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25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 1/13 Psicologia Judiciária Aula 9: Aspectos psicológicos dos métodos de resolução ou gestão de con�itos INTRODUÇÃO A Psicologia como ciência que estuda os processos mentais e o comportamento traz importantes contribuições para a compreensão dos aspectos emocionais envolvidos no con�ito, desde sua formação até a solução. Desse modo, analisaremos os efeitos do con�ito sobre o psiquismo das pessoas e como isso re�ete nas suas funções psíquicas e em seus comportamentos. Qualquer que seja a estratégia para lidar com os con�itos, os sujeitos envolvidos experimentam fortes emoções e, com frequência, podem deparar-se com soluções insatisfatórias sob o ponto de vista psicológico e econômico. Historicamente, a sociedade vem buscando novas formas de tratar as situações con�ituosas, aperfeiçoando e buscando novos métodos para lidar com essas questões. 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 2/13 Nesta aula, examinaremos o comportamento humano, apresentando várias perspectivas dentro da Psicologia, que podem levar a uma compreensão do con�ito, e analisaremos sua importância para os métodos de resolução ou gestão de con�itos. OBJETIVOS Identi�car as perspectivas psicológicas do con�ito. Compreender o processo de tomada de decisão. Examinar os métodos autocompositivos e suas características. 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 3/13 ENTENDIMENTO PSICOLÓGICO DO CONFLITO O surgimento do con�ito pressupõe um determinado clima social, que nos obriga a pensar se o con�ito é único ou vai se expandir no meio social em que se produziu. Além disso, uma série de condições são necessárias para a sua emergência. A ideia, trazida por Redorta (2007), de fonte do con�ito substitui de forma vantajosa a ideia de causa. Nascemos em con�ito com o meio e crescer pressupõe a resolução de inúmeros problemas. O con�ito está em nós, em nossas células, em nossos genes, em nosso desenvolvimento e nossa evolução. Desde cedo, necessitamos de interações para nos tornar humanos. Depois, nos convertemos em seres de grande complexidade por meio da cultura e nos tornamos, muitas vezes, imprevisíveis. Sendo assim, os con�itos podem desempenhar muitas funções: promover mudanças, exteriorizar emoções, colocar as pessoas em interação etc. Gra�camente, Redorta (2007) , expressa a função do con�ito da seguinte maneira: Sob a perspectiva da forma do con�ito podemos observar três níveis em qualquer con�ito. São eles: 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 4/13 Estrutura da ação con�itiva. REDORTA, J. Entender o con�ito. Barcelona: Paidós, 2007. p.90. 1. Comportamental – Normas e ações A ação está ligada ao primeiro nível do con�ito. Uma pessoa pode estar equivocada na sua forma de pensar, mas esse erro é irrelevante enquanto não se converter em ação e, mais tarde, em interação social. 2. Ideológico - Crenças e valores Em um segundo nível, encontramos na forma da estrutura do con�ito, as crenças e valores que fazem parte das pessoas. Eles afetam a forma como tomaremos as decisões e como decidiremos sobre ações alternativas. Na análise do discurso das partes em con�ito, devemos examinar quais são os valores que elas estão reforçando ou não. 3. Simbólico – Mitos e ritos Por último, em um plano superior e mais difícil de observar, encontramos os mitos e ritos que formam o nível simbólico dos con�itos. Um mito é algo inalcançável por de�nição. Em troca, a função do rito é manter o mito vivo. Os ritos são repetitivos e, em muitos casos, dependendo da importância do mito, tendem à solenidade. Sob a perspectiva do con�ito, os mitos e os ritos ativam, a longo prazo, as aspirações das partes, seus objetivos, que vão, por exemplo, desde recuperar a liberdade, pondo �m a um casamento, a abandonar um trabalho para buscar uma vida melhor no campo. A aparição de um con�ito com uma estrutura determinada de comportamentos, discursos e símbolos deve ser contextualizada em elementos de referência para que nos permitam interpretar a forma que adota o con�ito. Também é fundamental observar e re�etir sobre o signi�cado que o con�ito tem para cada uma das partes. Manejo das emoções nos con�itos Emoções, motivos e razões de suas ações Devemos examinar as emoções, os motivos e as razões presentes que levam os indivíduos às suas ações. Por exemplo, a intensidade das emoções nos dá uma ideia do que representa o con�ito para uma pessoa. Da mesma maneira que as características das emoções (medo, ansiedade, frustração etc.) nos informam os efeitos que esse con�ito tem nas relações interpessoais. Razões e explicações para o con�ito 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 5/13 Outra avaliação que deve ser realizada é a das razões e explicações para o con�ito. Tem sido muito útil entender como está colocada a responsabilidade de cada um dos sujeitos participantes e quais são as direções que explicam a interpretação destas ações. As expectativas marcam a orientação que as partes têm quanto ao que vai acontecer. O fracasso das expectativas gera frustrações, que podem aumentar o con�ito. Contexto no qual ocorre um con�ito Por �m, não podemos esquecer que o contexto no qual ocorre um con�ito tem alto signi�cado no conteúdo deste con�ito. Por exemplo, matar alguém em tempos de paz é um crime, no entanto, em tempos de guerra pode ser um ato de heroísmo. O contexto nos permitirá interpretar a comunicação e o signi�cado do con�ito. ASPECTOS PSICOLÓGICOS ENVOLVIDOS NAS TOMADAS DE DECISÕES Durante uma negociação para a solução de um con�ito, as partes envolvidas adotam várias decisões, mesmo que essa negociação seja breve. Frente à situação de tomar uma decisão, as pessoas podem adotar as seguintes atitudes: Evitar a decisão: propondo ou recorrendo aos outros para que decidam por ela. É a reação mais perigosa para a pessoa que a assume. Apegar-se ao passado: toma suas decisões em função do que ocorreu no passado. Con�ar na intuição. 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 6/13 Realizar um processo mental: analisa os dados disponíveis e elege a alternativa que considera a melhor, sem recorrer a nenhum método ou instrumento formal que auxilie o processo. Agir informalmente: toma notas, faz consultas, reúne informações, mas segue con�ando em suas habilidades intuitivas ou na experiência para selecionar a alternativa que julga a mais apropriada. Desenvolver um processo lógico e formal: utiliza diferentes instrumentos de análise, combinando habilidades intuitivas, técnicas e conceituais, com a �nalidade de chegar à uma decisão que ofereça a maior probabilidade de êxito. O esquema de decisão formal e lógico permite aumentar as possibilidades de êxito das decisões adotadas. Durante um processo de negociação podemos adotar diferentes decisões como: retroceder, permanecer na negociação ou propor um acordo. Desse modo, vários são os elementos que in�uenciam as decisões. Vamos destacar alguns: MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 7/13 Veri�caremos a seguir os métodos autocompositivos. São eles: Negociação | Conciliação | Mediação NEGOCIAÇÃO Fonte da Imagem: A negociação é um fenômeno muito antigo, usado pela humanidade. Quanto ao seu estudo, durante muito tempo, as abordagensacadêmicas e pro�ssionais �zeram a descrição da prática da negociação, ligada às áreas de atuação, como na diplomacia, no trabalho, na empresa, com diferentes metodologias e focos. A negociação é o meio através do qual as pessoas lidam com suas diferenças. Na verdade, negociar é buscar um acordo por meio de um diálogo. É importante perceber que a negociação está de forma permanente em nossas vidas. Negociamos com nossos pais, nossos �lhos, nossos companheiros, ou seja, tanto em nossa vida como no trabalho com nossa che�a ou nossos subordinados. Encontramos na literatura uma variedade de de�nições que conceituam o processo de negociação. Exemplos: Fisher; Ury; Patton (2005) (glossário) | Berley (1984) (glossário). Observamos três condições necessárias para que uma negociação ocorra: INTERESSES EM COMUM Fonte da Imagem: As partes devem ter interesses em comum: as partes preferem, em conjunto, certos resultados no lugar de outros. 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 8/13 INTERESSES CONFLITUAIS Fonte da Imagem: As partes devem ter interesses con�ituais: alguns dos resultados desejados são melhores para uma das partes e outros são melhores para a outra. COMUNICAÇÃO Fonte da Imagem: As partes devem ter possibilidade de comunicar entre si: para que exista a busca de um acordo, é necessário ter oportunidade de comunicar o que se oferece e o que se aceita. Atenção! Destacamos a importância da negociação colaborativa ou baseada em princípios, que chega a resultados justos, abordando os reais interesses dos envolvidos e, não, suas posições. É muito importante que você aprofunde seus conhecimentos sobre esta negociação e, para isto, indicamos o livro: Como chegar ao SIM, de Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton (2005). Para esses autores, quatro pontos fundamentais são necessários na negociação colaborativa: Separação das pessoas dos problemas; Foco nos interesses e não nas posições; Geração de opções de ganhos mútuos; Utilização de critérios objetivos. O mais importante na negociação colaborativa são os interesses. Podemos falar de solução nessa negociação, quando os reais interesses das partes são atendidos. 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182db… 9/13 CONCILIAÇÃO Veja a de�nição de conciliação, segundo o Novo Dicionário Aurélio Século XXI (1999): Conciliação: Ato ou efeito de conciliar(-se) ou a harmonização de litigantes ou pessoas desavindas. Do latim “conciliatio”, de “conciliare” (harmonizar, ajuntar), é o ato pelo qual duas ou mais pessoas se ajustam amigavelmente, pondo �m às suas divergências. Pode ser judicial (glossário) ou extrajudicial (glossário). Merece ser destacado, também, o conceito um pouco mais amplo construído por Maria Helena Diniz (2005), ensinando que conciliação é o: "Encerramento da lide feito pelas partes, no processo, por meio de autocomposição e heterocomposição daquela. É o método de composição em que um especialista em con�itos faz sugestões para sua solução entre as partes; não é adversarial e pode ser interrompida a qualquer tempo. Pressupõe transigência e é aplicável a todos os con�itos e a alguns na esfera penal, em pequenos delitos e contravenções." Analisadas a dimensão do con�ito e as partes nele envolvidas, a conciliação pode apresentar-se como o método e�caz para a sua rápida solução, que, em geral, se desenvolve em apenas quatro etapas: Na primeira, o conciliador esclarece às partes acerca do procedimento e as implicações legais do alcance do acordo. Na segunda, as partes manifestam suas posições e o conciliador, ouvindo-as e questionando-as sobre os fatos, deverá identi�car os pontos convergentes e divergentes da 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182d… 10/13 controvérsia, criando atalhos para a terceira etapa. Na terceira, são criadas as opções para a solução da lide, inclusive, se for o caso, com informações técnicas ou sugestões de terceiros, visando ao consenso ou ao fechamento do acordo. Na quarta e última, a redação do acordo/transação e sua assinatura. A conciliação, atualmente, é (ou ao menos deveria ser) um processo consensual breve, envolvendo contextos con�ituosos menos complexos, no qual as partes ou os interessados são auxiliados por um terceiro, neutro à questão, ou por um painel de pessoas sem interesse na causa, por meio de técnicas adequadas, a chegar a uma solução ou acordo. Desse modo, a utilização de técnicas adequadas na conciliação, como as ferramentas da mediação, pressupõe, na essência, que os pro�ssionais não se afastem dos princípios norteadores do disposto no Código de Ética da Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça, de 29 de novembro de 2010. MEDIAÇÃO O vocábulo mediação é oriundo do termo latim mediare, que signi�ca mediar, dividir ao meio ou intervir, colocar-se no meio, de acordo com Serpa (1999). De acordo com Highton e Alvarez (1996, p.122), a mediação... "... é um procedimento não adversarial, na qual um terceiro imparcial ajuda as partes a negociar para chegar a um acordo mutuamente aceitável. Consiste em um esforço estruturado para facilitar a comunicação entre os contrários, com o qual as partes podem voluntariamente evitar se submeter a um longo processo judicial - com o desgaste econômico e emocional que esse comporta - podendo acordar uma solução para o seu problema de forma rápida, econômica e cordial." 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182d… 11/13 O mediador atua exclusivamente como mediador. O que isso quer dizer? Na mediação, o mediador está eticamente impedido de exercer sua pro�ssão de origem, inclusive no que diz respeito a prestar esclarecimentos técnicos às partes. Caso essas informações sejam necessárias, os mediandos devem ser orientados a procurar um especialista naquela área. O mediador é imparcial, em relação aos mediandos e ao tema que está sendo tratado. Isso é fundamental para o estabelecimento da con�ança das partes no mediador e na mediação. Outra questão importante na técnica da mediação é a competência do mediador, que deve ser capacitado para que, dessa maneira, possa conduzir a mediação de forma satisfatória, zelando para manter a autonomia das partes e o protagonismo das mesmas. DIFERENÇAS ENTRE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO CONCILIAÇÃO 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182d… 12/13 Segundo Trindade; Trindade; Molinaro (2012), na conciliação, o terceiro envolvido propõe alternativas de resoluções, o que denota sua maior intervenção e responsabilidade para solucionar o con�ito. Embora o acordo jamais possa ser imposto, a participação do conciliador na composição do litígio é mais efetiva, mostrando às partes envolvidas possibilidades de se chegar a um consenso. É importante lembrar que a consensualidade dos envolvidos é inerente à conciliação. MEDIAÇÃO No que diz respeito à mediação, nota-se maior grau de empoderamento das partes que atuam de uma forma efetiva para solucionar o con�ito, �cando a cargo do mediador o papel de facilitador da negociação. As partes estão autodeterminadas e são responsáveis pela composição do litígio, o que naturalmente facilita a elaboração, aceitação e posterior cumprimento do acordo �rmado. Do mesmo modo, Moraes; Moraes (2012) a�rmam que na mediação, um terceiro, imparcial, auxilia as partes a chegar, elas mesmas, a um acordo entre si, por meio de um processo estruturado. Ainda sobre a diferenciação entre conciliação e mediação, Macedo Junior; Andrade (2011, p.48) a�rmam que "A diferença primordial é que a mediação é um método de colaboraçãoentre quem não quer �car em antagonismo, onde as próprias partes procuram o mediador para tentarem o acordo que evitará o processo judicial; enquanto a conciliação é um método de intermediação no sentido de convergir posições já antagonizadas, sendo parte de um processo judicial já existente." PDF Para ler mais sobre Mediação e Conciliação, clique aqui (galeria/aula9/docs/mediacao_conciliacao.pdf). ATIVIDADES Questão 1: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) - Analista Judiciário - 2014). Há uma cultura do litígio enraizada na sociedade, cuja tendência é resolver os con�itos de forma adversarial. Nessas circunstâncias, os denominados meios alternativos de resolução de con�itos apresentam especial importância, com destaque para a mediação, na medida em que possuem os seguintes objetivos, EXCETO: Aliviar o congestionamento do Judiciário. Promover a paci�cação social. Democratizar o acesso à Justiça. Promover a autocomposição da solução de controvérsias. Garantir a legitimidade dos ritos judiciais. Justi�cativa http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON866/galeria/aula9/docs/mediacao_conciliacao.pdf 25/03/2020 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1692973&courseId=14892&classId=1290063&topicId=3111151&p0=03c7c0ace395d80182d… 13/13 Glossário FISHER; URY; PATTON (2005) “Negociar é obter acordo de mútuo interesse e, se houver con�itos, adotar padrões corretos, sem considerar propostas puramente individuais”. BERLEY (1984) “Negociação é um processo, em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos se reúnem para confrontar e discutir propostas com o objetivo de alcançarem um acordo”. JUDICIAL Realizada em juízo. EXTRAJUDICIAL Realizada fora do juízo e diretamente entre as partes em desacordo.
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