Buscar

A HISTÓRIA DA CLASSE HOSPITALAR NO MUNDO E NO BRASIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1.1 A HISTÓRIA DA CLASSE HOSPITALAR NO MUNDO E NO BRASIL
As classes hospitalares começaram a se desenvolver a partir das primeiras décadas do século XX, durante o período entre guerras, com as crianças mutiladas e impossibilitadas de ir à escola. Em 1935, Henri Sellier, inaugura na França a primeira escola para crianças inadaptadas nos arredores de Paris, incluindo atendimento de crianças com tuberculose (OLIVIERA,2013). Em 1939 é inaugurado o Centro nacional de Estudos e formação Para a Infância Inadaptadas de Suresnes – CNEFEI- com o objetivo de formar professores (com duração de dois anos) para trabalhar em institutos especiais e em hospitais. O CNEFEI já formou mais de mil professores, isso faz com que a França tenha em seus hospitais públicos 4 docentes: 2 para ensino fundamental e 2 para o ensino médio (OLIVEIRA,2013,27687). Atualmente há uma Carta Europeia dos Princípios da Criança hospitalizada do Parlamento Europeu.
A respeito da trajetória brasileira se inicia em 1950 no Hospital Municipal de Jesus, no Rio de Janeiro, porém não tinha vinculação alguma com a Secretaria da educação. O que aconteceu é que os profissionais na área da saúde observaram a necessidade cognitiva que as crianças internadas por longos tempos apresentavam e então começaram a realizar ações educativas por conta própria. Em 1960, o Hospital Barata Ribeiro no Estado também do rio de Janeiro implementou as aulas para crianças hospitalizadas, contando com uma professora específica. Foi também neste ano que os profissionais que dirigiam os dois Hospitais buscaram junto a Secretaria de Educação a regulamentação da Pedagogia Hospitalar, porém o reconhecimento de modalidade educacional veio apenas em 2002.
A denominação Classe Hospitalar aparece como acompanhamento didático ao ser hospitalizado, para que não ocorra uma defasagem no ensino regular do educando e consecutivamente um atraso cognitivo por conta de sua internação. Já a Pedagogia Hospitalar é o conjunto de ações pedagógicas que beneficiam o aprendizado do aluno/paciente, ou seja, uma modalidade está inserida na outra. 
1.2 BASES LEGAIS DA PEDAGIGIA HOSPITALAR (Uma atenção especial do pedagogo)
A educação e a saúde são elementos fundamentais de transformações sócias que visam o desenvolvimento do mundo em que se vive. A preocupação do governo em aspectos que envolvem tanto a educação quanto a saúde, diz respeito exatamente ao desenvolvimento social da população e são as leis que dispõe os direitos e deveres de cada pessoa, fundamentando os projetos existentes. 
Os educadores devem pesquisar constantemente sobre os direitos e deveres dos cidadãos, para exercê-los e ensinarem aos seus alunos, fazendo com que eles se tornem educando críticos e conscientes.
Se tratando de crianças hospitalizadas, é necessário que se pense em todos os aspectos que envolvem uma situação de hospitalização infantil.
Uma situação de enfermidade carrega junto de si circunstâncias complexas que devem ser tratadas com destreza por todas as pessoas que estão diretamente ligadas a esta condição. 
É u momento na vida no qual o ser doente se encontra perdido em dúvidas e fragilidades e por este motivo devem-se destinar ações integradas que auxiliem e não excluam estas pessoas da sociedade e de suas próprias vidas.
Beneficiar o cidadão adoentado através de bases legais é mais do que tratar o corpo doente, é realizar um conjunto de ações que visem à melhora por completo do ser humano, ou seja, não só o físico como também o psíquico e todas as suas relações.
A criança ou adolescente que se encontra privada de seu ambiente escolar por adoecer e consecutivamente estar hospitalizada, faz valer seus direitos legais contidos na legislação vigente que assegura o direito à educação e saúde, continuando a ter um acompanhamento escolar.
A Lei 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, nos arts.3º e 4º afirma que: 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
 Fundamentais inerentes à pessoa humana sem prejuízo da proteção
Integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
 outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em 
condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL, ECA 1990; Art .3º)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e 
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, 
á liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIl,ECA 1990 Art.4º)
O Estatuto da Criança e Adolescente vem para tornar legítimo o que deve ser assegurado para crianças ou adolescentes, direitos essenciais como a saúde e educação.
As leis são uma forma de garantir os direitos, e tratando-se de especificamente crianças e/ou adolescentes hospitalizados, o Poder Público dispõe através destas leis, garantias que beneficiam direta ou indiretamente o tratamento e o contexto integral dos pacientes.
Quando ocorre um afastamento da criança em seu cotidiano, por motivo de hospitalização, costumes e rotinas como ir à sua escola de origem são modificados, então elas são tomadas por um forte impacto e tendem a passar por momentos de confusão com a nova rotina, o que pode prejudicar seu estado físico e emocional e é no amparo das leis educacionais que poderá resgatar um pouquinho de seu mundo. 
A Lei n.9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação – LDB é um dispositivo legal que assegura o direito das crianças e jovens à Educação e compreende-la é fundamental aos educadores comprometidos. No capitulo V da LDB, encontra-se à Educação Especial, que tem como uma das modalidades a Classe Hospitalar, e è no Art.59 o respaldo quanto aos direitos educacionais desta classe: 
Art.59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com 
	Necessidades especiais: 
 I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o 
Nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude
de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o 
programa escolar para os superdotados;... 
(BRASIL,LDB,1996 Art.59)
As crianças ou adolescentes devem ser tratados dignamente e quando adoentados a humanização torna-se palavra chave, devendo ser exercida nos processos que os envolvem. 
Através do Art.59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o paciente tem garantias quanto à continuação à educação, mesmo debilitado e fragilizado.
A carência de aprendizagem pode acarretar na exclusão da criança ou adolescente a um de seus direitos fundamentais, e cabe ao governo fazer valer estas respectivas leis para uma melhor qualidade de vida ao doente que vise “reascender” seu desenvolvimento cognitivo. 
Quando se fala em bases legais, encontra-se também a Resolução do Conselho Nacional de Educação, CNE/CEB n. 2/01, instituindo as Diretrizes Nacionais para a Educação especial na Educação Básica. Esta trata no art.13 de especificidades do atendimento educacional à criança hospitalizada, esclarece o dever dos sistemas de ensino e da saúde para com o atendimento especial aos alunos adoentados.
 A atenção Pedagógica em ambiente hospitalar legitima direitos com profissionais da área da saúde, possibilita um efeito amenizador no tratamento do paciente, ou seja, diminui o afastamento brusco do cotidiano e das tarefas antes exercidas como de costume pela criança/adolescente. 
1.3 O CONTEXTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA 
A hospitalização acontece quando ocorre uma enfermidade em que a pessoa necessita de atenção integral, exigindo cuidados especiais como um âmbito hospitalar adaptado para seu tratamento. 
A internação faz com que o paciente seja retirado bruscamente de seu ambiente natural, bem como sua rotina, podendo ocasionarinsegurança, estresse e momentos de ansiedade. Tratando-se de crianças se faz necessário que a atenção seja redobrada, pois seu ritmo habitual é modificado forçadamente e a mesma ainda não consegue ter noção clara de que a hospitalização acontecerá para o benefício de seu tratamento.
Tratar um ser humano doente envolve muito mais do que medica-lo ou fazer curativos. Os cuidados devem suprir também outras necessidades como, por exemplo, dar condições de realizar algumas tarefas que faziam antes da situação apresentada. 
Cabe ao pedagogo ajudar à criança/paciente a entender o processo de internação e buscar ferramentas educativas que auxiliem na compreensão do mesmo. Não se trata de realizar um trabalho de psicólogo, mas reinserir a criança no meio educacional de modo que a mesma consiga suprir a falta cognitiva que ela poderia apresentar por sua doença.
Buscar uma melhor qualidade de vida a estas pessoas é importante para amenizar o sofrimento dos pacientes e colaborar para a não exclusão delas em seus contextos integrais.
Deve-se manter uma atenção especial aos pacientes, sem que olhem apenas a enfermidade e sem que os rotulem pelas patologias clínicas. 
Os profissionais envolvidos com uma estrutura hospitalar, não devem esquecer jamais que primeiramente ali se encontram pessoas, cidadãos de direito, pequenos cidadãos que encontram enormes desafios pela situação vivente. 
A criança que realiza um acompanhamento escolar em um hospital diminui seus medos e fantasias aterrorizadas quanto à sua internação. Faz com que seu novo cotidiano que possivelmente será de caráter temporário seja um pouco mais parecido com o anterior à sua doença, compreende melhor esta passagem e neste momento delicado de sua vida não deixará uma lacuna cognitiva no paciente. 
1.4. FORMAÇÃO DOS PROFESSORES 
A formação de professores e exercício da educação em diferentes contextos educativos requer, além de aspectos técnicos, formativos, muita sensibilidade e olhares atentos dos professores às necessidades dos educandos. É preciso também que os professores desenvolvam a escuta sensível a partir das histórias de vida dos sujeitos que trabalham, pois, em sua maioria, são histórias de exclusão social e de relações desastrosas com as escolas regulares e seus professores. Mas isso não é uma regra, pois muitos alunos no hospital ressentem-se de ficarem ausentes da escola e do seu universo. Nos últimos anos no Brasil, o Estado tem procurado investir na democratização do ensino e na necessidade da discussão do atendimento à diversidade cultural, social e econômica dos alunos. As redes públicas estão procurando cumprir o seu papel em relação à promoção dos direitos educacionais. Todavia, na maior parte dos cursos de formação dos professores das instituições de Ensino Superior, os diferentes espaços educativos ainda são pouco contemplados. Quando esses espaços estão incluídos nos currículos dos cursos, aparecem somente como disciplinas optativas, e nos últimos anos. O descaso em relação a essas práticas educativas também se faz presente quando as Universidades não consideram os diferentes contextos educativos como campo de estágio para os acadêmicos. Outros aspectos a serem apontados também se referem às orientações dos trabalhos finais de conclusão de curso, as monografias dos últimos anos, nas quais os acadêmicos são desestimulados a escrever sobre esses novos cenários educacionais por desconhecimento de muitos professores universitários sobre essas novas demandas e das múltiplas produções acadêmicas que vêm sendo desenvolvidas. Nos programas de pós-graduação em Educação do país também existem poucos professores dispostos a orientar essa temática. Nesse sentido, é preciso pensar até quando os cursos de formação de professores vão continuar fechando os olhos em relação a essas novas demandas e os novos cenários educacionais. A educação nesses cenários emergentes requer olhares apurados sobre suas cenas. Seus atores e protagonistas principais – professores, educadores, crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade social – deparam-se com uma infinidade de projetos educacionais expressivos e com resultados animadores quanto à ressignificação da escola para muitas crianças e adolescentes que não apresentaram experiências prazerosas com as mesmas. Entretanto, não se pode desconsiderar que, embora os professores estejam realizando trabalhos de extrema relevância, muitas pessoas ainda desconhecem essas realidades e não as legitimam como práticas educativas efetivas.
O que é preciso destacar é que os professores desses diferentes contextos educativos no Brasil estão procurando atender um direito primordial das crianças e adolescentes: o direito à educação em qualquer condição de vida e circunstância. Esse aspecto me fez lembrar um Congresso de que participei recentemente em Cuba, apresentando um trabalho sobre práticas educativas de professores em hospitais (Paula, 2009), e me surpreendi quando a Ministra da Educação na abertura do Congresso de Pedagogia 2009 enfatizava que, quando Cuba sofreu as tempestades no país, os primeiros locais que foram reconstruídos foram as escolas, pois, para o povo cubano, as crianças não podiam ficar sem as escolas. A educação era prioridade do país e os professores se uniram, acolheram as crianças e seus familiares em suas casas e as comunidades ajudaram a reconstruir as escolas. Essa atitude do povo cubano em relação à educação nos leva a pensar na garantia do direito à educação para todas as crianças, independente de condição social, econômica, cultural, física e de etnia. Nesse sentido, é preciso cada vez mais lutar para que em nosso país todas as crianças tenham acesso à educação, a um sistema educativo de qualidade e a professores bem formados para atender a diversidade de crianças e adolescentes de nosso país. As escolas e os professores precisam estar presentes nas vidas dessas pessoas, nos locais mais diversos em que se fizerem necessários.

Outros materiais