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3Parentesco
DIREITO DAS FAMÍLIAS
Prof. Francesca Cosenza
__________________________________________________________________
O Direito da Família. 
Conceito. 
O direito de família é o conjunto de normas que regulam as relações familiares, como a sua constituição, validade, efeitos, relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações entre pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos assistenciais da tutela e da curatela.
Divisão. 
Direito das Famílias organiza-se em torno de três arcabouços temáticos: (a) direito matrimonial, atinente ao casamento, compreendidas sua celebração, efeitos, anulação, regime de bens e dissolução; (b) direito parental, concernente às relações de parentesco, filiação e adoção; e (c) direito protetivo ou assistencial, referente ao poder familiar, aos alimentos, à tutela e à curatela
Principais Fontes. 
Conforme já visto, o nosso direito de família sofreu grande influência do direito canônico, instituído pelos colonizadores lusos.
ORDENAÇÕES FILIPINAS:
Principal fonte impregnada com as influências do direito canônico.
Tratou-se uma compilação jurídica que resultou da reforma do código manuelino, elaborada a mando de Filipe I, promovendo a reforma das ordenações dentro de um espírito tradicional português, tendo sido mais tarde confirmada por D. João IV. 
As Ordenações Filipinas constituíram a base do direito brasileiro até à promulgação do Código Civil Brasileiro.
CÓDIGO CIVIL DE 1916:
O primeiro Código Civil nos chegou em 1916 e entrou em vigor em 1917. O Brasil já era República, contudo, sua população ainda vivia sob a égide da legislação portuguesa.
O Código Civil Brasileiro de 1916, tratava do conjunto de regras sobre a pessoa, a família e o patrimônio, descrevendo os direitos e deveres, como o direito de família, o direito das obrigações, dos contratos, a responsabilidade civil, o direito das coisas e, por fim, o direito das sucessões.
Como se pode verificar, o Código Civil disciplina as relações humanas no campo do direito privado. E, nesse sentido há de se ressaltar que as relações humanas mudam com o tempo acompanhando o desenvolvimento da sociedade, criando a necessidade de revisão dos antigos e ultrapassados conceitos que nortearam a elaboração do Diploma de Direito Civil de 1916, forçando à sua adequação às novas realidades sociais.
Atendendo à evidente mudança da sociedade e das relações sociais, a jurisprudência cumpriu com o seu papel pioneiro norteando e impulsionando novas regras que modificariam aquelas integrantes do velhusco diploma civilista. 
Porém, não seria tão fácil derrubar um Diploma tão robusto como o Código Civil, que levaria quase um século para mudar.
Pela reiterada resistência à reforma do Código Civil, surgiram diversas legislações tratando de assuntos disciplinados em seu texto, revogando suas disposições. Surgiram os MICROSSISTEMAS JURÍDICOS, que tinham a finalidade de estabelecer novas regras que se mostravam necessárias, merecendo destaque especial às leis que passaram a tratar dos interesses da família, como:
•	Decreto-Lei 3.200/41: regulamentou assuntos referentes à organização e proteção da família;
•	Decreto 24.559/41: instituiu a assistência e proteção das pessoas e dos bens dos psicopatas;
•	Decreto 9.701/46: regulamentou a guarda dos filhos menores em fase de desquite;
•	Lei 883/49: permitiu o reconhecimento de filhos por pessoas casadas, havidos fora do casamento, depois de dissolvida a sociedade conjugal;
•	Lei 1.110/50: regulou os efeitos civis do casamento religioso;
•	Lei 4.121/62: conhecido como o “Estatuto da Mulher Casada” trouxe profundas alterações nos direitos e no papel da mulher casada, dando nova redação aos artigos 6º, 233, 240, 242, 246, 248, 263, 269, 273, 326, 380, e 393 do Código Civil de 1916, conferindo à mulher casada o direito de escolher livremente a sua profissão e dispor do fruto de seu trabalho segundo seus interesses e reservando-lhes os bens adquiridos com a remuneração de seu trabalho;
•	Lei 6.015/73: Lei de Registros Públicos. Regulamentou o processo de habilitação e o registro do casamento, estabelecendo formas especiais de casamento em seus artigos 67 a 76;
•	Lei 6.515/77: Disciplinou os casos de dissolução da sociedade conjugal, tratando da separação e do divórcio;
•	Lei 6.697/79: Regulamentou a assistência, proteção e vigilância dos menores;
•	Constituição Federal do Brasil de 1988: 
Artigo 226: Assegurou à família a especial proteção do Estado, incluindo no termo “família” não só aquela formada pelo casamento, reconhecendo a União Estável e a Sociedade Monoparental como entidades familiares; 
- Artigo 226§ 5º: Igualou os direitos e deveres entre homem e mulher;
- Artigo 227: Estabeleceu a isonomia no tratamento entre os filhos dentro e fora do casamento além de igualar o tratamento dado aos adotivos;
•	Lei 7.841/89: modificou os artigos 36, parágrafo único, inciso I e artigo 40 da Lei 6.515/77;
•	Lei 8.069/90: Instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente; 
•	Lei 8.560/92: Regulamentou a Investigação de Paternidade dos filhos havidos fora do casamento;
•	Lei 8.971/94: Regulamentou a União Estável, cuidando dos direitos dos companheiros aos alimentos e à sucessão;
•	Lei 9.278/96: Regulamentou os direitos e deveres do homem e da mulher na união estável, prevendo a sua conversão em casamento, conforme estabelecido no artigo 226, § 3º da CF/88.
CÓDIGO CIVIL DE 2002:
Introduzido pela Lei 10.406/02, o novo Código Civil, abarcou todas as inovações apresentadas em leis especiais e pela Constituição, contudo já nasceu merecendo críticas e sofrendo modificações em seu texto e sofrendo revogações, podendo-se destacar, no direito de família, as leis:
·	Lei 11.804/2008 que disciplina o direito aos alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido;
·	Lei 11.698/2008, que inseriu a guarda compartilhada na legislação civil, alterando a redação dos arts. 1.583 e 1.584 do Código Civil;
·	Lei 12.004/2009 que revogou a Lei 883/1949, que regulava o reconhecimento dos filhos havidos fora do matrimônio, considerados ilegítimos;
·	12.010/2009 – Lei Nacional da Adoção.
FAMÍLIA:
CONCEITO: 
Diante da velocidade de evolução social que vivemos, torna-se cada dia mais difícil e complexa a tarefa de dar um contorno definido à noção de família.
Contudo, podemos definir de forma genérica a família como sendo o núcleo social primário constituído por um conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo consanguíneo e/ou civil, formando um organismo jurídico sem ser considerada uma pessoa jurídica, pois cada membro possui personalidade própria. 
NATUREZA JURÍDICA:
A família possui a natureza de Instituição Jurídica de direitos e deveres personalíssimos que se encontram dentro do ramo do direito privado, regido por normas de ordem pública, ou seja, cogentes, podendo sofrer intervenção estatal sempre que necessária devido à sua importância social. 
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA:
A FAMÍLIA COMO NÚCLEO SOCIAL PRIMÁRIO:
É através da família que conhecemos os primeiros conceitos de sociedade, ou seja, do grupo formado por marido e mulher unidos para a formação de uma sociedade pela qual irão unir seus esforços para a consecução de determinadas finalidades como a criação e educação dos filhos e a construção de patrimônio comum.
Analisando a célula familiar podemos verificar a presença dos poderes executivo, legislativo, judiciário e sacerdotal, exercidos pelo chefe de família, detentor do Poder Familiar, elaborando as regras de conduta, de orientação religiosa, determinando as tarefas domésticas, administrando os bens e determinando a conduta dos demais integrantes da família e impondo sanções em caso de descumprimento de alguma regra por qualquer ente familiar submetido ao Poder Familiar. 
EVOLUÇÃO HSITÓRICA:
Através de investigações sociológicas podemos encontrar várias referências da família em estágios primitivos.
Contudo, tais referências foram baseadas ora em análise de monumentos históricos, ora da observação de tribos primitivas,como as tribos indígenas da América, Polinésia e Africana, além da observação de agrupamentos étnicos atuais que ainda cultivam uma vida rudimentar ou quase selvagem, logo, tratam-se mais de teorias do que descrição de fatos.
FASE PRIMITIVA:
Na fase primitiva, os laços de união familiar teriam surgido instintivamente quando homem e mulher se aproximavam para o acasalamento.
PROMISCUIDADE ORIGINÁRIA:
Alguns historiadores relatam entidades familiares onde predominavam a promiscuidade primitiva, onde todas as mulheres pertenceriam a todos os homens.
Seguindo a linha dos que defendem a promiscuidade originária, encontram-se relatos dos tipos familiares “poligâmico”, onde um homem é casado com várias mulheres e “poliândrico”, através da união conjugal de uma mulher com vários homens. 
Atualmente podemos verificar em comunidades muçulmanas provas reais de poligamia, onde um homem é casado com várias mulheres, com as quais tem seus filhos, constituindo a sua grande família.
FAMÍLIA MONOGÂMICA:
Defendida por Ziegler, Stark, Darwin, dentre outros, é a que mais se coaduna com a idéia exclusivista do ser humano.
FAMÍLIA MATRIARCAL:
A família matriarcal teria a sua organização liderada pela mulher. Tal organização familiar é defendida por alguns historiadores como estágio obrigatório na evolução familiar.
Doutrinariamente encontramos muitas críticas e controvérsias quanto à existência da família matriarcal.
Seus críticos defendem a idéia de que as mulheres lideraram suas famílias, exercendo autoridade sobre os filhos de forma eventual, apenas por motivos de ausência temporária dos homens como na ausência por necessidades da caça ou em tempos de guerra. 
		
Westermark, baseia sua teoria sobre a família matriarcal pelos costumes observados em alguns grupos de primitivos atuais, onde a certeza da maternidade é colocada como elemento determinante das relações de parentesco, desprezando ou relegando ao plano secundário o parentesco na linha masculina. 
Cumpre lembrar que tais teorias pecam pelas afirmações generalizadas e pela falta de comprovação fática, pois foram baseadas na análises de monumentos históricos ou da observação de tribos primitivas.
FAMÍLIA PATRIARCAL:
Registros históricos, monumentos literários e fragmentos jurídicos comprovam a existência da família patriarcal desde as civilizações mediterrâneas, conforme relatos bíblicos e romanos, documentados em época anterior ao Código Decenviral até a Codificação de Justiniano.
FAMÍLIA ROMANA:
A estrutura da família romana exerceu forte influência nas organizações familiares ocidentais. Tratada como padrão institucional, influenciou de tal forma a família brasileira que, no século XIX, lhe era muito semelhante. 	
Família jure próprio: tratava-se do grupo familiar ou grupo de pessoas submetidas à autoridade única.
Família communi jure: tratava-se da união de pessoas pelo laço do parentesco civil paterno, ou agnatio, não importando se eram ou não descendentes. Este tipo de organização familiar não considerava o parentesco pelos laços familiares da mulher. O filho era considerado como pertencente à família patriarcal e como estranho à família materna.
Pater famílias: A família romana era estruturada sob o poder familiar do pater , patriarca sob cujas ordens se encontravam os seus descendentes e a mulher, que não possuía poder algum, ocupando posição análoga a de uma filha e nunca adquiria autonomia, pois passava da condição de filha à de esposa, não possuindo direitos próprios, podendo ser repudiada pelo marido através de ato unilateral.
O poder do pater era exercido não só sobre os filhos e a mulher, como também sobre os bens e escravos que lhe pertenciam. 
O termo família envolvia tanto a mulher (manus) e filhos (pátria potestas) como o conjunto de patrimônio e os escravos (domenica potestas) pertencentes a um único senhor.
O pater exercia o poder inerente ao chefe político, sacerdote e juiz ao mesmo tempo. 
Era ele quem dirigia a família, determinava e oficiava os cultos religiosos aos deuses domésticos e distribuía a justiça familiar, podendo exercer sobre os filhos o direito de vida e morte, o que poderia importar na imposição de pena corporal, venda e o poder de vida e morte.
O poder do Império Romano nasceu da ideia organizacional familiar, que mantinha seus laços unidos através da adoração aos deuses.
Seus membros se congregavam várias vezes ao dia em torno do altar doméstico, invocando e propiciando os deuses lares.
Com o passar dos tempos e a chegada de novas necessidades, as regras severas e o poder absoluto do pater famílias foram abrindo espaço para o casamento sine manu, onde a mulher não se tornava propriedade do marido e os filhos adquiriram direito de criar um patrimônio próprio e independente, construídos com os bens adquiridos como soldados em tempos de guerra (peculium castrense) ou através do exercício de suas atividades intelectuais, funcionais ou artistas (peculium quase castrensi) e ainda por outros bens adquiridos de formas diversas (peculium adventicium).
Ao tempo do Imperador Constantino, séc. IV, aconteceram as maiores mudanças na estruturação da família romana. 
A concepção cristã trouxe para o seio familiar preocupações morais e a inspiração do espírito da caridade.
A autoridade do pater famílias viu-se sacrificada em razão do crescimento do direito da cidade que, aos poucos, foi sobrepondo-se ao doméstico. 
Junto ao crescimento do Império Romano surgiu o Código de Justiniano, trazendo muitas inovações morais e humanas, contudo a família romana conservou-se autocrática, muito embora já se observasse a sua decomposição.
A FAMÍLIA MODERNA:
A nova concepção de família recebeu grande contribuição do direito germânico, calcando-se na espiritualidade cristã, reduzindo-se ao grupo familiar constituído pelos pais e filhos, assumindo cunho sacramental.
A organização autocrática romana foi perdendo espaço frente à organização democrático-afetiva, substituindo-se o princípio da autoridade para o espírito da compreensão e amor. 
O parentesco fundamentado pela vinculação política (agnatio) foi sendo substituído pelo vínculo do parentesco consanguíneo (cognatio).
O Novo Código Civil, atendendo as inovações introduzidas pela Constituição Federal de 1988, substituiu a terminologia “Pátrio Poder” que era exercido pelo chefe de família representado pela figura do marido ou pai pela expressão “Poder Familiar” que atualmente é exercido em conjunto pelos pais, mais como um dever do que um direito dos mesmos, pois encontra suas bases nos interesses da prole.
Outra inovação Constitucional que mereceu atenção especial do Novo Código Civil foi a equiparação dos direitos e deveres entre os cônjuges no âmbito das relações matrimoniais, esvaziando por completo a conteúdo da expressão Poder Marital.
Atualmente, os filhos podem adquirir bens, mesmo enquanto submetidos ao Poder Familiar, que serão administrados e usufruídos pelos pais enquanto não atingirem a maioridade civil.
São vários os significados de família definidos em nossa doutrina, como sendo, em sentido amplo, o conjunto de pessoas que descendem do mesmo tronco ancestral, em sentido mais estrito, como o conjunto de pessoas ligadas pelos laços da consanguinidade ou pelo parentesco civil, como o casal e filhos e em sentido um pouco mais amplo, como a família composta pelo casal e filhos mais os parentes sucessíveis (até o 4º grau) e os parentes ligados pelo laço da afinidade (sogros, enteados, cunhados).	
FAMÍLIA DEFINIDA PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002:
	
A família atual, em sentido estrito, constitui-se pela sociedade formada entre pais e filhos, que apresentam determinadas unidades de relações jurídicas como nome, domicílio e residência, além dos interesses materiais e morais comuns, sem adquirir a identidade de pessoa jurídica, visto que cada componente possui personalidade própria.
Desta forma, podemos identificar a família como sendo a reunião de pessoas unidas pelos laços civis e sanguíneos constituída por pais e filhos (naturais, matrimoniais ou não eos adotivos).
Em sentido mais amplo, a família estende-se aos parentes sucessíveis (colaterais até o quarto grau) e os parentes por afinidade como sogros, genros, noras, cunhados e enteados.
CLASSIFICAÇÃO DAS FAMÍLIAS:
Atualmente encontramos a classificação de família em duas categorias, as famílias constitucionais e as famílias não-constitucionais.
O artigo 226 da Constituição Federal de 1988 classifica a entidade familiar como aquelas constituídas através do Casamento, pela União Estável e aquela formada por mãe ou pai e seus descendentes (a família Monoparental).
Desta forma, as famílias não-constitucionais são aquelas que não foram contempladas pelo legislador, abrangendo todas as outras entidades familiares, como aquelas formadas por pessoas do mesmo sexo, as famílias socioafetivas e as famílias poligâmicas.
Por não terem sido contempladas pela Constituição Federal, as famílias não-constitucionais não encontram regulamentação através de leis ordinárias, tendo que recorrer ao judiciário para que lhes sejam reconhecidos direitos patrimoniais, assistenciais, sucessórios e previdenciários inerentes aos laços familiares.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
O esteio da família no Direito Romano e Grego, por grande período da Antiguidade e da Idade Média, não era pautado no afeto natural. A religião foi o principal elemento constitutivo da família antiga; a família era mais associação religiosa do que associação natural.
A união se dava pela religião do lar e o culto dos antepassados. Este dirigido pelo pater, em que se cultuavam os antepassados, a quem se oferecia oferendas. Por largo período de tempo na Antiguidade, família era um grupo de pessoas sob o mesmo lar, que invocava os mesmos antepassados.
A família romana assentava-se no poder incontrastável que o pater familias (pai) exercia sobre os filhos, a mulher e os escravos, poder absoluto de vida e de morte. Os filhos não se emancipavam, e a mulher jamais ascendia à posição de pater familias, mesmo que às vezes adquirissem a condição de sui juris (livre)
Em um segundo momento, a família foi erigida como um núcleo econômico e de reprodução. Na fase pré-industrial, o papel da família consistia no exercício de atividade produtiva, em que a casa, onde existia pequena oficina, era o centro da produção doméstica.
Essa situação reverteu-se somente com a Revolução Industrial. Com a industrialização, a família perde sua característica de centro de produção, perdendo seu papel econômico.
A estrutura unitária da família, fundada na autoridade do pai, com tais características políticas, econômicas e religiosas, ainda é em parte conservada em algumas legislações, mas sem a conotação do direito romano, visto que, sob a influência da Escola do Direito natural, seu cunho patriarcal e sua )nalidade política foram combatidas, proclamando-se a conveniência de organizá-la em bases igualitárias e de privá-la de qualquer função política. Desse modo, negou-se, também o caráter religioso do matrimônio e pugnou-se pelo enfraquecimento da autoridade paterna.
Assim, surge um novo modelo de família, baseada em valores morais, afetivos, espirituais e de assistência recíproca.
PRINCÍPIOS
Princípios Gerais:
- Dignidade da Pessoa Humana:
A dignidade da pessoa humana é um princípio formador de toda a base do Estado Democrático de Direito, tratado já no primeiro artigo de nossa Constituição em seu terceiro inciso, tendo como fim a promoção dos direitos humanos e da justiça social.
Segundo Maria Berenice Dias, a preocupação com a promoção dos direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a consagrar a dignidade da pessoa humana como valor nuclear da ordem constitucional. 
- Liberdade:
O princípio da liberdade é assegura o direito de constituir uma relação estável, de casar-se, de constituir uma relação conjugal, uma união estável hétero ou homossexual, de separar-se, enfim, de procurar a forma que melhor convier para a união em respeito às relações afetivas.
- Igualdade:
Ao instaurar o regime democrático, a Carta Magna demonstrou especial preocupação em banir quaisquer tipos de discriminação, impondo tratamento isonômico no âmbito familiar, redimensionando o conceito de família moderno, ao igualar direitos e deveres entre homens e mulheres, entre os cônjuges e no tratamento dos filhos. Deferindo especial atenção à família, seja ela formada pelo casamento, pela união estável ou pela monoparentalidade, banindo de vez a ideia de família ilegítima.
- Do pluralismo das entidades familiares:
Como já abordado em sala, a família é “um organismo vivo” e, como tal, vive em constante mutação. 
Desta forma, podemos considerar que a Constituição Federal contribuiu demasiadamente para estas mudanças, principalmente pelo reconhecimento em âmbito constitucional de diversas modalidades de famílias. Antes dela, apenas a família matrimonial possuía reconhecimento e proteção. Com o princípio da dignidade da pessoa humana como base do Estado, o direito passou a ser interpretado de uma forma mais humanizada, tendo a pessoa como centro das discussões e a sua proteção acima do patrimônio, abrindo espaço para o surgimento de outras formas de famílias. 
- Vedação ao Retrocesso:
A vedação ao retrocesso social proíbe a diminuição ou aniquilamento de direitos sociais alcançados por uma sociedade, orientando o legislador na elaboração das leis e o julgador no sentido de aplicação das normas ou no reconhecimento de que esta ou aquela norma contribuem para o retrocesso social.
Princípios Especiais:
- Afetividade:
Segundo a melhor doutrina e jurisprudência, o Direito de Família gira em torno do princípio da afetividade, devendo ser este, o elo de ligação entre os membros da.
Com base neste princípio foi possível o reconhecimento das uniões homoafetivas e a imposição de tratamento isonômico como entidade familiar, constituída pela união estável e pelo casamento. 
A afetividade passou a ser considerada como ponto principal da relação familiar.
- Solidariedade Familiar:
A solidariedade familiar compõe a base de princípios da ordem constitucional com o sentido da busca de uma sociedade livre, justa e solidária, impondo a prestação de assistência mútua entre os parentes que necessitam. Desta forma, os integrantes da família são, em regra, reciprocamente credores e devedores recíprocos de alimentos.
- Função Social da Família;
- Proteção Integral das Crianças e Adolescentes e do Idoso:
O atual sistema jurídico reconhece constitucionalmente a proteção integral de crianças, adolescentes, jovens e idosos. No que diz respeito aos filhos, repudia qualquer forma de discriminação entre estes, sendo estes concebidos dentro ou fora do casamento, adotados ou não.
A intenção do legislador ao assegurar a proteção constitucional para esta parcela de indivíduos se deu pela característica da vulnerabilidade. 
- Convivência Familiar:
Todos os membros da família gozam do direito de conviverem com seus entes queridos, gerando um relação de afetividade no dia a dia. 
Nossa legislação garante aos filhos o direito à convivência com seus genitores, mesmo após dissolvida a sociedade conjugal. Neste sentido, a guarda compartilhada surgiu como forma de garantia deste princípio, estendendo-se a outros parentes, que se encontram fora do núcleo familiar, considerada como família extensa.
- Mínima Intervenção do Estado no Direito de Família;
Este princípio mantém relação direta com o princípio da autonomia privada, salientando que a autonomia da privada consiste no poder que o indivíduo detém de regulamentar os próprios interesses, sem que o Estado afixe qualquer mecanismo coercitivo que possa tolher tal possibilidade. Com base neste entendimento, o Estado poderá fomentar o controle da natalidade e o planejamento familiar por meio de políticas públicas, mas nunca intervir neste planejamento, que é de livre decisão dos cônjuges/companheiros, bem como na adoção de políticas de incentivos à colocação de crianças e adolescentes no seio das famílias substitutas. 
- Monogamia.
Este princípio proíbe o matrimônioou a união estável com mais de uma pessoa e determina que haja fidelidade recíproca entre cônjuges ou companheiros. Dessa forma, é imposto que todas as relações de afeto, comunhão, carnais, de deveres e obrigações sejam realizadas com apenas um parceiro. Este tornou-se a base para instituir a entidade que detêm tutela especial do Estado para sua proteção, a Família.
Contudo, analisando o Direito de Família através dos princípios acima, principalmente os da afetividade, da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da pluralidade de entidades familiares e da igualdade, verificamos que a monogamia está mais para dogma do que para um princípio. 
Neste sentido, não há como não enxergar as uniões paralelas, sob pena de gerar grandes injustiças.
Em razão da omissão do legislador em firmar um entendimento pacífico sobre as uniões paralelas, a doutrina, por meio das normas, dos costumes e da jurisprudência, formou três correntes que trazem em seu bojo seus entendimentos relativos ao tema.
A primeira corrente dita que nenhuma relação paralela deva ser reconhecida como entidade familiar, desmerecedora então da tutela protetiva do estado.
A segunda corrente reconhece as uniões estáveis paralelas putativas, ou seja, quando o cúmplice não tinha ciência dos impedimentos do adúltero. Nestes casos, há o reconhecimento da união como entidade familiar.
Este posicionamento é uma evidente comparação ao casamento putativo disposto no Art. 1.561 do C.C.
Por último, há a terceira corrente que reconhece a união estável em mais de uma relação e que é defendida por Maria Berenice Dias, em seu Manual de Direito das Famílias que expõe:
“Negar a existência de famílias paralelas - quer um casamento e uma união estável, quer duas ou mais uniões estáveis - é simplesmente não ver a realidade. Com isso a justiça acaba cometendo enormes injustiças. Verificadas duas comunidades familiares que tenham entre si um membro em comum, e preciso operar a apreensão jurídica dessas duas realidades. São relações que repercutem no mundo jurídico, pois os companheiros convivem, muitas vezes têm filhos, e há construção patrimonial em comum. não ver essa relação, não lhe outorgar qualquer efeito, atenta contra a dignidade dos partícipes e da prole porventura existente.”[footnoteRef:1] [1: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 9ª ed., São Paulo, 2013 p. 48.] 
CASAMENTO:
CONCEITO:
Para definir o conceito de matrimônio, é necessário que se recorra aos conceitos do Direito Romano e Canônico, que são as fontes de estruturação do Direito de Família.
No Direito Romano, o casamento possuía duas definições:
1. “matrimônio é a união do homem e da mulher e o consórcio de toda a sua vida”;
2. “o matrimônio é a comunicação de direito divino e humano”.
As Institutas definiam o casamento como “a união do homem e da mulher estabelecendo entre eles uma comunhão de existências indivisíveis”.
A expressão “indivisível” não era aplicada como não divisível, mas à união perfeita, visto que os romanos já admitiam o divórcio como forma de dissolução do matrimônio por mútuo consentimento, além de permitir o repúdio como forma de dissolução unilateral do casamento.
O Direito Canônico considerava o casamento como uma espécie de contrato natural e civil, além de um sacramento, cujo elemento fundamental se dá pelo consentimento.
Clóvis Beviláqua, cuja definição é à base de quase todos os conceitos doutrinários de casamento, o definiu como “um contrato bilateral e solene pelo qual um homem e uma mulher se unem indissoluvelmente legalizando por ele suas relações sexuais, estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e interesses e comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer”.
No Livro Especial destinado ao Direito de Família, através do artigo 1.511 do Código Civil, o legislador conceitua o matrimônio, dispondo como finalidade a “comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges” , estabelecendo, ainda, em seu artigo 1.565 que, por meio do matrimônio, “homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”.
Desta forma, podemos verificar que o casamento é uma instituição antiga e uma das mais importantes e poderosas de todas as demais instituições de direito privado por ser vista como o pilar de toda a sociedade, constituindo uma das bases da família.
 Desta forma, recebe proteção especial do Estado, sendo regulamentado por meio de normas cogentes (de ordem pública) que não podem ser modificadas ou afastadas pelos cônjuges ou seus familiares.
 Nascido dos costumes, fortalecido pelo sentimento moral e, principalmente, religioso, o casamento encontra-se hoje completamente incorporado ao direito pátrio, definido como entidade familiar pela Constituição de 1988 e regulamentado pelo Código Civil de 2002.
CONCEITO MODERNO:
O casamento é um ato solene pelo qual duas pessoas se unem para a constituição de uma família onde irão viver em completa comunhão de vida de modo que haja uma integração fisiopsíquica, sob as promessas recíprocas de fidelidade, assistência, criação e educação dos filhos.
DIREITO ROMANO:
	Em Roma, o casamento era considerado como um fenômeno sociológico, cuja natureza jurídica consistia em uma situação de fato mantida pelo consenso contínuo.
	A constituição da família poderia se dar através de três formas, devido aos distintos grupos sociais da Roma antiga:
1. Justae nuptiae: era o casamento dos cidadãos romanos, encontrava-se regulado pelo jus civile;
2. Injustum: consistia no casamento entre romanos e peregrinos. Não era regulado pelo jus civile e sim pelo direito nacional dos estrangeiros ou pelas regras do jus gentium, como o Concubinatus, matrimonium sine connubio, contuberniu.
JUSTAE NÚPTIAE :
 
· Cum Manu:
· Confarreatio; 
· Coemptio; 
· Usus.
· Sine Manu
JUSTAS NÚPCIAS (JUSTAE NUPTIAE) OU MATRIMÔNIO (MATRIMONIUM): 
Era considerado como sendo o casamento legítimo, contraído de acordo com o Direito Civil.
 
De acordo com a definição dada por MODESTINO, o matrimônio consistia na união do homem e da mulher cuja finalidade fundamentava-se na sociedade total de vida, associando-se o Direito divino e humano;
Para JUSTINIANO, o matrimônio consistia na união indivisível do homem e da mulher no costume de vida; 
 
Para os Romanos, o matrimônio exigia:
1-	 o consentimento das partes e, eventualmente, dos respectivos paterfamilias;
2-	a puberdade (12 anos - mulheres; 14 anos - homens);
3-	connubium (vida marital) ;
4-	ausência de parentesco (direto até o infinito e colateral até 3o. grau).
O casamento requeria dois elementos:
 1-	affectio maritalis;
 2-	honor matrimonii.
Faltando um dos dois, o casamento se dissolvia.
CASAMENTO CUM MANU: 
Consistia naquele em que a mulher caia sob o poder do marido ou do pater do marido, caso este fosse um alieni juris. 
Ficava a mulher in loco filae , ou seja, permanecia sob o status de filha como irmã dos próprios filhos.
 Espécies de Casamento Cum Manu:
	
-	Confarreatio: consistia no casamento solene e religioso, privativo dos patrícios e proibido aos plebeus. 
Havia uma grande formalidade. Só após a Lei Canuléia, os patrícios puderam casar-se com os plebeus.
A "confarretio" correspondia ao matrimônio religioso, caracterizava-se pela oferta de um tipo de pão de trigo aos deuses, o que alguns consideram a origem do bolo de noiva. 
-	Coemptio: era o casamento privativo dos plebeus, no qual a manu se concretizava pela venda simbólica da mulher ao marido ou a seu pater. Assemelhava-se à mancipatio (modo solene no qual se transferia a propriedade).
 -	Usus: era o casamento cuja manu se concretizava depois da coabitação contínua do homem e da mulher durante um ano. 
O marido ou o seu paterfamilias, então, adquiria a manus sobre a esposa.
A lei permitia a descaracterização da usus através da interrupção da coabitação se a mulher permanecesse três noites consecutivas longe do marido.
Assim podemos verificar que a usus consistia no institutoda usucapião no Direito Família, logo, sua interrupção a descaracterizava, permanecendo a mulher sob o pater de sua família de origem.
	Efeitos do Casamento Cum Manus:
QUANTO À MULHER E AOS RESPECTIVOS BENS:
 A mulher deixava sua família agnatícia e entrava na do marido (capitis diminutio minima) em lugar de filha, se o marido era paterfamílias, em lugar de neta, se o marido era filiusfamilias.
 Se, ao casar, ela era sui iuris (não se encontrava submetida a nenhum dos poderes domésticos (potesta, manus, mancipium). Exercia por si mesmos os seus direitos, representava a unidade da família e por isso podia ter outras pessoas em seu poder), passava a ser alieni iuris (submetida ao poder de outra pessoa, estava in potestate, in manu ou in mancipio. Não tinha personalidade jurídica nem patrimônio) e todos os seus bens iriam pertencer ao paterfamilias. Depois da manus, tudo o que ela adquiria era do paterfamilias;
QUANTO AOS FILHOS:
Os filhos legítimos estavam sob “pátrio” poder do paterfamilías.
 Casamento sine manus: 
Consistia naquele em que a mulher não caía sob o poder do marido, continuando sob a manus do pater da família de que provinha. 
Este casamento não consistia em ato jurídico, mas era baseado em estado de fato, ao qual o costume lhe atribuía os efeitos jurídicos (inexistia qualquer forma);
 
Distanciava-se do concubinato, visto que para a sua configuração a mulher devia ser conduzida para a casa do marido e da constituição de um dote;
O casamento sine manu mantinha o status da mulher, ou seja, se ela era sui juris, assim permanecia. Se era alieni juris não caia sob a manus do marido.
	Efeitos do Casamento Sine Manus:
QUANTO À MULHER:
Esta não passava a fazer parte da família do marido, permanecendo sob o “pátrio poder” de origem; 
Se possuía o status de sui iuris, permanecia dona de suas coisas, ou seja, dos bens parafernais e daqueles que eram excluídos do dote, podendo inclusive contrair obrigações;
Se ocupava o status de alieni iuris, seus bens pertenciam ao paterfamilias. 
QUANTO AOS FILHOS:
Os filhos havidos pelo casamento sine manu caiam sob pátrio poder do patefamilias do marido, não havendo diferença com o casamento cum manu, não fazendo parte da família materna, como se a mãe não fizesse parte de sua família.
EXTINGUIAM-SE AS JUSTAS NÚPCIAS:
1-	pela morte de um dos cônjuges; 
2-	pela perda da libertas ou da civitas, por um dos cônjuge;
3-	pelo divórcio.
UNIÕES DIFERENTES DAS JUSTAS NÚPCIAS
	Concubinatus, matrimonium sine connubio, contuberniu e casamento nacional de peregrinos.
	CONCUBINATO: 
Inicialmente era considerado como uma união de natureza inferior que não nivelava socialmente a mulher ao marido e que não subordinava os filhos a patria potestas do pai. 
Era praticado por pessoas privadas do jus connubii, onde a mulher era considerada como concubina, não como uxor.
	O Cristianismo entendia que como efeitos jurídicos, o concubinato obrigava o cônjuges à fidelidade, visto que deveriam atender ao princípio monogâmico da constituição da sociedade familiar.
Os filhos naturais ou liberi naturales nascidos da relação concubinária eram considerados quase indignos, não podiam ser adotados pelo concubino.
 
	Com JUSTINIANO, os filhos liberi naturales passaram a ter direito a uma parte da sucessão ab intestado do pai, na ausência de filhos legítimo, além da obrigação atribuída ao pai de prestar alimentos aos filhos naturais.
	MATRIMÔNIO SEM CONÚBIO:
Era o matrimônio do Direito das gentes ou matrimônio injusto. Consistia na união de romanos com peregrinos ou a união de peregrinos com peregrinos, que era regulado pelo jus gentium ou pelo direito peculiar à cidade a que pertenciam os cônjuges.
	CONTUBÉRNIO:
Consistia em mera união de fato entre os escravos ou entre escravos e pessoas livres, desprovido de qualquer conseqüência jurídica.
	LEGITIMAÇÃO:
	
A transformação do concubinato em justas núpcias, melhorava a situação dos filhos naturais, fazendo-os cair sob a patria potestas do pai, que deixava de ser concubino.
EVOLUÇÃO DO CASAMENTO:
Com o passar do tempo, a Igreja foi a titular absoluta dos direitos matrimoniais, dispondo sobre sua regulamentação e celebração, excluindo a atuação do Estado.
Aqui no Brasil, através do Decreto 3 de novembro de 1827, os princípios do direito canônico regiam todo ato nupcial, com base nas disposições do Concílio Tridentino e da Constituição do Arcebispado da Bahia.
Junto à imigração, novas crenças surgiram e foram introduzidas, visando atender aos imigrantes, o Estado tomou a iniciativa de regulamentar e celebrar o matrimônio de pessoas não-católicas, instituindo o casamento civil.
Surgia, então três formas de casamento: o católico, o acatólico (entre pessoas dissidentes) e o misto (entre católico e não-católico).
Com a Proclamação da República, houve uma ruptura entre os poderes temporal e espiritual, e o casamento perdeu o seu caráter confessional.
O Decreto 181/1890, em seu artigo 108, instituiu o casamento civil em nosso país, não atribuindo mais qualquer valor jurídico ao matrimônio religioso, desde então o casamento civil passou a vigorar.
A Constituição Federal de 1891, reconheceu o casamento civil, cuja celebração era gratuita, dispondo que a celebração religiosa constituía apenas um interesse da consciência individual de cada cidadão, dando origem ao casamento civil celebrado em paralelo ao religioso.
O Código Civil de 1916, apenas se referia ao casamento civil, não fazendo qualquer menção ao casamento religioso, que celebrado sozinho constituía mero concubinato.
A Constituição de 1934, em seu artigo 146, possibilitou a extensão dos efeitos do casamento civil ao casamento religioso, desde que fossem observadas as prescrições legais.
A Constituição de 1946 manteve a concessão anterior, condicionando-a a observância dos impedimentos e às prescrições legais, desde que qualquer interessado requeresse a inscrição do ato no Registro Público;
A Lei 1.110/1950, regulamentou por completo o reconhecimento dos efeitos civis do casamento religioso, quando os nubentes requeressem sua inscrição no Registro após a sua realização, revogando a Lei 379 por inteiro;
A Constituição de 1967 manteve o casamento religioso com efeitos civis e pela Emenda Constitucional 9/77, quebrou a indissolubilidade do matrimônio (art. 175, §1º), nos casos expressos em lei.
A Constituição Federal de 1988 manteve as disposições presentes nas Constituições de 46 e 67 referentes aos efeitos civis do casamento religioso e, em seu art. 226, parágrafo segundo, equiparou o casamento religioso ao casamento civil.
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO:
CONTRATO OU INSTITUIÇÃO:
Concepção Contratualista:
Baseada nos conceitos do Direito Canônico, onde o consentimento prevalecia sobre a intervenção sacerdotal para a formação do vínculo.
Teve grande aceitação pelos jusnaturalistas e racionalistas do século XVIII, influenciou o Código Francês de 1804 e a Escola Exegética do século XIX, sobrevivendo até os dias atuais em nossa doutrina.
Contrato Civil:
Para seus adeptos, o matrimônio consiste em um contrato civil, regido pelas normas comuns aos contratos, aperfeiçoando-se pelo livre e expresso consentimento dos nubentes.
Contrato Especial ou sui generis:
	Alguns civilistas, adeptos à concepção contratualista, visualizaram algumas peculiaridades em seus efeitos e nas relações criadas pelo casamento.
	Assim, algumas normas inerentes aos negócios de direito patrimonial, comuns aos contratos não poderiam ser aplicadas. Os dispositivos atinentes à capacidade civil dos contraentes, aos vícios de consentimento e aos efeitos do ato nulo, não lhe seriam aplicados. 
Concepção Institucionalista:
	Seus adeptos veem no matrimônio um estado, onde os nubentes espontaneamente ingressam.
	Tido como uma grande instituição social, surgida da vontade dos consortes, cujas normas, efeitos e forma encontram-se preestabelecidos na lei civil de forma rígida, não se podendo discutir sobre os direitos e deveres nela previstos.
	Assim sendo,o regulamento que institui o matrimônio é composto por normas cogentes ou de ordem pública, onde não há permissão para modifica-las, considerando-se nulas todas e quaisquer cláusulas contratuais estabelecidas pelos cônjuges em desacordo com a lei.
	Entendendo que o estado matrimonial é um estatuto imperativo preestabelecido, ao qual aderem os noivos, sendo importante frisar que também não se trata de contrato de adesão, visto que o matrimônio nada mais é do que uma instituição, cuja aceitação deve se dar conforme previsão legal, sem qualquer liberdade de alteração ou modificação.
Doutrina Eclética ou Mista:
	Seus adeptos unem o elemento volitivo ao institucional, tornando o casamento um ato complexo, meio contrato (em sua formação) e instituição (em seu conteúdo). Logo, o casamento seria bem mais do que um contrato.
MAIOR PARTE DA DOUTRINA:
Considera o casamento como uma instituição, para isso, vale destacar a diferença entre contrato e instituição:
	
INSTITUIÇÃO
	
CONTRATO
	· A vontade dos nubentes não é suficiente para a constituição do matrimônio, pois se faz necessário a presença da autoridade competente para sancionar e homologá-lo;
	· Tem no consentimento o seu principal elemento, a simples vontade de contratar possui o condão de constituí-lo;
	· O matrimônio possui regras preestabelecidas, que limitam e até aniquilam a autonomia da vontade;
	· No contrato as partes possuem a liberdade de estipular livremente as condições e termos contratuais;
	· Somente pode ser dissolvido pelas formas previstas em lei (art. 226, §6º da CF);
	· Pode ser dissolvido pelo distrato, e extinto pelo pagamento;
CARACTERES DO MATRIMÔNIO:
1- Liberdade de escolha pelos nubentes:
 O matrimônio consiste em um ato pessoal, cabendo aos consortes ampla liberdade de escolher a pessoa do sexo oposto com quem pretende casar-se.
A interferência familiar é permitida apenas no sentido de orientação e nos casos expressos onde o consentimento dos pais é exigido;
2- Solenidade do ato nupcial:
O matrimônio é revestido de formalidades previstas em lei, visando garantir aos nubentes a liberdade de manifestação do consentimento, sua publicidade e validade. 
Logo, o casamento é ato solene que deve seguir a forma prescrita;
3- Legislação de ordem pública:
A legislação que ampara e rege o matrimônio é cogente, está acima da convenção dos nubentes;
4- União permanente:
Consistente em plena comunhão de vida, por tempo indeterminado. Mesmo que ocorra a separação ou divórcio, deve existir o desejo íntimo de perpetuidade de convivência;
5- União exclusiva: 
O casamento é baseado no princípio monogâmico, proíbe-se a bigamia e o adultério. A fidelidade conjugal é legalmente exigida, consistindo a sua quebra em grave violação dos deveres conjugais implicando em injúria grave e motivando o justo pedido de separação. 
PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO MATRIMONIAL:
1- A livre união dos futuros cônjuges:
O casamento advém do livre consentimento dos nubentes, que devem possuir capacidade civil para consentir. Proibida a substituição do consentimento dos contraentes, assim como a autolimitação de suas vontades, seja por condição ou termo;
2- Monogamia:
A nossa legislação adota o regime da singularidade, entendendo que somente no relacionamento monogâmico é possível a entrega mútua, proibindo a existência simultânea de dois ou mais vínculos matrimoniais contraídos por uma mesma pessoa, considerando nulo o segundo matrimônio;
3- Comunhão indivisa:
O aspecto moral da união sexual entre duas pessoas é valorizado pelo objetivo de criarem uma comunhão plena de vida, prometendo-se a compartilhar todas as alegrias e tristezas da existência.
Classificação do Casamento
I) quanto as nulidades do casamento - 
a) casamento nulo: contraídos com infração de impedimentos – art. 1521 I a VII; 
b) casamento anulável: contraído com infração do Art. 1.550 ou por vício da vontade; 
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
 
c) casamento irregular: contraído com infração das Causas Suspensivas – art. 1523 (esta infração não impede realmente o casamento, nem o torna nulo ou anulável, apenas sofrem os nubentes algumas sanções, ex. imposição do regime obrigatório de separação de bens), 
d) casamento inexistente: aquele em que o ato jurídico conteria um defeito tão grave e visível, que dispensaria ação judicial para ser declarado sem efeito;
e) casamento putativo – é o casamento nulo ou anulável, contraído de boa fé (ignorância de um impedimento dirimente), pelo menos por um dos cônjuges, produz os mesmos efeitos do casamento válido, em relação aos filhos e o contraente de boa fé. 
II) quanto a celebração: 
a) Casamento Religioso (arts. 1515/1516)
O casamento religioso vigorou absoluto no Brasil até o ano de 1861, onde era celebrado de acordo com as regras da Igreja Católica.
Em 1861, o Estado, visando atender os imigrantes, através da Lei 1.144 de 11 de setembro de 1861, aprovou o casamento de seguidores de outras religiões, que foi regulamentado pelo Decreto 17 de abril de 1863, criando três espécies de casamento:
1- Casamento Católico (entre pessoas católicas);
2- Casamento Acatólico (entre pessoas acatólicas);
3- Casamento Misto (entre pessoas católicas e acatólicas).
Em 1890, através do Decreto 181 de 24 de janeiro de 1890, juntamente com o advento da República, instituiu-se o casamento civil, destituindo de qualquer eficácia o casamento religioso, cujas regras não mais se aplicavam ao casamento civil.
 
Note-se que nem mesmo o Código Civil de 1916 previa o casamento religioso, que continuava a ser celebrado paralelamente ao casamento civil, ou seja, os católicos celebravam o seu casamento duas vezes, no civil e no religioso.
O casamento religioso mantinha a sua eficácia apenas para fins morais.
Apenas em 1934, através da Constituição Republicana de 1934, o casamento religioso voltou a ter efeitos admitidos pela ordem jurídica, desde que fosse devidamente registrado no Cartório do Registro Civil.
Nosso sistema jurídico prevê os efeitos civis do casamento religioso desde que sejam respeitados os requisitos do casamento civil e procedida a devida habilitação e registro, conforme parágrafo 2º do art. 226 da CF/88 (“O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”); dos arts. 71 a 75 da Lei 6.015/77 (Lei dos Registros Públicos); e dos arts. 1º e 7º da Lei 1.110/50, cuja legislação infraconstitucional restou revogada pelo Código atual.
Com o Novo Código Civil, prevê o prazo de 90 (noventa) dias para a efetivação do registro do casamento religioso.
O art. 1515 disciplina o casamento religioso, dispondo que “o casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração”. Ressaltando-se que o registro tem efeito retroativo à data da celebração.
O art. 1516 dispõe que o registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos do registro do casamento civil, devendo ser promovido dentro de noventa dias de sua celebração, mediante comunicação ao ofício competente, desde que precedidoda devida habilitação.
Deve-se atentar que não sendo feito o registro no prazo assinalado de 90 dias, os nubentes deverão proceder nova habilitação.
A celebração do casamento religioso sem habilitação prévia, assim como nos casos de perda do prazo para o respectivo registro, irá gerar efeitos civis desde que os nubentes providenciem a habilitação posterior e requeiram o devido registro, não havendo necessidade de nova celebração.
b) Casamento Civil:
O casamento civil, vigente desde 1890, encontra-se previsto no Código Civil atual, consistindo em ato pessoal e solene, que exige capacitação prévia dos contraentes, através do processo de habilitação matrimonial, realizando-se por meio de declaração pública de vontade do homem e da mulher, perante o juiz ou outra autoridade competente para celebração do ato, para o qual manifestam sua vontade de estabelecer o vínculo conjugal pelo matrimônio, consumando-se no momento em que são declarados casados (art. 1514).
c) Casamento por procuração (art. 1542):
Previsto em nossa legislação, o casamento por procuração é utilizado sempre que um ou ambos os nubentes não puderem comparecer ao ato da celebração do matrimônio, fazendo-se representar por um terceiro, munido de procuração por instrumento público com poderes especiais para contrair o matrimônio em nome do mandante/representado, cuja validade é de noventa dias (art. 1542).
Saliente-se que, no caso de serem ambos os nubentes representados, cada um deverá nomear um procurador diferente.
Também é importante lembrar que o mandato somente poderá ser revogado por outro instrumento público, não havendo necessidade de se chegar ao mandatário a notícia da revogação do mandato.
Todavia, se o conhecimento da revogação não chegar a tempo de impedir a realização da cerimônia, o mandante responderá por perdas e danos (parágrafos 1o. e 2o. do art. 1542).
d) Casamento em caso de moléstia grave (art. 1539):
Ocorre o casamento em caso de moléstia grave quando pelo menos um dos nubentes se encontrar acometido de moléstia grave, mas em pleno gozo das faculdades mentais, que o impeça de comparecer ao cartório para a realização da cerimônia do casamento. Nesse caso, a legislação facilita a realização da cerimônia, estabelecendo regras especiais que determinam que o juiz ou seu substituto legal, acompanhado do oficial do registro, que poderá ser substituído por um ad hoc, se desloquem até o local onde se encontra o nubente adoentado, mesmo que seja à noite em caso de urgência. Além dos noivos, deverão estar presentes pelo menos duas testemunhas, sendo 4 (quatro) quando um dos nubentes for analfabeto.
Para que o rito especial do casamento em caso de moléstia grave seja adotado é necessário que os nubentes tenham procedido à habilitação prévia e estejam aptos para o casamento, através do certificado de habilitação.
De acordo com a nossa doutrina[footnoteRef:2], a legislação prevê dois tipos de casamento em caso de moléstia grave: [2: Nader, Paulo – Curso de Direito Civil, v. 5; direito de família/Paulo Nader – Rio de Janeiro; ed. Forense, 2006, pág. 145.] 
1- casamento em caso de moléstia grave sem urgência, onde pelo menos um dos nubentes encontra-se adoentado, sem risco de vida, devendo ser a doença devidamente comprovada através de atestado médico ou testemunhas idôneas, podendo ser realizado durante o dia, na presença das testemunhas.
2- Casamento em caso de moléstia grave urgente, onde não deverão ser exigidas provas da doença, pois a demora poderá implicar a inviabilidade do matrimônio. Presente a urgência, deverão o juiz e o oficial do cartório comparecer ao local onde se encontram os noivos, ainda que à noite, na presença das testemunhas. Somente em caso de urgência seria possível o casamento em caso de moléstia grave durante à noite.
e) Casamento Nuncupativo (arts. 1540/1541):
Também chamado casamento “in extremis”, ocorre quando pelo menos um dos contraentes se encontrar em iminente risco de vida. Neste caso, dispensam-se as formalidades legais, como o processo de habilitação, expedição de proclamas e até mesmo a presença da autoridade competente ou seu substituto, tais dispensas se justificam pela urgência no ato. 
O casamento nuncupativo será celebrado pelos próprios nubentes e realizado na presença de, no mínimo, seis testemunhas que não tenham parentesco em linha reta ou colateral, até o segundo grau, com qualquer dos contraentes.
Note-se que mesmo sendo a celebração informal, os noivos devem externar com clareza o consentimento. Logo, o nubente enfermo deverá estar em pleno gozo das faculdades mentais. 
Muito embora o casamento nuncupativo não exija as formalidades preliminares como a prévia habilitação, a aptidão para o casamento deverá ser verificada pela autoridade competente, que ordenará as diligências necessárias. Assim, não podem, os contraentes, apresentar qualquer impedimento legal previsto no artigo 1521 do C.C.
No casamento nuncupativo, o nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá se fazer representar por procurador (parágrafo segundo, art. 1542).
Realizado o casamento, o art. 1541 estabelece rígidas regras para validá-lo.
O Código Civil prevê ainda no §5º do artigo 1541 do C.C. que, em caso do nubente enfermo convalescer, deverá este comparecer em juízo para ratificar o casamento na presença do juiz e do oficial do registro. 
f) Casamento putativo (art. 1561):
Previsto no capítulo da invalidade do casamento, o casamento putativo é aquele que embora nulo ou anulável, pela existência de impedimentos matrimoniais ou pela existência de algum vício no consentimento, produz efeitos com relação aos filhos e ao cônjuge, ou aos cônjuges de boa-fé. 
No caso de estarem ambos os contraentes de má-fé, os efeitos somente atingem os filhos.
Em outras palavras, é aquele casamento que embora nulo ou anulável foi contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges. 
A putatividade não convalida o casamento, apenas faz gerar efeitos ao cônjuge que o contraiu de boa-fé e aos filhos. 
O casamento putativo está subordinado à ocorrência de três requisitos: boa-fé, erro escusável e celebração do casamento.
g) Casamento consular (art. 1544):
É aquele contraído por brasileiro no estrangeiro, na presença dos cônsules brasileiros ou de autoridade estrangeira, devendo ser registrado no Brasil, no prazo de cento e oitenta dias da volta de um, ou de ambos os contraentes para o Brasil, no cartório do domicílio onde fixaram residência, ou, na sua falta, no Primeiro Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
Ressalte-se que tal prazo começa a contar da fixação de residência no pai, não de mera viagem de férias ou à visita. 
A capacidade para o casamento:
· 18 anos em decorrência da maioridade civil – art. 5º CC. 
· 16 anos - Idade núbil para o casamento, com autorização dos detentores do poder familiar ou representantes legais (art. 1517).
OBS: Havendo divergência entre os pais, qualquer um deles poderá recorrer ao Judiciário para resolver o desacordo (parágrafo único do art. 1517, que remete ao art. 1631). Da mesma forma, quando a denegação do consentimento for injusta, poderá ser suprida pelo juiz (art. 1519).
OBS: Art. 1.518.  Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.
OBS2: O artigo 1520, PREVIA, excepcionalmente, o casamento de quem ainda não havia atingido a idade núbil (16 anos). Tal permissão foi revogada pela Lei nº 13.811, de 2019, que deu nova redação ao citado artigo:
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. 
	Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, dedireito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Da Capacidade PARA O CASAMENTO
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)
Dos Impedimentos
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.
ESPONSAIS E PROMESSA DE CASAMENTO:
Consiste na promessa recíproca de casamento, onde há a intenção de se justificar à sociedade a convivência mais íntima e contínua dos noivos, como um ato preparatório ao matrimônio.
Assim, a promessa de casamento nada mais é do que um estado sem consequências jurídicas, não existindo qualquer obrigatoriedade legal em sua constituição, podendo ser rompido a qualquer momento, inclusive na própria cerimônia nupcial.
Neste sentido, não cabe cogitar a cobrança de multa contratual em caso de inexecução do matrimônio, pois não há qualquer preceito legal que obrigue os noivos a cumprirem a promessa de casamento.
Nossa antiga legislação previa a promessa de casamento, a qual possuía natureza contratual. 
Assim, em caso de inadimplemento, caberia compensação através do pagamento de perdas e danos. 
Com o advento do Código Civil de 1916, a falta de regulamentação dos esponsais ou promessa de casamento criou dúvidas acerca de sua validade e sobre o direito à reparação de danos, prazo prescricional, fazendo com que a maioria dos civilistas entendessem que a promessa de casamento não criava mais nenhum vínculo familiar entre os nubentes, não consistindo mais em impedimento matrimonial. 
Contudo, em razão da boa-fé objetiva, não há como descartar a necessidade da reparação civil pela ruptura injustificada dos Esponsais após criar no outro nubente, legítimas expectativas do matrimônio.
Assim, a responsabilidade extracontratual deve ser aplicada, na busca do ressarcimento de despesas com os encargos matrimoniais, como a compra do vestido de noiva, despesas com as festas, cerimônia, etc., além de eventuais danos morais.
Tal responsabilidade é prevista em nosso ordenamento civil, através do artigo 186, onde todo aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência ou imperícia, violar direito ou causar prejuízo, inclusive moral a outrem, ficará obrigado ao ressarcimento.
REQUISITOS PARA QUE SE CONFIGURE A OBRIGAÇÃO DE RESSARCIMENTO:
1- Que a promessa de casamento tenha sido feita livremente pelos noivos e não por seus pais;
2- Que tenha havido a recusa em cumpri-la por parte do noivo arrependido, não por seus genitores;
3- Que haja ausência de motivos justos, podendo ser motivada por culpa grave (erro essencial, infidelidade, servícia, injúria grave, ou abandono), leve (prodigalidade, condenação por crime desonroso, situação econômica ou social diversa da apresentada, aversão ao trabalho, falta de honestidade, excessiva irritabilidade, etc.), levíssima (mudança de religião, grave enfermidade, ruína econômica que ponha em risco a estabilidade matrimonial, constatação de impedimentos ignorados pelos noivos, etc.).
É o magistrado quem deve analisar cada caso, decidindo se a causa dá ou não cabimento à indenização.
4- Que exista dano. É necessário que haja dano material e moral para que não haja o locupletamento sem causa.
CONSEQUÊNCIAS PELO INADIMPLEMENTO CULPOSO OU DOLOSO DOS 
ESPONSAIS:
1- Efeitos comuns ao simples desfazimento: 
· devolução dos presentes, retratos e cartas trocadas;
· devolução dos presentes de noivado;
· devolução ineficácia das doações feitas em contemplação do casamento, assim como a instituição de beneficiário de seguro feita em vista de casamento futuro.
2- A indenização por danos patrimoniais e morais oriundos da quebra unilateral da promessa esponsalícia.
	Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem,ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
Da Celebração do Casamento
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
§ 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
INVALIDADE DO CASAMENTO (Arts. 1548/1564)
O casamento, quanto às consequências de seus vícios e imperfeições, pode ser nulo, anulável ou inexistente.
É nulo o casamento contraído por inobservância dos impedimentos matrimoniais (1521). 
- A nulidade pode ser arguida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público.
O casamento anulávelé previsto no art. 1550 e ocorre:
- em situações relacionadas à falta da idade mínima para casar (I); 
- à falta de autorização do representante legal para menores de dezoito anos (II);
- ao vício de vontade (III);
- à incapacidade relativa (IV);
- à atuação do mandatário com procuração revogada (V) e
- à incompetência da autoridade celebrante (VI).
A hipótese relativa ao mandato revogado, ou invalidado judicialmente, traduz inovação do Código Civil de 2002, acompanhada de interessante ressalva, no sentido de que não tenha havido coabitação, eis que esta ratifica o casamento.
Por autoridade incompetente, mencionada no inciso VI do art. 1550, entenda-se incompetência relativa do celebrante, pois no caso de incompetência absoluta, é caso de casamento inexistente, com a ressalva do art. 1554 (“Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil”). No Código anterior era caso de nulidade, agora é de anulabilidade.
O art. 1557 enumera os casos de erro essencial sobre a pessoa, repetindo a regra da legislação codificada revogada, excluindo, pelas regras constitucionais de igualdade e vedação de atos ofensivos à dignidade da pessoa humana, o inciso relativo ao defloramento da mulher ignorado pelo marido.
Em contrapartida, acrescentou a hipótese de se anular o casamento pela ocorrência de doença mental grave de um dos cônjuges, anterior ao casamento, que torne insuportável a vida em comum.
Também é passível de anulação o casamento contraído sob coação.
Com exceção dos casos de defeito físico e doença mental, a coabitação valida o casamento.
O art. 1560 estabelece os prazos para ser intentada a ação de anulação do casamento, contados da data da celebração:
I – no caso do inciso IV do art. 1550, 180 dias (antes eram seis meses). A primeira vista para que o prazo não foi alterado, mas a forma de contagem é diferente, implicando na diminuição do prazo (casamento celebrado no dia 01 de janeiro – prazo de 180 dias vence em 30 de junho – prazo de 6 meses vence em 01 de julho).
II – se incompetente a autoridade celebrante, dois anos;
III – nos casos dos incisos I a IV do art. 1557, três anos (antes eram dois anos);
IV – se houver coação, quatro anos.
Extingue-se em cento e oitenta dias o direito de anular o casamento celebrado por menor de dezesseis anos. Esse prazo se conta, para o menor do dia em que perfaz a idade núbil. Já para seus representantes legais ou ascendentes, da data da celebração
No caso de casamento celebrado por mandatário com mandato inválido, o prazo também é de cento e oitenta dias, contados da data em que o mandante tomar conhecimento da celebração.
À sentença que declarar a anulação do casamento é dado efeito retroativo à data da celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos por terceiro de boa-fé, a título oneroso.
O cônjuge culpado pela anulação incorrerá na perda de todas as vantagens (alimentos, por exemplo) havidas do outro cônjuge, bem como está obrigado a cumprir as promessas constantes do pacto antenupcial.
	Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - por infringência de impedimento.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§ 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial.
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação.
§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.
§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

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