Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BULIMIA NERVOSA TRANSTORNO ALIMENTAR O QUE É BULIMIA A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pelo consumo rápido e repetido de grandes quantidades de alimentos (episódios de compulsão alimentar) seguido por tentativas de compensar o excesso de alimentos consumido (por exemplo, ao praticar purgação, jejum ou exercício). O resultado da compulsão não é só físico, mas também psicológico. Os indivíduos podem sentir vergonha, culpa e até mesmo nojo. Quando é utilizado a purgação ou laxante para se livrarem dos alimentos dá-se o nome de bulimia purgativa, quando é feito um jejum extremo ou então recorrem à prática excessiva e vigorosa de exercício físico é denominado bulimia não purgativa. Ao contrário da anorexia nervosa, em que o emagrecimento é aparente e facilmente notado, na bulimia nervosa este simplesmente não acontece, fazendo com que as pessoas em volta não percebam o emagrecimento eos episódios de crise bulímica, o que faz com que normalmente o diagnóstico se dê de forma tardia, dificultando o tratamento. Estatísticas Estudos epidemiológicos em 2006 apontaram que a BN ocorre em cerca de 1% das mulheres jovens ocidentais. A maioria dos pacientes com o transtorno é obesa. A sua prevalência na população, em geral, é em torno de 2%. As estimativas de Bulimia Nervosa variam de 1 a 3% das mulheres adolescentes e no início da vida adulta, conforme está descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais IV (DSM IV). FAIXA ETÁRIA Bulimia nervosa é mais comuns em mulheres do que em homens, sendo que menos de 10 por cento dos casos ocorrem em homens. São mais frequentes também em adolescentes e mulheres jovens. "Na atualidade, o padrão estético de magreza, reforçado pela mídia, tem repercussões inevitáveis sobre as adolescentes. Nessa faixa etária é preciso um tempo para assimilação e aceitação da sua nova imagem corporal, decorrente das transformações da puberdade. No entanto a necessidade de marcar novas posições e de ser aceito pelo grupo ocasiona buscas frenéticas por um corpo idealizado que muitas vezes não está de acordo com as suas características genéticas. Assim, as adolescentes tornam-se vulneráveis às perturbações do comportamento alimentar." OS INSTRUMENTOS PADRONIZADOS UTILIZADOS PARA MENSURAR ESPECIFICAMENTE OS QUADROS DE BN E OS DO TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA (TCAP) SÃO: De um modo geral, podemos agrupar os instrumentos de avaliação em, pelo menos, três categorias: 1) questionários autoaplicáveis; 2) entrevistas clínicas; 3) auto monitoração. INSTRUMENTOS AUTO-APLICÁVEIS : Binge scale – bs. : Foi o primeiro questionário desenvolvido para avaliar episódios de cap segundo os critérios diagnósticos de bulimia do dsm-iii. Foi proposto como instrumento de rastreamento para bn em populações de alto risco. Bulimia test - bulit. : Contém 36 itens desenhados numa escala múltipla-escolha de cinco pontos para detectar, na população geral, indivíduos com bn (escore ³102) e em risco para bulimia (escore ³88 e £101). Uma segunda versão foi formulada - bulit-r.: Para atender aos critérios do dsm-iii-r e foi validada com os critérios diagnósticos do dsm-iv para bn, apresentando adequadas propriedades psicométricas. Popkess-vawter & owens.: Demonstraram a validade do instrumento para mensurar risco aumentado para a cap e sentimentos de falta de controle em mulheres com sobrepeso e flutuação do peso e também para avaliar a resposta a estratégias terapêuticas para redução da cap. Bulimic investigatory test, edinburgh - bite.: Este questionário foi desenvolvido para o rastreamento e a avaliação da gravidade da bn e apresentou propriedades psicométricas adequadas no estudo original fornece os resultados em duas escalas: uma de gravidade e outra de sintomas. Escore 20 indica comportamento de compulsão alimentar com grande possibilidade de bulimia; escore entre 10 e 19 sugere padrão alimentar não usual, necessitando avaliação por uma entrevista clínica ricca et al demonstraram que, utilizado no ponto de corte 10, pode ser uma alternativa para o rastreamento do tcap em pacientes obesos. Foi traduzido para o português – teste de avaliação bulímica de edinburgh21 – e está em processo de validação. Entrevistas clínicas : Quanto às entrevistas clínicas, a mais utilizada, validada e considerada padrão-ouro para transtornos alimentares é a Eating Disorder Examination - EDE. O EDE é uma entrevista clínica semiestruturada que fornece avaliações descritivas da gravidade da psicopatologia específica dos transtornos alimentares e gera diagnósticos de acordo com os critérios do DSM-IV. Deve ser aplicada por um entrevistador treinado e pode ser utilizada tanto em estudos populacionais quanto em pesquisa clínica. A avaliação abrange o período de quatro semanas que precede a entrevista. Quando utilizada para fins diagnósticos, o período é estendido para três meses. O resultado é apresentado em quatro subescalas: restrição alimentar, preocupação alimentar, preocupação com a forma corporal e preocupação com o peso. Na entrevista, diferentes formas de excesso alimentar são identificadas: compulsão alimentar periódica objetiva ou subjetiva, com ou sem perda do controle. INSTRUMENTOS DE AUTO MONITORAMENTO: Diários alimentares: o auto monitoramento consiste de diários alimentares nos quais os pacientes anotam a ingestão alimentar diária (hora do dia e local, quantidade e qualidade dos alimentos sólidos e líquidos), geralmente no período de uma semana. É também solicitado ao paciente que registre seus afetos, cognições e mecanismos compensatórios relacionados à alimentação. IMAGEM CORPORAL: Body shape questionnaire - bsq. O bsq é uma escala likert com 34 itens auto preenchíveis construída para mensurar, nas últimas quatro semanas, a preocupação com a forma corporal e com o peso, especialmente a frequência com que indivíduos com e sem ta experimentam a sensação de se "sentirem gordos". O bsq fornece uma avaliação contínua e descritiva dos distúrbios da imagem corporal em população clínica e não clínica e pode ser utilizado para avaliar o papel deste distúrbio no desenvolvimento, na manutenção e na resposta ao tratamento da an e da bn. Critérios para diagnóstico DSM - IV Episódios recorrentes de consumo alimentar compulsivo Ingestão em pequeno intervalo de tempo uma quantidade de comida, claramente maior do que a maioria das pessoas comeria no mesmo tempo e nas mesmas circunstâncias comeria. Perda de controle durante os episódios (sensação de não conseguir parar de comer). Comportamentos compensatórios inapropriados para prevenir ganho de peso, como vômito auto-induzido, abuso de laxantes, diuréticos ou outras drogas, dieta restrita ou jejum ou, ainda, exercícios vigorosos. Os episódios bulímicos e os comportamentos compensatórios ocorrem, em média, duas vezes por semana, por pelo menos três meses. A auto-avaliação é indevidamente influenciada pela forma e peso corporais. Critérios para diagnóstico cid - 10 O paciente sucumbe a episódios de hiperfagia, nos quais grandes quantidades de alimento são consumidas em curtos períodos de tempo. Preocupação persistente com o comer e um forte desejo ou um sentimento de compulsão a comer. Há uma auto-percepção de estar muito gorda, com pavor intenso de engordar e com uso exercícios excessivos ou jejuns. O paciente tenta neutralizar os efeitos “de engordar” dos alimentos por meio de: vômitos auto-induzidos, purgação auto-induzida, períodos de alternação de inanição, uso de drogas tais como anorexígenos, preparados tireoidianos ou diuréticos. Quando a bulimia ocorre em pacientes diabéticos, eles podem negligenciar seu tratamento insulínico. Sintomas É caracterizado por dietas rigorosas. Seguido de compulsão por comer, quase sem mastigar, quantidade muito grande de comida. A pessoa se sente culpada ,com vergonha de ter perdido o controle e ter comido tanto. E isso gera um círculo vicioso de arrependimento, culpa, ansiedade e volta pra compulsão por comer.Comportamentos compensatório, a pessoa começa a vomitar (vômito auto-induzido), abusar de laxantes, diuréticos e atividade física excessiva. Esses métodos compensatórios pode levar a complicações clínicas, como por exemplo uma laceração do esôfago, ou ruptura de estômago de tanto forçar o vômito. E o uso de diuréticos e laxantes que mexe com todo o metabolismo do organismo. Sinais físicos Alterações frequentes de peso (perda ou ganho); Os sinais de danos devido a vômitos, incluindo o inchaço ao redor das bochechas ou queixo, calos nos dedos, danos nos dentes e mau-hálito; Perda ou perturbação de períodos menstruais, descoloração ou manchas nos dentes; Desmaios ou tonturas, cansaço e noites mal dormidas; Comportamento antissocial; Sensibilidade para comentários relacionados à alimentação, peso, forma do corpo ou exercício; Depressão, ansiedade ou irritabilidade. Comportamentos repetitivos ou obsessivos relacionados com a forma e peso corporal (ex: olhar-se muito no espelho, se pesar repetidamente, beliscar cintura ou punhos.) As pessoas com bulimia nervosa podem aparentar estar tudo bem, mas muitas vezes elas escondem o que realmente pode estar passando ou sentindo. Essa é uma doença que afeta muito o psicológico da pessoa fazendo ela se sentir desconfortável consigo mesma e consequentemente afeta a autoestima do indivíduo, como por exemplo prejudicando a vida social, pois a pessoa perde a vontade de sair, ser vista em público, por sentir insatisfeita com o que vê. É uma situação que pode acarretar outras doenças, como depressão, por conta do isolamento, insatisfação e etc. A pessoa pode sentir também de expor opinião, medo da repreensão dos outros, medo de dizer não para amigos e família. Cada um pode agir de forma diferente diante da bulimia. O que afeta nas avd'S: Tipos de tratamento: O tratamento para Bulimia Nervosa busca a reabilitação do paciente nos aspectos clínicos, nutricionais e psicológicos e requer um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar que tenha uma estrutura base composta por médicos, psiquiatras, psicólogos e nutricionistas. As duas formas terapêuticas mais usadas como tratamento é a terapia cognitivo-comportamental, e a farmacoterapia com antidepressivos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é reconhecida como uma das psicoterapias mais eficientes no tratamento dos transtornos alimentares, focando na redução da ansiedade, no auto manejo do comportamento e nas modificações de autoimagem corporal distorcida, engloba vários tipos de terapias que utilizam bases teóricas e modelos clínicos da terapia cognitiva e da terapia comportamental. O modelo de TCC para TA foi proposto pela primeira vez por Fairburn, tento o objetivo de auxiliar os pacientes a terem controle comportamental sobre a alimentação para ajudar a modificar as atitudes quando aos hábitos alimentares anormais ou desregulados, ao peso e a imagem corporal, este modelo contém cinco pontos principais: Auto monitoração da ingestão alimentar (inclusive os episódios de compulsão alimentar e purgação). Pesagem regular. Recomendações específicas para normalizar o comportamento alimentar e reduzir as dietas. Reestruturação cognitiva focada nos fatores relacionados ao desenvolvimento e à manutenção do transtorno alimentar Prevenção de recaídas. Além disso, este modelo também propõe que o tratamento padrão tenha uma duração de 20 semanas ou 19 sessões e tanto os pacientes quanto seus familiares precisam ter um engajamento e compromisso com a terapia. Já o uso dos antidepressivos está baseado pelo alto índice de sintomas depressivos em pacientes bulímicos, sendo testados desde a descrição do transtorno, com as primeiras publicações aparecendo em 1982. Eles são eficazes na redução dos episódios bulímicos e purgativos em pacientes com BN, o uso da medicação será um complemento para as medidas educativas, reabilitação nutricional e psicoterapia. ACÃO MULTIPROFISSIONAL Enfermeiro: Para alguns autores, a assistência de enfermagem para pacientes com transtornos alimentares apresenta como objetivo não somente administrar medicamentos ou o supervisionamento dos doentes após as refeições. Mas também têm por objetivo maximizar as interações positivas do outro com o ambiente, promover nível satisfatório de bem-estar e intensificar o grau de autonomia dos doentes, além de realizar diagnóstico específico de Enfermagem. Fisioterapeuta: Os objetivos do fisioterapeuta que são tanto da esfera psicológica como física incluem então aumentar a autoestima e confiança; melhorar e promover a disposição e o bem-estar; motivar os utentes e promover a autogestão em questões da saúde mental e física; promover uma imagem corporal mais positiva; reduzir o isolamento social; trabalhar a autoconsciência corporal afetada e reduzir a dissociação (desconexão de pensamentos, sentimentos, memórias ou senso de identidade) associada a saúde mental reduzida; proporcionar uma gestão não-farmacológica da dor; melhorar a força muscular, flexibilidade, resistência cardiovascular; prevenir e gerir quedas e outros problemas de mobilidade; e aconselhar acerca da gestão do peso (Kaur, Masaun & Bathia, 2013; Australian Physiotherapy Association, 2011). Desta forma, o fisioterapeuta atua como um facilitador para a melhoria da saúde mental em conjunto com a saúde física dos utentes (Kaur, Masaun & Bathia, 2013) Educador Físico: De acordo com Teixeira et al., deve-se levar em conta tanto à quantidade como a qualidade da realização de exercícios. Mesmo sentindo dor, muitos indivíduos podem se recusar a cessar tal atividade e sofrem prejuízos físicos importantes. Este tipo de atividade deve ser conduzida sob a supervisão de profissionais capacitados a orientar sobre a forma que os exercícios devem ser realizados e as consequências do excesso deste tipo de atividade. Tal orientação pode evitar prejuízos físicos como, por exemplo, a redução excessiva de massa corpórea. O objetivo é mostrar ao paciente que o exercício é uma forma eficaz de controlar o peso corporal de maneira saudável, contribuindo para a formação positiva da imagem corporal e melhorando os sintomas depressivos e ansiosos. Nutricionista: Os objetivos da terapia nutricional na bulimia nervosa (BN) são: diminuir as compulsões, minimizar as restrições alimentares, estabelecer um padrão regular de refeições, incrementar a variedade de alimentos consumidos, corrigir deficiências nutricionais e estabelecer práticas de alimentação saudáveis (ADA, 1994; ADA, 2001; Latner e Wilson, 2001). A abordagem pode ser dividida em alguns pontos chave: a) educação sobre a BN, suas conseqüências e sobre alimentação e nutrição; b) redução da preocupação com peso e aumento da aceitação de seu próprio corpo; c) monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar e; d) estabelecimento de um plano alimentar regular (Story, 1986). DE MODO GERAL... Realizar o diagnóstico da doença e suas comorbidades; Informar a família e o paciente a respeito desse diagnóstico; Traçar as diretrizes do tratamento e a introdução ou não de medicamentos; Orientar o paciente e a família sobre a melhor forma de lidar com os sintomas; Acompanhar a evolução do paciente nas diversas esferas do tratamento; Discutir o caso dentro da equipe encaminhando para os profissionais que se façam necessários no momento; Avaliar a necessidade ou não de internação domiciliar ou hospitalar nos casos mais graves. # CASO CLÍNICO: DOS SANTOS, Deivid Regis et al. Avaliação inicial e funcional de um caso clínico de Transtorno Alimentar sob a perspectiva da Análise do Comportamento. Revista Brasileira de Psicoterapia, v. 19, n. 2, p. 45-58, 2017. http://rbp.celg.org.br/detalhe_artigo.asp?id=230 PERGUNTAS: 1. Quais são os critérios indicados para o diagnóstico da bulimia nervosa? Cite pelo menos 3. 2. Quais são os principais sintomas da bulimia nervosa? Cite no mínimo 3 3. Quais sinais físicos podem ser observados em caso de suspeita de bulimia. 4. Quais são os tratamentos indicados para tratar a bulimia nervosa?
Compartilhar