Prévia do material em texto
Tema 05 – Intervenção Pedagógica para crianças com Discalculia Bloco 1 Tatiana dos Santos Avaliação e Intervenção Pedagógica W BA0249_v1_0 A discalculia é um problema causado por má formação neurológica que se manifesta como uma dificuldade no aprendizado dos números. Essa dificuldade de aprendizagem não é causada por deficiência mental, má escolarização, déficits visuais ou auditivos, e não tem nenhuma ligação com níveis de QI e inteligência. (KRANZ e HEALY, 2012) A discalculia do desenvolvimento é um problema de ordem neuropsicológico por meio do qual o sujeito não consegue compreender as relações de quantidade, espaço, distância, ordem e tamanho. Alterações na percepção e raciocínio espacial. Alterações na percepção e raciocínio temporal. Alterações na memória de dados. Dificuldades na execução de cálculos, mas com raciocínio lógico preservado. Discalculia - Transtorno de Aprendizagem na Matemática Transtorno congênito (contexto neurológico) com persistência das alterações até idade adulta. Operações aritméticas acentuadamente abaixo da esperada para a idade cronológica, à inteligência e à escolaridade do aluno. Confusão para conceitos numéricos ou incapacidade para contar corretamente. Discalculia - Transtorno de Aprendizagem na Matemática Ligados a diferentes habilidades prejudicadas: • Habilidade linguística: compreender ou nomear termos, operações ou conceitos matemáticos e transpor problemas escritos em símbolos matemáticos; • Habilidade perceptual: reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos e conjuntos. Bases Neuropsicológicas Cálculo envolve: • Processamento verbal e/ou gráfico da informação. • Percepção. • Reconhecimento e produção de números. • Representação número/símbolo. • Discriminação visuoespacial. • Memória de curto e longo prazo. • Raciocínio sintático. • Atenção. Lentidão extrema da velocidade de trabalho (tabuada decorada, sequência decoradas). Problema com orientação espacial: não sabe posicionar os números de uma operação na folha de papel, gasta muito espaço ou faz contas “apertadas” num cantinho da folha. Dificuldades em efetuar operações básicas (soma, subtração, multiplicação, divisão). Dificuldade de memória de curto prazo (tabuada - muita carga para a memória -, fórmulas). Discalculia: como identificar? Dificuldades persistentes e frequentes com números, confundindo operações aritméticas. Inabilidade para identificar qual maior/menor entre dois números. Dificuldade mental para estimar a distância ou medidas de objetos. Inabilidade para apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas e sequências matemáticas. Discalculia: como identificar? Dificuldades com tabelas de tempo, aritmética mental, etc. Dificuldade para se localizar no espaço e com tempo conceitual, passagem do tempo. Dificuldades para organizar tarefas diárias, ler relógios analógicos. Inabilidade para compreender planejamentos financeiros, estimar custos, incluir orçamentos. Discalculia: como identificar? Menos dificuldades com temas que requerem mais lógica do que fórmulas. Dificuldade em lidar com grande quantidade de informação de uma vez só. Confusão de símbolos ( = + - : . < >). Dificuldade para entender palavras usadas na descrição de operações matemáticas, como “diferença”, “soma”, “total”,” conjunto”, “casa”, “raiz quadrada”. Discalculia: como identificar? Alguns problemas associados com a discalculia provêm das dificuldades com processamento de linguagem e sequência, característicos da dislexia. O aluno pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está intacto. Porém, tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas e enunciados. Ela é capaz de compreender a matemática representada simbolicamente ( 3+2=5 ), mas é incapaz de resolver “Maria tem três balas e João tem duas. Quantas balas eles têm no total?” Discalculia: como identificar? Tema 05 – Intervenção Pedagógica para crianças com Discalculia Bloco 2 Tatiana dos Santos Avaliação e Intervenção Pedagógica Equipe multidisciplinar Profissional do AEE Neurologista Psicopedagogos Quem deve fazer o diagnóstico Verbal: Dificuldade em nomear as quantidades. Practognóstica: Dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens, matematicamente; Léxica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos. Ideognóstica: Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos. Aspectos da discalculia observados no momento da mediação Os professores podem desenvolver a sua intervenção pedagógica seguindo alguns princípios didáticos, por exemplo: • Elaborar proposições/atividades claras e diretas, reduzindo ao mínimo o número de considerações; O que o professor pode fazer? • Rever os limites de tempo de realização das atividades propostas, procurando com frequência retomar os objetivos da atividade para certificar-se que o aluno compreendeu o que se solicita; • Fornecer elementos diversos para que o aluno visualize o problema proposto utilizando desenhos, gravuras e esquemas; O que o professor pode fazer? O que o professor pode fazer? • Atentar e conhecer os processos específicos de aprendizagem que o aluno utiliza, a fim de entender como ele organiza o pensamento para resolver os problemas; • Permitir o uso de calculadora, esquemas, tabuadas; • Fornecer suportes de escrita organizados, tais como papel quadriculado; • Propor jogos lógicos; O que o professor pode fazer? • Estimular a argumentação para estimular o raciocínio; • Organizar o ensino usando situações e materiais concretos, já que este manuseio estimula conexões neurais; • Dialogar com o aluno de forma privativa sobre as suas dificuldades e colocando-se a disposição para ajudá-lo. DIFICULDADES MANIFESTAÇÕES Dificuldade na identificação de números O aluno pode trocar os algarismos 6 e 9, 2 e 5, dizer dois quando o algarismo é quatro. Por isso, é importante considerar que: [...] as noções de números elementares de 0 a 9 (habilidade léxica), a produção de novos números elementares (habilidades sintáxicas), noções de quantidade, ordem, tamanho, espaço, distância, hierarquia, cálculos com as quatro operações e raciocínio matemático sejam trabalhadas primeiramente segundo Johnson e Myklebust (1991), como experiências não verbais significativas (CECATO, 2008, p.146). Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca Dizer o número a uma velocidade e expressar, oralmente, em outra. Escassa habilidade para contar compreensivamente “Decorar” rotina dos números, ter déficit de memória, nomear de forma incorreta os números relativos ao último dia da semana, estações do ano, férias. Dificuldade na compreensão dos conjuntos Compreender de maneira errada o significado de um grupo ou coleção de objetos. Dificuldades x Manifestações Dificuldade na conservação Não conseguir compreender que os valores 6 e 4 + 2 ou 5 + 1 se correspondem; para eles, somente significam mais objetos. Dificuldade no cálculo O déficit de memória dificulta essa aprendizagem. Confusão na direcionalidade ou apresentação das operações a realizar. Dificuldade na compreensão do conceito de medida Não conseguir fazer estimativas acertadas sobre algo quando necessitar dispor das medidas em unidades precisas. Dificuldade para aprender a dizer as horas Aprender as horas requer a compreensão dos minutos e segundos e o aluno com discalculia quase sempre apresenta problemas. Dificuldades x Manifestações Dificuldade na compreensão do valor das moedas Tem problemas na aquisição da conservação da quantidade em relação à moedas, por exemplo: 1 moeda de 25 = 5 moedas de 5. Dificuldade na compreensão da linguagem matemática e dos símbolos Adição, subtração, multiplicação, divisão, +, -, x, ÷. Dificuldade em resolverproblemas orais: o déficit de decodificação e compreensão do processo. Dificuldade em resolver problemas orais O déficit de decodificação e compreensão do processo leitor impedirá a interpretação correta dos problemas orais. Dificuldades x Manifestações “[...] importante que o professor, ao iniciar o trabalho com alunos discalcúlicos, proporcione intervenções pedagógicas visando o resgate da autoestima e da autoimagem desse aluno” (BERNARDI, 2006, p.31).