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PATOLOGIAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO (SR) As doenças do sistema respiratório são algumas das maiores causas de morbidade e mortalidade em animais e uma das maiores fontes de perdas econômicas. Veterinários são rotineiramente chamados para diagnosticar tratar e implementar práticas sanitárias de manejo a fim de reduzir o impacto dessas doenças. Em animais de estimação, DTR são também comuns e, embora de pouco significado econômico, são importantes para a saúde dos animais. 1. Estrutura e função O Sistema respiratório é dividido em: Sistema condutor- Cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios. Revestidos por células colunares ciliadas pseudoestratificadas, células caliciformes e células serosas. Sistema de transição - Formado por bronquíolos que servem como zona de transição entre o sistema condutor (ciliado) e o sistema de troca de gases (alveolar). Bronquíolos normais não tem células caliciformes, mas tem outros tipos de células secretórias como as células claras e neuroendócrinas. Sistema de troca de gases em todos os mamíferos - Formado por dutos alveolares e alvéolos. Os alvéolos são superficialmente revestidos por dois tipos de células epiteliais: pneumócitos tipo I (membranoso) e tipo II (granular). 2. Portas de entrada para patógenos As portas de entrada do sistema respiratório são as seguintes: Aerógena: vírus, bactérias, chlamydophila, fungos, gases tóxicos e pneumotoxicantes e partículas estranhas. Essa é a via mais comum na transmissão da maioria das infecções respiratórias em animais domésticos; Esses três sistemas (condutor, de transição e de troca de gases) são vulneráveis a lesões por causa da constante exposição a miríades de micro-organismos, partículas, fibras e vapores tóxicos presentes no ar. A vulnerabilidade do SR à lesão aerógena (aerotransportada) é devida a extensão da área dos alvéolos, ao amplo volume de ar que passa ao longo dos pulmões continuamente, a alta concentrações dos elementos nocivos que podem estar presentes no ar Hematógena: vírus, bactérias, fungos, parasitas, toxinas e pneumotoxicantes. Porta de entrada comumente vista em septicemias, infecções por protozoário e vírus que tem como alvo as células endoteliais; Extensão direta: feridas penetrantes, praganas migrantes, mordidas e diafragma perfurado ou ruptura do esôfago. 3. Mecanismos de defesa Uma partícula, micro-organismo ou gás tóxico penetra primeiro uma região vulnerável do SR antes de apresentar um efeito patológico. Deposição é processo pelo qual partículas de vários tamanhos e formas são presas em regiões específicas do SR. Limpeza é o processo pelo qual partículas depositadas são destruídas, neutralizadas ou removidas a partir das superfícies mucosas. Os principais mecanismos envolvidos na limpeza são: espirro, tosse, transporte mucociliar e fagocitose. A diferença entre o que é depositado e o que é retirado do SR é denominado retenção. A retenção anormal de partículas resultantes de deposição aumentada, limpeza diminuída, ou a combinação de ambas é o mecanismo subjacente em muitas doenças pulmonares. DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR - cavidade nasal e seios paranasais 1 Congênitos 1.1 Anomalias da cavidade nasal (CV) -Anomalias congênitas da cavidade nasal são raras em animais domésticos: desvio do septo nasal, lábio leporino (queilosquise), fenda palatina (palatosquise). A broncoaspiração e a pneumonia por aspiração são sequelas comuns da fenda palatina. 2 Distúrbios metabólicos da cavidade nasal e seios- São raros em animais domésticos. 2.1 Amiloidose (depósito da proteína amilóide em vários tecidos) tem sido relatada esporadicamente na cavidade nasal de equinos e seres humanos. Os achados histológicos consistem em depósito de material amilóide hialino na mucosa nasal que é confirmado por coloração histoquímica, como o vermelho-congo. Os equinos afetados com grandes massas de amilóide tem dificuldade de respirar, epistaxe, desempenho atlético reduzido. Ao exame clinico, grandes nódulos firmes podem ser observados nas pregas alares, no septo nasal anterior e no assoalho da cavidade nasal. 3 Distúrbios circulatórios 3.1 Congestão e hiperemia - A mucosa nasal é bem vascularizada, e é capaz de variação drástica do fluxo sanguíneo. Passivamente (interferência com o retorno venoso – congestão) e ativamente (por vasodilatação – hiperemia). A congestão dos vasos da mucosa é uma lesão inespecífica comumente encontrada na necropsia e associada, presumivelmente, com uma falha circulatória ante-morte (ex.: insuficiência cardíaca, timpanismo nos ruminantes onde a pressão intra-abdominal aumentada causa aumento da pressão intratorácica, o que impede o retorno venoso da cabeça e do pescoço). A hiperemia da mucosa nasal é vista nas fases iniciais de inflamação, seja causada por irritações (amônia, alimentação regurgitada), infecções virais, bacterianas secundárias, alergia ou trauma. 3.2 Hemorragia - epistaxe é o termo clínico usado para denotar derrame sanguíneo do nariz (hemorragia nasal), independentemente de o sangue se originar da mucosa nasal ou dos pulmões. As hemorragias da cavidade nasal (rinorragia) podem se originar de traumatismo local, erosões de vasos da submucosa por inflamação (micose da bolsa gutural) ou neoplasmas. Hemoptise se refere à presença de sangue no espirro ou na saliva (tosse ou cuspida de sangue), e é mais comumente resultado de pneumonia, abscessos pulmonares, bronquite ulcerativa, tromboembolismos pulmonares e neoplasia pulmonar. Obs: Hematomas etmoidais são importantes em equinos mais velhos e são caracterizados clinicamente pelo sangramento nasal crônico, progressivo, frequentemente unilateral. Macroscopicamente, observa-se uma massa vermelho-escura, única, macia, semelhante a tumor, penduculada, expansiva, oriunda da mucosa dos cornetos etmoidais. 3.3 Inflamação da cavidade nasal - Inflamação da mucosa nasal (rinite) x Inflamação dos seios nasais (sinusite): são condições que geralmente ocorrem juntas, embora a sinusite leve possa não ser detectada. Clinicamente, a rinossinusite é caracterizada pela descarga nasal. A ocorrência de rinite infecciosa pressupõe desequilíbrio na flora microbiana normal da CV. Bactérias não patogênicas presentes no hospedeiro a protegem através de um processo chamado exclusão por competitividade, pelo qual os patógenos potenciais são mantidos em um número inofensivo. A pertubação desse mecanismo protetor pode ser causada por vírus respiratório, bactérias patogênicas, fungos, gases irritantes, mudanças ambientais, imunossupressão, traumatismo local, estresse ou terapia antibacteriana prolongada. A rinite pode ser classificada de acordo com o tempo de evolução das lesões em aguda, subaguda, crônica ou crônico-ativa e com o agente etiológico como viral, alérgica, bacteriana, micótica, traumática ou tóxica. De acordo com a natureza do exsudato, a rinite pode ser classificada como: serosa, catarral, purulenta, fibrinosa e granulomatosa. Esses tipos de reações inflamatórias podem progredir de uma para a outra ou, em alguns casos, os exsudatos podem ser mistos (rinite mucopurulenta, fibrino-hemorrágica ou piogranulomatosa). O exame microscópico de esfregaços e culturas bacterianas ou fúngicas são geralmente requeridos para se estabelecer a causa do exsudato. a. Rinite serosa É a forma mais suave da inflamação e é caracterizada por hiperermia e pela produção aumentada de um fluido claro produzido localmente pelas glândulas serosas presentes na submucosa nasal. Tem apenas interesse clínico. Causa: irritantes suaves ou pelo ar frio e ocorre durante as fases iniciais de infecções virais ou em reações alérgicas discretas. b. Rinite catarral É um processo ligeiramente mais grave e apresenta, além de secreções serosas, aumento substancial da produção do muco pela atividade aumentada de células caliciformes e glândulas mucosas. Enquanto a inflamaçãose torna mais grave, o muco infiltrado com neutrófilos dá ao exsudato um aspecto mucopurulento turvo. c. Rinite purulenta (supurativa) Inflamação caracterizada por exsudato neutrofílico, ocorre quando a mucosa nasal sofre uma lesão mais grave geralmente acompanhada de necrose da mucosa e de infecção bacteriana secundária. Macroscopicamente o exsudato na rinite supurativa é espesso e opaco, mas pode variar de amarelado a verde e a marrom, dependendo dos tipos de bactérias e dos tipos de leucócitos presentes no exsudato. d. Rinite fibrinosa Essa reação ocorre quando a lesão nasal causa aumento da permeabilidade vascular, resultando na esxudação abundante do fibrinogênio plasmático, que coagula em fibrina. Macroscopicamente, a fibrina aparece como uma cobertura borrachenta amarela, castanho-amarelada ou cinzenta sobre a mucosa nasal. A fibrina se acumula na superfície e forma uma distinta película de exsudato, chamada, com pseudomembrana. Se esse exsudato fibrinoso puder ser removido, deixando a mucosa subjacente intacta, é denominado rinite fibrinosa ou pseudodiftérica. Inversamente, se a pseudomembrana é difícil de ser removida e deixa a mucosa ulcerada, esta é referida como rinite diftérica ou fibrinonecrótica. Infecções fúngicas, como a aspergilose, podem causar rinite fibrinonecrótica grave. e. Rinite granulomatosa Essa reação na mucosa e submucosa nasal é caracterizada pela infiltração de numerosos macrófagos ativados misturados com poucos linfócitos e plasmócitos. Em alguns casos, a inflamação conduz à formação de nódulos polipoides que, em casos graves, são suficientemente grandes para causar a obstrução da cavidade nasal. A rinite granulomatosa é geralmente associada com inflamação alérgica crônica ou infecção por organismos específicos, como os das micoses sistêmicas, tuberculose, rinosporidiose (Rhinosporidium seeberi) e com corpos estranhos. Consequências: Os processos inflamatórios na cavidade nasal usualmente não ameaçam a vida e geralmente resolvem completamente. Entretanto, alguns efeitos adversos nos casos de rinite infecciosa incluem a broncoaspiração do exsudato que leva à broncopneumonia. A rinite crônica frequentemente conduz à destruição das conchas nasais, ao desvio do septo e deformidade craniofacial. A inflamação pode se estender aos seios causando sinusite, aos ossos faciais causando osteomielite, através da placa cribiforme causando meningite, ao longo das tubas estaquianas causando otite média e interna, e síndrome vestibular. Sinusite Ocorre esporadicamente em animais domésticos e é frequentemente combinada com a rinite. Ocorre também como sequela de ferida penetrante ou séptica no crânio, descorna imprópria no gado com exposição do seio frontal, ou infecção dentária nos equinos e cães. A sinusite pode ser classificada de acordo com a natureza do exsudato como serosa, catarral, fibrinosa, purulenta e granulomatosa. Os seios paranasais têm drenagem pobre, o exsudato tende a acumular, causando mucocele ou empiema. A sinusite crônica pode se estender para o osso adjacente (osteomielite) ou através dos cornetos etmoidais para as meninges e encéfalo (meningite, encefalite). Doenças TRS em Equinos: 1. Rinopneumonite viral eqüina (RVE) Essa doença é causada por dois herpesvírus equinos ubíquos (Herpesvírus-1 e HV–4) e se manifesta como doença respiratória leve em potros recém-desmamados e em cavalos de corrida jovens. A porta de entrada para a forma respiratória é tipicamente aerógena. Como outros herpesvírus, o EHV-1 e EHV-4 persistem latentes nos gânglios trigeminais por longos períodos. A reativação de infecções latentes devida ao estresse ou à imunossupressão e a excreção subsequente do vírus são a fonte de infecção típica para animais de fazenda suscetíveis. Após um período de incubação de 2 a 10 dias, a infecção por HV-1 e HV-4 é caracterizada por febre, descarga nasal, serosa a mucopurulenta e conjuntivite. As lesões iniciais induzidas pelo vírus na mucosa nasal e pulmões são vistas raramente na necropsia, a menos que complicada por rinite, faringite ou broncopneumonia bacteriana. O melhor e definitivo método para diagnóstico da infecção pelo EHV-1 e 4 é o isolamento viral através de suabes da nasofaringe. 2. Influenza eqüina (gripe eqüina) A influenza equina é uma das principais doenças contagiosas respiratórias dos equinos, de grande importância econômica e de distribuição mundial. É uma infecção comum e autolimitante do trato respiratório superior dos equinos causada pela exposição aerógena a cepas do vírus Influenza tipo A. Equinos de todas as idades podem ser afetados, mas tem maior prevalência em animais com menos de 2 anos de idade. A enfermidade ocorre com maior frequência em animais que estão em constante mudança de ambiente ou confinados em locais pouco ventilados. A gripe equina é caracterizada pela alta morbidade e baixa mortalidade. A severidade do surto depende das características antigênicas do vírus circulante e do estado imune dos animais expostos. A influenza e é clinicamente caracterizada por febre, tosse seca, conjuntivite e descarga nasal serosa a mucopurulenta, anorexia, depressão, fraqueza. A influenza é uma doença geralmente leve, mas ocasionalmente pode causar pneumonia broncointersticial grave com edema pulmonar. Os casos não complicados da influenza equina são vistos raramente na sala de necropsia, já que é caracterizada por baixa mortalidade, a maioria dos animais que morrem apresentam uma broncopneumonia bacteriana secundária. O diagnóstico é confirmado pelo isolamento do vírus a partir de secreções nasais coletadas com um suabe (zaragatoas). 3. Garrotilho Garrotilho é uma doença infecto-contagiosa aguda dos equinos caracterizada por rinite e linfadenite (mandibular e retrofaríngea) supurativas com disseminação hematógena ocasional para órgãos internos. A enfermidade é causada por Streptococcus equi, que chega às vias aéreas por inalação e, ocasionalmente, por via oral. A bactéria adere-se ao epitélio nasal e da orofaringe pela ação de uma proteína (Proteína M) de superfície e invade o tecido. Essa proteína e a cápsula a protegem da fagocitose. Após a penetração na mucosa, a bactéria chega aos linfonodos regionais por via linfática e inicia a abscedação. A enfermidade afeta equinos de todas as idades, porém é mais comumente descrito em potros e equinos jovens. Os cavalos afetados adquirem imunidade, embora alguns possam adoecer mais de uma vez. Alguns equinos tornam-se portadores e fonte de infecção para outros equinos. A transmissão ocorre pelo contato direto de animais sadios com animais doentes, e pode ocorrer também indiretamente, através de fômites infectados, como: alimentos, água e utensílios de estábulos são importantes fontes de disseminação do agente que pode permanecer viável nas descargas purulentas por várias semanas ou meses. Clinicamente, o início da doença é caracterizada por febre acompanhada de anorexia, depressão e descarga nasal serosa. Em 2 a 3 dias o corrimento nasal torna-se mucopurulento a purulento e é acompanhado por tosse produtiva. Conjuntivite purulenta pode também ser observada; os linfonodos regionais, particularmente os submandibulares e retrofaríngeos, apresentam-se inicialmente firmes com aumento de volume e posteriormente com o desenvolvimento da abscedação, tornam-se amolecidos e com aumento de volume. Em aproximadamente 10 dias ocorre a ruptura dos abscessos com descarga de grande quantidade de pus. Macroscopicamente, há rinite mucopurulenta que consiste em quantidade copiosa de exsudato mucopurulento na cavidade nasal com hiperemia e edema acentuados da mucosa nasal. Os linfonodos afetados estão aumentados e contem exsudato purulento (linfadenite purulenta). O termo “garrotilho disseminado” é usado nos casos que há disseminação hematógena da bactéria que resulta em abscessos metastáticos em pulmão, fígado, baço, rins, encéfaloou articulações e é geralmente fatal. O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e na demonstração da bactéria nos esfregaços de exsudato nasal, corados com a técnica de coloração de Gram. A confirmação é feita por cultura do exsudato dos órgãos ou tecidos afetados para o isolamento de S. equi. O PCR (reação em cadeia de polimerase) é mais sensível que a cultura. O garrotilho, nos estágios iniciais, pode ser confundido com outras enfermidades que cursam com sinais respiratórios em equinos, como infecção pelo vírus da rinopneumonite equina e influenza equina, porém nessas enfermidades o aumento de linfonodos é discreto. 4. Mormo Mormo é uma doença infecto-contagiosa, geralmente fatal que acomete primariamente equídeos, mas pode ser transmitida aos carnívoros, como felinos e caninos, pelo consumo de carcaças contaminadas. Há descrição da doença também em ovinos e caprinos. Entre os equídeos, os muares e asininos, são os mais susceptíveis. O agente etiológico é a Burkholderia mallei. No passado era encontrada em todo o mundo, mas atualmente o mormo foi erradicado da maioria dos países, com exceção de algumas áreas da África, Ásia e Europa ocidental e Brasil (alguns surtos esporádicos relatados). No Brasil, a doença é conhecida vulgarmente por “catarro-do-mormo” ou “catarro-de-burro”, e os registros datam do final do século XIX, com casos em humanos. No século XX, no exército brasileiro, ocorreram casos de mormo tanto em animais de serviço, quanto em humanos. Em 1999, foram descritos casos nos estados de Alagoas e Pernambuco. Além desses, Ceará, Sergipe, Piauí, Maranhão e Paraíba, também tiveram casos de mormo recentemente diagnosticados. Em 2004, a doença foi introduzida em Santa Catarina com cavalos importados da Paraíba. De acordo com a Office International Epizooties (OIE) pertence à classe B, por incluir-se no grupo de doenças transmissíveis, consideradas importantes sob o ponto de vista sócio-econômico e/ou sanitário, em nível nacional e com repercussões no comércio internacional de animais e produtos derivados. Portanto, é uma enfermidade de notificação obrigatória, de informe anual. A infecção é adquirida diretamente ou indiretamente de excreções e descargas de animais afetados. A principal via de infecção é a digestiva, através de alimentos e água contaminados; as bactérias penetram na mucosa intestinal e se disseminam através dos vasos linfáticos aos linfonodos regionais, posteriormente à corrente sanguínea e aos órgãos internos, particularmente os pulmões, onde formam granulomas. Os cavalos com infecção crônica ou latente são os que mantem a doença em certa área geográfica e contribuem para sua disseminação. Mormo é caracterizado por lesões nodulares nos pulmões, na pele (ulcerativa) e nos linfonodos. Lesões pulmonares são presentes em todos os casos e são caracterizadas por pequenos nódulos piogranulomatosos, firmes e cinzentos distribuídos por todo o parênquima pulmonar, geralmente com áreas centrais de necrose liquefativa. As lesões na cavidade nasal são geralmente unilaterais acompanhadas de exsudato purulento e caracterizadas por nódulos piogranulomatosos na submucosa que ulceram liberando quantidade de exsudato contendo a bactéria. As lesões ulceradas da mucosa nasal curam e são substituídas por cicatrizes fibrosas tipicamente em forma estreladas. As lesões cutâneas observadas são resultado da linfangite supurativa caracterizada pelo engrossamento nodular de longos segmentos de vasos linfáticos no tecido subcutâneo das pernas e abdome ventral. Os vasos linfáticos afetados eventualmente rompem e liberam grande quantidade de exsudato purulento através de fístulas cutâneas. Lesões entéricas são raras. O diagnóstico é baseado nos testes da fixação do complemento e testes da maleína, associados à clínica e epidimiologia. Os testes citados são recomendados pela OIE. Como medida de defesa sanitária, a eutanásia de animais afetados é obrigatória. Não existe vacinas disponíveis comercialmente. Histologicamente, os nódulos piogranulomatosos são compostos por um centro necrótico com neutrófilos, cercados por uma faixa espessa de tecido conjuntivo fibroso infiltrado com numerosos macrófagos, algumas células gigantes, linfócitos e plasmócitos. 5. Melioidose (pseudomormo) Doença potencialmente letal para humanos, equinos, bovinos, ovinos, suínos cães, gatos e roedores causada pela Burkholderia pseudomallei. Essa doença em equinos é clínica e patologicamente semelhante ao mormo. A melioidose está atualmente presente no sudeste da Ásia, e em menor extensão, em alguns países europeus e norte da Austrália, onde o agente etiológico é encontrado nos roedores, nas fezes, no solo e na água. A ingestão de alimentos e água contaminados parece ser a via principal de infecção. Após ter penetrado no animal, a bactéria dissemina-se pela corrente sanguínea e causa supuração e abscessos na maioria dos órgãos internos, como mucosa nasal, articulações, encéfalo, medula espinhal, fígado, baço e linfonodos. O exsudato cremoso ou caseoso e amarelo a esverdeado. As lesões pulmonares na melioidose são de pneumonia bacteriana embólica com formação de abscessos pulmonares. 6. Rinite granulomatosa O Rhinosporidium seeberi causa infecção nasal em humanos, equinos, mulas, bovinos, cães e gatos. No Brasil, em animais domésticos de grande porte, a doença é descrita principalmente em cavalos e mulas. Era considerado como fungo, mas estudos recentes sugerem que seja um parasita protista aquático da classe Mesosmycetozoea. As alterações macroscópicas variam de granulomas pouco visíveis a grandes nódulos polipóides. O agente é visível em preparações histológicas e em esfregaços de impressão, como um esporângio oval grande (400 um) que contem milhares de endosporos. Doenças TRS bovinos 1. Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) Essa doença, causada pelo Herpesvírus bovino tipo I (BoHV-1), conhecida por IBR, é uma doença respiratória aguda caracterizada por febre, anorexia, dispneia e corrimento nasal seroso a mucopurulento. A via de infecção da forma é aerógena e a transmissão ocorre por contato íntimo entre as mucosas. O BoHV-1 tem distribuição mundial, e tem sido isolado no Brasil desde de 1978. Surtos de IBR tem sido diagnosticado em vários estados do Brasil, além disso, levantamentos sorológicos indicam que o BoHV-1 está disseminado nos rebanhos de todo o país. A evolução clínica varia de 5 a 10 dias, desde que não ocorram infecções bacterianas secundárias, que causam pneumonias graves que tendem a elevar a taxa de letalidade que usualmente é baixa. A conjuntivite causada por BoHV-1, frequentemente acompanha a forma respiratória e, usualmente, aparece como único sinal clínico em rebanhos infectados. A conjuntivite é geralmente bilateral e caracterizada por fotofobia e lacrimejamento seroso a mucopurulento. O quadro clínico regride em 5 a 10 dias, se não houver complicações. O BoHV-1 pode permanecer latente nos gânglios nervosos, com recrudescimento após estresse ou imunossupressão (transporte, parto, desmame), assim os animais infectados tornam-se portadores para o resto da vida. As lesões macroscópicas observadas na forma respiratória incluem hiperemia e presença de exsudato e úlceras nas mucosas da cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia e brônquios. As infecções bacterianas secundárias dessas áreas de necrose resultam na formação de uma camada espessa de material fibrinecrótico. Histologicamente, há necrose e descamação das células ciliadas seguidas de reparo. Corpúsculos de inclusão intranucleares, vistos comumente nas infecções por Herpesvírus, são vistos raramente em casos a campo, uma vez que, somente ocorrem durante os estágios iniciais da doença. A sequela mais importante da IBR é a pneumonia causada pela aspiração direta do exsudato das vias aéreas ou em consequência da redução dos mecanismos de defesa do pulmão, predispondo o animal à infecção bacteriana secundária,mais frequentemente por Mannheimia haemolytica (febre dos transportes). O melhor método de diagnóstico é o isolamento do vírus, mas pode ser feito também através da imuno-histoquímica ou PCR. 2. Rinite atópica A rinite atópica ou granuloma nasal é caracterizada pela presença de nódulos granulomatosos na mucosa nasal, ocasionados por um processo de hipersensibilidade imediata, aparentemente associada à exposição a polens ou esporos de fungos em certos tipos de pastagem. A etiologia alérgica nos casos de rinite atópica é indicada pelo grande número de eosinófilos nas lesões histológicas, pela sazonalidade da doença e pelo desaparecimento passageiro dos sinais após o tratamento com corticosteróides. Clinicamente, os bovinos afetados apresentam corrimento nasal seroso ou seropurulento, dificuldade em respirar e respiração ruidosa. Estes sinais podem apresentar-se de forma aguda e regridem ou exacerbam-se periodicamente. No Rio Grande do Sul, a doença tem sido diagnosticada afetando principalmente bovinos Jersey com idade entre 6 meses a 4 anos, principalmente na primavera e verão. Em 2003, foi relatado um caso em um bovino do estado de Pernambuco. Macroscopicamente, o bovino desenvolve nódulos polipóides múltiplos, pequenos, róseos ou vermelhos, que começam no vestíbulo nasal e, com o tempo, se estendem para a região caudal do septo nasal. Microscopicamente, há nódulos compostos por tecido fibrovascular infiltrado por plasmócitos e linfócitos, superficialmente revestidos por epitélio hiperplásico com abundantes mastócitos e eosinófilos na lâmina própria. 3. Rinosporidiose No Brasil a rinosporidiose foi descrita no Rio Grande do Sul em 1981 afetando quatro vacas em lactação de um rebanho de 200 bovinos. Clinicamente observou-se respiração difícil, estertorosa e descarga nasal mucopurulenta. As lesões na cavidade nasal eram bilaterais, observando-se pólipos pedunculares de coloração amarelo- esbranquiçada. Na lesão observavam-se os esporângios como microorganismos esféricos de até 300μm de diâmetro em diferentes estágios. Doenças TRS de ovinos e caprinos 1. Conidiobolomicose em ovinos Conidiobolomicose, causada por Conidiobolus spp. é uma doença frequente em ovinos na região Nordeste. Há relatos no Piauí, Paraíba, Bahia e Ceará. Há relatos da enfermidade em outras regiões como Mato Grosso e RS. A doença afeta ovinos de diversas idades, principalmente na época das chuvas, mas podem haver casos na época de seca. No norte do Piauí, onde as precipitações pluviométricas durante o período de chuvas são de 1000-1600mm, a conidiobolomicose é endêmica; em 25 fazendas apresentou prevalência média anual de 2,8% e letalidade de 100%. A enfermidade é caracterizada por corrimento nasal serossanguinolento, emagrecimento, dispneia, respiração ruidosa e assimetria crânio-facial. Muitos animais apresentam exoftalmia, com úlcera de córnea e consequente perda da visão. Os animais geralmente morrem após um curso clínico de 7 a 15 dias. Mas, como as lesões são indolores, acredita-se que as mesmas tenham evolução mais longa, sem causar sinais clínicos. Macroscopicamente, observa-se massa irregular amarelada, friável e úmida na região nasofaríngea e conchas nasais, que pode se estender aos seios nasais, placa cribiforme, órbita ocular e região frontal do cérebro. Em numerosos animais as lesões invadem os pulmões, e em alguns casos as lesões podem ser encontradas também nos linfonodos, rins e fígado. Histologicamente, as lesões consistem em granulomas multifocais, com uma área central necrótica contendo imagens negativas de hifas de paredes finas, raramente septadas, com ramificações, medindo 7 a 30µm de diâmetro. Essas hifas são rodeadas por material de Splendori-Hoeppli. Circundando a área necrótica central há infiltrado inflamatório constituído por eosinófilos, neutrófilos, linfócitos, macrófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas rodeados por tecido conjuntivo fibroso. O diagnóstico da enfermidade é confirmado por IHQ. A doença deve ser diferenciada de ptiose rinofacial e tumor etmoidal enzoótico (TEE), que apresenta um curso clínico mais prolongado e diferentes lesões histológicas. 2. Pitiose rinofacial em ovinos A pitiose rinofacial tem sido descrita em ovinos da região Nordeste e é endêmica no Mato Grosso. Entre 2003 e 2009, ocorreram dois surtos da enfermidade no estado da Paraíba. A doença é causada pelo oomiceto Pythium insidiosum, um microorganismo que necessita de um ambiente aquático para se desenvolver. Como as chuvas anuais ocorrem num curto espaço de tempo no semiárido Nordestino, há escassez de água em outras épocas do ano. Por isso, há o hábito populacional da criação de açudes como forma de armazenamento de água, o que contribui para o desenvolvimento do oomiceto e contaminação dos animais que ali pastejam, já que, durante os períodos secos apenas a pastagem que rodea os açudes estão verdes, o que mantem os animais nesses açudes por muito tempo, aumentando assim a incidência da pitiose nessas regiões. A evolução clínica é variável (1 semana a 60 dias). A enfermidade é clinicamente caracterizada por corrimento nasal serossanguinolento e deformidade facial por aumento acentuado da região nasal, aumento dos linfonodos retrofaríngeos e áreas extensivas de necrose cutânea com nódulos firmes na região dorsolateral da região nasal. À necropsia, observa-se, na região medial e rostral da cavidade nasal, extensiva área de necrose caracterizada por massas amareladas friáveis e irregulares com perda de tecido nasal frontal. A principal lesõa histológica observada é uma rinite granulomatosa, caracterizara-se por áreas de necrose multifocais a coalescente contendo ao centro hifas de 7-14μm de diâmetro, algumas com brotamento em ângulo reto, rodeadas por escasso material Splendori-Hoeppli. Há infiltrado inflamatório composto principalmente por neutrófilos, macrófagos e células gigantes margeando a área de necrose associado à proliferação de tecido fibroso. A pitiose rinofacial apresenta algumas semelhanças com a conidiobolomicose. Para o diagnóstico diferencial entre ambas, além da localização da lesão é importante a observação histológica dos dois agentes. A confirmação do diagnóstico pode ser feita por IHQ. 3. Oestrose Também conhecida como bicho de cabeça, falsa cenurose ou falso torneio, é causada por uma mosca denominada Oestrus ovis (berne nasal) que deposita suas larvas de 1º estágio nas narinas dos ovinos na maior parte do mundo. As larvas amadurecem, que passam a maior parte de seus estágios larvais na cavidade e seios nasais. As larvas maduras caem no solo e pupam transformando-se em moscas. A fase larval é caracterizada clinicamente por rinite catarral a mucopurulenta com espirros e respiração dificultosa e ruidosa. A presença das larvas causa na CV irritação crônica, obstrução das vias aéreas, rinite e sinusite mucopurulentas erosivas. Como os animais não morrem em consequência da doença e os produtores conhecem os sinais clínicos, a mesma não é diagnosticada frequentemente nos laboratórios de diagnóstico e, provavelmente, seja mais importante do que o sugerido pelo escasso número de diagnósticos e pesquisas realizadas. A fase larval da mosca Oestrus ovis que parasita os seios nasais de ovinos e caprinos, apesar de ocorrer nas duas espécies, é mais comum em localidades onde há ovinos. Doenças TRS suínas 1. Rinite com corpúsculo de inclusão Doença de suíno jovem caracterizada por rinite suave, com morbidade elevada e baixa mortalidade. Por ser raramente fatal, as lesões são vistas incidentalmente. O agente etiológico é o Citomegalovirus suíno (herpesvírus). A enfermidade é caracterizada clinicamente por descarga nasal, espirros e lacrimejamento excessivo. Macroscopicamente em casos não complicados há hiperemia da mucosa nasal. Com infecção bacteriana secundária pode ocorrer exsudato mucopurulento abundante. As lesões histológicasconsistem em rinite não supurativa e necrosante com corpúsculos de inclusão intranucleares, gigantes e basofílicos no epitélio nasal e glandular. Leitões imunossuprimidos podem desenvolver doença sistêmica com necrose do fígado, pulmão, adrenais e encéfalo com corpúsculos de inclusão intralesionais. 2. Rinite atrófica Doença de distribuição mundial, comum em suínos caracterizada pela inflamação e atrofia das conchas nasais. Em casos graves, pode haver deformidade facial em suínos pelo desvio do septo e osso nasais. Os patógenos envolvidos historicamente na rinite atrófica incluem Bordetella bronchiseptica, Pasteurella multocida toxigênicas (tipo D e A), além de infecções virais como o citomegalovírus suíno e fatores predisponentes que incluem conformação genética, ambiente e deficiências nutricionais. As cepas toxigências de P. multocida produzem citotoxinas que inibem a atividade osteoblástica e promovem a reabsorção osteoclástica nos ossos nasais, particularmente, nos cornetos ventrais. Clinicamente, observa-se espirros, tosse e descarga nasal mucopurulenta. À necropsia, o melhor método diagnóstico para avaliação dessa doença é fazer uma secção transversal do focinho entre o 1º e 2º dentes pré-molares. Os septos nasais são desviados e cornetos aparecem menores e assimétricos. Nos casos avançados há desaparecimento de todos os cornetos. Microscopicamente, há osteopenia dos cornetos, alterações metaplásicas e hiperplásica pode ocorrer no epitélio e glândulas nasais e infiltrado linfoplasmocítico podem estar presentes na lâmina própria. Doenças TRS felino 1. Rinotraquíte viral felina (RVF) Doença respiratória comum de distribuição mundial, causada pelo Herpevírus felino tipo I (HVF-1). O vírus destrói os mecanismos de defesa pulmonares, predispondo os gatos à pneumonia bacteriana secundária. Ele pode permanecer latente nos gânglios nervosos. A maioria dos gatos que se recuperam transforma-se em portador e libera HVF-1 espontaneamente ou após estresse. A doença afeta geralmente filhotes com baixa imunidade que tornam-se infectados após a exposição ao um gato portador ou doente. A replicação ocorre no epitélio nasal, conjuntival, faríngeo e traqueal, o que causa degeneração e esfoliação de células. As lesões causadas pelo HVF são inteiramente reversíveis, mas as infecções bacterianas secundárias (P. multocida, B. bronchiseptica, Streptococcus spp., Mycoplasma felis) podem causar rinite e conjuntivite supurativas crônicas graves. Os corpúsculos de inclusão intranucleares são raramente vistos nos gatos, pois estão presentes somente durante as fases iniciais. Clinicamente há letargia, corrimentos óculo-nasais, rinite e conjuntivite graves. 2. Calicivírus felino (CVF) Essa é uma importante doença do trato respiratório de gatos, causada pode diferentes cepas do Calicivírus felino. Dependendo da virulência da cepa infectante, as lesões variam de corrimento óculo-nasal discreto a rinite severa, conjuntivite mucopurulenta e gengivite e estomatite ulcerativas. Pode causar tbm pneumonia intersticial aguda difusa com bronquiolite necrosante. Infecções bacterianas secundárias (P. multocida, B. bronchiseptica, E. coli) são uma complicação comum. Alguns filhotes desenvolvem claudicação após a infecção ou a vacinação com Calicivírus devido a uma artrite aguda e autolimitante. O estado de portador e a eliminação do vírus nas secreções oronasais e nas fezes são sequelas naturais após a recuperação da fase aguda da doença. Os aspectos clínicos e patológicos de RVF e CVF são muito parecidos, mas não idênticos. Essas duas infecções respondem por 80% de todas as doenças respiratórias felinas. Síndrome hemorrágica febril com alta mortalidade (50%) tem sido relatada recentemente em gatos infectados com cepas virulentas. 3. Clamidiose felina Infecção respiratória persistente de gatos que resulta em conjuntivite e em rinite serosa ou mucopurulenta causada por Chlamydophila felis. 4. Rinite micótica A infecção micótica mais comum na cavidade nasal felina é a criptococose causada por Cryptococcus neoformans. As lesões variam de granulomas nasais discretos a grandes massas que preenchem toda a cavidade nasal. A aspergilose e rinite alérgica são relatados esporadicamente em gatos. Doenças TRS Aves 1. Coriza infecciosa das aves A Coriza Infecciosa (CI) é uma doença respiratória altamente contagiosa causada pelo Avibacterium paragallinarum que afeta principalmente o trato respiratório superior de galinhas. A CI possui distribuição mundial, acometendo aves de criação industrial, mas ocorre com maior intensidade em aves de fundo de quintal e aquelas criadas em sistema extensivo (free-range). O impacto econômico da CI em poedeiras apresenta-se pela redução de até 40% na produção de ovos, diminuição do ganho de peso diário, aumento do número de refugos, aumento do número de condenações ao abate, e a tendência das aves a adquirirem uma doença respiratória crônica. O diagnóstico convencional de CI baseia- se no isolamento e a caracterização bioquímica do A. paragallinarum, que é uma tarefa difícil e exigente, devido às demandas nutricionais rígidas para o seu crescimento in vitro. E é um organismo de crescimento lento que pode ser subjugado por outra bactéria de crescimento mais rápido, além de ser inativado rapidamente fora do hospedeiro. 2. Micoplasmose aviaria O estado de Pernambuco é o maior produtor de ovos da região Norte e Nordeste e ocupa a segunda posição na produção de frangos de corte. Os micoplasmas são importantes patógenos aviários que causam doenças respiratórias e sinovite que resultam em grandes perdas econômicas. As micoplasmoses aviárias são consideradas um dos principais problemas da avicultura mundial e causadas por bactérias do gênero Mycoplasma gallisepticum (MG) e o M.synoviae (MS). As perdas econômicas atribuídas a micoplasmose por MS, estão associadas à queda na postura e qualidade do ovo, à má eclodibilidade (altas taxas de mortalidade embrionária e refugos), à queda na eficiência alimentar, às altas taxas de mortalidade e condenação de carcaças nas aves de corte; e do alto custo com medicamentos e programas de controle, além do efeito sinérgico quando existe uma associação com outras doenças (Nascimento & Pereira, 2009). NEOPLASIAS DA CAVIDADE NASAL E DOS SEIOS PARANASAIS Geralmente, as neoplasias de CV são raras em animais domésticos. Ocorrem mais frequentemente em cães, e menos frequentemente em gatos e equinos, sendo as malignas mais comuns, com predomínio do Carcinoma de células escamosas (CCE). 1. Tumores etmoidais endêmicos (TEE) Adenocarcinoma nasais de ovinos, caprinos e bovinos origina-se do epitélio de revestimento e das glândulas dos cornetos etmoidais. São causados por retrovírus oncogênico, e o neoplasma é transmitido com sucesso a animais suscetíveis pela inoculação do vírus ou de tecidos infectados. DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR - Faringe, bolsas guturais, laringe e traqueia 1. BOLSA GUTURAL 1.1 Inflamação das bolsas guturais - bolsas guturais dos cavalos são grandes divertículos da porção ventral das tubas eustaquianas auditivas. Esses divertículos são expostos aos mesmos patógenos que afetam a faringe e tem problemas de drenagem como os seios. Devido à proximidade anatômica estreita entre as bolsas guturais, artérias carótidas internas, nervos cranianos e articulação atlantoccipital, a doença desses divertículos pode envolver essas estruturas e causar sinais clínicos variáveis em equinos. Sendo assim, a proximidade das bolsas com a artéria carótida interna explica porque a micose das bolsas guturais pode levar à erosão da artéria carótida interna com vazamento de sangue para o interior da bolsa gutural e epistaxe. A disfagia, sinal clínico observado na micose da bolsa gutural, está associada aos danos dos ramos faríngeos dos nervos vago e glossofaríngeo. A síndrome de Horner resulta de danos ao gângliocervical cranial e às fibras simpáticas situadas próximas às bolsas. Nos casos em que a infecção micótica das bolsas é causada por fungos angioinvasivos, pode haver a liberação de êmbolos micóticos na artéria carótida interna que pode resultar em infartos cerebrais múltiplos. A micose da bolsa gutural ocorre primariamente em cavalos estabulados por é causado pelo fungo Aspergillus fumigatus e outras espécies de Aspergillus. A infecção é geralmente unilateral e acredita-se que começa com a inalação de feno mofado. Macroscopicamente, a mucosa das paredes dorsal e lateral da bolsa gutural são cobertas por exsudado diftérico, fibrinonecrótico, branco-acinzentado a esverdeado e friável. O empiema das bolsas guturais é uma sequela da inflamação supurativa das cavidades nasais, mais comumente após infecção por Streptococcus equi (garrotilho). Em casos graves, a bolsa gutural pode ser preenchida com exsudato purulento. As sequelas são semelhantes às da micose gutural, mas não há erosão da carótida. Clinicamente, há corrimento nasal, linfonodos retrofaríngeos aumentados, tumefação da parótida, disfagia e distúrbios respiratórios. 2. LARINGE E TRAQUEIA 1. Congênita 1.1. Colapso e estenose da traqueia- Ocorre em cães de raças pequenas, condição também chamada colapso traqueobrônquico. O defeito também ocorre em bovinos, equinos e caprinos. Macroscopicamente há achatamento dorsoventral da traqueia com dilatação concomitante da membrana traqueal dorsal. A anormalidade causa tosse e intolerância ao exercício. 2. Degenerativa 2.1 Hemiplegia laríngea (Paralisia laríngea) ou síndrome do “cavalo roncador”- caracterizada por atrofia dos músculos cricoaritenoides lateral e dorsal, particularmente do lado esquerdo. A atrofia muscular é mais comumente causada por desnervação primária de causa desconhecida e muito menos por dano nervoso secundário. A HL idiopática é uma doença axonal (axonopatia) incurável do nervo laríngeo cranial. A HL secundária é rara e ocorre após lesão do nervo causada por outros processos patológicos, como compressão ou inflamação do nervo laríngeo recorrente esquerdo. Os linfonodos retrofaríngeos mediais estão localizados imediatamente ventrais ao assoalho das bolsas guturais. Por isso, a tumefação ou a inflamação das bolsas guturais e linfonodos retrofaríngeos geralmente resulta em dano secundário ao nervo laríngeo. Causas comuns desses danos: micose das bolsas guturais, abscessos retrofaríngeos, lesão no pescoço, inflamação por injeção iatrogênica nosinterior dos nervos, neoplasias metastáticas envolvendo linfonodos retrofaríngeos. Macroscopicamente, o músculo laríngeo afetado é pálido e menor que o normal (atrofia). Os sons inspiratórios anormais durante o exercício são causados pela paralisia dos músculos cricoaratitenoides dorsal e lateral esquerdos, que causam dilatação incompleta da laringe, obstruindo o fluxo de ar e a vibração das cordas vocais. Microscopicamente, as fibras musculares apresentam lesões de atrofia por desnervação. 3. Circulatórios 3.1 Hemorragias laríngeas e traqueais- nesses locais ocorrem como petéquias na mucosa e são mais comumente vistas em coagulopatias, inflamação e sepse, particularmente em suínos com peste suína clássica ou salmonelose. Dispneia e asfixia antes da morte podem causar congestão, equimoses e petéquias na mucosa laríngea e traqueal; essa lesão deve ser diferenciada da embebição hemoglobínica post mortem em carcaças autolisadas. 3.2 Edema da laringe - lesão característica da inflamação aguda, mas importante devido ao potencial de obstruir o orifício laríngeo, causando asfixia. Ocorre em suínos com doença do edema (E. coli), em equinos com púrpura hemorrágica, em bovinos com pneumonia intersticial aguda, gatos com anafilaxia, e em todas as espécies como resultado de trauma, entubação endotraqueal imprópria, inalação de gases irritantes (fumaça), inflamação local e reações alérgicas. Macroscopicamente, a mucosa laríngea esta espessada e tumefeita e tem aparência gelatinosa. 4. Inflamatória - Faringite, laringite e traqueíte Inflamações da laringe, faringe e traqueia são importantes devido ao seu potencial de obstruir o fluxo de ar e levar à pneumonia por aspiração. A faringe é comumente afetada por doenças do trato respiratório e digestório superiores. As Traqueítes frequentemente acompanham bronquites e broncopneumonias. Pode haver obstrução faríngea por corpos estranhos massas nos tecidos circundantes, como neoplasmas da glândula tireóide, timo e glândulas paratireóides. 4.1 Laringite necrótica (difteria dos bezerros, necrobacilose orolaríngea) - doença comum do gado confinado ou afetado por outras doenças, com deficiências nutricionais ou mantidos em condições sanitárias impróprias. A doença também afeta ovinos. A enfermidade é causada por Fusobacterium necrophorum, um patógeno oportunista. A infecção por esse agente ocorre usualmente secundário a lesões virais como IBR, ou lesões traumáticas causadas por alimentos duros ou fibrosos. Clinicamente observa-se febre, anorexia, depressão, halitose, tosse úmida, disfagia e dispneia. Macroscopicamente observa-se na laringe exsudato fibrinonecrótico, seco, amarelo-acinzentado, crostoso. Microscopicamente focos necróticos são cercados por bordas hiperêmicas, seguidas por uma faixa de leucócitos. Há seqüelas importantes da difteria em bezerro; a mais séria é a morte causada por toxemia ou fusobacteremia. O exsudato pode ser aspirado e causar broncopneumonia. 4.2 Traqueíte - as causas mais comuns de traqueíte são as infecções virais como a IBR em bovinos, rinopneumonite viral equina, cinomose e rinotraqueíte felina (complexo respiratório felino). As lesões virais são suaves e transitórias mas podem ser complicadas por infecção bacteriana secundária. A traqueíte química é comumente vista após aspiração. A traqueíte é classificada, em todas as espécies animais, de acordo com o exsudato, como catarral, purulenta, fibrinosa ou granulomatosa. 4.2.1 Traqueite parasitária – a. Mammomonogamus laryngeus (Syngamus laryngeus): nematódeo encontrado aderido à mucosa laríngea dos bovinos (Ásia e América do Sul) e gatos (Caribe e EUA). Ocorre em humanos ocasionalmente. b. Oslerus (Fillaroides) osleri - parasita de cães e outros canídeos causa nódulos salientes no lúmen da bifurcação traqueal. A doença é de distribuição mundial e o O. osleri é o nematódeo respiratório mais comum de cães. Macroscopicamente, observam-se nódulos submucosos de tamanho variável, que se estende por até um cm para o interior do lúmen traqueal. Clinicamente a enfermidade pode ser assintomática, embora cause frequentemente tosse crônica que pode ser agravada pelo exercício. As infestações graves cursam com dispneia, intolerância ao exercício, cianose, emaciação e morte em cães jovens. 4.2.2 Traqueobronquite infecciosa canina (tosse dos canis) - é uma infecção altamente infecciosa, que ocorre geralmente em consequência da mistura de cães de origens diferentes como ocorre em canis comerciais, abrigos para animais e clínicas veterinárias. Cães afetados apresentam tosse persistente, produtiva ou não produtiva, mas geralmente são não febris ou anoréxicos. Muitos casos recuperam-se espontaneamente, embora os sinais possam persistir por 3 semanas ou mais. Pneumonia bacteriana é uma sequela reconhecida, mas incomum em cães com essa enfermidade. Muitos agentes infecciosos e fatores ambientais estão envolvidos na causa. Bordetella bronchiseptica, adenovírus canino 2 e o vírus da parainfluenza canina são os patógenos mais incriminados. A severidade da doença aumenta quando há mais de um agente envolvido ou condições ambientais predisponentes como ventilação inadequada. Dependendo do agente, lesões macro e microscópicas estão ausentes ou variam de traqueobronquite catarral a purulenta, com aumento das tonsilas e linfonodos retrofaríngeos e traqueobrônquicos. Em cães infecção por B. bronchisepticaas lesões são de rinite e traqueobronquite mucopurulenta e bronquiolite supurativa. Em infecções puramente virais, as lesões microscópicas são necrose focal do epitélio traqueobrônquico. 4.2.3 Laringotraqueíte infecciosa é causado por um vírus Herpesvirus gallid tipo 1 (GaHV-1), com período de incubação 6 – 14 dias pós exposição natural. Os sinais clínicos da doença irão depender da estirpe viral, variando entre leve e severo. A patogenicidade é dose dependente (2). Forma severa: Dispnéia acentuada com expectoração de muco sanguinolento, conjuntivite e alta mortalidade(1). Deposição de fibrina na região da orofaringe, laringe e região proximal da traqueia, provocando asfixia (2). Forma leve: Queda na produção de ovos, conjuntivite, seios infraorbitais inchados, secreção nasal persistente e traqueite mucoide. Cursando com baixa mortalidade. (1) O diagnóstico não pode ser baseado apenas nos sinais clínicos e histórico. Deve ser baseado em mais de um procedimento laboratorial. Como: Histopatologia e detecção do antígeno GaHV-1 (1), isolamento viral com inoculação em ovos enbrionados de 9 – 12 dias ou cultura celular, este demorado levando de 1- 2 semanas para sair o resultado (1), sendo menos sensível que a PCR. Principal diagnóstico diferencial é a forma diftérica da bouba aviária. Vacinas vivas atenuadas: possuem alto risco de reversão da virulência e podem ser a fonte de novos surtos da doença. Só deve ser utilizada em áreas endêmicas (1). Doença está presente no brasil e é de notificação obrigatória. Em 2002 o primeiro surto da doença foi notificado no estado de São Paulo com galinhas poederias. Em 2010 mais um surto da doença foi notificado, dessa vez em Minas Gerais na região de Itanhandu, envolvendo, também, galinhas poedeiras. A população afetada foi de 8 milhões de galinhas. Com morbidade aproximada de 90% e mortalidade variando entre 1 a 6 %. 4.2.4 Bronquite infecciosa das galinhas - é considerada atualmente uma das doenças que mais causa prejuízos à avicultura industrial de galinhas e frangos no Brasil e no mundo. Há grande impacto econômico, por causar aumento da mortalidade, perdas em desempenho produtivo, queda quantitativa e qualitativa na produção de ovos, infertilidade, facilitação de infecções oportunistas, que exigem o uso de antibióticos, e aumento na condenação de carcaças de frangos de corte no abatedouro. A BIG é causada pelo vírus da família Coronaviridae, sendo então um Coronavírus, com uma geneticamente distinta e a heterogeneidade, é a principal estratégia evolutiva de evasão à resposta imune e dificulta a eficiência vacinal. A transmissão ocorre principalmente por aerossóis respiratórios, com vírus replicado no epitélio respiratório e eliminado em microgotas de muco respiratório durante a expiração. Em granjas, ou regiões, com ocupação contínua de frangos de corte ou galinhas (sem vazio sanitário ou com falhas de biosseguridade), a imunidade induzida por vacinação pode eventualmente ser superada por variantes virais. Nessas condições, de proximidade e falha de biosseguridade, com presença contínua de aves, a transmissão é fácil, e a erradicação difícil. Como agravante, as estirpes que circulam na região podem ser derivadas de estirpes vacinais, por mutação, ou recombinação com IBVs de campo. O vírus infecta os epitélios respiratório, gastrointestinal, renal e do oviduto, em intensidade e impacto variável conforme a estirpe [2,5]. A infecção respiratória é mais grave em aves mais jovens, com possibilidade de obstrução traqueal parcial ou total por muco, seguida de asfixia e morte. A infecção renal ocorre tipicamente após a infecção respiratória, exceto para estirpes de infecção renal exclusiva. A infecção do oviduto nas fêmeas maduras e em produção resulta em, no magno, falha na síntese das proteínas do albúmen e, no útero, falha na produção da casca do ovo. A lesão no magno se caracteriza por produção de ovos com clara aquosa, e a lesão no útero por ovos de casca mole, frágil, mais fina e despigmentada, podendo também ocorrer ovos com deformidades na casca. A doença predominante é respiratória com estertores, tosse, dispneia, insuficiência respiratória, asfixia e morte dos mais jovens. Os estertores respiratórios resultam da ciliostase e acumulação de muco no lúmen traqueal. Nas aves jovens, a forma respiratória pode evoluir para a forma renal, com a infecção que destrói a estrutura e a função renal, levando à mortalidade por insuficiência renal. Na traqueia, pode haver muco, congestão e hemorragia, e nos rins acúmulo de uratos nos mesonefrose ureteres, com aumento de volume e marmorização. 5. Neoplasias das bolsas guturais, laringe e traqueia Em bolsas guturais ocorrem raramente em equinos e usualmente são CCEs. Neoplasmas na laringe são raros em cães (CCE) e muito raros em outras espécies, embora sejam descritos em gatos e equinos. As neoplasias traqueais são mais raros que os da laringe. A cartilagem ou a mucosa traqueal pode ser o local de um osteocondroma, leiomioma, osteossarcoma, mastocitoma ou carcinoma. Os linfomas de gato podem se estender no mediastino e envolver a traqueia. Doenças do TRI - pulmões Anatomia dos pulmões: Pulmão esquerdo de todas as espécies é dividido em lobo cranial e caudal; Pulmão direito (dependendo da espécie) – lobo cranial, intermediário (ausente equino), caudal e acessório. Grau de lobação (fissuras externas) e de lobulação (tecido conjuntivo entre os lóbulos): Bovinos e suínos – lobos e lóbulos bem definidos Ovinos e caprinos – bem lobados e pobremente lobulados Equinos – lobos e lóbulos mal definidos Cães e gatos – bem lobados e pouco lobulados 1. Anomalias congênitas São raras em todas as espécies, mais comumente relatadas em bovinos e ovinos. Os pulmões acessórios são uma das anomalias mais comuns e consistem em massas lobuladas de tecido pulmonar incompletamente diferenciado, presentes no tórax, cav. abdominal ou tecido subcutâneo de qualquer lugar do tronco. A agenesia, hipoplasia pulmonar, lobulação anormal, enfisema congênito, hamartoma pulmonar e bronquiectasia congênita são ocasionalmente vistos em animais domésticos. A melanose congênita é um achado incidental comum em suínos e ruminantes, usualmente vista no abate. Manchas negras nos pulmões, meninges, íntima da aorta e carúnculas uterinas. Não há significado clínico e a textura pulmonar não é alterada. 2. Alteração no conteúdo de ar 2.1 Atelectasia (congênita e adquirida) - significa distensão incompleta dos alvéolos e é usado para descrever os pulmões que não expandiram com o ar no momento do nascimento (congênita), ou que colapsaram após a inflação ter ocorrido (adquirida). A atelectasia congênita ocorre em neonatos que não inflaram seus pulmões após as primeiras inspirações de ar; ela é causada pela obstrução das vias aéreas frequentemente em consequência da aspiração de líquido amniótico e mecônio. A atelectasia congênita também quando os alvéolos não podem permanecer distendidos após a aeração inicial devido à alteração na qualidade e quantidade de surfactante pulmonar produzido por pneumócitos tipo II e células de Clara. A atelectasia adquirida é muito mais comum e ocorre sob duas formas principais: compressiva e obstrutiva. A forma compressiva tem duas causas principais: massas que ocupam espaço na cavidade pleural (abscessos, tumores), ou pressões transferidas como as causadas por timpanismo, hidrotórax, hemotórax, quilotórax, empiema. A forma obstrutiva ocorre quando há uma redução no diâmetro das vias aéreas causada por edema e inflamação da mucosa ou quando o lúmen da via aérea está obstruído por tampões de muco, exsudato, material estranho aspirado, vermes pulmonares. A atelectasia obstrutiva tem um padrão lobular em consequência do bloqueio da via aérea que supre esse lóbulo. A extensão e localização da atelectasia obstrutiva dependem do tamanho da via aérea afetada e do grau de obstrução.Macroscopia - pulmões atelectásicos ficam deprimidos, de coloração vermelhas-escura e a textura é flácida ou firme (quando há edema). A distribuição e extensão variam com o processo, sendo multifocal na atelectasia congênita, lobular no tipo obstrutivo. Microscopicamente, os alvéolos estão colapsados ou semelhantes a fendas, as paredes alveolares aparecem paralelas e aproximadas. 2.2 Enfisema pulmonar- é uma condição secundária resultante de várias lesões pulmonares, que causam a obstrução da saída de ar ou por agonia no abate. O enfisema primário não ocorre em animais. O 2º ocorre nos animais com broncopneumonia, onde o exsudato obstrui os brônquios e bronquíolos causando desequilíbrio no fluxo de ar onde o volume de entrada do ar excede o volume que sai do pulmão, outras doenças importantes que causam enfisema secundário nos animais incluem obstrução de vias aéreas pequenas nos equinos. O enfisema pode ser chamado de alveolar ou intersticial de acordo com a área afetada. O enfisema alveolar caracterizado por distensão e ruptura das paredes alveolares, ocorre em todas as espécies. O enfisema iIntersticial ocorre principalmente em bovinos, causando marcada distensão dos septos alveolares. 3. Distúrbios circulatórios - Órgão muito vascularizado com circulação dupla fornecida por artérias pulmonares e brônquicas. Distúrbios na circulação pulmonar tem um efeito notável na troca gasosa, que pode resultar em hipoxemia e acidose letais e pode ter impacto em outros órgãos como coração e fígado. 3.1. Hiperemia - é um processo ativo que faz parte da inflamação aguda. Nos estágios agudos da pneumonia, os pulmões aparecem vermelhos e microscopicamente, os vasos sanguíneos estão ingurgitados com hemácias. 3.2. Congestão é um processo passivo resultante do decréscimo da drenagem do sangue venoso (Insuficiência cardíaca congestiva- ICC). A congestão é causada frequentemente por insuficiência cardíaca, que resulta na estagnação do sangue nos vasos pulmonares, com consequente edema e saída de eritrócitos para os espaços alveolares. Os eritrócitos são rapidamente fagocitados por macrófagos alveolares. Quando há extravasamento acentuado de eritrócitos, grande número de macrófagos com citoplasma marrom (hemossiderina) pode se acumular nos espaços broncoalveolares (siderófagos) e são denominados “células da falha cardíaca”. A congestão hipostática é resultado dos efeitos da gravidade e de circulação deficiente em tecido altamente vascularizado como o pulmão e é caracterizada pelo acúmulo de sangue no lado mais baixo do pulmão em animais em decúbito lateral. As porções afetadas são vermelho-escuras e podem ter textura mais firme. 3.3. Hemorragia - podem ocorrer por trauma, coagulopatias, tromboembolismo, coagulação intravascular disseminada, vasculite ou sepse. A aspiração do sangue depois que as artérias carótidas e a traqueia são cortadas durante o abate pode induzir um diagnostico errôneo por lembrar hemorragia. A ruptura de um vaso pulmonar principal com resultante hemorragia ocorre ocasionalmente em bovinos quando um abscesso pulmonar invade e rompe a parede de uma artéria ou de uma veia pulmonar principal. Os bovinos afetados morrem rápido com hemoptise acentuada. Hemorragia pulmonar induzida por exercício (HPIE) é uma forma especifica de hemorragia pulmonar em cavalos de corrida após o exercício e é caracterizada clinicamente por epistaxe, raramente fatal. As possíveis causas sugeridas são paralisia laríngea, bronquiolite, pressões vasculares durante o exercício, hipoxia alveolar e lesão pulmonar preexistente. Macroscopicamente, os pulmões de cavalos afetados com muitos episódios de hemorragia são caracterizados por grandes áreas de cor marrom-escura, principalmente nos lobos pulmonares caudais. Microscopicamente, as lesões são hemorragia alveolar, numerosos macrófagos alveolares contendo hemossiderina e fibrose intersticial discreta. 3.4. Edema pulmonar- desenvolve-se quando a taxa de transudação de fluido dos vasos pulmonares para o interstício ou alvéolos excede a taxa da remoção linfática e alveolar. O edema pulmonar pode ser classificado em cardiogênico (hidrostático, hemodinâmico) e não cardiogênico (de permeabilidade). O edema hidrostático ocorre quando há uma taxa elevada de transudação de fluido por aumento da pressão hidrostática vascular, ou diminuição da pressão osmótica do sangue. Dessa forma, o líquido acumula-se nos espaços perivasculares, causando distensão dos feixes broncovasculares e do interstício alveolar e finalmente escapa para os espaços alveolares. As causas de edema hidrostático incluem insuficiência cardíaca congestiva (pressão hidrostática aumentada), sobrecarga fluida iatrogênica, hipoalbuminemia (diminuição da pressão osmótica do sangue) vista em doenças hepáticas, síndrome nefrótica e enteropatia com perda de proteína; ocorre também qdo há redução da drenagem linfática, geralmente secundária à invasão neoplásica de linfáticos. O edema de permeabilidade (inflamatório) ocorre quando há abertura excessiva das junções endoteliais ou danos à barreira às células endoteliais ou pneumócitos I (hematoaérea). Esse edema é parte da resposta inflamatória devido à ação de mediadores inflamatórios (leucotrienos, fator de ativação plaquetária, citocinas, aminas vasoativas) liberados por macrófagos, mastócitos, linfócitos e células endoteliais que aumentam a permeabilidade vascular. Em outros casos, o edema de permeabilidade resulta de dano direto ao endotélio (toxina bacteriana/sepse, CID, choque anafilático) e pneumócitos. Como os pneumócitos tipo I são altamente vulneráveis a vírus pneumotrópicos (influenza, BRSV), substâncias tóxicas e radicais livres, o edema pulmonar acompanha muitas doenças tóxicas e virais. Os pulmões edematosos são úmidos e pesados e pode haver líquido na cavidade pleural. Quando acentuado, há líquido espumoso nos brônquios e traqueia, resultante da mistura do edema com o ar. Nos bovinos e suínos, o padrão lobular torna-se acentuado devido ao acúmulo de líquido nos espaços interlobulares. 3.5. Embolismo pulmonar- êmbolos mais comuns em animais domésticos são sépticos, gordurosos, de células tumorais. Tromboêmbolos do pulmão se originam de um trombo presente em qualquer outro local da circulação venosa. Êmbolos sépticos são pedaços de trombos contaminados por bactéria ou fungos, oriundos de trombos murais ou valvulares contaminados no coração e nos vasos, e tornam-se eventualmente aprisionados na circulação pulmonar. Esses êmbolos se originam mais comumente de endocardite bacteriana (lado direito) e de tromboflebite da jugular em todas as espécies, de abscessos hepáticos que romperam e liberaram trombos na veia cava caudal em bovinos e de artrite séptica e onfalite em animais de fazenda. Êmbolos gordurosos podem se formar após fraturas ósseas ou intervenção cirúrgica no osso. Não tão importante em animais como em hu. Êmbolos tumorais podem ser numerosos e causa de morte na neoplasia maligna. 3.6. Infartos pulmonares - pelo suprimento arterial duplo do pulmão, infarto pulmonar é raro e geralmente assintomático. Mas pode ocorrer por torção lobular em cães. Os aspectos variam de vermelhos a negros, intumescidos, firmes e em forma de cone ou cunha. Microscopicamente, há hemorragia severa seguida de necrose. Se estéreis curam por cicatrização fibrosa, se séptico pode formar um abscesso delimitado por cápsula fibrosa. 4. Alterações inflamatórias 4.1. Brônquios - a lesão ao epitélio brônquico ciliado pode resultar em degeneração, destacamento e esfoliação de células necrosadas. Normalmente, a esfoliação é seguida por inflamação, mitose, proliferação celular, diferenciação celular e reparo. Dependendo do exsudato, a bronquite pode ser fibrinosa, catarral, purulenta, fibrinonecrótica, às vezes, granulomatosa. Quando a lesão se torna crônica, a produção de muco é aumentada pela hiperplasia das células caliciformes (inflamaçãocatarral crônica). Quando o muco excessivo não é removido das vias aéreas causa a bronquite obstrutiva crônica. A bronquiectasia é uma sequela grave da bronquite crônica e caracterizada por dilatação patológica e permanente de um brônquio por acúmulo de exsudato no lúmen e ruptura parcial das paredes brônquicas. Macroscopicamente, há nodulações nos pulmões que resultam da distensão dos brônquios com exsudato e deriva a atelectasia obstrutiva simultânea do parênquima circundante. Ao corte há exsudato purulento. Pode ser confundido com abscessos, mas o abscesso é revestido por uma membrana piogênica e não por parede brônquica. 4.2. Bronquíolos - revestimento epitelial dos bronquíolos é muito vulnerável a lesões, principalmente, causadas por vírus respiratórios (PI 3, adenovírus, BRSV e cinomose), por gases oxidantes (NO2, SO2, O3) e substâncias tóxicas (3- metilindol). Dependendo do tipo de lesão e resposta inflamatória, a bronquiolite pode ser classificada em necrosante, supurativa, catarral ou granulomatosa. Nas lesões graves, o exsudato não pode ser removido da membrana basal dos bronquíolos. Há a infiltração de fibroblastos formando pólipos microscópicos na luz bronquiolar, essa lesão é chamada de bronquiolite obliterante. A proliferação peribronquiolar de linfócitos (hiperplasia de BALT). Essas lesões são descritas na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) em equinos e na síndrome da asma felina ou bronquiolite alérgica felina. A DPOC é caracterizada por angústia respiratória, tosse crônica, baixo desempenho atlético e hipersecreção de muco. Tem causa desconhecida, mas predisposição genética, resposta alérgica e sensibilidade das vias aéreas ao alérgenos ambientais foram postulados como mecanismos subjacentes básicos. Macroscopicamente os pulmões dos cavalos com asma são normais, em casos graves, pode-se observar enfisema. Microscopicamente, há metaplasia de células caliciformes em bronquíolos, obstrução de bronquíolos com muco e eosinofilos, infiltração peribronquiolar com linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. A Asma felina ocorre em gatos de qualquer idade caracterizada por episódios recorrentes de broncoconstrição, tosse ou dispneia. A patogênese tbm não é bem conhecida, mas acredita-se que se seja oriunda de hipersensibilidade tipo I a alérgenos inalado a agentes nocivos (poeira, fumaça de cigarro, materiais vegetais e domésticos e proteínas de parasitas). Essa doença só leva a morte se houver supressão dos mecanismos de defesa que resulta em pneumonia bacteriana secundária. 4.3. Classificação das pneumonias As pneumonias em animais domésticos podem ser classificadas, com base na textura, distribuição, aparência e exsudação, em quatro tipos morfológicos distintos: broncopneumonia, pneumonia intersticial, pneumonia embólica e pneumonia granulomatosa. Usando essa classificação é possível predizer a causa provável (vírus, bactérias, fungos, parasitas), as portas de entrada (hematógena ou aerógena) e as seqüelas possíveis para as quais cada um desses tipos de pneumonia pode progredir e se o animal vai sobreviver. Porém, a sobreposição desses quatro tipos é possível, e às vezes dois tipos morfológicos podem estar presentes no mesmo pulmão. Os critérios utilizados para classificar as pneumonias baseiam-se em alterações morfológicas que incluem distribuição, textura, cor e aparência dos pulmões afetados. De acordo com a distribuição das lesões inflamatórias, as pneumonias podem ser cranioventrais, como na maioria das broncopneumonias; multifocais, como na pneumonia embólica; difusas, como na pneumonia intersticial; ou localmente extensas como na pneumonia granulomatosa. A textura dos pulmões com pneumonia pode ser mais firme ou mais dura (broncopneumonias), mais elástica (borrachenta, pneumonias intersticiais) do que nos pulmões normais, ou apresentar sensação nodular (granulomatosas). O termo consolidação é usado quando a textura do pulmão ser torna mais firme ou mais dura que o normal em conseqüência da perda de espaços aéreos devido á exsudação e atelectasia. As alterações na aparência dos pulmões pneumônicos incluem cor anormal, presença de nódulos ou exsudato, aderências fibrinosas ou fibrosas e presença de impressões das costelas nas superfícies serosas. A palpação e a observação cuidadosa dos pulmões são essenciais no diagnóstico da pneumonia. Broncopneumonia - BCP Na broncopneumonia a lesão e o processo inflamatório ocorrem primariamente no lúmen brônquico, bronquiolar e alveolar. É o tipo mais comum de pneumonia visto em animais domésticos e é caracterizada, geralmente, pela consolidação cranioventral dos pulmões. São usualmente causadas por bactérias, micoplasmas, broncoaspiração de alimento ou de conteúdo gástrico. A porta de entrada dos patógenos que causam BCP é aérea. A lesão inicial na broncopneumonia é centrada na mucosa dos bronquíolos; de lá o processo inflamatório pode se estender ventralmente às porções distais dos alvéolos e dorsalmente para os brônquios. Broncopneumonias podem ser divididas em supurativas (ou lobular), se o exsudato é composto predominantemente por neutrófilos, e fibrinosa (ou lobar) se a fibrina é o componente predominante do exsudato. Em alguns casos, é difícil discriminar entre a broncopneumonia supurativa e fibrinosa porque esses tipos podem coexistir (BCP fibrinossupurativa), e um tipo pode progredir para o outro. A BCP supurativa é caracterizada pela consolidação crânio ventral dos pulmões e presença típica de exsudato purulento nas vias áreas. O processo inflamatório está usualmente confinado a lóbulos individuais, por isso, o padrão lobular torna-se marcado (tabuleiro de xadrez, bovinos e suínos – lobulação marcada). Microscopicamente, as BCPs supurativas são caracterizadas por abundantes neutrófilos, macrófagos e restos celulares no lúmen de brônquios, bronquíolos e alvéolos. Se a BCp supurativa é apenas a resposta a uma lesão pulmonar transitória ou a uma infecção suave, as lesões resolvem sem intercorrências. Em 7 a 10 dias, o exsudato pode ser removido mediante o elevador mucociliar e a resolução completa pode ocorrer dentro de 4 semanas. Mas se a lesão ou infecção é persistente, a BCP pode se tornar crônica, com hiperplasia das células caliciformes, hiperplasia do BALT, bronquiectasia, abscessos pulmonares e aderências pleurais (pleurite), atelectasia e enfisema pela obstrução parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Clinicamente, as BCPs supurativas podem ser agudas ou fulminantes, mas frequentemente são crônicas, dependendo do agente etiológico, dos fatores de estresse que afetam o hospedeiro e da condição imunológica. Patógenos que mais comumente causam BCP supurativa em animais domésticos: Pasteurella multocida, Bordetella bronchiseptica, Arcanobacterium pyogenes, Streptococcus spp., Escherichia coli e várias espécies de micoplasma. A maioria destes são patógenos secundários que requerem um dano precedente dos mecanismos de defesa pulmonares para colonizar os pulmões e estabelecer a infecção. A broncopneumonia fibrinosa é semelhante à BCP SP, exceto que exsudato predominante é fibrinoso e não purulento. Apresentam distribuição cranioventral, mas a exsudação não é restrita aos limites de lóbulos pulmonares individuais, como visto nas BCP SuP. O processo inflamatório envolve numerosos lóbulos vizinhos e o exsudato se move rapidamente através do tecido pulmonar ate que o lobo inteiro seja afetado. Como há envolvimento de todo o lobo e da superfície pleural, também são chamadas pneumonias lobares ou pleuropneumonias. São mais graves e letais que as BCP supurativas. O aspecto macroscópico depende da idade e severidade da lesão. Externamente nas fases iniciais há congestão acentuada e hemorragia. Algumas horas mais tarde a fibrina se acumula na superfície pleural dando a pleura aparência de vidro fosco e forma placas de exsudato fibrinoso sobre um pulmão vermelho escuro. Na superfície de corte,as fases iniciais da BCP fibrinosa são observadas como uma consolidação vermelha simples. Em casos mais avançados (24 horas), a BCP fibrinosa é usualmente acompanhada por dilatação marcada e trombose de vasos linfáticos e de edema dos septos interlobulaares. Áreas focais de necrose de coagulação no parênquima pulmonar também são comuns na BCP fibrinosa. Microscopicamente, no estágio inicial da broncopneumonia, há exsudação de proteínas plasmáticas para bronquíolos e alvéolos, a maioria dos espaços aéreos torna-se obliterada pelo líquido e fibrina. À medida que a inflamação progride (3 a 5 dias), o exsudato fluido é gradualmente substituído por exsudato fibrinocelular composto de fibrina, neutrófilos, macrófagos e detritos necróticos. Em casos crônicos (após 7 dias), há fibrose marcada dos septos alveolares e da pleura. Diferente da supurativa, a BCP fibrinosa raramente resolve completamente, deixando cicatrizes pela fibrose pulmonar e de aderências pleurais. As seqüelas mais comuns observadas em animais que sobrevivem a beoncopneumonia fibrinosa aguda: bronquiolite obliterante; gangrena, quando bactérias saprófitas colonizam o pulmão necrosado; seqüestro pulmonar; fibrose pulmonar; abscessos; e pleurite crônica com aderências pleurais. Patógenos causadores de BCP FB em animais domésticos: Mannheimia haemolytica, Histophilus somni, Actinobacilus pleuropneumoniae (pleuropneumonia suína) e Mycoplasma bovis e Mycoplasma mycoides spp. mycoides (pleuropneumonia contagiosa bovina). A BCP fibrinosa pode resultar da broncoaspiração de materiais irritantes, como o conteúdo gástrico. Broncopneumonia hemorrágica fulminante pode ser causada por bactérias altamente patogênicas (Bacillus anthracis). Bacillus anthracis causa morte súbita, pneumonia fibrino-hemorrágica aguda acentuada, esplenomegalia e hemorragia multissistêmicas. Broncopneumonia dos bovinos Pneumonia enzoótica bovina É também conhecida como pneumonia viral pq começa geralmente com uma infecção respiratória aguda pelos vírus PI-3 ou BRSV, ou adenovírus, BHV-1, reovírus e rinovírus. Micoplasmas podem ser agentes predisponentes. Após a infecção por qualquer um desses agentes, bactérias oportunistas causam uma broncopneumonia supurativa secundária (Pasteurella multocida, Arcanobacterium pyogenes, Histophilus somni, Mannheimia haemolytica e Escherichia coli), o estágio mais sério da pneumonia enzoótica. Além da condição imunológica, fatores ambientais como, ventilação inadequada do ar, elevada umidade relativa e aglomeração animal são incriminados como fatores predisponentes que desempenham papel importante no desenvolvimento e severidade da doença. As lesões são variáveis e dependem dos agentes envolvidos e da duração do processo. Nas fases agudas, as lesões causadas pelo vírus são de pneumonia broncointersticial, leves e transitórias, vistas esporadicamente na necropsia. Microscopicamente, há bronquiolite necrosante, necrose de pneumócitos tipo I com hiperplasia de pneumócitos tipo II e edema alveolar e intersticial discreto. Nos casos de infecção por PI-3 e BRSV (vírus sincicial respiratório bovino), há corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos e grandes sincícios multinucleados, como resultado da fusão de células epiteliais bronquiolares infectadas. Micoplasmas causam lesões que tendem a progredir a um estágio crônico com marcada hiperplasia linfoide peribronquiolar. Quando complicadas por infecção bacteriana secundária, as lesões mudam de broncointersticial para broncopneumonia supurativa. Nos estágio finais da broncopneumonia, há esxudato cremoso-mucoide nas vias aéreas e abscessos pulmonares ou bronquiectasia. Clinicamente é usualmente leve, mas são descritos casos fatais. A morbidade é alta e mortalidade baixa. Afeta bezerros intensamente estabulados. Mannheimiose pneumônica (febre dos transportes) mannheimia haemolytica Os mesmo vírus e micoplasmas envolvidos na pneumonia enzoótica podem também predispor os bovinos a mannheimiose pneumônica. É uma doença caracterizada por broncopneumonia fibrinosa grave e ocorre em bovinos que foram transportados ou não, por isso o termo febre dos transportes deve ser abandonado. A Mannheimia haemolytica é isolada consistentemente dos pulmões afetados. afeta pricipalmente animais confinados, que passaram por processos fastigantes como feiras e aglomerações. Para que a M. haemolytica cause infeção pulmonar, deve haver alguns fatores predisponenentes (desmame, transporte, fadiga, aglomeração, mistura de gado, tempo tempestuso, inanição e infecções virais) que permitam que a bactéria colonize o pulmão. A transmissão horizontal dos vírus e da mannheimiose ocorre durante aglomeração e transporte. Vírus mais predisponentes (BHV-1, PI-3, BRSV ). A M. haemolityca causa lesão pela produção de uma leucotoxina que destrói macrófagos e neutrófilos bovinos. As lesões macroscópicas são protótipos da broncopneumonia fibrinosa (lobar), com pleurite fibrinosa acentuada e efusão pleural. Os septos são dilatados por edema amarelo gelatinoso e fibrina. As áreas necrosadas são tipicamente rodeadas por uma borda de células alongadas denominadas “células em grão de aveia” (neutrófilos em degeneração), misturados com macrófagos alveolares. O edema e a fibrina são os componentes prinicipais do exsudato nos alvéolos e septos interlobulares. Seqüelas da mennheimiose: abscessos, seqüestros (áreas de necrose circundadas por cápsula de tecido conjuntivo fibroso), pleurite crônica, aderências pleurais fibrosas e bronquiectasia. Clinicamente é caracterizada por toxemia grave. O gado torna-se deprimido, febril e anoréxico com tosse produtiva, nariz crostoso, exsudato nasal mucopurulento respiração superficial. Pneumonia por aspiração em bovinos A inalação de conteúdos ruminais regurgitados ou a deposição iatrogênica de medicamentos ou leite na traqueia pode causar pneumonia por aspiração grave e usualmente fatal. Substâncias como o óleo mineral podem incitar uma broncopneumonia leve, enquanto alguns medicamentos ou conteúdo ruminal são altamente irritantes e causam broncopneumonia fibrinosa, necrosante. O pulmão direito tende a ser mais afetado. A pneumonia por aspiração deve ser considerada em casos de fenda palatina. Doenças neurológicas como raiva devem ser investigadas nos animais quando a causa da pneumonia não puder ser explicada de outra maneira. Histofilose respiratória (hemofilose) Histophilus somni – a doença causadas por esse agente apresenta diferentes formas clínico-patológicas. Capaz de produzir as broncopneumonias supurativa e fibrinosa. À semelhança da mannheimiose, requer fatores predisponentes, como estresse ou infecção viral precedente. As infecções pulmonares mistas de Histophilus somni, mannheimia haemolytica, Pasteurela multocida e micoplasmas são bem comuns em bezerros. Pleuropneumonia bovina contagiosa Foi erradicada da América do Norte em 1892 e da Austrália em 1970. Agente etiológico: Mycoplasma mycoides SSP. Mycoides. A porta de entrada é aerógena, as infecções ocorrem quando um animal suscetível inala infectadas. A vasculite e trombose de vasos sanguíneos resultam em infarto lobular. Macroscopicamente há uma broncopneumonia fibrinosa grave semelhante à mannheimiose, mas tem o aspecto “marmoreado” dos lóbulos mais pronunciado devido á trombose linfática extensa e edema interlobular. Aproximadamente 70% das lesões são vistas nos lobos caudais, e há seqüestros pulmonares maiores e mais freqüentes. Microscopicamente, é semelhante também à mannheimiose. Mas há vasculite e trombose das arteríolas e capilares pulmonares. O Mycoplasma mycoides SSP. Mycoides fica viável nos seqüestros por muito tempo e, sob estresse, a cápsula fibrosa pode romper e o micoplasma ser liberado nas vias aéreas como fonte de infecção para outros animais. A vacinçao é efetiva em prevenir a doença. Broncopneumonias de ovinos e caprinos Mannheimiose pneumônica ovina É uma das doenças mais comuns
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