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O modelo de três fases de consumo de serviços Luis Fernando Conduta Introdução Em nossa sociedade, com o advento das tecnologias e da globalização, a oferta de produtos e meios de consumo se tornou intensa. Hoje, é fundamental entender que o foco do mercado é atender as necessidades dos consumidores, satisfazendo suas expectativas. Desse modo, para que possamos compreender como o processo de compra se desenvolve, devemos entender que o cliente passa por fases de consumo de serviços a partir dos seguintes estados mentais, conforme colocado por Sant’Anna (2016): a existência de uma necessidade, a consciência desta necessidade, o conhecimento do objetivo que a pode satisfazer, o desejo de satisfazê-lo e a decisão por determinado produto. Nesse contexto, Kotler (2003) acrescenta mais quatro importantes fatores psicológicos que ocorrem durante as escolhas dos consumidores: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • Compreender como as expectativas dos clientes se formam, bem como saber lidar de forma correta com cada uma das fases do consumo do serviço. • Identificar as condições ideais para a entrega de um serviço, possibilitando a satisfação dos clientes. 1 Fase pré-compra Você sabe o que é uma fase pré-compra? A decisão de comprar um produto ou utilizar um serviço é despertada por alguma necessidade. Logo, essa é a fase onde iniciamos a busca para solucionar essas necessidades, que podem ocorrer por meio de fatores inconscientes. EXEMPLO A fase pré-compra pode ser identificada em desejos pessoais, na autoestima ou mesmo nas necessidades fisiológicas (como a fome) e nos meios externos (por meio de atividades de marketing da empresa). 1.1 Utilizando meios externos ou internos para o encontro de soluções Diante do cenário apresentado anteriormente, podemos entender que o consumidor é moti- vado a encontrar uma solução que satisfaça a sua necessidade/desejo. Isso o leva a buscar infor- mações sobre a maneira que ele pode utilizar para dar fim à sua busca, utilizando-se de experi- ências passadas (meios internos: sua própria experiência) ou fontes externas (meios externos: recomendações de outros consumidores). Dessa forma, o consumidor começa sua avaliação sobre um conjunto de produtos ou marcas e as alternativas que podem levá-lo a uma tomada de decisão são avaliadas. SAIBA MAIS! Com o objetivo de solidificar o conceito da fase pré-compra, indica-se a leitura do trabalho “Análise dos atributos da avaliação pré-compra que influenciam os consumidores finais a escolher entre os supermercados Prezunic e Mundial”. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/19090/19090.PDF>. Para cada alternativa que o consumidor avalia, existem os atributos de serviços, que são classificados em: • atributos de busca; • atributos de experiência; • atributos de credibilidade. EXEMPLO Atributos de busca ocorrem por meio da localização, do preço e do tipo de serviço específicos para aquilo que o consumidor está procurando. Como um determina- do serviço que é oferecido em um centro comercial altamente movimentado, por exemplo, e que tem um preço mais competitivo que seus concorrentes, que estão melhor localizados. É importante termos em mente que os atributos de experiência não podem ser avaliados antes da compra, pois só serão conhecidos após essa etapa, quando o consumidor poderá clas- sificá-la como positiva ou negativa, validar a indicação de fontes externas ou comprovar, por si próprio, se a qualidade e atmosfera daquele serviço o agradam. Para toda a compra ou serviço que o cliente buscar, ele deve atribuir fatores que representam os riscos, que podem ser: funcionais (resultado de desempenho insatisfatório); financeiros (perda de dinheiro, custos extras que não eram esperados); temporais (desperdício de tempo, atrasos); físicos (ferimentos pessoais ou danos a objetos); psicológicos (temores a emoções e sentimentos negativos); sociais (como os outros podem pensar ou reagir) e sensoriais (efeitos indesejados a cada um dos cinco sentidos). Figura 1 – Consumidora avaliando produtos e/ou serviços Fonte: nd3000/Shuuterstock.com Os atributos de credibilidade, por sua vez, são aqueles classificados como impossíveis de serem reconhecidos pelo cliente, mesmo após sua compra e consumo (requisitos como qualidade e higiene, por exemplo). 2 Fase de encontro do serviço Podemos caracterizar essa fase como um período em que o cliente interage diretamente com o fornecedor do serviço que ele está procurando. Esse relacionamento pode ser de alto con- tato, como a compra de sapatos em um estabelecimento comercial, que ocorre de forma presen- cial, ou de baixo contato, como a compra de sapatos pela internet, que ocorre à distância. Ao levar em consideração o nível de contato entre os participantes da ação, podemos classi- ficá-la também como de longa duração, como o conserto de um carro em uma oficina mecânica, ou de curta duração, como uma consulta médica. 2.1 O encontro de serviços como um processo intangível Consideramos que encontrar e utilizar um serviço é um processo intangível, pois ele não pode ser avaliado antes de ser experimentado. Esta fase também é marcada pela inseparabilidade, que significa um envolvimento pleno entre os clientes e os prestadores de serviço no momento em que o encontro se realiza. Nesse contexto, podemos afirmar que a qualidade do encontro depende, quase que exclu- sivamente, das habilidades técnicas dos atendentes, da motivação, das ferramentas emprega- das pelo representante da empresa e da qualidade de interação entre eles e seus clientes. Sendo assim, podemos considerar que esse processo pode apresentar uma certa variabilidade, uma vez que os fornecedores prestam seus serviços de diversas maneiras, uma vez que é o comporta- mento do cliente e suas expectativas que criarão o processo de entrega e realização do serviço. FIQUE ATENTO! O relacionamento estabelecido envolve um ou mais bens, que podem ser tangíveis ou intangíveis, um ou mais clientes, um ou mais prestadores de serviços e uma ou mais organizações. 2.2 O teatro como metáfora Motta (2000) apresenta o teatro como uma metáfora com a finalidade de caracterizar a fase de encontro do serviço. Segundo ele, é possível entendermos o atendimento ao cliente como uma peça teatral: os atores são representados pela empresa prestadora de serviço/seus funcionários e pelos clientes que, em conjunto, desenvolvem no palco (ou local de atendimento) sua peça teatral (ou serviço). Motta (2000) evidencia, ainda, que os empregados podem utilizar uniformes, gestos e falas pré-programadas. É importante destacar que na fase de encontro de serviço existe o sistema Servuction, que está relacionado à produção e entrega de serviço, onde o cenário é visível e os bastidores invisíveis. Figura 2 – Habilidades do prestador de serviço Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! As operações de serviço possuem um núcleo técnico, no qual os insumos são pro- cessados e elementos do serviço, criados. A entrega de serviço é onde ocorre a montagem final dos elementos de serviço e este é, finalmente, entregue. 3 Fase de pós-encontro A fase de finalização do serviço, mais conhecida como fase de pós-encontro, é caracteri- zada pela continuidade da avaliação, que foi iniciada no momento de encontro dos serviços, e que reflete a satisfação/insatisfação do consumidor com a experiência. O resultado deste processo irá afetar suas intenções futuras, tais como permanecer fiel àquele prestador de serviços ou recomen- da-lo positiva ou negativamente. 3.1 De que maneira os clientes avaliam o serviço? O serviço é avaliado pelos clientes diante de fatores que contemplem suas expectativas: se foram atendidas de maneira satisfatória ou até mesmo ultrapassadas, eles consideram a qua- lidade do serviço alta e, então, se tornarão clientes fiéis e leais mais facilmente. Caso ocorrao inverso, podem diminuir ou mesmo interromper a compra. Figura 3 – Satisfação do cliente Fonte: elomda/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! Há ligações estratégicas entre a satisfação do cliente e o desempenho geral da organização, pois, ao criar mais valor para os clientes (maior satisfação), a empresa desenvolve mais valor para os seus proprietários, ou seja, cria valor aos mesmos. 3.2 Indo além da satisfação Podemos entender que a satisfação do cliente não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para atingir um grande número de negócios e uma vantagem competitiva. Dessa forma, a satisfação está relacionada à confiabilidade, credibilidade e lealdade dos clientes, uma vez que consumidores altamente satisfeitos são fontes de informações positivas. E caso haja falhas futuras com os serviços, estas serão mais facilmente compreendidas, além de proteger o serviço da concorrência. Por isso, podemos dizer que as empresas devem buscar mais do que a satisfação do consumidor: elas devem buscar o encantamento. SAIBA MAIS! O encantamento é uma função de três componentes, que podem ser caracterizados por níveis inesperadamente altos de desempenho, por estímulos como surpresa e entusiasmo e sentimentos positivos, como a alegria, felicidade, prazer, etc. 3.3 Condições ideais para entrega de um serviço Neste ponto, é fundamental termos em mente que não é possível atingir a excelência interna (onde pessoas e processos se integram em perfeita harmonia) e externa (onde os clientes sempre estão satisfeitos). Porém, não há problema em colocar isso como meta e todos na empresa tra- balharem sobre esse escopo. Se essa cultura estiver internalizada na organização, as chances de atingir o mais alto nível de qualidade e satisfação dos clientes tornam-se possíveis (HOFFMAN e BATESON, 2008). Cabe aqui ressaltar que é importante criar uma organização de serviço único, onde ocor- rem serviços sem interrupção, confusão ou inconveniência para o cliente. Pois o custo para uma empresa reter um cliente é cinco vezes menor do que o custo para conquistar um novo. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender que a pré-compra é onde surge uma necessidade/desejo por parte do cliente; • aprender que o encontro de serviço é onde o cliente consolida sua experiência de com- pra e dá início ao processo de avaliação do serviço prestado; • identificar que o pós-encontro é onde o cliente continua sua avaliação após a experi- ência e identifica se sua expectativa sobre o serviço prestado foi positivo ou negativo. Referências HOFFMAN, Douglas K.; BATESON John E. G. Princípios de Marketing de Serviços: Conceitos, Estratégias e Casos - Tradução da 2ª edição norte americana; tradução de Brasil Ramos Fernan- des; revisão técnica Tania Maria Vidigal Limeira – São Paulo: Cengage Learning, 2008. KOTLER, Philip. Marketing de A a Z. Rio de Janeiro: Campus, 2003. LEITE, Marcelo Rodrigues. Análise dos atributos da avaliação pré-compra que influenciam os con- sumidores finais a escolher entre os supermercados Prezunic e Mundial. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/19090/19090.PDF>. Acesso em: 03 nov. 2016. MOTA, Ana Elizabete da. Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social. In: MOTA, Ana Elizabete (org.). A nova fábrica de consensos. São Paulo: Cortez, 2ª ed., 2000. p. 23-44. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9ed. São Palo. Pioneira, 2016.
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