesta posição há 
contatos homogêneos e simultâneos de todos os dentes posteriores. Os 
dentes anteriores também contatam, porém mais levemente do que os 
dentes posteriores. Quando uma forte contração dos músculos elevadores 
(sem interferências oclusais), a estabilidade articular ortopédica é mantida. 
Essa posição é considerada, portanto, a mais musculoesqueletalmente 
estável da mandíbula. 
2) Oclusão Mutuamente Protegida, onde em RC ocorrem contatos 
homogêneos de todos os dentes posteriores e contatos suaves nos dentes 
anteriores, e na protrusão, os contatos dentais são dirigidos pelos dentes 
anteriores, para desocluir todos os dentes posteriores imediatamente. 
3) Nos movimentos de lateralidade devem haver guias de contato do lado de 
trabalho (laterotrusivo) para desocluir o lado de balanceio (mediotrusivo) 
imediatamente, e a guia mais desejável é a fornecida pelos caninos. 
Existem alguns fatores para a consideração da desoclusão em canino ser 
mais favorável: 
a) O canino tem uma boa implantação radicular, capaz de 
tolerar maiores forças oclusais 
b) A raiz do canino tem uma maior área de superfície 
radicular comparado aos dentes adjacentes, o que 
proporciona uma melhor propiocepção. 
c) A forma da superfície palatal do canino superior é 
côncava, o que é favorável para guiar os movimentos 
laterais. 
 
4) Os dentes não interfiram com os movimentos mandibulares em quaisquer 
direções 
5) Contatos dentários promovendo carga axial das forças oclusais 
6) Na posição habitual, como para comer, os contatos dos dentes posteriores 
são mais pesados do que os contatos nos dentes anteriores. 
7) Dimensão Vertical estável. 
OKESON, (2000) 
 
 
 Quando revisamos as evidências detectadas pela maioria dos autores, 
podemos concluir que uma oclusão “ideal” deve englobar: 
 Harmonia neuromuscular 
 Estabilidade Oclusal 
 Saúde periodontal 
 Estética aceitável 
 Boa função mastigatória 
 Fonação normal 
 Ausência de hábitos parafuncionais 
 Ausência de evidências patológicas nas ATMs 
 Loads ocluais distribuídos no eixo axial dos dentes 
 Guia anterior adequada 
 Bom balanço bilateral 
 Tensão muscular mínima X máxima eficiência 
 Minimum dental wearing 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
Angle, EH. Classification of malocclusion. Dent Cosmos. 1899 
 
Moyers, RE. Ortodontia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984. 
 
Araújo, MCM. Ortodontia para Clínicos – Programa Pré Ortodôntico. São 
Paulo: Editora Santos; 3ª. ed, 1986. 
 
Capelozza Filho, L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press Editora, 
2004. 
 
Ferreira, FV. Ortodontia Diagnóstico e Planejamento Clínico. São Paulo: Artes 
Médicas, 1996. 
 
Okeson, JP. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. São 
Paulo: Artes Médicas; 4ª. ed, 2000. 
 
Paiva, HJ. Oclusão: Noções e Conceitos Básicos. São Paulo: Editora Santos; 
1ª. ed, 1997.

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