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Maria Beatriz Machado URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – AULA TEÓRICA 09 – CETOACIDOSE DIABÉTICA 1. INTRODUÇÃO Diabetes mellitus é uma doença caracterizada pela ocorrência de hiperglicemia crônica, que ao longo prazo promove lesões em orgão-alvo, podendo cursar também com descompensações metabólicas agudas. De acordo com a etiopatogenia, os fatores que contribuem para a hiperglicemia são: déficit de insulina e/ou resistência à insulina. 2. QUADRO CLÍNICO 2.1. DM TIPO 1 O DM tipo 1 clássico em geral acomete crianças ou adultos jovem e frequentemente tem início agudo. A sintomatologia inclui: Poliúria Polidipsia Polifagia Emagrecimento A complicação aguda mais comum é a cetoacidose diabética 2.2. DM TIPO 2 O DM tipo 2 costuma ser mais tardio. Muitas vezes quando é feito o diagnóstico da doença, o paciente já apresenta lesões em órgãos alvo ou complicações agudas. A complicação aguda mais comum é o estado hiperosmolar hiperglicêmico (ehh) 3. CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA Critérios diagnósticos de DM: Hemoglobina glicada >ou igual 6,5 % OU Glicemia de jejum superior 126 mg/dl OU Glicemia 2h após TOTG-75 > 200mg/dl OU Glicemia aleatória >200 mg/dl associado a sintomas de hiperglicemia. 4. COMPLICAÇÕES AGUDAS As principais causas de admissão em serviços de saúde dos pacientes diabéticos são: Cetoacidose Diabética (CAD) Estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) Média de idade: CAD: 33 anos EHH: 69 anos Maria Beatriz Machado 5. CETOACIDOSE DIABÉTICA 5.1. FISIOPATOLOGIA DA CETOACIDOSE DIABÉTICA Distúrbio metabólico grave causado pela deficiência severa de insulina. Caracteriza-se por: Hiperglicemia Acidose Produção excessiva de corpos cetônicos A cetoacidose diabética pode ser: Uma manifestação inicial de DM OU Descompensação de doença sabidamente existente Fatores predisponentes: Falta de insulina: Uso incorreto Primodescompensação Drogas: Corticoides Terbutalina Tiazídicos Fenitoína Álcool Cocaína Estados que induzem a resistência insulínica: Infecção IAM SIRS Pancreatite Trauma Pós-operatório Maria Beatriz Machado 5.2. QUADRO CLÍNICO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA Poliúria Polidipsia Polifagia Desidratação – Diurese osmótica: Taquicardia Hipotensão Fraqueza Perda de peso Alteração do nível de consciência Embaçamento visual Náuseas e vômitos Dor abdominal Taquipneia Respiração de Kussmaul: pH 7,0 – 7,2 Hálito cetônico Maria Beatriz Machado 5.3. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – IMPORTANTE!!! PROVA!!! Critérios: Glicemia > 250 mg/dl Presença de cetonemia Na ausência de cetonemia, considerar cetonúria AG (anion gap) > 10 (12*) [ Na – (Cl + HCO3) PH < 7,3 e Bicarbonato < 15 mEq/L Antes era 18 Menor que 15 precisa ficar na sala de emergência ou na semi-intensiva Quadro Clínico compatível Sempre solicitar também: Eletrólitos Não podemos iniciar insulina no paciente se não corrigirmos potássio Ureia e creatinina Pesquisa de foco infeccioso 5.4. TRATAMENTO Reposição volêmica: Fazer na 1ª hora: 1 a 1,5 L de SF 0,9% (15 – 20 ml/kg/h) Devemos ter cautela para infundir nos pacientes com maior risco de congestão pulmonar Hipotensão/normotensão Sódio sérico corrigido ≥ 135 mEq/L Administrar NaCl 0,45% 250 - 500 ml/hora (1 litro em 2 horas) Quando a glicemia atingir 250 mg/dL, devemos associar SG 5% à solução infundida (soro glicosado) SG 5% 1000 ml + NacL 20% 20ml 150 - 250 ml/h (1 L em 4 horas) até que atinja os critérios para desligar insulina em bomba Sódio sérico corrigido < 135 mEq/L Administrar NaCl 0,9% 250 - 500 ml/hora (1 litro em 2 horas) Quando a glicemia atingir 250 mg/dL, devemos associar SG 5% à solução infundida (soro glicosado) SG 5% 1000 ml + NacL 20% 40ml 150 - 250 ml/h (1 L em 4 horas) até que atinja os critérios para desligar insulina em bomba Choque hipovolêmico Administrar NaCl 0,9% 1L/hora até estabilização Maria Beatriz Machado Reposição de potássio (K): Administração de insulina: PRECISA DECORAR A DOSE DA INSULINA! K < 3,3 mEq/L Diurese presente Não administrar insulina Administrar 1 ampola de KCL 19,1% em 1 hora na solução de hidratação Verificar K de 1/1 h e se tiver aumentado, começar a administrar insulina K entre 3,3 e 5 mEq/L Diurese presente Administrar insulina Administrar 1 ampola de KCL 19,1% para cada litro de solução de hidratação Verifiar K de 2/2 horas K > 5 mEq/L Administrar insulina Não ofertar K Verificar K de 2/2 horas Insulina regular Endovenosa: 0,1 UI/kg/hora Redução da glicemia < 50 mg/dL Dobrar a dose de insulina Redução da glicemia entre 50 e 70 mg/dL Manter a infusão Redução da glicemia > 70 mg/dL Reduzir a infusão em 50% Quando a glicemia atingir 250 mg/dL, devemos associar soro glicosado 5% (SG 5%) à solução infundida Verificar de 1/1h até atingir os critérios para suspender insulina em bomba de infusão contínua (BIC) na cetoacidose diabética: - Glicemia < 200 mg/dL e DOIS dos seguintes: - Ph > 7,3 - Bicarbonato ≥ 18 - Ânion Gap ≤ 12 Antes de desligar a bomba de infusão contínua de insulina regular, vamos alterar para insulina subcutânea Maria Beatriz Machado Reposição de bicarbonato: OBS: A dra disse que já deu uma questão em que uma paciente que tinha ido passar o carnaval no rio Paranapanema, e tinha esquecido seus kits de insulina. Ela deu entrada no hospital consciente e orientada, taquicárdica, taquipneica, e com hálito cetônico, e tínhamos que introduzir a insulina em bomba de infusão (não precisava corrigir o potássio, porque já estava bom), deixa-la em jejum, etc. 6. ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO O estado hiperosmolar hiperglicêmico é uma descompensação típica do paciente com DM tipo 2. Para que essa complicação ocorra é necessário que o paciente tenha: Hiperglicemia e ingesta inadequada de líquidos. Os fatores precipitantes em ordem de ocorrência são: 1. Processo infeccioso 2. AVC 3. IAM 4. Uso de drogas 5. Diarreias 6. Vômitos 6.1. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Critérios diagnósticos: Glicemia > 600 mg/dL Osmolaridade > 320 mOsm/kg. Bicarbonato > 15 mEq/l (18*) Ph > 7,3 Ausência de corpos cetônicos ou cetonúria leve Fórmula da osmolaridade: Osm = 2 x Na+ + Glicemia/18 A dra já deu questão onde precisávamos calcular a osmolaridade 7. TABELA PARA AJUDAR A DIFERENCIAR CETOACIDOSE DIABÉTICA E ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR Cetoacidose diabética PH < 6,9 Reposição de bicarbonato: 100 ml de NaHCO3 8,4% + 400 ml de água destilada EV em 2h até o Ph se tornar > 7 Maria Beatriz Machado 8. EXEMPLO DE PROVA Paciente do sexo feminino, 45 anos, 100kg, 1,58m, IMC 40, deu entrada no Pronto Socorro com quadro de astenia de início há 3 semanas, com piora gradativa. Relata ainda ter dor abdominal de moderada intensidade, mal localizada, sem fatores de melhora ou piora, nega febre, nega diarréia, nega vômitos. Notou que tem apresentado poliúria e polidipsia. AP: obesa, sedentária, tabagista. Nega outras comorbidades. Nega uso de medicação de uso Anion Gap: Na - (Cl +HCO3)
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